AutoData - Segmento de picapes grandes fica sem representante
news
22/06/2015

Segmento de picapes grandes fica sem representante

Por Marcos Rozen

- 22/06/2015

Muito populares até os anos 90 no Brasil, as picapes grandes estão definitivamente em baixa. Tão em baixa que atualmente não é possível adquirir um modelo 0 KM do segmento de qualquer marca – à exceção de importadores independentes.

A única representante do segmento ainda disponível no mercado brasileiro, a RAM 2500, deixou de ser importada do México pela FCA, a Fiat Chrysler Automobiles e não há mais unidades disponíveis nas concessionárias. No ano passado foram emplacas somente 280 unidades da picape, ante 980 em 2013, volume que já fora inferior ao de 2012, 1,3 mil.

A fabricante promete retomar a oferta da picape grande no segundo semestre, mas não há mês definido. O modelo trará leves melhorias perante aquele oferecido até o ano passado, como na suspensão traseira e no interior. O visual permanece o mesmo assim como o powertrain, com um vigoroso motor diesel Cummins 6,7 litros de 310 cv, câmbio automático de seis marchas e tração 4×4 com reduzida.

Até lá, entretanto, nenhuma picape grande estará à venda no País, ao menos oficialmente. A RAM 2500 passou a reinar sozinha no mercado nacional depois que a Ford deixou de produzir a F-250 em São Bernardo do Campo, no ABCD, no início de 2012, coincidindo com a entrada em vigor das normas Euro 5 para motores diesel.

Ainda que a RAM retorne, é pouco para segmento que já foi gloriosamente representado por modelos como a linha A/C/D 10 e 20, além da Silverado, pela Chevrolet, e pelas F-100 e F-1000, pela Ford.

As picapes grandes foram perdendo terreno no País para as médias, como S10, Ranger, Hilux e outras – que inegavelmente cresceram de tamanho em suas gerações atuais perante os modelos originais. Tanto assim que abriram espaço para um novo segmento, intermediário das médias para as pequenas, como Strada e Saveiro, que logo será ocupado por novidades da Renault e da Fiat.

Outro ponto que ajudou a derrocada do segmento no Brasil foi uma distorção na definição dos veículos pelo Contran, que considera as picapes grandes como caminhões. Então, para dirigir uma delas, é necessário carteira do tipo C, pouco usual para motoristas comuns. Além disso em grandes cidades, como São Paulo, tanto a RAM quanto a F-250 têm que atender às restrições impostas aos caminhões, como proibição da circulação em grande trecho da Marginal Pinheiros antes das 21h. A própria redução de espaços nas grandes metrópoles atrapalha o uso destes veículos nestas regiões – estacionar uma RAM em uma vaga de shopping center, por exemplo, é tarefa absolutamente inglória.

Já no Interior do País, em especial nas áreas aonde o agronegócio é mais presente, as picapes grandes ainda reinam, seja no trabalho pesado ou como símbolo de status. Tanto assim que um cantor sertanejo chamado Israel Novaes lançou, em 2011, uma música chamada Vem Ni Mim Dodge Ram, que fez muito sucesso – a letra fala de um rapaz pouco popular com as garotas que passa a ser bajulado graças à picape. Ouça aqui: https://www.youtube.com/watch?v=pBltu9TVzKU.