Startup planeja quadruplicar número de carregadores em condomínios e locadoras
São Paulo – Com a aposta cada vez maior das montadoras em oferecer ao consumidor brasileiro veículos elétricos, em 2035 haverá em circulação nas ruas e estradas brasileiras 1,3 milhão de unidades movidas a bateria, em um cenário mais conservador, e 2,5 milhões em outro, mais arrojado, de acordo com estudo da BCG, Boston Consulting Group, encomendado pela Anfavea. De janeiro a abril, segundo dados da entidade, foram emplacados 13,4 mil veículos movidos a novas tecnologias de propulsão, quase 40% dos 35,4 mil licenciados em 2021.
É de olho nesses números que a Power2go começou a apostar, há dois anos e meio, no desenvolvimento de carregadores elétricos para condomínios residenciais e empresariais acessados por meio de recarga por assinatura. A ideia é alcançar também locadoras de veículos, frotistas, redes hoteleiras, concessionárias, oficinas mecânicas e construtoras.
A Power2go soma atualmente 250 carregadores em 23 cidades, sendo que cem deles estão alugados para a Movida, que investe pesado para ampliar sua frota de elétricos. O plano é encerrar o ano com volume quatro vezes maior do que este, chegando a 1 mil equipamentos.
Fundada por seis engenheiros a startup 100% nacional possui softwares e hardware fabricados aqui mesmo e propõe facilitar o acesso aos proprietários de veículos híbridos e elétricos para recarregar a bateria sem que eles tenham de adquirir um equipamento. O diretor comercial da Power2go, Carlos Freitas, contou que a inspiração para o negócio veio depois de alguns dos sócios que moraram no Exterior terem percebido que ter um carro elétrico “não é um mundo de maravilhas”, tendo que sair para recarregá-lo em um shopping, por exemplo, ou descer à garagem do prédio para mudar o veículo de vaga porque outro morador precisar fazer a recarga.
Freitas mencionou ainda pesquisa realizada na Europa que apontava que 95% dos usuários de veículos elétricos gostariam de recarregá-los em sua própria casa. Para facilitar o acesso a esses equipamentos a companhia resolveu lançar mão de plano de assinatura mensal. Um carregador como o que locam, segundo Freitas, custa de R$ 8 mil a R$ 12 mil, sem contar a instalação, que varia de R$ 3 mil a R$ 10 mil.
“O morador que adquire um carro elétrico muitas vezes também esbarra na limitação de infraestrutura elétrica em seu condomínio, que não dispõe de tomada para recarregar os carros. E se cada um puxar seu ponto de energia, de casa ou do quadro de luz, certamente provocará o colapso do sistema.”
Para evitar este cenário a proposta da Power2go é realizar a gestão de recarga e a medição individualizada da eletricidade consumida por cada um, características destacadas como diferenciais:
“A partir do momento em que puxamos um circuito elétrico, e conectamos nele os carregadores, vamos dividindo a corrente elétrica e a potência, respeitando a infraestrutura local, pelos carros que pretendem a recarga. Como medimos o quanto cada um consome o condomínio consegue acessar o aplicativo e cobrar os valores referentes à energia utilizada, a fim de que seja reembolsado”.
Por meio de plataforma da Amazon é possível gerir os relatórios a serem enviados aos condomínios, os cadastros dos usuários, as informações dos carregadores e do aplicativo e, futuramente, ofertará interface com carregadores de outros fabricantes para fazer a gestão de carga dos condomínios, assim como a integração com smartgrid das concessionárias de energia, que é a compra de energia de múltiplos fornecedores e a determinação do melhor horário de carregamento com energia mais barata.
O carregador, que pode ser de 4 mil watts, 7 mil watts ou de 22 mil watts de potência, é instalado em parede próxima à vaga e o acionamento é feito por meio do aplicativo, de tag ou de cartão: a ideia é oferecer possibilidades distintas, pois em muitos edifícios a internet não chega ao subsolo. Há também a opção de colocá-lo em um totem. Quanto ao tempo de recarga total no de 7 mil watts, por exemplo, é de de quatro a seis horas, segundo Carlos Freitas.
Pedras no meio do caminho — O diretor comercial reconhece a existência de percalços ao avanço do negócio devido à falta de espaço nos condomínios. Relata que há casos, quando a vaga não é fixa, por exemplo, ou em que não há paredes próximas, em que o condomínio elege as vagas destinadas à recarga e os valores do serviço são rateados. Por meio do aplicativo é possível reservar seu horário.
Outro desafio é conquistar lugar ao sol em um mercado já bastante concorrido e que também é afetado pela escassez de semicondutores. Mas, segundo o executivo, a empresa tem estoque de equipamentos.
O serviço de assinatura custa a partir de R$ 299,90 por ponto de recarga, além do consumo individual de energia. A startup, sediada em São Paulo, emprega 45 profissionais. Não foram abertos valores de faturamento nem projeções de crescimento para este ano. Mas Freitas afirmou que a empresa está em busca de instaladores para estabelecer parceria de longo prazo e levar o serviço a todas as capitais brasileiras.