Indústria resiste a um ano cheio de percalços

São Paulo – À essa época, em 2024, estávamos mais confiantes com 2025. O desempenho do mercado realmente ficou abaixo do esperado há doze meses, tanto que Fenabrave e Anfavea precisaram revisar suas projeções para baixo e, talvez, ainda errem.

De toda forma, diante de todos os desafios que surgiram nos últimos meses, como o tarifaço de Donald Trump e a escalada da taxa de juros, para ficar em dois temas que dominaram o noticiário automotivo este ano, é possível considerar esta andada de lado do mercado brasileiro algo positivo. Até mesmo a derrapada dos caminhões, com queda próxima a 9%, não pode ser considerada um desastre, com mais um ano acima das 100 mil unidades.

Calejados com o andar de 2025 executivos do setor adotam cautela maior ao projetar 2026. Ninguém espera crescimento forte, alguns falam em mais um ano de estabilidade, ou alta de no máximo 3%. A taxa Selic seguirá neste exorbitante patamar de 15% por mais alguns meses, conforme indicou o Copom em seu último relatório. Efeitos positivos no mercado, portanto, só para mais adiante do segundo semestre.

O que podemos projetar com mais clareza é que em 2026 AutoData mais uma vez será o local certo para buscar informação e conhecimento sobre o mercado automotivo nacional e internacional. Diariamente, na Agência AutoData, mensalmente, na revista AutoData, e em nossos seminários, congressos e programas em vídeo no canal do YouTube.

Neste ano foram publicadas 1,8 mil notícias no portal, que recebeu quase 2 milhões de acessos. Nosso reconhecido jornalismo gerou, ainda, mais de 1 mil páginas da revista AutoData, além de onze entrevistas From the Top e doze edições do programa Linha de Montagem. Mais de 1 mil pessoas acompanharam nossos workshops de Caminhões, Ônibus e Automóveis, os Congressos Latino-americano, Perspectivas, Revisão das Perspectivas e Megatendências.

Agora chegou a hora de estacionar e recarregar as baterias. Entramos no recesso de final de ano e retornamos em 8 de janeiro.

Boas festas e até 2026!

Orgulho brasileiro

No universo da mobilidade, poucas empresas genuinamente brasileiras conseguem ostentar um centro de engenharia avançada com atuação global. A Frasle Mobility é uma das exceções — e o Movetech, em especial, desponta como um caso à parte. O que começou há mais de meio século como um setor dedicado à criação de novos produtos tornou-se, ao longo das últimas décadas, o maior polo de engenharia de materiais de fricção do hemisfério sul. Hoje, o Movetech é referência para montadoras, aftermarket e parceiros tecnológicos espalhados pelo mundo.

À frente dessa engrenagem está Luciano Matozo, diretor de Engenharia, Inovação e Vendas OEM, que resume o espírito da área: “Movetech é onde transformamos conhecimento em soluções reais para a mobilidade global”. A fala não é exagero. São mais de 160 profissionais altamente especializados, distribuídos entre Brasil, EUA, México, Europa, Índia e China, trabalhando de maneira integrada na criação de novas formulações, componentes e tecnologias.

O centro opera a partir de estruturas instaladas junto aos parques fabris espalhados pelo mundo, conectando equipes, laboratórios e processos em uma só malha. Além do Brasil, outros 4 laboratórios compõem o coração técnico do Movetech, equipados com ferramentas avançadas de simulação, testes e análise de materiais. Cada projeto nasce desse ecossistema e segue um fluxo colaborativo com outras áreas da companhia, garantindo agilidade e aplicação prática.

A expansão da atuação também redesenha o papel da engenharia na empresa. O que antes era focado exclusivamente em fricção, hoje abrange discos de freio, compósitos estruturais, componentes hidráulicos, polímeros e soluções completas para sistemas automotivos. A proximidade com clientes é outra peça central dessa evolução: o Movetech desenvolve projetos sob medida, fortalecendo parcerias de décadas com as maiores montadoras do mundo.

Esse avanço ganha ainda mais peso quando colocado em perspectiva com desafios internacionais. Um exemplo emblemático é o desenvolvimento de soluções voltadas para a futura norma Euro 7, que redefine os limites de emissão e passa, pela primeira vez, a considerar particulados gerados pelos sistemas de freio. Antecipando a demanda, a Frasle Mobility intensificou pesquisas em novas formulações, nanotecnologia e processos sustentáveis. Em 2025, a infraestrutura ganha um reforço crucial: um dinamômetro específico para medição de partículas, instalado em Caxias do Sul, ampliando a capacidade de testar, comprovar e acelerar soluções para o mercado global.

O compromisso com sustentabilidade não é novidade para a companhia. Nos anos 1990, muito antes da legislação brasileira proibir o amianto, a empresa já havia eliminado o material de sua cadeia. Mais recentemente, adotou a retirada do cobre metálico de pastilhas comerciais — movimento iniciado nos EUA e que deve se tornar padrão internacional.

Entre os produtos que materializam essa cultura tecnológica e de inovação, uma vitrine se destaca: a linha Fras-le Ceramaxx, desenvolvida nos laboratórios do Movetech. Trata-se de uma família de pastilhas de cerâmica destinada a veículos que exigem frenagens de alta precisão, com conforto e durabilidade superiores. A tecnologia inclui placa antirruído multicamada, rasgo central para limpeza e plaqueta metálica padrão OEM com pintura eletrostática. São mais de 200 aplicações voltadas a modelos premium — e um exemplo direto de como o conhecimento acumulado se transforma em soluções de alto desempenho.

Da criação de materiais à cooperação com o Instituto Hercílio Randon (IHR) e o Centro Tecnológico Randon (CTR), o Movetech reforça sua função estratégica dentro da Frasle Mobility: ser o propulsor de inovação capaz de conectar pesquisa, engenharia e mercado. Um legado de mais de 50 anos, que segue se renovando e ampliando fronteiras.

Fotos: Frasle Mobility

Acelerando o futuro da mobilidade

Ao concluirmos mais um ciclo, registramos com orgulho e senso de responsabilidade a trajetória construída ao longo de 2025. Este foi um ano marcado por desafios relevantes, decisões estratégicas e avanços consistentes, possíveis graças ao compromisso de toda a cadeia automotiva brasileira — um setor que se mantém resiliente, em evolução constante e preparado para atender às demandas de um ambiente competitivo e dinâmico.

A WHB Automotive expressa seu reconhecimento a cada cliente, parceiro e fornecedor que contribuiu para mais um período de resultados sólidos. O alinhamento em torno de qualidade, eficiência e competitividade permitiu que novos projetos fossem viabilizados, processos fossem aperfeiçoados e entregas fossem realizadas com excelência. Reforçamos a convicção de que o futuro da mobilidade se desenvolve por meio da colaboração estratégica, da inovação contínua e de uma visão de longo prazo.

Agradecemos, de forma especial, aos nossos colaboradores — profissionais que sustentam diariamente os padrões de desempenho e confiabilidade que caracterizam a WHB. Sua competência técnica, disciplina operacional e dedicação à melhoria contínua foram determinantes para superarmos desafios, acelerarmos ganhos de produtividade e consolidarmos bases importantes para o crescimento sustentável.

À medida que avançamos para um novo ano, renovamos nosso compromisso com investimentos em tecnologia, governança, eficiência industrial e desenvolvimento de pessoas. Estamos preparados para expandir oportunidades, fortalecer relações com o mercado e contribuir, de maneira ainda mais efetiva, para um setor automotivo vibrante, inovador e alinhado às exigências globais de competitividade e sustentabilidade.

A todas as pessoas e organizações que fazem parte da nossa trajetória, registramos nossa sincera gratidão. Que 2026 seja um período de novas conquistas, projetos relevantes, parcerias fortalecidas e avanços que impulsionem todo o ecossistema da mobilidade.

Fotos: WHB Automotive

A China chegou

São Paulo – O ano termina com muitas notícias sobre fabricantes chineses que estão se estabelecendo no País e a revista AutoData de dezembro traz uma série de reportagens sobre o assunto, relatando os passos da Renault com a Geely, da Caoa com a Changan e Chery, da Stellantis com a Leapmotor, do novo polo da Comexport no Ceará para montar modelos da GM-SAIC, do início da linha da GWM em Iracemápolis, SP, e a inauguração da operação da JAC Caminhões no Brasil.

A revista também cobriu a volta do Salão do Automóvel, que após sete anos de ausência voltou a ser realizado e retornou ao seu antigo palco, o Anhembi. O retorno foi em formato econômico, com estandes menores, ausência de fabricantes tradicionais e muitas marcas chinesas que ocuparam metade dos estandes de fabricantes de automóveis no evento.

Já a Toyota está superando a destruição de sua fábrica de motores de Porto Feliz, SP, e conseguiu abrir as vendas do Yaris Cross ainda este ano. As entregas começam só em fevereiro, com motorização a combustão e híbrida importada do Japão, mas a fabricante já mostrou todas as características do carro, que também figuram nas páginas de AutoData deste mês.

Na entrevista mensal From The Top – que também pode ser assistida no canal de AutoData no Youtube – conversamos com Ariel Montenegro, presidente da Renault Geely do Brasil, que conta como serão os próximos passos das agora sócias no País, com investimento conjunto de R$ 3,8 bilhões.

Esta edição também traz a cobertura completa de todas as apresentações e de todos os debates do Congresso AutoData Perspectivas e Tendências 2026, que abre os horizontes do novo ano que se aproxima em mais alguns dias.

Com estas e outras reportagens entregamos a você leituras que mostram os mais recentes movimentos da indústria automotiva, que podem ser acessados on-line (aqui) ou baixados em arquivo PDF (aqui).

Assim encerramos nossos trabalhos de 2025, não sem antes agradecer os leitores, aos quais dedicamos nosso empenho ao longo de onze edições a cada ano. A próxima edição sai fevereiro, um curto intervalo pelo muito que teremos a relatar em 2026. Um ótimo ano a todos.

BYD investe R$ 1,1 milhão em parceria com Senai

São Paulo – A BYD anunciou o investimento de R$ 1,1 milhão para fortalecer a capacitação profissional e o avanço tecnológico no Estado do Amazonas. A companhia acaba de lançar programa educacional especializado em energia solar dedicado às comunidades ribeirinhas fora da Região Metropolitana de Manaus.

O projeto, realizado em parceria com o Senai e com o apoio do CITS, Centro Internacional de Tecnologia de Software, e da Suframa, Superintendência da Zona Franca de Manaus, prevê a capacitação de 320 alunos a bordo da embarcação Samaúma, barco-escola do Senai. Os conteúdos abrangem sistemas fotovoltaicos, inversores de frequência, fundamentos da indústria 4.0, saúde e segurança, TI, sustentabilidade, eletricidade e aplicações práticas de tecnologia solar.

Além da qualificação profissional o projeto também avalia soluções off-grid – sistema autônomo que não é conectado à rede elétrica pública, gerando e armazenando sua própria eletricidade – com baterias de lítio.  A tecnologia, de acordo com a BYD, é especialmente adequada ao contexto ribeirinho, que utiliza balsas e embarcações e enfrenta limitações de infraestrutura elétrica.

Financiamento de veículos tem melhor desempenho em 14 anos

São Paulo – Em novembro foram vendidos a prazo 623 mil automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motos, novos e usados. O volume financiado supera em 3% o do mesmo mês em 2024 e, de acordo com a B3, que opera o sistema nacional de gravames, marca o melhor resultado para novembro desde 2011.

Os veículos usados seguem liderando o mercado, com 398 mil unidades financiadas em novembro, e os modelos novos responderam por 207 mil unidades. O financiamento de motos avançou 16% com relação ao mesmo período de 2024, e o de automóveis e comerciais leves recuou 0,5%.

De janeiro a novembro foram financiadas as vendas de 6,6 milhões de veículos, 1,2% acima do acumulado do ano passado, equivalente a 76 mil unidades a mais. Assim como ocorreu em novembro nos onze meses 4,2 milhões de veículos foram usados e 2,4 milhões novos.

Veículos novos e usados desvalorizam

Segundo o monitoramento mensal da Tabela Auto B3 a desaceleração dos preços continuou em novembro para a maioria dos segmentos de novos, em menor escala para picapes compactas e crossovers. Após breve pausa em outubro, os valores dos usados também voltaram a cair.

Os automóveis 0 KM tiveram desvalorização média de 0,8% com relação a outubro, dando sequência às retrações ao longo do segundo semestre, impulsionadas pela boa oferta nas concessionárias e pela pressão por descontos diante da manutenção de estoques elevados. No acumulado dos últimos doze meses a queda dos veículos novos alcançou 5,5%.

Os usados com até cinco anos mostraram desvalorização média de 0,5% no mês passado, acumulando queda de 4,1% nos últimos 12 meses. O desempenho fraco do mercado de novos em novembro aumentou a oferta de veículos, o que também pressionou para baixo os preços dos usados.

VW Financial Services aposta em novos produtos com sinergias para ganhar mercado

São Paulo – Em tempos de juros altos, maior restrição do crédito e mudança de comportamento do consumidor a instituição financeira tem de se reinventar, apostar em cardápio maior de produtos para manter o cliente fiel e, ao mesmo tempo, continuar atraindo novos. É o que tem feito a Volkswagen Financial Services. Hoje, embora a metade dos seus novos contratos refiram-se ao financiamento de veículos 0 KM – o que inclui sua própria locadora de veículos, LM Mobilidade – a outra parcela divide-se em 30% para a venda de usados e em 20% para a locação de frotas e programa de assinatura.

De acordo com o que a sua diretora de marketing e vendas, Simone Moras, contou com ao Agência AD Entrevista o plano é continuar expandindo a representatividade destes outros dois braços, para 33% e 22%, respectivamente, no ano que vem, e até 2030 cada um dos três segmentos deverão responder por um terço cada. Confira a entrevista abaixo.

Como os produtos financeiros têm se adaptado diante do cenário de juros altos ao mesmo tempo em que há o crescimento das vendas diretas, que há algum tempo vem sustentando o mercado de veículos, e dos programas de assinatura e locação?

Acho que a sua pergunta é de todos nós do setor. O ambiente está bem desafiador por causa de dois efeitos que se acumulam: o primeiro é o custo do dinheiro, que é a taxa de juros alta. O segundo é a inadimplência. Tem até uma causalidade histórica, pois quando a taxa aumenta de quatro a seis meses depois a inadimplência sobe também. Este ano a inadimplência do financiamento de veículos para pessoa física aumentou 25% e, para pessoa jurídica, quase 40%. Então, quando se coloca tudo junto, o custo do dinheiro mais alto e a inadimplência aumentando, temos cenário de pressão sobre financiamento. A boa notícia, que eu acho que se deve a uma resiliência do mercado, é que o volume de financiamento cresceu este ano, 7,9% até fim de novembro, em outubro bateu recorde, e eu acho que reflete a maturidade dos participantes do setor e o quanto a capacidade de qualidade de crédito e da aplicação de spread está eficiente.

A Volkswagen Financial Services acompanhou este crescimento também?

Nós superamos este crescimento. Até novembro, de captura, crescemos acima de 20%. Então, é mais do que 150% da expansão do mercado. Quanto à venda direta deixamos de ser só o banco do financiamento e passamos a atender com novos modelos, assinatura e locação, e isto muda muito nosso posicionamento, porque migra nosso papel como gestão de risco de crédito para gestão de valor residual e eficiência operacional. E aí o banco não é apenas um instrumento de venda mas um orquestrador deste ecossistema.

Hoje qual a composição da carteira da Volkswagen Financial Services? 

A metade da nossa carteira é de veículos 0 KM da marca. A cada cem carros vendidos financiamos 94. Mas a grande alavanca de crescimento tem sido o segmento de usados, hoje 30% do total. Estamos com 8% de market share no mercado, sendo que há cinco anos tínhamos menos de 2%. Os 20% restantes são de locação e assinatura.

Dentro desses 50% do financiamento de novos quanto provém de venda direta e quanto de cliente final? 

Perto de 80% das vendas diretas, atualmente, são feitas à vista. Então nos resta brigar pela parcela de 20%. Nossa participação mais relevante em venda direta, e a que mais cresce, é via locadora.

Qual a projeção de expansão para este ano e o ano que vem?

Seguimos ampliando 20% ano contra ano. E continuaremos crescendo nos próximos cinco anos com a mesma planificação mas mais intensa, dominante no mercado cativo, ou seja, de financiamentos de carros da marca e expandindo os outros braços. Embora haja perspectivas de que o setor ande de lado em 2026 hoje fazemos mais de um contrato de usado para um novo, e estamos ampliando esta proporção, até porque a indústria de usados é seis vezes o tamanho da de novos. Os usados, inclusive, devem ganhar mais destaque: entendemos que encerrarão o ano que vem com quase um terço do nosso volume de negócios. Este é um ponto interessante porque, como criamos esta plataforma que conecta os vários negócios da empresa, um alimenta o outro e temos uma diferenciação no mercado.

Como se dá esta sinergia entre os negócios da VW Financial Services?

Quando temos uma locadora e compramos muitos carros há a necessidade de revendê-los no fim do ciclo. E enquanto único banco grande que tem locadora e a única locadora que tem banco grande, conseguimos colocar o produto no canal de varejo, gerar um financiamento e melhorar nossa margem.

Como vocês têm visto o mercado de locação?

Vemos muita oportunidade para crescer neste segmento. Hoje temos perto de 130 mil carros e caminhões na LM Mobillidade, a terceira maior locadora do Brasil, incluindo frota terceirizada. Antes da aquisição da empresa, cinco anos atrás, tínhamos 40 mil veículos. E, oito anos atrás, eram 10 mil. Então este crescimento será perpetuado nos próximos anos. Mas é importante dizer que se trata de um negócio complementar e não um substituto de compra. Há um perfil específico de clientes, principalmente pessoa jurídica, e o público mais urbano de pessoa física que não tem a necessidade de posse, mas quer mudar muito de carro, com alta rotatividade. Este ano, nosso programa por assinatura fechou contratos que representaram 10% do varejo, o que é bem alto para o mercado brasileiro. E acreditamos que isto não o desidrata, mas fomenta o 0 KM com pessoas que talvez não fossem trocar de carro. Adiantamos esta decisão, por isto é complementar.

A participação de 20% dentro da VW Financial Services tem espaço para crescer em 2026?

Sim. No ano que vem a locação deverá alcançar fatia de 22%. Parece pouco mas não é. Como o bolo cresce tudo cresce junto. Embora o banco tenha nascido com DNA cativo, com o pressuposto de que tudo seja financiamento de 0 KM, nós nos transformamos em plataforma de mobilidade. Por causa desta diversidade hoje temos mais de R$ 60 bilhões em carteira. Como efeito de comparação o segundo banco cativo do mercado tem menos da metade deste valor. A proposta de mobilidade integrada de banco, consórcio, locadora e seguros, com esta captura de margem e eficiência, nos coloca em posição bastante diferenciada. 

Qual a projeção de ampliação da carteira no ano que vem?

Em junho deste ano deixamos de financiar caminhões 0 KM: houve uma reorganização e a operação foi separada. Agora é a Traton Financial Services que faz isto. Então, ao mesmo tempo em que ampliamos os outros negócios, estamos desmamando esta carteira, que está diminuindo. Por isto devemos ampliar pouco este valor em 2026, um dígito.

Há algum investimento no radar para sustentar as mudanças pretendidas?

Estamos investindo para ter produtos únicos. Para este próximo ciclo de cinco anos aportaremos mais de centenas de milhões na esteira de tecnologia.

É possível exemplificar como serão estes produtos?

Estamos em execução para achar sinergias. Por exemplo: você aluga carro. Se, no meio do seu aluguel, quiser comprá-lo, como deixar o cliente transitar pelos serviços que oferecemos de forma livre, sem ter de cumprir tempo do contrato nem reiniciá-lo? Porque hoje, na prática, se reinicia o contrato. Se o cliente em questão for uma empresa e quiser fazer a assinatura, a locação da frota, mas quer ter este ativo no final, que instrumento podemos usar para conseguir programar tudo isso? Pode ser o consórcio. Quando se tem a contemplação do crédito, por exemplo, R$ 70 mil, e quer comprar o carro de R$ 120 mil, você precisa de R$ 50 mil de crédito complementar. Podemos usar esta mesma garantia e combinar os produtos, o Marco Legal de Garantias ajuda neste processo. Hoje não conseguimos oferecê-lo porque o bem torna-se garantia do consórcio e o banco não consegue acessá-lo. O plano é achar a eficiência de multiplicar os negócios para caber no mesmo ativo, na mesma garantia. Nossa vontade de ser plataforma é para ter escala e diversificação.

Sendo assim, como ficará a redistribuição dos braços do negócio? 

Queremos criar um negócio muito diversificado, com carteira grande e dividida, provavelmente um terço de venda cativa, um terço de usados e um terço de locadora. Com a saída de caminhões o cativo deve recuar a 20% e seguimos com esta posição forte para virar 33%. Quanto ao market share pretendido, em usados queremos ir de 8% para 10% no ano que vem e, em 2030, chegar perto dos 15%. Para a locadora projetamos alcançar 12% do volume do varejo em 2026 e, ao fim do ciclo, 20%. Como somos o único player que é grande em todos os segmentos, conseguimos cruzá-los de um jeito bem único, trabalhando na transversalidade.

Fábrica da Volkswagen em Taubaté alcança 8 milhões de veículos produzidos

São Paulo – A fábrica da Volkswagen em Taubaté, SP, atingiu a marca de 8 milhões de veículos produzidos desde 1976, quando foi inaugurada. Com este volume respondeu por 30,5% das 26,2 milhões de unidades que a montadora produziu no Brasil.

Atualmente dois modelos são produzidos em Taubaté, o Polo e o Tera. O SUV soma mais de 70 mil unidades produzidas desde abril. A unidade também produziu outros veículos como Gol, Passat, Voyage, Parati, Saveiro e up!. 

O marco de 8 milhões de veículos produzidos foi conquistado pouco antes da fábrica completar 50 anos de operação no Brasil, em 14 de janeiro de 2026.

Mercado de máquinas agrícolas deverá andar de lado em 2026, diz Anfavea

São Paulo – As vendas de máquinas agrícolas deverão andar de lado no Brasil em 2026. A expectativa do presidente executivo da Anfavea, Igot Calvet, é de que será um ano desafiador para o segmento. Ele disse não haver variáveis que apontem para um forte crescimento no ano que vem, pois os custos dos agricultores aumentaram e, mesmo com a safra boa prevista para 2026, os produtores estão adiando os investimentos em novos equipamentos por causa da rentabilidade menor diante da baixa no preço das commodities:

“Os juros também não devem mudar no primeiro trimestre. A expectativa é de um primeiro corte do Banco Central nos juros até março e o mercado precisaria de seis a sete meses para começar a sentir os efeitos, sem esquecer das instabilidades que podem existir por causa das eleições”.

O avanço das máquinas procedentes de países da Ásia também incomoda as fabricantes nacionais e pode dificultar o desempenho no ano que vem. Atualmente elas já consomem uma parte das vendas, principalmente em licitações públicas, por causa dos preços menores e financiamentos competitivos. Mas o custo é maior quando alguma manutenção é necessária, pois falta estrutura de pós-venda: “Em alguns casos existem tratores que ficam meses parados porque não tem a tampa do tanque de combustível disponível para troca”.

Balanço

As vendas de tratores e colheitadeiras no varejo somaram 43,1 mil unidades de janeiro a outubro, leve queda de 0,7% na comparação com iguais meses do ano passado. Além dos números menores outro fator mostra a redução de apetite dos produtores rurais, que é a disponibilidade de recursos do Moderfrota em dezembro, algo que não ocorreu nos últimos anos, quando o valor já tinha sido esgotado.

As vendas no atacado, das fábricas para a rede, chegaram a 47,6 mil máquinas, volume 18,4% maior na mesma base comparativa: “Esse crescimento no atacado aconteceu sobre uma base baixa de 2024, por isto o avanço porcentual foi grande. A rede está com um estoque grande atualmente e um volume relevante é de tratores de baixa potência, que geram pouca rentabilidade”.

As exportações avançaram 0,4% de janeiro a outubro, somando 5,2 mil máquinas. Para o ano que vem a expectativa do presidente Calvet é de desempenho parecido com o de 2025, mas existe espaço para crescer na América Latina e na África, onde novos mercados podem ser abertos.

Governo destina R$ 6 bilhões para renovação de frota

São Paulo – O governo publicou na terça-feira, 16, a medida provisória 1 328, que direciona R$ 6 bilhões para a criação de linhas de financiamento para caminhões novos e seminovos, podendo ser acessada por pessoas físicas ou jurídicas. Os recursos serão oferecidos pelo Ministério da Fazenda e operacionalizados pelo BNDES. O objetivo da MP é estimular a renovação da frota.

Transportadores autônomos, cooperativas de transporte e empresários poderão acessar os financiamentos, que exigem conteúdo nacional mínimo e critérios de sustentabilidade, que serão definidos pelo MDIC.

A MP ainda não traz todos os pormenores, que deverão ser definidos por meio de atos e portarias de outros ministérios e do BNDES. O CMN definirá as taxas de juros e regras dos financiamentos, que deverá ter condições melhores para quem comprovar que está substituindo um caminhão antigo por um mais novo.

Um parágrafo do texto trata, ainda, de regular a comprovação da baixa definitiva do veículo entregue como contrapartida para a desmontagem.