São Paulo – Característica inerente ao Programa Mover, Mobilidade Verde e Inovação, é sua preocupação com a sustentabilidade ao longo do ciclo de vida dos veículos. E é aí que entra a área da qualidade dos processos, pois novas questões são lançadas, principalmente quando se fala da necessidade de estabelecer a reciclabilidade e o aproveitamento dos materiais usados no setor automotivo.
Foi o que apontou Margarete Gandini, diretora do departamento de desenvolvimento da indústria de alta-média xomplexidade tecnológica do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, durante o 10º Fórum IQA da Qualidade Automotiva na quinta-feira, 10, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, cujo mote central foi O Papel da Qualidade na Mentoria da Competitividade do Setor Automotivo Nacional.
“O veículo no final de seu ciclo de vida não é lixo. É matéria-prima para o novo ciclo de produção. Esta é uma mudança de visão que precisamos ter na indústria. A qualidade do ciclo de vida do veículo é uma mudança sistêmica no pensar do veículo. Parte desde seu desenho até os insumos utilizados e seu aproveitamento.”
Gandini emendou que o tema da reciclabilidade também é importante frente de pesquisa e desenvolvimento. Afirmou que, no quesito sustentabilidade, está bastante arraigado no Brasil o uso de combustíveis menos poluentes, com maior mistura de biocombustíveis na gasolina e no óleo diesel, a exemplo do que foi proposto pela Lei Combustível do Futuro, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início do mês.
“Mas a reciclabilidade e o aproveitamento dos materiais no final do ciclo de vida do veículo é algo que precisamos avançar. E que a qualidade tem muito a contribuir.”
Conforme a diretora o ciclo de vida do produto exigirá trabalho conjunto de montadoras e fornecedores de suprimentos. Tanto que o MDIC iniciou discussão com o Senai para viabilizar trabalho com toda a cadeia sobre o assunto. “É uma grande mudança colocar no dia a dia a preocupação com todo o ciclo de vida. Uma mudança de pensamento também necessária ao governo.”
Gandini lembrou que, à época da vigência do programa de renovação de frota de pesados, no segundo semestre do ano passado, foram identificadas nas inúmeras sucateadoras e recicladoras do País apenas duas aptas a certificarem a reciclagem de caminhões e ônibus. “E, mesmo assim, ainda não se tem uma área de pesquisa dedicada a este segmento.”
Ela contou que este é um dos temas que sua equipe está conversando com a Senatran, Secretaria Nacional de Trânsito, uma vez que existe a previsão, na lei do desmonte, de se criar um banco nacional de peças usadas para ter rastreabilidade. O que nunca foi implantado.
“É fundamental pensarmos na desmontagem desse veículo, em como reciclar esses materiais e no descarte seguro deles”, disse. “O tempo dos desafios não passou. Eles continuam cada vez maiores. Precisamos, juntos, encará-los, e buscar novas soluções. Porque algo que vimos nos últimos anos é que fazer mais do mesmo não é suficiente.”