Agronegócio tem segunda grande feira do ano

Depois do resultado positivo do Show Rural Coopavel, primeira grande exposição do agronegócio realizada neste ano no Brasil, o setor se volta para a Expodireto, que começa segunda-feira, 6, e vai até o dia 10, na cidade gaúcha de Não-Me-Toque. Após as dificuldades que marcaram a edição de 2015, em razão da ausência das grandes montadoras, a feira de Cascavel, PR, movimentou em torno de R$ 2 bilhões no período de 6 a 10 de fevereiro. Segundo a organização, o evento recebeu perto de 253,1 mil visitantes, que tiveram contato com produtos e serviços expostos por 520 marcas. “As expectativas foram superadas”, resumiu Dilvo Grolli, presidente da Coopavel.

A 18ª Expodireto Cotrijal terá a participação de 530 expositores que ocuparão 84 hectares do parque de exposições. Com o slogan Negócios que inspiram o amanhã, a feira espera atrair 250 mil pessoas, dentre elas representantes de mais de 70 países dos cinco continentes. O número, se consolidado, será 20% superior ao registrado em 2016. “Temos a expectativa de uma feira voltada à inovação e propostas para a evolução do trabalho no campo. Neste ano, concluímos rapidamente a comercialização dos espaços e há empresas esperando uma oportunidade para as próximas edições”, disse Nei César Mânica, presidente da Cotrijal.

No ano passado, os negócios somaram perto de R$ 1,6 bilhão, volume 28% inferior ao evento de 2015. Para este ano, a expectativa é de crescer 15%, totalizando perto de R$ 1,8 bilhão em máquinas e equipamentos. “A partir do segundo semestre de 2016, o setor voltou a melhorar sensivelmente. E iniciamos o ano muito bem. Outra boa notícia é que o setor de máquinas parou de desempregar e, mesmo que timidamente, voltou a empregar”.

De acordo com Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul, o otimismo do setor está amparado em um conjunto de fatores. Define o ano como o de recuperação. “Podemos chegar a 220 milhões de toneladas de grãos nesta safra. Os preços das commodities também estão bons e temos a promessa de que não faltará dinheiro para os financiamentos do Moderfrota. O quadro político mais estável também influencia, pois o produtor se sente mais seguro para investir e aumentar a produtividade”.

Confiança – O sentimento de confiança das lideranças do setor do agronegócio se estende aos principais fabricantes de máquinas e equipamentos, que anunciam série de lançamentos na Expodireto. Edson Martins, diretor comercial da Agrale, revela perspectiva de crescimento no volume de vendas nesta edição. “Em função do clima e do preço das commodities agrícolas, temos boas expectativas. Temos ainda como base o bom desempenho das vendas no evento no ano passado e a alta do mercado neste início de 2017”.

A montadora com sede em Caxias do Sul, RS, apresentará vasto portfólio de produtos desenvolvidos para agricultura, com destaque para os tratores da linha 500. O trator 540 cabinado, com 40 cv de potência, é o único modelo no mercado nesta categoria com cabine original de fábrica. Outro destaque é a transmissão, totalmente sincronizada e com inversor de marchas de série. Também estará exposto o novo caminhão da marca, o modelo A8700, além de motores, grupos geradores e empilhadeiras da marca Lintec.

Uma das novidades da Case IH será a nova plantadeira Easy Riser 3200 e os novos modelos de tratores e colheitadeiras homologados pelo Proconve-MAR 1 – regra que estabelece limites de emissões para os motores de novos equipamentos agrícolas e de construção. “Mesmo com a retração da economia brasileira, a Case IH não parou de investir em seu portfólio. E com os sinais positivos para 2017 preparou uma série de novidades e lançamentos”, disse César Di Luca, diretor comercial da empresa para o Brasil.

A New Holland mostrará como uma das novidades a nova versão da linha de colheitadeiras TC. Ela chega mais potente com o novo motor eletrônico MAR-1/Tier 3, alinhado com a legislação sobre emissão de gases poluentes. A montadora assegura que a TC tem aumento de até 22% na potência, com redução no consumo de combustível. “Vamos mostrar o que temos de mais moderno e inovador, pois estamos otimistas com o desempenho no evento e com a retomada da economia do Brasil”, afirmou Rafael Miotto, vice-presidente da fabricante para a América Latina.

Carros híbridos e elétricos serão realidade até 2025 no Brasil, aponta KPMG

Uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG com executivos brasileiros da indústria automotiva mostrou que, apesar de o País ainda estar aquém no desenvolvimento de veículos com novas matrizes energéticas em comparação com outras nações, 69% dos pesquisados acreditam que os carros híbridos, em 2025, já estarão mais inseridos no mercado brasileiro. Quanto ao veículo autônomo, 73% dos executivos afirmaram que veremos nas ruas pelo País carros com essa tecnologia nos próximos oito anos.

Para Ricardo Bacellar, diretor da KPMG, os brasileiros estão abertos às inovações tecnológicas e transformações no modelo de negócio nos próximos anos: “isso é facilmente percebido ao analisar o grande número de respostas positivas frente a temas como conectividade e digitalização e criação de valor por meio do big data”.

O levantamento mostrou que a visão dos brasileiros é diferente dos quase 1 mil executivos pesquisados em 42 países onde apenas 37% acreditam que os automóveis autônomos é uma tendência a ser consolidada e 50% consideram os veículos movidos a bateria como tendência número um.

Por enquanto a produção de veículos elétricos híbridos ou a bateria ainda são realidade distante para a produção em escala e consumo de massa por ser uma tecnologia cara e que exige mudanças na infraestrutura. De acordo com dados da ABVE, associação Brasileira do Veículo Elétrico, em 2016 foram vendidos 1 mil 91 automóveis elétricos e híbridos no País.

Luiz Carlos Mello, diretor do CEA, Centro de Estudos Automotivos, diz: “para que híbridos e elétricos tornem-se realidade para consumo em massa será necessário resolver questões como o custo de produção destes veículos que reflete no preço final do consumidor”.

No que diz respeito ao veículo autônomo, o consultor acredita que esta mudança impacta também na cultura dos brasileiros e também de motoristas de outros países. “O condutor vai precisar se desligar do ato de dirigir e de ter o controle físico do veículo. Para isto terá que sentir confiança.”

Para Ricardo Takahira, da comissão técnica de veículos elétricos e híbridos da SAE Brasil, esta visão de futuro dos executivos está baseada no fato de que a implantação desta matriz energética é um caminho sem volta e lá fora já está se consolidando devido às exigências de regulamentos de eficiência energética e emissões. “O grande desafio do Brasil será como baratear os custos para produzir estes veículos a um preço mais acessível.”

De acordo com ele, será preciso também políticas governamentais e industriais eficientes para que híbridos e elétricos se tornem uma realidade “A nova fase do Inovar –Auto poderá ser um estímulo para a viabilização de projetos.”

Mais um porão no fundo do poço?

É até difícil de acreditar. Mas os resultados das vendas de veículos em fevereiro mostram que, mais uma vez, tal como aconteceu no começo do ano passado, o fundo do poço do setor automotivo, que todos imaginavam já ter sido alcançado no ano passado, pode ter mais um porão escondido embaixo dele.

Em fevereiro, conforme os dados divulgados quarta-feira pela Fenabrave, os 135,6 mil veículos comercializados representaram queda de 7,59% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 7,84% em comparação com janeiro. Foi o menor volume mensal desde abril de 2006.

A queda em relação a janeiro era previsível em razão do menor número de dias uteis em fevereiro. No entanto, a redução em comparação ao segundo mês do ano passado surpreendeu já que, em 2016, o carnaval também aconteceu em fevereiro, o que praticamente equiparou o numero de dias de vendas.

Forma-se, assim, no cenário algo preocupante: depois de dois anos seguidos com quedas pronunciadas de vendas que cortaram o volume comercializado pelo setor praticamente pela metade, este ano começa com nova queda nas vendas. E deixa a mostra, assim, a efetiva possiblidade de existência de um novo porão escondido abaixo daquele piso que todos tinham, em dezembro, como sendo o fundo do poço.

Afinal, tanto em janeiro quanto em fevereiro as vendas ficaram abaixo das realizadas no mesmo período do ano passado. Em termos concretos, o primeiro bimestre deste ano fechou com 282,8 mil unidades comercializadas, 6,36% menos do que o registrado nos dois primeiros meses de 2016.

Trata-se de forte indicativo que a relativa melhora do quadro econômico – inflação no rumo do centro da meta, reduções seguidas na taxa Selic, perspectiva de uma safra recorde e liberação para retirada imediata de parte do dinheiro retido no FGTS – não está conseguindo convencer muitos dos consumidores em potencial de automóveis, caminhões e ônibus de que precisam comprar agora um veículo novo.

Vale lembrar que o mercado automotivo tem uma característica que o torna diferente de todos os demais bens de consumo: quem compra um veículo zero quilometro na grande maioria das vezes já é proprietário de um usado com poucos anos de uso cujo valor vai ser utilizado como parte do pagamento.

Na prática, assim, caso resolva adiar a compra do veículo novo, o máximo de penalidade que recairá sobre este consumidor será a de ter de rodar mais algum tempo com seu usado o que, hoje em dia, com a gradativa melhora da qualidade dos produtos, não chega a representar grandes problemas.

Além disso, em razão do preço elevado, a compra de um veículo zero quilômetro na maior parte das vezes envolve uma operação de financiamento de 36 meses, no caso dos automóveis, ou pelo menos o dobro disso, em se tratando de caminhões ou ônibus. E só se dispõe a assumir um financiamento deste tipo quem tiver um mínimo de certeza de que terá receita durante todo o período para arcar com as parcelas.

Ou seja, ao menor sinal de dúvida, é normal e natural que os consumidores, por mais que desejem um veículo novo, adiem o fechamento do negócio. E não é preciso muito mais do que isso para fazer com que o setor automotivo desemboque em resultados negativos como os que foram registrados em janeiro e fevereiro.

A compra não precisa nem ser cancelada. Basta ser adiada. E todos têm hoje bons e concretos motivos para adiar a compra: são mais de 12 milhões de desempregados, extrema seletividade dos bancos e juros elevados.

Em se tratando de automóveis, por sinal, esta questão do desemprego acentuado é particularmente importante. Quase todos os consumidores em potencial têm, hoje, na família ou no círculo de amigos, uma ou mais pessoas desempregadas. Não é hora, portanto, para ostentações. E, convenhamos, o que pode ser mais ostentativo do que chegar de carro novo na festa de aniversário do sobrinho? Melhor evitar.

No caso das empresas não é muito diferente. Não são poucas as que estão, hoje, cortando pessoal ou negociando redução de jornada e de salários. Não se trata, portanto, de um bom momento para renovar a frota de carros dos gerentes e diretores ou, no caso das transportadoras, de atualizar a geração dos caminhões ou ônibus.

A tudo isso se soma, ainda, com especial destaque, o conturbado quadro político federal que não permite que se consiga projetar, com um mínimo de certeza, como estará a cada nova semana o equilíbrio de forças.

Como sem isso não há como se projetar, também, os rumos da economia, empresários e empregados tendem a se proteger. O que, no nosso caso, significa, como foi dito, no mínimo adiar a compra de veículos novos.

Delfin Neto, o eterno ministro do Planejamento, da Fazenda e da Agricultura, economista com trânsito entre gregos e troianos, costuma dizer, com boa dose da sua conhecida ironia, que o problema de Brasília está no lago Paranoá, do qual emanaria um gás que, quando respirado, impediria os habitantes da cidade de conseguir enxergar a realidade na qual o País esta mergulhado, por mais dura e difícil que ela seja. “Só quando se sai da cidade é que se recupera a capacidade de ver o que acontece, de fato, no mundo real”, diz ele.

Que tal, então, cobrir o lago Paranoá? Pode ser um bom começo.

Alta na produção deve fomentar aquisições

A safra 2016/2017 é geralmente apontada como estopim da retomada do crescimento na indústria que atende à cadeia produtiva do agronegócio, que fechou o ano passado com faturamento 21% menor com relação ao do ano anterior, com R$ 86 milhões. Mais do que aumentar as vendas de máquinas e equipamentos em 10,7%, como projeta o setor para 2017, a safra deve provocar no mercado um movimento de aquisições e costura de alianças estratégicas.

No campo das alianças estratégicas especialistas apontam o momento atual como favorável para negócios de empresas que atuam na oferta de equipamentos para infraestrutura e fertilizantes. Para Fernando Alves Meira, sócio do Pinheiro Neto Advogados e coordenador da área empresarial do escritório, as empresas que atuam nestes dois segmentos saíram da crise mais capitalizadas pelo fato de seus maiores nomes serem multinacionais e, por isso, hoje observam opções de compra e parceria no mercado com vistas aos próximos anos.

“Ao contrário das empresas que atuam no segmento sucroalcooleiro, bastante atingido pela crise econômica e pelos escândalos na Petrobras, as empresas que produzem máquinas ou qualquer tipo de equipamento buscam investir em oportunidades de expandirem seus portfólios.”

Exemplo recente deste movimento foi a compra de 35% da brasileira Kepler Weber pela AGCO, que possui em seu portfólio tanto marcas de máquinas agrícolas, como Massey Fergusson e Valtra, quanto outras que atuam em segmentos específicos da cadeia, como é o caso da GSI, de silos de estocagem de grãos, área na qual atua a Kepler Weber.

Com capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo a Kepler Weber vem tentando se reestabelecer no mercado após registrar, no terceiro semestre de 2016, faturamento de R$ 120,9 milhões, 40% a menos do que o registrado no mesmo período de 2015. A dívida líquida, até setembro do ano passado, estava em R$ 70,4 milhões. A AGCO, por sua vez, tem na América do Sul os seus melhores resultados operacionais, como mostra o balanço do quarto trimestre de 2016: alta nas vendas de 63,6%, US$ 308 bilhões ante US$188,3 bilhões. No acumulado do ano as vendas foram 4,3% maiores quando comparadas às de 2015: US$ 2 bilhões 94 milhões.

França Júnior, consultor especialista em agronegócio, destaca a sinergia das empresas e a estratégia de expansão da AGCO para fora da porteira:

“A Kepler hoje detém 55% do mercado de armazenagem, mas encontra dificuldades para crescer em meio a um ambiente de retomada. A AGCO, por sua vez, enxergou uma oportunidade de sinergia fortalecendo sua participação em armazenagem, diversificando seu portfólio. Assim, pode atender em mais de uma frente em demandas futuras”.

Outro fator que motivou o negócio, segundo o consultor, é o déficit de armazenagem que existe no País, e o negócio junto à AGCO pode fazer a Kepler Weber dispor de mais poder de investimento para expandir sua capacidade. Atualmente o Brasil conta com 17,7 mil armazéns cadastrados na Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, resultando em uma capacidade de 152 milhões de toneladas. Com a projeção da entidade de safra, este ano, de 215,3 milhões de toneladas, 63,3 milhões de toneladas não terão lugar para ser estocadas antes do consumo doméstico ou de ser destinada à exportação.

Grupo BMW mantém confiança no mercado

A queda expressiva do volume de vendas de veículos de luxo em 2016, que apresentou redução de 30% com relação ao ano anterior, com 35 mil 852 veículos emplacados, não afeta os planos da BMW para o mercado brasileiro. A empresa, que inaugurou fábrica em Araquari, SC, em outubro de 2014, tem sofrido as consequências da crise econômica. Como disse seu presidente, Hélder Boavida, “a decisão de investir na fábrica brasileira foi feita após análises criteriosas, não está baseada apenas em resultados imediatos e, com relação a isso, não há mudanças em nosso planejamento”.

A companhia investiu cerca de R$ 800 milhões na fábrica de Araquari para produzir 30 mil veículos/ano. A empresa não informou qual foi a produção na fábrica brasileira, mas as vendas registradas em 2016, de 8 mil 690, foram de veículos produzidos na unidade. Este volume representou queda de 15% com relação aos 10 mil 216 registrados em 2015.

No entanto a retração registrada foi menor do que a do mercado automotivo nacional, que caiu 20,2%, de acordo com a Anfavea – de 30% no segmento específico de veículos de luxo.

Disse Boavida que o objetivo é crescer em médio e longo prazos, o que permite passar por períodos de baixa demanda com uma operação estável: “Sejam quais forem as perspectivas econômicas continuaremos a consolidar as marcas do Grupo BMW no Brasil, avaliando os cenários e as oportunidades”.

A unidade já exporta para os mercados do Nafta, Canadá, Estados Unidos e México. O contrato é para enviar 12 mil unidades do BMW X1 até o fim deste ano. Mas, até o momento, segundo Boavida, não há outra negociação de exportação do Brasil em andamento:

“Acabamos de receber pedido adicional para exportar mais 2 mil unidades. além do pedido prévio de 10 mil. A fábrica do Grupo BMW em Manaus também poderia ter boas oportunidades de exportação. Mas isso não está nos nossos planos no curto prazo”.

Em Manaus, AM, a BMW produz motos de alta potência.

Sob a ótica do presidente o pior da crise econômica já passou e 2017 marcará o início da recuperação, que deve ser gradual. Ele estima: “Este ano acreditamos em um crescimento de 4%, conforme a projeção da Anfavea”.

Novo presidente da Jaguar Land Rover vê oportunidades em mercado menor

Na sua última passagem pelo Brasil, em 2007, ainda na Peugeot Citroën, Frédéric Drouin encontrou um mercado que comemorava vendas anuais de mais de 2,5 milhões de veículos. O País, naquela época, era a menina dos olhos das fabricantes instaladas aqui e de muitas outras que desejavam estar aqui para morder um pedaço desse bolo. Agora, Drouin tem pela frente um novo desafio como presidente da Jaguar Land Rover para a América Latina, posição que acaba de assumir.

Além da realidade do mercado ser outra ele dirige uma empresa de produtos de alto luxo, com o objetivo de atender a público muito mais sofisticado e exigente que quer consumir Land Rover nacionais. E importados de forma geral.

Mas Drouin vê oportunidades na realidade que encontrou:

“Há muito o que fazer para adaptar o negócio à nova condição deste mercado. Na minha primeira passagem por aqui, em 1997, todos estavam felizes com 1 milhão de veículos vendidos. Hoje, estão todos frustrados. Os ânimos não são os melhores”.

O primeiro passo, segundo ele, é criar estratégias para trazer o consumidor para a concessionária.

A Jaguar Land Rover lançará na segunda-feira, 6, um programa de serviços de cinco anos para seus clientes: “É uma maneira de atrair esse consumidor. Muitos optam por outra empresa fabricante, mesmo tendo condições de manter um veículo de luxo como o nosso. A razão para isso pode ser o receio de ter uma manutenção onerosa ou até mesmo medo da violência nas grandes cidades”.

Os novos planos de serviço incluem revisões básicas por um preço fixo. Nomeados Jaguar Land Rover Care os planos partem de R$ 2 mil 990, de acordo com o modelo. As revisões devem ser feitas na rede de concessionárias da marca e incluem a troca de óleo do motor, filtro de óleo do motor, filtro de combustível, para veículos com motor a diesel, filtro de ar, fluido de freio e mão de obra especializada.

Drouin não estima em quanto essa ação pode se convertida em vendas, mas acredita que há potencial para atrair mais clientes e, além disso, fidelizar aqueles que já têm um Land Rover ou um Jaguar na garagem: “Esse consumidor é mais exigente e o atendimento deve ser mais personalizado”.

O que deverá representar apoio a essa tática de atrair clientes são as novas concessionárias a ser inauguradas ainda este ano: em Palmas, TO, em São José dos Campos, SP, e em São Paulo: “Temos espaço para crescer no Brasil”.

A empresa mantém, hoje, 36 revendas no País.

Além do plano de manutenção com prazo estendido a empresa oferece também blindagem de fábrica para consumidores preocupados com a segurança. A Jaguar Land Rover estabeleceu, no ano passado, parceria com duas empresas especializadas no serviço, a Guardian e a Carbon.

Previsibilidade – Em 2016 as fabricantes de carros premium comercializaram 47 mil veículos no País. A Jaguar Land Rover negociou de 7 mil 458 unidades e obteve participação de 15,8% do mercado de luxo no Brasil. A maior parte desse volume, segundo o seu presidente, foi montada na unidade de Itatiaia, RJ.

“Acredito que o mercado não cresça este ano. Haverá uma estabilidade e a recuperação virá a partir do ano que vem. Mas tudo também dependerá da nova política industrial para o setor. É importante que o novo Inovar-Auto saia do papel. Precisamos de regras claras e de previsibilidade.”

A fábrica brasileira ainda não tem linha de pintura e de funilaria. Por enquanto são montadas em Itatiaia as partes dos dois modelos, Evoque e Discovery Sport, importadas de outras unidades da companhia no mundo. Lá foram investidos R$ 750 milhões e a capacidade instalada é de 24 mil veículos por ano. No ano passad a Land Rover produziu cerca de 4,8 mil unidades na fábrica que completará um ano de operação em junho: “Nossa fábrica não está operando de forma satisfatória. Mas é importante ter produção no mercado brasileiro. Todas as concorrentes estão aqui”.

Drouin disse que a de Itatiaia foi fábrica projetada para atender ao mercado interno e que qualquer decisão sobre exportação somente será tomada após a publicação das novas regras industriais do País: “Precisamos de previsibilidade. As novas regras devem ser de longo prazo, de pelo menos dez anos. Assim conseguiremos planejar melhor o negócio no Brasil”.

Marcopolo dará dez dias de férias coletivas

A diretoria da Marcopolo tornou pública, na quinta-feira, 2, decisão de conceder dez dias de férias coletivas para cerca de 5,5 mil dos 6 mil trabalhadores da unidade de Ana Rech, em Caxias do Sul, RS. A medida deve-se à falta de encomendas para o encarroçamento de chassis de ônibus, realidade já apontada por Francisco Gomes Neto, CEO da empresa, na teleconferência de apresentação dos resultados de 2016, como uma das dificuldades para a retomada dos negócios.

Segundo informações da companhia as fabricantes de chassis estão sem estoques, pois tiveram vendas elevadas no fim do ano e vêm produzindo em ritmo menor em razão de férias coletivas e da pausa para o carnaval. Além das férias coletivas, que terão início na segunda-feira, 13, a Marcopolo avalia a possibilidade de adotar a flexibilização da jornada de trabalho nos dias 23 e 24 para somente retomar às atividades na segunda-feira, 27. Para que a flexibilização ocorra é necessária a votação dos funcionários, marcada para a terça-feira, 7.

Durante a teleconferência o CEO informou que a Marcopolo tinha pedidos em carteira para cerca de trinta a 45 dias, uma situação melhor do que a de 2016. A produção dos modelos Volare seguirá normal na unidade Planalto. A planta de Ana Rech tem foco em veículos rodoviários e urbanos especiais.

Fabus – De acordo com dados da Fabus, Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, o setor produziu, em janeiro, 346 unidades, recuo de 39% sobre igual mês do ano passado. A Marcopolo, segundo a entidade, montou 64 veículos nas plantas de Caxias do Sul e de Duque de Caxias, RJ, declínio de 65%.

Com exceção da Caio Induscar, de Botucatu, SP, que manteve a mesma produção de 83 unidades, as demais marcas apresentaram quedas. A mais expressiva foi a da

•Comil, de Erechim, RS, de 74%, para 26 ônibus;

•a Irizar, também de Botucatu, consolidou 15 unidades produzidas, queda de 35%;

•a Mascarello, de Cascavel, PR, montou 67 veículos, recuo de 20%; e

•a Neobus, de Caxias do Sul, agora sob a direção da Marcopolo, totalizou 91 ônibus, variação negativa de 5%.

Mais de 230 mil veículos em recall desde dezembro

As inconstâncias do mercado de trabalho e as dificuldades econômico-financeiras de empresas produtoras de autopeças são fatores apontados como responsáveis pelos processos de recall da indústria automotiva. Funcionários especialistas perdem seus empregos e as empresas não repõem essas vagas – e perde-se o padrão de controle de qualidade. Resultado: muitas vezes recall.

Junte-se a essas razões os constantes ajustes de produção nas fábricas de veículos no Brasil, como demissões, suspensão temporária do contrato de trabalho, férias coletivas e programa de proteção ao emprego, e têm-se um quadro mais completo dos recall: de dezembro a fevereiro 231 mil 243 veículos apresentaram algum defeito de fabricação.

Conselheiro da SAE Brasil, associação de engenheiros que ajudam o setor automotivo a criar normas e padrões, Francisco Nélson Satkunas aponta, também, na direção de uma recorrência maior nos próximos meses de chamados de recall. Isso porque as demissões e lay-offs que atingem toda a indústria nacional afetarão os processos de controle de qualidade pelos quais passam os componentes dos veículos produzidos aqui.

Para Satkunas os defeitos estarão concentrados “nas peças enviadas por fornecedores que pertencem aos grupos tier 2 e 3, ou seja, aqueles que abastecem os fornecedores mais próximos às montadoras na cadeia produtiva”. O engenheiro diz que “a falta de mão de obra e a sombra do desemprego estão afetando os processos de qualidade, e isso causará impacto, no médio prazo, na qualidade dos veículos”.

Nos últimos três meses, das 32 campanhas de recall lançadas pelas empresas, defeito no sistema de airbag foi a avaria mais recorrente nas convocações das fabricantes. Segundo dados da Fundação Procon o defeito levará 107 mil 891 veículos para reparos em concessionárias.

Veículos da Nissan foram os mais chamados de dezembro de 2016 a fevereiro, quando foram convocados 69 mil 318. Os da Honda vêm logo depois, com 34 mil 530 unidades. A Renault, por sua vez, chamou 3 mil 820 veículos para reparos e fecha a sequência de fabricantes que mais chamaram veículos por problemas no sistema de airbag.

Uma das grandes fornecedoras de sistema de airbag é a Takata. Nesta semana empresa se declarou culpada de acusação criminal como parte de um acordo que também envolve o pagamento de US$ 1 bilhão junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O problema no airbag foi anunciado ao mercado em 2013.

De 2010 até hoje, no Brasil, 2 milhões 140 mil 273 veículos foram chamados para recall por causa do defeito nos airbags. No mundo todo o volume já chega a 30 milhões e estima-se que o total de carros que deverá passar por reparos no sistema da Takata chegue a 120 milhões.

Dentre as principais campanhas de recall dos últimos três meses estão defeitos em airbags, com oito campanhas, sistema elétrico, seis campanhas, sistema de combustível, cinco, cinto de segurança, quatro, sistema de tração, três, sistema de freios, dois. Itens elétricos, sistemas de direção, bancos e sinalização tiveram uma campanha cada.

De dezembro do ano passado a janeiro foram 32 as campanhas de recall divulgadas no País que envolveram dez ocorrências. Traçando um paralelo com o total de veículos vendidos no País, no mesmo período, o volume representa 47,45% do total, 487 mil 242 unidades, segundo dados da Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.

Vendas de veículos recuam 6,36% no bimestre

As vendas de veículos caíram 7,59% em fevereiro no comparativo com o mesmo mês do ano passado. De acordo com dados da Fenabrave, associação que reúne as associações de marca do País, foram emplacadas 135 mil 663 unidades. No bimestre foram licenciados 282 mil 871 veículos, recuo de 6,36% com relação a janeiro e fevereiro de 2016.

O segmento de veículos comerciais ainda apresenta a maior queda nos licenciamentos. No mês passado foram vendidos 3 mil 258 caminhões e ônibus e no acumulado dos dois primeiros meses 6 mil 905 unidades. Esses volumes geraram quedas de 30,87% e 33,05%, respectivamente. As vendas somente de caminhões somaram 5 mil 551 veículos em janeiro e fevereiro, uma redução de 32,04% no comparativo com o mesmo período de 2016.

De acordo com os dados da Fenabrave em automóveis e comerciais leves a General Motors segue líder no ranking, com 17,53% de participação em fevereiro. A Fiat ficou em segundo lugar, com uma fatia de 14,29%, e a Volkswagen deteve 13,02% de participação no mês passado. A Hyundai, em fevereiro, ficou com 9,04% das vendas e com o quarto lugar, seguida pela Ford, com 8,99%, e pela Toyota, com 8,40%.

No bimestre a GM segue na dianteira, com 18,43% das vendas, seguida pela Fiat, com 14,05%, Volkswagen, 12,82%, e pela Ford, que detem 9,28% de participação. A Hyundai ficou com a quinta colocação, com 8,79%, e a Toyota se manteve em sexto lugar com 8,70% de participação.

O Onix, da GM, foi novamente o carro mais vendido em janeiro e fevereiro. Foram licenciadas 25 mil 880 unidades. O HB20 foi o segundo modelo mais procurado pelos consumidores: no acumulado do ano foram 13 mil 883. O Ford Ka acumulou 12 mil 843 unidades licenciados em janeiro e fevereiro e ficou em terceiro no ranking da Fenabrave. O Gol, da VW, foi o quarto, com 9 mil 637 unidades comercializadas.

Já em comerciais leves a campeã de vendas, no bimestre, foi a picape Fiat Strada, com 7,7 mil unidades, seguida por outro modelo Fiat, o Toro, com 6 mil 840 licenciamentos. A Saveiro, da VW, ficou em terceiro lugar no ranking da Fenabrave, com 5 mil 907 unidades vendidas. A Hilux, da Toyota, ficou na quarta posição, com 4 mil 579 licenciamentos.

40% a menos. É o novo salário do presidente do Grupo VW.

O Grupo Volkswagen voltou ao azul no ano passado. A companhia lucrou, segundo o Flash de Motor, da Venezuela, € 5 bilhões 144 milhões, ou US$ 5 bilhões 436 milhões em 2016, frente ao prejuízo de € 1 bilhão 582 milhões apurados em 2015, a maior perda da sua história.

A VW informou que o resultado operacional no ano passado chegou a € 7,1 bilhões, ou US$ 7 bilhões 503 milhões. Já o faturamento em 2016 foi de € 217 bilhões 267 milhões, ou US$ 229,6 bilhões, o que representou crescimento de 1,9% no comparativo com 2015.

Além disso o grupo informou que a remuneração máxima anual do seu presidente e dos diretores foi limitada a € 10 milhões, ou US$ 10,5 milhões. Essa redução representou perda de 40% ao salário atual do corpo diretivo da companhia. A decisão de diminuir os salários foi tomada na semana passada.

Para o restante da diretoria, segundo a Volkswagen, a remuneração máxima anual se limitará a € 5,5 milhões, ou US$ 5,8 milhõe. Ainda de acordo com o grupo o novo sistema de salários da diretoria se baseará nas ações da companhia listadas no mercado de capitais. A variação da remuneração dependerá dos objetivos traçados dentro do Plano Together 2015.

De acordo com o presidente do conselho de supervisão do Grupo Volkswagen, Hans Dieter Pötsch, “a nova remuneração se orienta pelos sistemas usuais das companhias listadas na Bolsa de Frankfurt para retribuir toda a direção e cumprir todas as exigências do código de governança das empresas alemãs”.