Exportações disparam 60% no primeiro semestre

São Paulo – As exportações brasileiras somaram, ao longo do primeiro semestre, 264,1 mil veículos, aumento de 59,8% em comparação aos 165,3 mil embarques realizados de janeiro a junho de 2024. E o responsável por este impulso foi a Argentina, de acordo com dados da Anfavea divulgados na segunda-feira, 7.

O país vizinho adquiriu 157,3 mil veículos fabricados no Brasil, o correspondente a 59,6% do volume total exportado. E que representou alta de 183,1% com relação ao mesmo período do ano passado, quando a participação foi de 33,6%, ressaltou o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet:

“O mercado argentino tem surpreendido positivamente. No primeiro semestre as vendas locais foram ampliadas em 77,8%. E este crescimento robusto, que deve continuar até o fim do ano, chegando a até 650 mil unidades, tem sustentado os níveis de produção brasileiros”.

O México, que adquiriu o segundo maior volume nos seis meses iniciais de 2025, quase 37 mil veículos, reduziu em 18,4% suas compras em comparação ao mesmo período no ano passado. A Colômbia, por seu lado, recebeu 19,9 mil unidades, 38% a mais no mesmo comparativo. 

O Chile também aumentou suas encomendas, em 34,7%, totalizando 12,7 mil veículos. Já o Uruguai, com 16,6 mil unidades, apresentou leve recuo de 0,9%.

“Os dados de vendas crescentes para a Argentina nos deixam muito satisfeitos, mas não podemos deixar todo o excedente para um só destino. É preciso fortalecer também os embarques a outros países, como Colômbia, Equador, Uruguai e Paraguai.”

Em junho as exportações somaram 50,7 mil unidades, 1,7% a menos do que em maio, 51,5 mil. Ao comparar com o sexto mês de 2024, porém, quando 29 mil unidades foram embarcadas, o acréscimo é de 75%.

Em valores as exportações de janeiro a junho renderam US$ 6,8 bilhões, incremento de 43,1% frente ao resultado do primeiro semestre do ano passado, que totalizaram US$ 4,7 bilhões. No mês passado foi obtido US$ 1,2 bilhão, 48,5% acima de junho de 2024 mas 7,5% abaixo de maio.

Produção de veículos cresce no semestre, mas recua nos dois últimos meses

São Paulo – Somados 1 milhão 227 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus a produção brasileira de veículos encerrou o primeiro semestre com crescimento de 7,8% sobre os seis primeiros meses do ano passado, divulgou a Anfavea na segunda-feira, 7.

Apesar das quase 90 mil unidades produzidas a mais no período o presidente executivo Igor Calvet chamou a atenção para a desaceleração neste crescimento, porque em junho, comparado com maio, houve recuo de 6,5%, e com o mesmo mês de 2024 de 4,9%, com 200,8 mil unidades fabricadas.

“Foi o segundo mês consecutivo de queda, porque maio teve produção 5,4% inferior à de abril”, disse Calvet em entrevista coletiva à imprensa. “Há uma aceleração na queda de produção de veículos e precisaremos compensar no segundo semestre para alcançar as nossas projeções que, coincidentemente, são de alta de 7,8%.”

A Anfavea estima a produção de 2 milhões 750 mil veículos, o que significa que, no segundo semestre, as fábricas precisam produzir 1 milhão 523 mil unidades. Na segunda metade de 2024 a produção somou 1 milhão 412 mil veículos.

Calvet destacou que são as exportações que estão puxando o crescimento da produção de veículos leves. De janeiro a junho os embarques cresceram 59% ao passo em que a venda de veículos nacionais subiu 3%, abaixo da média de crescimento do mercado, que avançou 5%.

Ele chamou a atenção, também, para a redução de 460 postos de trabalho na indústria em junho, que fechou com 108,9 mil trabalhadores. Pode ser algo pontual, mas ligou o sinal de alerta na Anfavea. Apesar disso em um ano a indústria agregou 4,9 mil trabalhadores.

Carro popular só se repete como farsa

Já esperando as pedradas pela citação “a história se repete como farsa”, como a escreveu Karl Marx em O 18 de Brumário de Luiz Napoleão, ainda em meados do século 19. Pois o conceito é análogo à pretensa recriação do carro popular no Brasil, com isenção de IPI para os mais baratos, desde que 100% produzidos no País, mais recicláveis e econômicos no consumo e nas emissões de CO2.

Aquele que está sendo chamado pelo governo e pela indústria de “carro sustentável” se enquadra nestes critérios para redução do imposto, segundo consta em uma minuta de portaria do MDIC – à qual a Agência AutoData teve acesso no fim de junho – que instituiria o chamado IPI Verde, que reduz taxação de carros ambientalmente mais sustentáveis e pune os menos, conforme ficou estipulado na lei que criou o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, no início de 2024.

A iniciativa é defensável mas nada tem de popular, dificilmente promoverá a popularização do acesso ao carro zero-quilômetro, como ocorreu no fim dos anos 1990 e na primeira década deste século 21, quando toscos modelos 1.0 chegaram a representar de 60% a quase 70% das vendas no País.

O IPI sobre estes carros partiu de 0,1% só no primeiro ano, em 1993, subiu depois para 8% e para 10% nos anos seguintes e ficou estabilizado em 7% desde 2004, com reduções que variaram de zero, 5%, 3% a 2% para driblar crises econômicas de 2008 a 2014. Mais recentemente, em 2022, houve novo corte para 5,27%, o nível atual, que cairia para zero para modelos dentro dos padrões determinados pelo governo na portaria.

Alcance limitado

As condições atuais de mercado são bastante diferentes daquelas dos anos de grandes vendas de carros populares: em primeiro lugar porque caiu muito o número de modelos 1.0 que poderiam ser taxados como populares, enquanto a diferença do IPI para outras opções mais potentes também caiu muito.

Atualmente os modelos 1.0 representam 53% das vendas, mas algo como 30% deles são equipados com motores turboflex que, embora também gozem de IPI menor, custam todos acima de R$ 100 mil e não se encaixariam nos padrões para a zeragem do imposto, que atingiria somente as versões mais baratas.

Questão não menos importante são preços e juros nas alturas. Os carros 1.0 mais baratos do mercado em nada se comparam aos toscos modelos vendidos dez anos atrás, uma das razões para que um carro de entrada, hoje, tenha preços de tabela que começam em R$ 80 mil e chegam perto de R$ 100 mil.

Por exemplo: o Renault Kwid mais barato, versão Zen, está tabelado em R$ 80,7 mil, e neste preço está incluso sistema start-stop, freios com ABS, controle eletrônico de estabilidade e tração, monitor de pressão dos pneus, luzes de condução diurna, ar-condicionado e direção assistida elétrica.

Nenhum destes itens fazia parte do cardápio de série de um carro popular nos anos 2000, porque ao contrário do que acontece hoje a legislação não obrigava, não havia incentivos do governo para adoção de alguns sistemas de segurança e redução de consumo, nem o consumidor exigia certos confortos. Todas estas três condições estão presentes atualmente, fazendo do carro popular do passado algo impossível de ser recriado.

Não cabe no bolso

Os juros no patamar atual não ajudam a suavizar os preços elevados em prestações que cabem no bolso do consumidor.

Outro exemplo: em 2010, ano em que foram vendidos 2,8 milhões de automóveis, 49% deles 1.0, um Fiat Uno custava R$ 22,9 mil e, com 20% de entrada e taxa de 1,27% ao mês, podia ser pago em 36 parcelas mensais de R$ 638, valor que comprometia 25% das receitas de quem recebia cinco salários mínimos, ou R$ 2,5 mil.

Fazendo o tempo correr quinze anos, para junho de 2025, é até difícil encontrar planos de financiamento com entrada de 20%, mas apenas para fazer a comparação de comprometimento da renda, tomando-se como exemplo o carro mais barato do País, o Renault Kwid Zen de R$ 80,7 mil, com o juro atual na casa de 2% ao mês as prestações sobem para incríveis 36 parcelas de R$ 2,5 mil, o que compromete um terço da renda de quem ganha cinco salários mínimos hoje, perto de R$ 7,6 mil.

Neste exemplo o consumidor pagaria R$ 67 mil só de juros nos três anos do financiamento, mais do que o dobro do valor financiado.

Ou seja: preços e financiamentos não cabem mais no bolso dos consumidores a quem os carros mais baratos deveriam ser direcionados.

A redução a zero do IPI dos carros mais baratos do mercado também não ajudaria muito, pois poderia reduzir o preço final em cerca de 5% – poderia porque não se sabe se os fabricantes seriam, de fato, obrigados a reduzir os preços ou embolsariam a diferença aumentando a margem de lucro.

Outro fato esquecido é que muitos fabricantes, por terem atingido metas de eficiência energética e adoção de sistemas de segurança que foram prescritos pelos programas Inovar-Auto e Rota 2030, já ganharam direito a descontos de IPI, portanto já estariam recolhendo menos do que prescrevem as alíquotas atuais, mas nem por isto repassam tais ganhos aos preços.

Sem nenhuma redução de IPI os fabricantes já dão descontos maiores por meio do faturamento direto ao cliente, seja ele pessoa física ou uma empresa. No site da Fiat o Mobi mais barato, versão Like, de R$ 81 mil sai por R$ 70 mil no Programa Acesse Fiat. O desconto de R$ 11 mil no preço com IPI atual a 5,27% é mais que o dobro da redução de R$ 4 mil que viria com o IPI zerado.

Não é à toa que, no primeiro semestre deste ano, quase 94% das vendas somadas de Fiat Mobi e Renault Kwid foram feitas por faturamento direto da fábrica ao cliente final, para tornar o produto mais barato ao eliminar os impostos que seriam cobrados no faturamento à concessionária e depois ao consumidor.

Além de empresas e grandes frotistas, como locadoras, pessoas físicas também estão comprando carros por faturamento direto, para pagar menos, por isto o canal conhecido como venda direta, no primeiro semestre, correspondeu à metade das vendas de veículos no País – o maior porcentual registrado nos últimos anos.

A conclusão é que, caso o IPI seja de fato zerado para alguns carros, caberia ao governo obrigar os fabricantes a dar como contrapartida descontos maiores nos preços, acima da redução do imposto, pois as empresas já estão fazendo isto.

Poucos modelos beneficiados

Ao contrário do que ocorreu nas primeiras duas décadas dos anos 2000 desta vez não seriam muitos os modelos beneficiados pelo possível corte de imposto. Os seis modelos hatchback mais vendidos do mercado, que têm versões com motor 1.0 aspirados que poderiam ter o IPI zerado, juntos registraram 232,5 mil emplacamentos no primeiro semestre, o equivalente a 20,5% do total de 1,1 milhão de veículos leves emplacados no período.

Pela ordem são eles: Volkswagen Polo Track, Fiat Argo, Hyundai HB20, Chevrolet Onix, Fiat Mobi e Renault Kwid. Isto mesmo: os dois carros mais baratos do mercado são atualmente os menos vendidos na lista dos seis mais. E fora estes dois estão contabilizadas todas as versões dos demais, incluindo algumas com motores turboflex, o que puxa os números para cima.

As vendas diretas destes modelos são altas, somaram 161,2 mil unidades no primeiro semestre, ou 69,3% dos emplacamentos dos seis, porcentual bastante acima dos 50,3% do mercado total.

O porcentual de vendas diretas de cada um destes seis no semestre é liderado por Mobi e Kwid, com 93,8%, seguido por Argo com 74,4%, Polo com 63,1%, HB20 com 56,7% e Onix com 44,3%.

Estes índices indicam que todos estes carros já estão sendo vendidos por preços abaixo da tabela e, portanto, os maiores beneficiários de uma possível redução do IPI seriam pessoas jurídicas, empresas e locadoras que compram esses veículos por faturamento direto já com descontos generosos.

Algumas pessoas familiarizadas com as negociações em torno do IPI Verde esperavam que a portaria fosse publicada na semana passada. Não aconteceu. Desconfia-se que a legislação não é do interesse de todos os fabricantes nem da Fazenda, que encontra dificuldades em fechar as contas públicas.

No cenário atual será difícil ao governo justificar qualquer corte de imposto sem a devida compensação, o que poderá onerar ainda mais carros de preços e tecnologia superiores. Seria um efeito colateral que tornaria produtos melhores ainda mais distantes da maioria da população, em benefício de alguns dos piores carros mais caros do mundo, que só podem ser chamados de populares para construir uma farsa histórica.

Honda CG caminha para seus 50 anos com 15 milhões já produzidas em Manaus

Para falar do sucesso da Honda CG no Brasil é preciso recordar que as motocicletas da fabricante japonesa já circulavam no Brasil pelo menos desde os anos 1960, trazidas por importadores. Com a boa aceitação dos produtos a Honda abre um escritório na Capital paulista e se estabelece como importadora e distribuidora, em outubro de 1971. Cinco anos depois, em novembro de 1976, começou em Manaus, AM, a produção da CG, que se tornaria o veículo de maior volume de produção e vendas do País, e que por mais tempo figura nesta posição.

A produção da CG 125 em Manaus foi antecipada com a proibição das importações de veículos no Brasil, em 1976, que perdurou por catorze anos. A nacionalização permitiu que a empresa e revendedores continuassem atuando no mercado brasileiro durante o período de restrição. Desde então já são mais de 15 milhões de unidades da CG fabricadas até os dias atuais. A moto supera em quase o dobro o volume do Volkswagen Gol, com 8,5 milhões de unidades em 42 anos, o Fiat Uno, 4,3 milhões em 37 anos, e também o icônico Volkswagen Fusca, 3,1 milhões de unidades em trinta anos.

Embora não haja um posicionamento oficial da Honda sobre o nome da moto a sigla CG significaria City General, ou moto urbana de uso geral. A primeira CG 125 era muito simples: tinha partida a pedal e freios a tambor. Nem por isto era barata: segundo a publicidade de lançamento, com ninguém menos de Pelé como garoto-propaganda, uma CG 125 custava a metade do carro mais barato no País na época, o Fusca, cujo preço era de CR$ 36 mil 960 em novembro de 1976. Hoje o carro mais em conta, o Citroën C3 Live vendido por R$ 73 mil 990, custa 4,5 vezes mais do que a Honda CG de entrada, a 160 Start, R$ 16 mil 440.

SINÔNIMO DE MOTO

Esta reportagem foi publicada na edição 422 da revista AutoData, de Junho de 2025. Para ler ela completa clique aqui.
Foto: Divulgação/Honda

Foton expande produção em Caxias do Sul e busca ampliar nacionalização

São Paulo – Desde março a Foton ocupa parte da fábrica da Agrale, em Caxias do Sul, RS, para montar os caminhões leves Aumark S 315 e S 121. Sua linha, própria e independente, monta quatro veículos por dia, que chegam desmontados da China: a eles alguns itens produzidos no Brasil são agregados. Segundo o diretor de operações, Fábio Pontes, o índice de conteúdo local já chega à 15% e a ideia é crescer bastante até o ano que vem:

“Nosso objetivo é exportar os caminhões do Brasil para outros países da América Latina e, para isto , precisamos chegar a 40% de conteúdo local. Outra razão para avançar na nacionalização é para que nossos clientes possam utilizar o financiamento via Finame, que exige cerca de 65% de conteúdo local”.

A Foton compra no Brasil itens como pneus, bateria, filtros e tanque de combustível, que são peças tratadas como de prateleira. Outras, como eixos e sistemas de freios, estão sendo analisadas pelas equipes de desenvolvimento do Brasil e da China para serem localizadas no futuro.

Em paralelo a empresa trabalha para que o volume diário de produção salte de quatro para sete unidades por dia até novembro, com a adição de mais dois caminhões, os Aumark S 715 e o S 916. Dessa forma a Foton espera encerrar 2025 montando todos os seus modelos de 3,5 a 12 toneladas no País e adicionar a primeira configuração de um modelo médio na linha, o Auman 1722, até dezembro.

Fábio Pontes, diretor de operações da Foton. Fotos: Divulgação.

Inicialmente todos os modelos serão montados na mesma linha, desenvolvida pela Foton com fornecedores nacionais. A partir do segundo semestre começará um trabalho para ampliar a capacidade produtiva, com a instalação de uma segunda linha que permitirá dividir a produção, algo previsto apenas para 2026:

“No ano que vem conseguiremos duplicar o volume produtivo com a segunda linha de produção que será instalada em Caxias do Sul, trabalhando em turno único. Por enquanto os nossos planos são de manter a produção na Agrale. Ou seja: não estamos procurando um local próprio”.

No primeiro semestre a Foton registrou crescimento de 150% na comparação com iguais meses do ano passado, somando 600 unidades, avanço que foi puxado pelo crescimento da rede de concessionárias no País, uma vez que em 2024 a empresa tinha 38 revendas e agora tem 54. Outras concessionárias estão em fase de desenvolvimento e a expectativa da empresa é de chegar a dezembro com oitenta lojas, crescendo para cem em 2026.

Sobre a área de pós-vendas os componentes importados da China são armazenados em um galpão em Santa Catarina, incumbido de abastecer as concessionárias de todo o Brasil. 

Lançamentos

Ainda em 2025 a Foton lançará o caminhão semileve Wonder, que foi apresentado no ano passado, quando a empresa anunciou o retorno das suas operações no País. Este veículo está em fase final de homologação, passando pelos testes de emissões. Segundo Fábio Pontes para 2026 a empresa trará novos veículos para o Brasil, que ainda estão sob sigilo.

Fiat Titano sobe de nível após ser stellantizada

Curvelo, MG – Há pouco mais de um ano, em março de 2024, a estreia da Fiat no segmento de picapes médias deixou algumas dúvidas sobre seus planos reais. Afinal, por que a líder de vendas em todos os segmentos, com sucessos originais como Strada e Toro, utilizou o projeto da PSA com a chinesa Changan, que originalmente era uma picape Peugeot, sem muitas modificações estruturais, além da aparência? Motor, suspensão e principalmente o interior denunciavam sua origem.

Pois agora, rapidamente, bem ao estilo Fiat, muita coisa mudou e a Titano, finalmente, recebeu os cuidados e a expertise da Stellantis para produzir uma picape com atributos mais adequados ao consumidor e ao ecossistema nacional.

A mudança começou no endereço, pois a Titano passou a ser produzida no hub de picapes de Córdoba, Argentina, deixando a linha de montagem da Nordex, parceira da Stellantis, no Uruguai, apenas com a produção de vans de várias marcas do grupo. Na Argentina a capacidade nominal é de 45 mil unidades, e a Stellantis acredita que, inicialmente, 50% do volume serão destinados ao Brasil.

A Stellantis caprichou nesta que pode ser considerada uma nova geração e mais de trezentos engenheiros participaram de todo o desenvolvimento aqui no Brasil, que incluiu novos conjuntos de suspensão para dianteira e traseira e também para a cabine. O resultado é um comportamento muito superior ao modelo anterior principalmente em conforto e no compromisso com a robustez e sua capacidade off-road.

Titano Ranch

Coxins criados exclusivamente para o chassis, novas molas e amortecedores reduziram em 14% o ruído e melhoraram o conforto ao rodar em qualquer piso. Uma das reclamações sobre a primeira Titano era justamente as vibrações na cabine.  Há ainda um o novo sistema de tração integral permanente, AWD, que permite a troca automática da tração traseira e a tração integral, 4X4.  

O motor também é outro, o Multijet 2.2 de 200 cv. Importado da Itália este moderno motor a diesel tem injeção direta, turbina com geometria variável e melhor tecnologia de recirculação de gases e gestão de material particulado, que atende com louvor à fase 8 da legislação Proconve pare veículos leves, segundo a Stellantis.

Outra importante reclamação de clientes, a falta de força para ultrapassagens, deixou de existir, pois a recalibração do Multijet para o Brasil gera 450 Nm de torque já em 1,5 mil rpm.

Motor Multijet 2.2 a diesel de 200 cv

A reportagem teve contato com a nova Titano na pista de desenvolvimento da Stellantis no Brasil, em Curvelo, MG. Lá rodamos no autódromo e, também, em diversas pistas em situações bastante adversas, as mesmas que os clientes de picapes costumam encontrar quando este veículo é utilizado para o trabalho em fazendas, por exemplo: terreno de pedra e terra batida que geram muitas vibrações, facões, subidas e descidas íngremes e até uma trilha fechada no meio da mata com todas as dificuldades que os picapeiros raiz mais desejam encontrar em suas aventuras off-road. Subimos uma escada com grande inclinação, algo incomum para uma picape.

Em todos esses momentos chamou a atenção tanto sua capacidade de superar os desafios com um motor muito mais esperto, que ficou 11% mais potente e melhorou em 13% o torque, mas, sobretudo, o conforto e o nível de vibração na cabine. Parece outra picape.

A Stellantis informa que o Multijet 2.2 diesel, acoplado a transmissão de oito velocidades da ZF, melhorou o consumo da Titano, que passa de 8,5 km/l para 9,9 km/l na cidade e de 9,2 km/l para 10,8 km/l na estrada, 16% e 17%, respectivamente, superior à motorização adotada na versão anterior. A aceleração de 0 a 100 km/h passou de 12,4 segundos para 9,9 segundos, ou seja, 20% melhor. 

Tecnologia e preço

Não bastasse a reformulação quase total no projeto de engenharia da Changan Kaicheng F70 a Stellantis aumentou a eletrônica a bordo, a começar por um sistema elétrico na direção. O acionamento eletrônico da frenagem de estacionamento veio no conjunto de freios a disco nas quatro rodas com EBD.

Também veio um novo quadro de instrumentos para o motorista com uma tela digital de 7 polegadas. E uma nova interface da central multimídia, que oferece conexão muito mais eficiente para os aparelhos que serão utilizados sem fio.

Interior com novos elementos como a alavanca da transmissão automática

Para o condutor a tecnologia vem em forma de segurança ativa, com a adoção do sistema ADAS, com piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência e monitoramento de ponto cego, itens mais comuns em automóveis.

Com todas essas melhorias os preços naturalmente subiram, em média, 10%. Os preços de cada uma das versões:

  • Titano Endurance — R$ 233 mil 990 
  • Titano Volcano — R$ 263 mil 990
  • Titano Ranch — R$ 285 mil 990

De acordo com Alexandre Clemes, diretor de marketing de produto da Fiat, ainda não é momento de falar abertamente em volumes, tampouco de liderança no segmento de picapes médias: “Depois de SUV o segmento de picapes é o que mais cresceu, 18% em 2004. Esperamos acompanhar esse crescimento”.

No caso da Titano o que ele consegue afirmar agora é a expectativa de que 60% das vendas sejam na versão mais equipada, a Ranch, por causa do perfil do cliente que busca uma opção tão completa quanto o que há disponível no mercado nacional e mais competitiva em termos de preço nessa categoria.

A julgar pela diferença de preço com as líderes do mercado, algo de R$ 30 mil a R$ 40 mil mais em conta, a Titano, nesta nova geração, pode fazer o cliente olhar com mais atenção para este produto que, agora, representa muito mais do que na sua estreia neste segmento.

BYD nega excesso de produção na China e reforça importância de fábrica no Brasil

São Paulo – A vice-presidente global e CEO Américas e Europa da BYD, Stella Li, chamou de notícias falsas as informações que circularam na imprensa internacional nas últimas semanas sobre excesso de capacidade da fabricante, que estaria sendo obrigada a cortar em até um terço o ritmo produtivo de algumas fábricas na China.

“Não é verdade. Às vezes você lê muitas notícias falsas, cartas assustadoras. Isto ocorre porque a BYD é muito bem-sucedida”, disse ela, sugerindo que a concorrência estaria plantando tais informações. Em alusão ao corte de um terço na produção de algumas linhas, a executiva justificou: “Na verdade nos últimos dois, três anos, a BYD cresceu e a demanda sempre foi maior do que a capacidade, por isto estávamos trabalhando em três turnos e isto traz custo muito alto para nós. Então nós estamos construindo suficiente capacidade agora. No próximo ano vamos normalizar [o ritmo] da manufatura”.

Na manhã da sexta-feira, 4, Stella Li participou da inauguração da concessionária número 184 da BYD no Brasil. Do Grupo Unic, está em um dos endereços mais caros da Capital paulista, na Avenida dos Bandeirantes. O plano é, até dezembro, chegar a 250 pontos.

No evento de inauguração da BYD Unic Moema a executiva entregou pessoalmente as chaves do Dolphin Mini número 35 mil no Brasil, o carro elétrico mais vendido do País e também um dos mais baratos. O modelo será o primeiro montado pela BYD em Camaçari, BA, e representa o crescimento do alcance dos carros elétricos no País.

A compradora que recebeu o veículo na nova concessionária representa esse novo cliente: para Mariana Rocha de Oliveira, 28 anos, o Dolphin Mini não é apenas o primeiro BYD e o primeiro elétrico, mas seu primeiro carro na vida, pois ela sempre andou de motocicleta.

Stella Li entrega o BYD Dolphin Mini número 35 mil vendido no Brasil.

Expansão justifica fábrica no Brasil

Todo o crescimento da fabricante chinesa de eletrificados no mercado brasileiro aconteceu em apenas quatro anos. Depois de encerrar 2024 como a décima marca de veículo mais vendida do Brasil, com 76,8 mil emplacamentos, no primeiro semestre deste ano a BYD já subiu para a nona posição, com 47,7 mil emplacamentos registrados, em expressiva alta de 46,5% sobre o mesmo período do ano passado.

Até o momento toda a demanda no País foi atendida com importações da China, em volume até duas vezes superior ao número de carros efetivamente vendidos.

Segundo Stella Li é precisamente por causa da expansão tão rápida que a BYD precisará da fábrica brasileira, ainda em construção em Camaçari, onde deve ser iniciada, neste semestre, a montagem de carros que chegam importados parcialmente desmontados, os kits SKD. A empresa apresentou na terça-feira, 1º de julho, os primeiros Dolphin Mini montados na planta baiana, ainda em fase experimental. Não está claro quando os veículos alcançarão maior nível de nacionalização, com componentes de fornecedores instalados no País.

“Na China nossa capacidade é apenas para a nossa necessidade de negócio local, não para a demanda global”, justificou a executiva sobre a necessidade de construir nova fábrica em Camaçari, a maior da BYD fora da Ásia. “Como temos grande sucesso no Brasil a estrutura que estamos construindo em Camaçari é importante. Nosso desejo é ser uma fabricante de automóveis. Como uma empresa global nós estamos agora expandindo para além das fronteiras, mas nosso princípio sempre é: se o mercado está lá, nós vamos produzir lá.”

Stella Li também voltou a mencionar o plano de transformar a fábrica brasileira em um polo regional de exportação: “No futuro nós também exportaremos os automóveis [feitos no Brasil]. Poderemos distribuir os veículos para outros países sul-americanos”.

A expansão da BYD fora do mercado chinês foi acelerada nos últimos dois anos mas até o momento quase toda a demanda externa foi atendida pelas fábricas da empresa na China. Stella Li destacou que, em 2024, a BYD produziu 4,2 milhões de veículos e se tornou a sexta maior fabricante do mundo. Ela também ressaltou que o crescimento internacional segue em alta não só no Brasil mas também na Europa, onde as vendas, de janeiro a maio, aumentaram vistosos 700% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Volkswagen Polo lidera em junho, mas Fiat Strada é a mais vendida do semestre

São Paulo – Líder novamente em junho, somando três meses consecutivos como o mais vendido do mercado brasileiro, o Volkswagen Polo ainda não conseguiu superar a Fiat Strada no acumulado do ano. Foram 11 mil 492 emplacamentos do hatch produzido em São Bernardo do Campo e Taubaté, SP, e 11 mil 474 da picape que sai das linhas de Betim, MG, no mês passado, um empate técnico, de acordo com dados da Fenabrave.

Como a diferença foi mísera o acumulado de janeiro a junho deu vantagem à Strada, que somou 62,7 mil emplacamentos, contra 57,2 mil do modelo Volkswagen. A líder de mercado dos últimos quatro anos conquistou o degrau mais alto do pódio no primeiro semestre.

Uma curiosidade: a Strada foi líder em janeiro, fevereiro e março e o Polo em abril, maio e junho. A briga promete ser acirrada até dezembro, apesar do risco do VW Tera, que somou 2 mil 750 emplacamentos em seu primeiro mês de venda, roubar algumas vendas do hatch da marca.

No ranking de junho quatro SUVs ficaram nas dez primeiras posições: Volkswagen T-Cross, Hyundai Creta, Honda HR-V e Toyota Corolla Cross. Os hatches, porém, seguem dominando, com Polo, Fiat Argo, Hyundai HB20, Chevrolet Onix e Fiat Mobi dentre os dez mais vendidos. A Strada foi a única picape do Top 10.

Veja o ranking:

Fiat mantém a liderança do mercado brasileiro no primeiro semestre

São Paulo – A Fiat manteve-se na liderança do mercado de veículos no primeiro semestre, que registrou alteração em posições de ranking apenas nas três últimas dentre as dez mais vendidas. A líder em vendas do mercado brasileiro registrou 241,4 mil emplacamentos e 21,3% de participação. De janeiro a junho do ano passado os 220,7 mil emplacamentos conferiram a mesma posição, porém, com participação inferior, de 20,5%. 

A Volkswagen também segurou a segunda colocação, com 203,7 mil vendas e ganho de market share, para 16,4%. No mesmo período de 2024 vendeu 167,6 mil unidades e garantiu fatia de 15,5%.

No terceiro lugar do pódio a Chevrolet emplacou 119,9 mil veículos, o que lhe garantiu 10,6% do mercado. No primeiro semestre do ano passado, porém, vendas mais robustas, de 141,2 mil unidades, garantiram fatia de 13,1%.

A Toyota também manteve a quarta posição, ao comercializar 89 mil veículos de janeiro a junho, 7,9% do total, ainda que tenha diminuído seu volume, que no mesmo período de 2024 fora de 91,7 mil unidades e participação de 8,5%. Da mesma forma aconteceu com a Hyundai, com 86,3 mil veículos comercializados e fatia 7,6%, frente a 87,9 mil vendas nos primeiros seis meses do ano passado com 8,1% do mercado: assim o quinto lugar foi mantido.

A Renault preservou a sexta colocação, com 60,7 mil emplacamentos e 5% de market share. De janeiro a junho de 2024 as 55,8 mil unidades vendidas haviam lhe garantido participação levemente acima, de 5,4%. E a Jeep conservou-se em sétimo, ao vender 55,6 mil unidades, 4,9% do total, ao passo que no ano passado as vendas de 53,8 mil conferiram fatia de 5%.

Se os primeiros sete lugares permaneceram inalterados no fechamento do semestre a Honda tomou da Nissan a oitava colocação, com 50,7 mil veículos emplacados e 4,5% de market share. Também superou a Nissan a BYD, que baixou de nono para décimo do ranking, com 47,7 mil vendas e 4,2% de participação, contra 32,6 mil e 3% em 2024.

A agora décima do ranking vendeu 35 mil unidades, 3,1% do total, e agora espera recuperar o terreno perdido com o início das vendas do novo Nissan Kicks.

Nissan diz ter vendido mais de 2 mil Kicks no primeiro dia

São Paulo – Na noite da quinta-feira, 3, quando o Nissan Kicks debutou simultaneamente nas mais de duzentas concessionárias espalhadas pelo Brasil, a companhia disse ter vendido 2 mil 252 unidades, das quatro versões do SUV que parte de R$ 159 mil 990. A Nissan organizou um mega-lançamento em todos os seus pontos de venda, convidando clientes e interessados que puderem ver de perto o novo veículo produzido em Resende e, em alguns casos, até testá-lo.

As mais de 2 mil unidades negociadas no primeiro dia surpreendeu a Nissan, segundo comunicado. Nos primeiros seis meses do ano o Kicks Play, a antiga carroceria – que segue em linha e em catálogo – registrou 23,2 mil emplacamentos.

“Este volume de vendas em uma noite de apresentação é mérito do próprio carro”, disse Ricardo Bianchi, diretor de vendas e desenvolvimento de rede da Nissan do Brasil. “As pessoas conheceram, testaram e comprovaram que o modelo exibe um design diferenciado, o maior espaço interno do segmento, acabamento de nível superior, equipamentos de conforto e segurança acima do que os concorrentes oferecem, dentre muitas outras qualidades. A decisão que tomaram foi consequência do que o novo Nissan Kicks oferece.”