São Paulo – O fraco desempenho do mercado brasileiro de veículos no primeiro bimestre, quando as vendas foram as mais baixas dos últimos dezessete anos, foi puxado pelo mais volumoso de seus segmentos, o de automóveis e comerciais leves. A queda chegou a 26,2% na comparação com janeiro e com fevereiro de 2021, com 236,8 mil unidades, superior à média do mercado, de 24,4% de recuo no período, amenizada pelo desempenho positivo das vendas de caminhões.
Em automóveis foram 189,8 mil emplacamentos, recuo de 26,7% com relação aos dois primeiros meses de 2021. Nos comerciais leves a queda chegou a 24,1%, somando 47 mil unidades.
O desempenho de fevereiro foi semelhante ao de janeiro, com 120,2 mil unidades comercializadas, mas 24% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado. De positivo apenas o fato de que houve menos dias úteis do que em janeiro e mesmo assim as vendas cresceram 3,1%.
Os dados foram divulgados pela Fenabrave na quinta-feira, 3. Seu presidente, José Maurício Andreta Júnior, destacou o fato positivo – o crescimento de um mês para o outro – e lembrou da redução do IPI, que deverá atrair mais consumidores para as concessionárias. Segundo ele o momento ideal de comprar um carro 0KM é agora:
“Acreditamos que, com a diminuição do IPI promovida pelo governo, o mercado de veículos poderá ser favorecido, principalmente para aquelas empresas que mantiverem os preços dos produtos inalterados, conforme tabela do início de fevereiro, e também aplicarem a redução da alíquota do IPI”.
José Maurício Andreta Júnior
Para o presidente o aumento na taxa de juros e na seletividade do crédito – a aprovação está na casa dos 68%, calcula – ajudam a explicar a queda no primeiro bimestre. E há ainda falta de alguns modelos nas concessionárias, decorrência da crise de abastecimento de semicondutores.
A entidade negocia, agora, para que os veículos em estoque nas concessionárias também sejam beneficiados com a redução dos impostos. O pedido já foi feito à Receita Federal: existem cerca de 83 mil veículos nos pátios das revendas.
Ainda que o tom seja otimista um outro fator começa a preocupar Andreta Júnior: a guerra na Ucrânia. Embora considere precipitado fazer qualquer análise dos efeitos do conflito no abastecimento de peças, no preço do combustível e no aumento de insumos, ele afirmou que as projeções da entidade poderão ser revistas já no fim do mês que vem.