Assim como ocorre na indústria de caminhões o segmento de implementos rodoviários não enxerga em 2017 um ano de retomada do crescimento em patamares expressivos, mas visualiza alguns sinais que apontam para um tímido aumento no volume de vendas internas. A estimativa da Anfir, a associação nacional das fabricantes de implementos rodoviários, é a de que o agronegócio seja responsável pelo aumento de 10% no volume de emplacamentos.
A safra recorde de grãos, estimada em 215 milhões de toneladas pela Conab, companhia nacional de abastecimento, aquecerá a procura por semirreboques graneleiros, bitrens e rodotrens. Para Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir, “há, também, a expectativa para um leve crescimento relacionado às obras de infraestrutura”.
As exportações também contribuirão para cenário um pouco mais favorável. Segundo Rinaldi, no ano passado as rodadas de negócio com Bolívia, Chile, Colômbia e Paraguai geraram vendas.
Rinaldi conta que este pequeno salto no mercado externo e o dólar mais alto renderam crescimento de 23% no volume exportado em 2016, o que totalizou 3,6 mil unidades: “Para este ano estamos prevendo aumento de 25% nas vendas externas”.
De olho no mercado externo as implementadoras investem em serviços, treinamentos e parcerias nos países para os quais vendem com o objetivo de aprimorar a assistência técnica e garantir o abastecimento de peças de reposição: “Buscamos rentabilidade em exportações porque sabemos que o mercado interno demorará muito tempo para resgatar o crescimento e chegar a patamares de quatro anos atrás”.
Orlando Merluzzi, sócio e CEO da consultoria MA8 Management Consulting Group, diz que as exportações não podem ser consideradas a “tábua de salvação” para a indústria de implementos:
“Os mercados da América do Sul são pequenos e não absorvem muito volume. Além disso, não estamos sozinhos e enfrentamos concorrência”.
Como a exportação é insuficiente para sustentar uma retomada no segmento de implementos, Merluzzi acredita que as empresas devem buscar caminhos para integrar as entidades patronais da indústria de caminhões e de implementos.
“Também é preciso haver um programa de renovação de frota eficiente que não favoreça apenas a venda de caminhões novos.”
Começo ruim – Embora a Anfir acredite na retomada da expansão dos emplacamentos este ano a indústria de implementos ainda amarga números pessimistas. Com utilização de apenas 40% da capacidade produtiva, as fábricas venderam 3 mil 473 implementos em janeiro, queda de 26,31% no comparativo com o mesmo período do ano passado. O segmento de reboques e semirreboques recuou 13,6% na comparação mês a mês: foram emplacados 1 mil 467 unidades em janeiro de 2017 e 1 mil 699 no mesmo mês de 2016.
No mercado de leves, carrocerias sobre chassis, foram vendidos 3 mil 473 implementos, queda de 26,31% na comparação com as 4 mil 713 unidades emplacadas no janeiro anterior.