Araxá, MG – A cada mensagem informando que um novo carregamento de veículos deixou o seu porto de origem rumo ao Brasil o presidente da Kia Motors, José Luiz Gandini, comemora. Elas ainda são insuficientes para saciar o desejo do consumidor brasileiro, embora estejam menos raras e espaçadas nos últimos tempos. O desequilíbrio produtivo e logístico gerado pela pandemia fez com que faltassem carros na rede formada por cerca de setenta concessionários, que já teve o dobro do tamanho no passado, quando a Kia chegou a vender em torno de 80 mil veículos no mercado nacional.
“Nossos números de vendas são ridículos”, afirmou o empresário com toda sua sinceridade: segundo a Abeifa foram 2,3 mil unidades vendidas no primeiro semestre, crescimento de 5,7% sobre os primeiros seis meses do ano passado. “Estimamos fechar o ano com cerca de 7 mil a 8 mil carros vendidos, isso se a disponibilidade de fato melhorar, como a matriz vem sinalizando”.
Ele disse que há veículos pagos em fevereiro que ainda não chegaram ao País. E lotes encomendados de quatrocentos carros chegam com 250, trezentas unidades. “O problema é global na produção, não é só no Brasil. Cada vez é um componente novo que falta. Agora eles relatam haver dificuldades com o alumínio líquido, que é aplicado na caixa de câmbio”.
Para colocar mais uma pedra neste caminho a Kia decidiu deixar de enviar alguns modelos a combustão para o Brasil, pois precisa cumprir a meta de eficiência energética estabelecida pelo Rota 2030. Só será possível alcança-la com as vendas de modelos híbridos, que são mais eficientes. O portfólio atual é composto pelo Stonic e o recém-lançado Sportage, híbridos leves, pelo Carnival, com desempenho considerado surpreendente por Gandini, e os caminhõezinhos Bongo. E são os híbridos os modelos mais afetados pela crise de componentes e demandados por outros mercados.
Um carregamento de Sportage chegou no fim do mês passado e esgotou-se rapidamente. Gandini aguarda um novo que chegará com preços reajustados. “Temos a situação do dólar que oscila também. Não tem como segurar o preço, é preciso repassar”.
A falta de modelos para oferecer à rede paralisou, também, a sua expansão. O presidente da Kia do Brasil diz ter mais de trinta cartas de pedidos de aberturas de novas lojas, mas não seguirá com o processo enquanto não houver normalização na produção. A rede atual também passa por reformulação visual, para se adequar à nova identidade visual global da Kia: a ideia é que 35 concessionárias estejam atualizadas até o fim do ano, com o projeto sendo concluído até o fim de 2023.