Exportação e agronegócio: pilares do crescimento para o setor em 2017.

Assim como ocorre na indústria de caminhões o segmento de implementos rodoviários não enxerga em 2017 um ano de retomada do crescimento em patamares expressivos, mas visualiza alguns sinais que apontam para um tímido aumento no volume de vendas internas. A estimativa da Anfir, a associação nacional das fabricantes de implementos rodoviários, é a de que o agronegócio seja responsável pelo aumento de 10% no volume de emplacamentos.

A safra recorde de grãos, estimada em 215 milhões de toneladas pela Conab, companhia nacional de abastecimento, aquecerá a procura por semirreboques graneleiros, bitrens e rodotrens. Para Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir, “há, também, a expectativa para um leve crescimento relacionado às obras de infraestrutura”.

As exportações também contribuirão para cenário um pouco mais favorável. Segundo Rinaldi, no ano passado as rodadas de negócio com Bolívia, Chile, Colômbia e Paraguai geraram vendas.

Rinaldi conta que este pequeno salto no mercado externo e o dólar mais alto renderam crescimento de 23% no volume exportado em 2016, o que totalizou 3,6 mil unidades: “Para este ano estamos prevendo aumento de 25% nas vendas externas”.

De olho no mercado externo as implementadoras investem em serviços, treinamentos e parcerias nos países para os quais vendem com o objetivo de aprimorar a assistência técnica e garantir o abastecimento de peças de reposição: “Buscamos rentabilidade em exportações porque sabemos que o mercado interno demorará muito tempo para resgatar o crescimento e chegar a patamares de quatro anos atrás”.

Orlando Merluzzi, sócio e CEO da consultoria MA8 Management Consulting Group, diz que as exportações não podem ser consideradas a “tábua de salvação” para a indústria de implementos:

“Os mercados da América do Sul são pequenos e não absorvem muito volume. Além disso, não estamos sozinhos e enfrentamos concorrência”.

Como a exportação é insuficiente para sustentar uma retomada no segmento de implementos, Merluzzi acredita que as empresas devem buscar caminhos para integrar as entidades patronais da indústria de caminhões e de implementos.

“Também é preciso haver um programa de renovação de frota eficiente que não favoreça apenas a venda de caminhões novos.”

Começo ruim – Embora a Anfir acredite na retomada da expansão dos emplacamentos este ano a indústria de implementos ainda amarga números pessimistas. Com utilização de apenas 40% da capacidade produtiva, as fábricas venderam 3 mil 473 implementos em janeiro, queda de 26,31% no comparativo com o mesmo período do ano passado. O segmento de reboques e semirreboques recuou 13,6% na comparação mês a mês: foram emplacados 1 mil 467 unidades em janeiro de 2017 e 1 mil 699 no mesmo mês de 2016.

No mercado de leves, carrocerias sobre chassis, foram vendidos 3 mil 473 implementos, queda de 26,31% na comparação com as 4 mil 713 unidades emplacadas no janeiro anterior.

Aliança Renault-Nissan é a líder em carros elétricos

A Aliança Renault-Nissan registrou crescimento importante no ano passado nas vendas mundiais, chegando a 9 milhões 96 mil veículos. Além disso o grupo consolidou a liderança de vendas dentre os modelos movidos a eletricidade, conhecidos como o segmento zero emissões, chegando a 425 mil unidades.

Com a entrada da Mitsubishi no grupo, Carlos Ghosn, presidente da aliança, acredita que: “essa união criará uma nova força na indústria global”. A força desta colaboração inovadora, que começou há 18 anos, permitiu-nos melhorar nossa competitividade e acelerar o nosso crescimento e compromisso na corrida para o veículo do futuro”, acrescentou o executivo ao Flash de Motor, da Venezuela.

Em 2016, as vendas de carros elétricos das marcas Renault e Nissan chegaram a 424 mil 797 unidades, tornando o grupo líder mundial nesse segmento. Na Mitsubishi, as vendas de automóveis elétricos chegaram a 94 mil 265, o que representa um aumento de 8% com relação a 2015.

O Nissan Leaf é primeiro elétrico vendido em grande escala, com mais de 250 mil unidades comercializadas desde o seu lançamento, em dezembro de 2010. Além desse modelo, a Nissan fabrica também o comercial leve elétrico e-NV200 que é vendido, principalmente, na Europa e no Japão.

A Renault já vendeu 112 mil carros elétricos no mundo desde 2011, quando lançou o Renault Zoe. A marca ainda tem o Kangoo Z.E, SM2 Z.E e Twizy. Com esses modelos, a montadora assumiu a dianteira nas vendas de veículos zero emissões na Europa no ano passado, chegando a 25 mil 648 unidades (sem incluir o Twizy), alta de 11%.

Veículo do futuro – O ano passado foi marcado pelas iniciativas do grupo para desenvolver os veículos do futuro que, na concepção da companhia, serão elétricos, autônomos e conectados.

De acordo com informações do Flash de Motor, a aliança prevê o lançamento de, ao menos, 10 modelos equipados com a função de condução autônoma até 2020. O desenvolvimento desses carros está sendo feito com vários parceiros, dentre eles a Microsoft e a NASA.

Carlos Ghosn ressaltou que o grupo foi o primeiro a lançar um veículo elétrico para ser vendido em larga escala em 2010. “Outros fabricantes estão agora reconhecendo que o elétrico puro é a solução mais eficiente quando se pensa em emissão zero”. “Com a condução autônoma e veículos e serviços conectados, estamos comprometidos em desenvolver soluções para criar o veículo do futuro”.

March e Versa já rodam nas ruas da Argentina

A Nissan começou a exportar para a Argentina os modelos produzidos em Resende, RJ. Neste ano, foram embarcadas 2 mil unidades do March e do Versa para o país vizinho. A Argentina é o sétimo mercado que está recebendo os carros produzidos por aqui e consolida a estratégia da empresa de tornar a fábrica brasileira em uma plataforma de exportação para a América Latina.

Desde junho do ano passado foram embarcados 5 mil 700 veículos para o Chile, Peru, Costa Rica, Panamá, Paraguai, Uruguai e, agora, Argentina. Atualmente, esse volume representa cerca de 10% da produção da Nissan, segundo informações da empresa. Em 2016, a montadora exportou 3 mil 600 carros e fabricou 43 mil 753 veículos na unidade.

José Valls, presidente da Nissan para a América Latina, disse, por comunicado, que a fábrica de Resende foi projetada para ser a plataforma de exportação da empresa na região e a expectativa é duplicar o volume embarcado neste ano. “Estamos preparados para a crescente demanda da América Latina”.

A fábrica de Resende foi inaugurada em abril de 2014 e recebeu investimentos de R$ 2,6 bilhões. A capacidade de produção é de 200 mil veículos por ano, além de outros 200 mil motores. Hoje, Resende é a única unidade produtiva da Nissan no Brasil. Lá a montadora fabrica o March e o Versa e há projeto para a montagem do utilitário esportivo Kicks.

Receita das locadoras com seminovos supera aluguel e atinge R$ 2,8 bilhões

As maiores locadoras do País seguem registrando receitas expressivas com venda de veículos seminovos. De janeiro a setembro de 2016, Localiza, Unidas e Movida, juntas, viram entrar em seus cofres R$ 2,8 bilhões com a venda de veículos, segundo dados divulgados em seus balanços. O valor supera o faturamento de R$ 2 bilhões 240 milhões oriunda do serviço de locação, tido como principal atividade destas companhias. A Localiza, sozinha, fechou o ano com uma receita de R$ 1,9 bilhão com a venda de carros.

Nos últimos dois anos, os ganhos com este tipo de negócio foram de R$ 5,4 bilhões e ultrapassaram os obtidos com o aluguel de veículos, denotando um acirramento da concorrência com concessionárias. Embora não assumam, as locadoras hoje têm a revenda como foco. Um dos fatores apontados como responsável pelo crescimento da participação das vendas de veículos no faturamento das locadoras é a constante renovação de frota realizada pelas empresas nos últimos dois anos.

“Os bons resultados compõem um cenário sazonal motivado pela queda do mercado e a necessidade de se renovar a frota. Todas as locadoras compraram grandes volumes nos últimos meses e, de certa forma, aqueceram as vendas das montadoras, em crise. Na esteira do processo de renovação, as locadoras se valeram de uma circunstância do mercado para obterem receitas importantes com a venda de veículos seminovos”, explica Antonio Jorge Martins, especialista em cadeia automotiva e concessionárias da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Martins destaca que as locadoras possuem vantagens competitivas sobre as concessionárias nas negociações de compra com as montadoras o que torna os seus seminovos mais baratos no mercado. E isso pode canibalizar a rede no futuro. Segundo ele as montadoras estudam maneiras de restringir as vendas de forma a garantir o equilíbrio do mercado.

“A Hyundai passou a gerenciar as vendas diretas para locadoras com o objetivo de não prejudicar os negócios de sua rede de concessionárias. Outras montadoras também analisam formas de gestão no sentido de não causar desequilíbrio no futuro e elevar os estoques de seminovos nas revendas.”

Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto, instituição que representa revendedores de veículos seminovos, acredita que essa venda de carros usados pelas locadoras pode beneficiar o pequeno concessionário. “Hoje o setor trabalha com margens muito apertadas e os veículos das locadoras serão absorvidos pelos revendedores justamente por conta da possibilidade de se negociar um preço melhor”.

Consultada pela reportagem da Agência AutoData, a Unidas informou que não comenta o assunto. A Localiza não se pronunciou até o fechamento desta edição. E a Movida está em período de silêncio, respeitando as regras da Comissão de Valores Mobiliários para companhias de capital aberto.

À procura do atendimento perfeito

Em tempo de vendas em queda, o assunto excelência em atendimento é cada vez mais levado a sério dentro das concessionárias de automóveis. Isso porque a experiência que o cliente tem com a marca que escolheu – desde que entra na loja pela primeira vez até o momento de revisões e manutenções – é fundamental para que ele continue a consumir seus produtos e serviços.

Em sintonia com a tendência de fidelizar o cliente pela experiência que tem com a marca, a FCA – Fiat Chrysler Automóveis criou em março de 2016 uma diretoria de desenvolvimento de rede com objetivo de inserir padrões de atendimento em vendas e serviços em toda a rede. “Na prática começamos a implementar novos processos na rede para melhorar e alinhar a infraestrutura das concessionárias e assegurar a qualificação das equipe em relação às novas exigências dos clientes em vendas e serviços”, conta Tai Kawasaki, diretor de desenvolvimento de rede da FCA.

Segundo o diretor, já é possível observar engajamento das concessionárias nestes novos padrões e processos de atendimento. “Verificamos melhoria na satisfação de clientes por meio de pesquisas internas e claramente evolução no gerenciamento dos indicadores de processo, atendimento e qualidade”.

Com o objetivo de fidelizar o consumidor, a Hyundai CAOA possui o seguinte lema: ouvir a voz de quem compra. “Fazemos pesquisas constantemente para entender o que é importante para estas pessoas. Sabemos, por exemplo, que desejam cada vez mais serem atendidas prontamente e querem que o veículo fique menos tempo possível dentro de uma oficina”, diz Rogério Gonzaga, diretor de pós-venda da Hyundai CAOA.

Reter os clientes por meio de experiências satisfatórias faz parte da estratégia global da Hyundai CAOA, segundo o executivo. No Brasil, a marca inaugurou há um ano o CAOA Hyundai Premium Services, uma oficina que oferece serviços de pequenos reparos de mecânica ou pintura e é considerada referência para toda rede em melhores práticas de atendimento e prestação de serviços. “Funciona como um multiplicador das melhores formas de atender às necessidades dos nossos clientes. Recebemos representantes de concessionárias para implementar este padrão de serviço em toda a rede.”

Desde a inauguração do centro, a CAOA deu um salto no índice de satisfação do cliente, alcançou 958 pontos, 18 acima da expectativa inicial da Hyundai. “Na pesquisa de 2016 da J.D. Power sobre satisfação ao cliente pulamos do sexto para o segundo lugar.”

A Volvo Cars também busca padronizar o seu serviço de pós-venda na sua rede no Brasil. O Volvo Personal Service, ou VPS, prepara e certifica os concessionários para atender o consumidor. No momento da compra do automóvel, o cliente é apresentado ao projeto do Volvo Personal Service e tem seu técnico pessoal até trocar de carro. Este acompanhamento permite que 80% dos serviços da concessionária sejam feitos em apenas uma hora. “O resultado é o reconhecimento do consumidor. Pesquisas internas mostram que a adoção do VPS aumenta a satisfação do cliente com os serviços prestados”, diz Jorge Mussi, diretor de pós-venda da Volvo Cars.

Reconhecimento – A preocupação em fidelizar o cliente por meio de um atendimento de primeira mão fez com que a Renault conquistasse pelo segundo ano consecutivo a liderança entre as fabricantes de automóveis no ranking Exame/IBRC, como a montadora que presta melhor serviço de atendimento ao cliente. A empresa também ficou entre as dez empresas mais bem avaliadas do ranking geral, considerando todos os setores econômicos analisados.

Renan Nishioka, supervisor de marketing de pós-venda da Renault, diz que a estratégia para isto está presente em todos os momentos do cliente com a marca. “Desde o primeiro contato, que é a procura por nossos modelos, passando pela venda até o pós-venda, é feito um trabalho forte para manter este consumidor na marca.”

De acordo com Nishioka, todo este trabalho já tem se revertido em vendas. “Pelos nossos dados, em três anos o cliente troca o seu carro e, na maioria das vezes, há uma migração dentro de nosso portfólio. A segunda venda quem faz é a fidelização.”

Inovação também conta – O lançamento de novos modelos e inovações ligadas à conectividade também possuem papel importante para fidelizar os clientes e melhorar a percepção que possuem em relação à marca. Por causa disso, a indústria automobilística foi destaque no INSC, Índice Nacional de Satisfação do Consumidor, medido anualmente pela ESPM. Em 2016, enquanto setores como indústria farmacêutica, de energia elétrica e construtoras, caíram neste quesito, as montadoras de automóveis ganharam mais credibilidade com a clientela. “O estudo é realizado por meio de manifestações espontâneas dos consumidores em redes sociais e sites. No ano passado percebemos que houve mais comentários positivos sobre inovação e novos produtos”, diz Cauê Saraiva, diretor da WebSensus, empresa que operacionaliza o INSC.

De acordo com o estudo que é realizado na internet e avalia o que pensam os consumidores sobre produtos de empresas de 23 setores da economia, a satisfação do consumidor com a indústria automobilística registrou, em 2016, aumento de 4,8 pontos porcentuais na comparação com 2015. O melhor desempenho de 2016 – de 77,6% – foi em agosto. Em dezembro do ano passado, a avaliação caiu para 70,4%.

Duas no cravo e duas na ferradura

Que o Brasil não é para principiantes, isto todo mundo já sabe e há muito tempo. Mas mesmo para empresários e executivos que gostam de emoções fortes, este início de 2017 está sendo um pouco demais.

A cada dia são pelo menos duas no cravo e outras duas na ferradura. Indicadores positivos e negativos se cruzam e se entrelaçam continuamente, o que torna muito difícil, quase impossível, projetar e programar não apenas o médio e longo prazos, mas, também e, principalmente, até o amanhã, a próxima semana, o mês seguinte.

Há certo consenso de que, de forma geral, a vida econômica do País parou de piorar. Mas ainda não há como se saber com maior dose de certeza se isto já pode ser considerado válido para todos os setores. E muito menos em qual momento do ano cada curva setorial específica começará, enfim, a embicar para cima.

A área econômica do governo federal trabalha com a projeção de que, considerado o período como um todo, o PIB fortemente negativo dos dois últimos anos será substituído, enfim, neste 2017, por um número positivo. Algo em torno de 1%. Talvez um pouquinho a mais ou, na pior das hipóteses, ligeiramente a menos.

No entanto, sempre que tal projeção é colocada na mesa ela vem acompanhada da ressalva de que a retomada se dará de forma gradativa e poderá apresentar algumas flutuações ao longo do período. Como compensação, no quarto final do ano o PIB já navegaria na faixa de 2% de crescimento.

Haja unhas, portanto, para serem roídas neste primeiro semestre. Como, aliás, muito bem constatou o setor automotivo logo no primeiro mês do ano: em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor aumentou a produção em 17,1% para atender a… a… a… uma queda de vendas domésticas de 5,2%. Os dados são oficiais e foram computados pela Anfavea e pela Fenabrave.

Resultado prático: fevereiro abriu com a várias das principais montadoras de automóveis – General Motors, Volkswagen e Ford – anunciando férias coletivas e até retomada de PDVs.

Sempre caberá aqui, é claro, uma dúvida legitimamente tostiniana: a produção cresceu em janeiro por que as montadoras já haviam programado férias coletivas ou, por outro lado, as férias coletivas é que decorreram de a produção ter subido, no primeiro mês do ano, bem mais do que a prudência recomendaria?

Pelo menos dois fatores parecem indicar que a segunda hipótese, a do erro de projeção e de planejamento, pode estar mais perto da verdade.

Antes de tudo, sempre é bom lembrar que em épocas nas quais todas as montadoras estão operando com larga capacidade ociosa, ninguém quer perder participação no mercado pelo engano primário de ter sido conservador demais num momento de retomada do mercado.

E tanto o quadro macroeconômico geral quando o mercado em si abriram o ano, de fato, com diversas sinalizações positivas.

Para apontar apenas alguns elementos, a inflação de janeiro foi a menor para um primeiro mês do ano em mais de vinte anos, o que animou o Banco Central a aumentar o ritmo de redução da Selic, a taxa básica de juros da economia e fundamento básico para a retomada do crescimento.

Na frente específica do mercado, de seu lado, os dados referentes às vendas domésticas nos quinze primeiros dias do mês indicavam que pareciam grandes as possibilidades de que os números de janeiro deste ano registrassem no mínimo empate técnico em relação ao primeiro mês do ano passado – um grande alento em se tratando de um setor, como o automotivo, no qual nos últimos vinte quatro meses, pelo menos, o resultado de cada mês sempre apanhou, e de lavada, dos números anotados no mesmo período do ano anterior.

Havia, assim, uma difícil escolha a ser feita. Onde estaria a verdade? Na ferradura do resultado positivo de vendas da primeira quinzena, da inflação em queda e dos juros declinantes? Ou no cravo dos 13 milhões de desempregados, da insegurança generalizada em relação ao futuro, das famílias ainda muito endividadas e, de quebra, com um complicado quadro político tornado ainda mais imprevisível a cada nova delação premiada no âmbito da operação Lava Jato?

Numa época como a atual de intensa troca de posições no ranking do setor, o butim para quem tivesse a coragem de arriscar era, de fato, compensador: preciosos pontos de participação de mercado, quiçá uma melhora de posicionamento na escada setorial.

Desta vez, infelizmente, não funcionou. A segunda quinzena não apenas frustrou as expectativas para janeiro como, principalmente, levantou uma dúvida cruel: será que mesmo depois de dois anos seguidos de quedas nas vendas que reduziram o setor praticamente pela metade, o fundo do poço automotivo, em particular, e do Brasil como um todo ainda não foi alcançado?

O que afinal se pode esperar dos meses a frente? E, mais importante, como projetar e programa a produção e as vendas de fevereiro, março e abril?

Na dúvida, o melhor a se fazer talvez seja seguir o que o jornalista Celso Ming escreveu em sua coluna no jornal O Estado de São Paulo, na edição de sexta-feira, 3 de fevereiro, ao definir o atual momento da economia brasileira: “O amanhecer nunca chega de repente. A escuridão continua, mas o canto do sabiá na varanda já vara a madrugada, o burburinho vai crescendo nas ruas e quem acordar cedo pode vislumbrar o roseado que se forma pelos lados do nascente”.

E que cante o sabiá. Muito e forte. E, de preferência, com a urgência que se faz cada vez mais necessária.

Peugeot mostra, em vídeo, balanço de 2016 e perspectiva para 2017

Um vídeo que está no canal AutoData Web TV (https://youtu.be/SepC–jP7gI) mostra os resultados da Peugeot no mercado brasileiro em 2016 e as razões pelas quais a empresa acredita que vai ganhar ainda mais mercado este ano.

A iniciativa de apresentar um vídeo do balanço da companhia para compartilhamento em mídias sociais coloca Ana Theresa Borsari, diretora-geral da Peugeot do Brasil, mostrando a revitalização da rede de concessionárias e o sucesso de vendas dos novos produtos que levaram a marca conquistar 1,32% de participação no mercado brasileiro, com 26 mil unidades negociadas no ano passado. Em 2015 a Peugeot teve 1% das vendas totais no Brasil.

Para 2017 a projeção da empresa é de alcançar 1,6% de market share. Além da nova fase nas concessionárias, mais comprometidas com qualidade no atendimento e nos serviços, segundo a executiva, e o portfólio atual, a Peugeot aposta que o próximo lançamento, a nova geração do SUV 3008 seja um marco no crescimento de participação. Ainda não há data para chegada nas concessionárias.

Tráfego de caminhões segue em queda em 2016

O volume de caminhões que circulou pelas estradas brasileiras no ano passado foi 5,3% menor do que o tráfego registrado em 2015, indicou o índice de atividades de veículos que rodam pelas rodovias concedidas, divulgado na sexta-feira, 10, pela ABCR, Associação Brasileira de Concessionárias Rodoviárias. Apesar da queda no tráfego especialistas acreditam que 2017 apresentará uma reação em razão de três pilares. Com o PIB mais forte a tendência é que ocorra a renovação de frota de caminhões. Cerca de 85% dos veículos pesados comprados pelas transportadoras em 2011 e 2012 já podem ser renovados e isso pode sustentar as vendas das montadoras instaladas aqui.

O que impede a decisão de compra são as incertezas na economia.

Para economistas a safra de grãos – e de outros insumos importantes para a economia, como a cana de açúcar – esperada para este ano é de 214,8 milhões de toneladas, segundo a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, e será o primeiro combustível para o crescimento econômico. O volume 15,3% maior deverá impulsionar os negócios e impactar positivamente na movimentação de cargas.

“Espera-se um efeito primeiro no campo, que depois virá para as cidades. A colheita de grãos como a soja, por exemplo, será suficiente para impulsionar o crescimento do PIB para além dos 0,2% projetados pelo Fundo Monetário Internacional”, observa o professor Agostinho Celso Pascalicchio, economista da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “E o PIB deve chegar a 1,3% a partir do terceiro trimestre.”

O segundo pilar que pode impactar o tráfego de caminhões no País é a liberação do saque das contas inativas do FGTS, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. O economista cita que a medida, que pode injetar aproximadamente R$ 40 bilhões na economia brasileira, tem grandes possibilidades de aquecer o mercado de bens de consumo, como itens da linha branca e veículos: “Uma parte do dinheiro sacado será usado para quitar dívidas, como acontece historicamente. Por outro lado é provável que muitos consumidores adquiram bens duráveis, como já aconteceu no passado”.

Por último as obras de infraestrutura programadas para este ano deverão, também, refletir diretamente na economia e, consequentemente, no tráfego de caminhões no País. Para o economista Thiago Cortez Xavier, da Tendências Consultoria, “o pacote de obras planejadas pelo governo influenciam no crescimento do País por causa da complexidade que possuem, movimentando uma cadeia gigante de fornecedores. O crescimento será lento e gradual, mas contracenará com melhorias no cenário de confiança e também em indicadores econômicos, como a inflação, que está baixa”.

Comparação – Na comparação de janeiro deste ano com dezembro de 2016 o fluxo de veículos leves nas rodovias brasileiras aumentou 1,6%. Ao comparar janeiro de 2017 com janeiro de 2016 o índice total aumentou 0,3%. O fluxo de veículos leves cresceu 1,0%, enquanto que o fluxo de pesados registrou retração de 2,3%. Já nos últimos doze meses o fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas recuou 3,1%.

Considerando essa mesma base de comparação o fluxo de veículos leves e pesados registrou queda de 2,3% e 5,4%, respectivamente.

Comércio eletrônico puxará vendas de comerciais leves e semileves

O e-commerce deverá ser a mola impulsora para o crescimento das vendas de comerciais leves e de caminhões semileves em 2017. Isso porque o aumento de pedidos de produtos via internet gerará volume maior de caminhões que circulam livremente em perímetros urbanos para a entrega de cargas fracionadas. De acordo com a Mercedes-Benz a estimativa é que haja um salto de 10% a 15% no volume de licenciamentos desses veículos este ano.

Como lembrou Ana Paula Teixeira, gerente de vendas e marketing de vans da companhia, “a nossa marca seguirá este mesmo patamar de crescimento”.

A ABComm, associação que representa as empresas brasileiras de comércio eletrônico, informou que o setor crescerá 12% e terá faturamento de R$ 59,9 bilhões. A entidade prevê também registro de 200 milhões de pedidos nas lojas virtuais. O presidente da associação, Maurício Salvador, disse que “o e-commerce resiste à crise econômica e segue crescendo, gerando emprego e arrecadação”.

A Mercedes-Benz participa dos segmentos de comerciais leves e de caminhões semileves com a linha Sprinter, que contém chassi-cabine, furgões e vans de passageiros. As versões chassi-cabine 313 CDI street, comercial leve, e o chassi-cabine e furgão 415 e 515, caminhões semileves, serão os responsáveis por puxar as vendas.

Ana Teixeira notou que, “por não ser um caminhão e não necessitar de autorizações especiais, o chassi-cabine street atende melhor ao transporte de cargas leves fracionadas em grandes centros urbanos”.

Já os caminhões semileves 415 e 515 se encaixam como VUC, veículo urbano de carga, e podem transitar em áreas de circulação restrita para veículos de carga de médio e grande porte:”A vantagem é que podem levar mais peso, porém trafegam livremente por estes locais”.

Com 1 mil 44 unidades emplacadas dos chassis-cabines e furgões no acumulado de 2016, a Mercedes-Benz é líder no segmento de semileves, com fatia de 29,7% de participação, de acordo com números da Anfavea. A Ford aparece em segunda colocação com 1 mil 37 unidades e, em seguida, está a Iveco com 537 unidades. Destas marcas apenas a Iveco é concorrente direta da linha Sprinter com os modelos Daily. O caminhão Ford F-350 não possui vocação urbana devido às suas dimensões e características de cabine. Ao todo este segmento vendeu 3 mil 514 unidades no ano passado.

Já em comerciais leves a fatia da Mercedes-Benz é bem menor. Isso porque possui apenas um produto nesta faixa de mercado, a Sprinter Street 313, nas versões chassi-cabine e furgão. Em 2016 a empresa emplacou 1 mil 380 unidades deste modelo e concorreu diretamente com o Renault Master e Iveco Daily, totalizando 33% de participação, conforme suas próprias informações.

Renault fatura US$ 54,3 bilhões em 2016

A Renault registrou faturamento global de US$ 54,5 bilhões em 2016, tornando-se a maior fabricante de veículos da França em termos de receita. A empresa creditou o resultado ao desempenho do seu plano estratégico adotado em 2011 e que reposicionou a marca em torno do desenvolvimento de novas tecnologias.

As vendas de veículos cresceram em patamar similar ao da receita e chegaram a 3,2 milhões de unidades, de acordo com balanço publicado na sexta-feira, 10. Em parte controlada pelo governo francês, a Renault teve vendas melhores em geral e também um prejuízo menor em suas operações na Rússia.

“Após os excelentes resultados do primeiro semestre o grupo confirma seu desempenho com um novo recorde no ano”, disse o presidente Carlos Ghosn. “Os objetivos do plano foram ultrapassados tanto em termos de crescimento como de lucro, com um ano de antecipação.”

O crescimento esperado pela empresa na demanda global por veículos, em 2017, é de 1,5% a 2%. A demanda na Europa e na França devem avançar 2%, enquanto na China deve subir 5%. A empresa projeta que sua receita e seu lucro operacional aumentem este ano rumo à meta de € 70 bilhões em 2022, uma alta de 37% ante os valores de 2016.

A Renault também almeja uma margem de lucro operacional de 7% em 2022 – foi de 6,4% no ano passado. A empresa pretende divulgar um plano estratégico para 2017 a 2022 ainda este ano.

Foi o primeiro balanço da empresa divulgado após a compra de 34% das ações da Mitsubishi, negócio fechado no fim do ano passado. Agora com três grandes empresas na conta – Nissan é a terceira – o conglomerado fechou 2016 com 9 milhões 960 mil veículos vendidos em todo o mundo.