Em 2026 entra em linha o primeiro híbrido da fábrica de Goiana, que produzirá também um novo modelo de mais uma das marcas do grupo
Recife, PE – A conta-gotas a Stellantis começa a revelar seus planos para a fábrica de Goiana, PE, que integram ciclo de investimentos de R$ 13 bilhões – do total de R$ 30 bilhões que a companhia aportará em todas as suas operações no País até 2030. Em reunião com a imprensa na quinta-feira, 22, o presidente do grupo na América do Sul, Emanuele Cappellano, revelou que um modelo híbrido, da arquitetura Bio-Hybrid, entra em produção na planta pernambucana em 2026, e depois dele todo o portfólio de produtos será renovado com seis novos carros.
Como parte da comemoração dos 10 anos de operação da fábrica de Goiana, Cappelano anunciou a produção de seis novos modelos, a serem lançados possivelmente no intervalo de 2026 a 2028, todos sobre uma nova plataforma, sendo um deles de uma das marcas do grupo que ainda não é fabricada em Pernambuco – atualmente a unidade faz cinco modelos de três marcas: os SUVs Jeep Renegade, Compass e Commander, e as picapes Fiat Toro e Ram Rampage.
Como a Stellantis produz em Pernambuco modelos de sua plataforma média e Cappellano confirma que este seguirá sendo o foco da unidade, as apostas convergem para a introdução de mais um SUV, provavelmente o Peugeot 3008, que é produzido na Europa sobre a plataforma STLA Medium, a mesma sobre a qual também já é montada a nova geração do Jeep Compass.
“Alguns carros serão a nova geração de modelos com nomes já conhecidos, outros são novos nomes”, respondeu Cappellano ao ser perguntado se os produtos já conhecidos da Stellantis em Pernambuco seriam substituídos por uma nova geração dos mesmos modelos ou se eram novidades. Ele acrescentou, ainda, que o plano atual de investimento comtempla o lançamento de quarenta produtos no Brasil, sendo sete deles inéditos.
Eletrificação
Fiat Toro em produção no polo de Goiana: sistema híbrido de 48 V esperado para breve. Fotos: Divulgação.
O executivo evitou divulgar pormenores técnicos desta nova geração de produtos, mas já havia dito que uma nova arquitetura será introduzida na linha de Goiana para assimilar tecnologias de propulsão elétrica. Isto, segundo o presidente da Stellantis América do Sul, pode ser feito com uma simbiose de plataformas, aproveitando a atual Small Wide com módulos da STLA Medium, por exemplo: “Nossa aposta é na flexibilidade de plataformas”.
Cappellano garantiu que “o objetivo é produzir tudo com o máximo de nacionalização, porque reduz os custos e garante preços mais acessíveis aos clientes”. Neste sentido o plano é aproveitar as tecnologias que a Stellantis oferece no mundo “mas com grande participação da engenharia local”, que projetou a plataforma Bio-Hybrid apresentada há dois anos, misturando propulsão eletrificada em diversos níveis de hibridização com motores a combustão bicombustível etanol-gasolina.
“Todos os novos modelos terão algum grau de eletrificação”, confirmou. “Teremos todas as possibilidade mas buscaremos o que tem mais potencial de demanda no Brasil. Apostamos que os híbridos leves [MHEV] e os HEV [híbridos tradicionais sem recarregamento externo] serão os mais vendidos até 2030, enquanto os elétricos puros [BEV] não devem representar mais do que 10% do mercado.”
O executivo também afirmou que o primeiro híbrido a ser produzido em Goiana, em 2026, será um produto da atual geração já em produção na fábrica, e depois dele começa a renovação do portfólio. Pelo que já se sabe está adiantado o projeto de hibridização da picape Fiat Toro com sistema leve de 48 V. Mas Cappellano não confirma, nem nega, nenhuma das possibilidade, diz que tudo será “informado mais adiante”.
Fábrica
Fábrica de Goiana completa 10 anos: 2 milhões de veículos produzidos com investimentos de R$ 18 bilhões. Fotos: Divulgação.
Ao completar 10 anos de operação como uma das fábricas mais produtivas do País, o polo de Goiana soma investimentos já aplicados de R$ 18 bilhões e produção acumulada que este ano deverá passar de 2 milhões de unidades, 250 mil deles exportados para dezesseis países. Trabalhando em três turnos desde 2018, em 2024 a unidade produziu sozinha quase 10% de todos os veículos fabricados no Brasil.
A partir deste ano a fábrica começa a passar por novas transformações, como sugere Cappellano: “Muitos processos passarão por modificações para produzir os novos carros, mas por enquanto não vemos necessidade de ampliar a capacidade atual de 280 mil unidades por ano. O foco do investimento, desta vez, é nos produtos”.
A Stellantis calcula que o polo seja responsável por 60 mil empregos em Pernambuco, 6,4 mil deles diretamente na fábrica – número que dobrou em dez anos de operação – e quase 14 mil nos fornecedores.
A planta já tem 39 fornecedores na região e, segundo Cappellano, segue o plano de atrair pelo menos cem até a virada da década: “Estamos trabalhando nisso. Gostamos de produzir carros, produzir, esta é a nossa força no Brasil. Cerca de 70% de todos os veículos que vendemos hoje na América do Sul foram projetados pela nossa engenharia local”.