AutoData - Acordo com a UE é um alento para as exportações
Balanço da Anfavea
06/06/2019

Acordo com a UE é um alento para as exportações

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Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo – As exportações sustentaram a produção das fabricantes instaladas no País quando o mercado interno atravessou período recente de crise, situação que não deverá se repetir pelo menos até o final deste ano segundo a Anfavea, que deverá rever os volumes de embarques ainda mais para baixo em função do mau momento vivido pelo principal parceiro comercial do Brasil, a Argentina. O quadro exige uma resposta de uma indústria parcialmente ociosa que investiu em capacidade para atender às demandas do Exterior, e a saída escolhida foi apostar em velhas fichas, como é o caso do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia.

 

Para as montadoras, destravar a negociação que se arrasta há tanto tempo, é tarefa mais complexa e lenta do que uma busca por contratos em novos mercados, expediente adotado pelo setor e que não está conseguindo resultar em volumes que minimizem as quedas nos embarques.

 

Por outro lado, assinar o livre-comércio com o Velho Continente constituiria volumes maiores e, principalmente, negócios a longo-prazo, segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da associação: “Acordos deste tipo são complexos porque envolvem outros agentes que não a indústria. No entanto, garante previsibilidade e, assim, chegada de novos investimentos nas fábricas instaladas aqui”.

 

As conversas sobre o tema com a União Europeia perderam a força no final do ano passado e foram retomadas recentemente pelo governo federal, que busca formas de aquecer a economia. Na Argentina, onde esteve nesta semana para compromissos oficiais, Paulo Guedes, ministro da Economia, disse que o acordo com os europeus deverá ser fechado em três ou quatro semanas.

 

Segundo Moraes, da Anfavea, caso se concretize a indústria nacional de veículos deverá em dois ou três anos começará a aferir volumes maiores nas exportações, com possibilidade de reversão do quadro atual – na quinta-feira, 6, a Anfavea divulgou balanço do mês de maio, o qual mostrou queda de 42% nas exportações no acumulado do ano na comparação com o igual período no ano passado. Até maio foram exportadas 181,6 mil unidades dentre automóveis, caminhões e chassis de ônibus.

 

A queda dos embarques à Argentina foi brusca no acumulado do ano: no caso dos automóveis e comerciais leves, houve queda de 54% na comparação com o janeiro-maio de 2018, chegando a 107 mil unidades. No caso dos caminhões, quadro ainda mais grave: as exportações para o país vizinho diminuiram 92%, caindo de 101 mil unidades para 7,6 mil unidades.

 

Em maio, apontam os dados do balanço da Anfavea, as exportações de caminhões chegaram a 694 unidades, configurando o pior mês em embarques desde 2009. No janeiro-maio, o volume exportado foi de 3 mil 915 unidades, também o pior resultado desde 2009.

 

Fechar, enfim, um acordo com a União Europeia representa um alento à indústria nacional no que diz respeito às exportações. As associadas da Anfavea articulam com representantes do governo mecanismos para que o livre-comércio se torne realidade. Contudo, outras frentes estão sendo atacadas por negociadores da indústria automotiva, como a busca por acordos bilaterais em países como Canadá e Coreia do Sul. A indústria nacional também vê com bons olhos, embora considere medida paliativa, o plano argentino de incentivo à compra de veículos novos.

 

A indústria sabe que ter abertas as portas de outros mercados também representa a entrada de produto importado no País e acirramento da competição na esfera global. Nesse sentido as fabricantes instaladas aqui, por meio da Anfavea, buscam antídoto em pressões exercidas sobre o governo federal para que a competitividade da produção nacional melhore por meio do destravamento dos créditos de ICMS e retomada do Reintegra, por exemplo:

 

“Ainda estamos exportando impostos. Isso deverá acabar com a reforma tributária. Uma vez liberados os créditos de ICMS, um total de R$ 13 bilhões, poderíamos investir nas linhas de produção e melhorar nosso nível frente aos competidores internacionais”, disse Luiz Carlos Moraes.

 

Foto: Divulgação.