Ano para não deixar saudades

Desafiador, imprevisível, turbulento, inimaginável, instável e, além de tantos outros adjetivos capazes de definir 2016, para muita gente um ano para esquecer. Ao olhar por uma perspectiva histórica o período foi marcado por um aprofundamento de uma crise que já se arrastava desde 2015. A polarização política nas ruas, os desencontros em Brasília, DF, o déficit nas contas públicas e os poderoso acabando atrás das grades acrescentou mais tempero em uma sopa de desconfiança que o brasileiro já vinha experimentando desde o fim de 2014. Em especial ao setor automotivo, o caldo se tornou ainda mais indigesto.

O ano começou com o balanço de 2015 apresentando previsões nada animadoras sobre um resultado bem abaixo do desejado. Depois de sete anos consecutivos, produção e vendas registraram volumes inferiores ao patamar de 3 milhões de unidades, para 2,43 milhões e 2,56 milhões, respectivamente, baixas de 22,3% e 26,6% em relação ao ano anterior. Na ocasião, o otimismo do então presidente da Anfavea, Luiz Moan, nas projeções para 2016, não passava de mais quedas, de 7,5% no ritmo das fábricas e de 8,1% no mercado interno.

O desempenho do setor ao longo dos meses, no entanto, foi delineando cenário ainda mais tempestuoso, embora alguns momentos, especialmente no segundo semestre os representantes da indústria tenham tateado o fundo do poço com a indicação de estabilidade. A verdade, porém, é que o mercado começou o ano anotando baixa de quase 40% e chega ao fim do ano registrando em torno de 20%, enquanto a produção acusava queda perto de 30% e chegou em novembro com recuo por volta de 14%.

Pelas previsões da Anfavea, revistas em meados do ano por Antonio Megale, eleito o presidente da Anfavea em abril para o próximo triênio, a estimativa é de fechar o ano com produção de 2,2 milhões de unidades, volume 5,5% inferior a 2015, e vendas pouco acima de 2 milhões de veículos, queda de 19%. Até o início de novembro Megale ainda apostava nestas projeções, no mínimo, “bem próximas delas”.

O resultado positivo do ano certamente vem das exportações, que deve fechar o ano com embarques de mais de meio milhão de unidades, o que deverá acusar um crescimento superior a 20% na comparação com 2015. Cabe lembrar, porém, que embora as remessas tenham contribuído para minimizar efeitos mais dramáticos no chão de fábrica, o ano foi marcado por desentendimento entre fornecedores e montadoras que, alguns momentos do ano, obrigaram interrupções na produção, especialmente na Volkswagen, que chegou a ficar parada por pelo menos dois meses.

Não deixa dúvida, no entanto, que o maior retrato da crise apresentado nos resultados do setor ao longo do ano foi o desempenho do segmento de pesados, essencialmente atrelado ao ambiente econômico e político pelo qual passa o País. Ao longo do ano, os volumes de venda mensais de caminhões oscilaram entre 3,5 mil a 4,5 mil unidades, um fiasco para segmento que chegou a ter pico de vendas superior a 150 mil unidades/ano. Em 2016, as fabricantes de caminhões tiveram de conviver com uma capacidade ociosa acima de 70% e, enquanto, a recuperação econômica não mostrar o ar de sua graça, nada índica que a situação melhore. Aliás, seus representantes até apostam em crescimento nas vendas de dois dígitos em 2017, por volta de 60 mil unidades, patamar do início dos anos 2000.

A turbulência do ano certamente fez mais vítimas. O saldo de empregos no setor, por exemplo. Em janeiro as montadoras acolhiam 129,6 mil trabalhadores e chegou a novembro com quadro de 123,3 mil empregados, 6,2% a menos do que o mesmo mês de 2015. Obrigou também mudanças rotas, como a decisão da Honda de adiar a inauguração de sua fábrica em Itirapina, SP, ou até mesmo de medidas mais drásticas, casos do pedido de recuperação judicial da Arteb, da interrupção da produção da unidade de Guarulhos, SP, da Randon, ou a parada na produção da Chery por seis meses em Jacareí, SP.

O setor, porém, também não ficou parado. Afinal, ficou claro no Seminário de Compras do AutoData, realizado em março, o investimento não cessa. E nem pode. 2016 também foi ano de inaugurações. A Jaguar Land Rover iniciou produção dos seus utilitários esportivos de luxo em Itatiaia, RS, a Mercedes-Benz abriu as portas de Iracemápolis, SP, com a montagem dos Classe C e do GLA e a Toyota começou a produzir os motores para o Etios em, Porto Feliz, SP. A Toyota, aliás, é a protagonista de uma das boas notícias do ano ao anunciar R$ 600 milhões para expansão da mesma fábrica do Interior paulista, onde planeja instalar linha de montagem para construir o motor do Corolla.

Além de novas fábricas e outras tantas bem recentes no parque industrial brasileiro que surgiram em 2016, o ano também se mostrou fértil para os lançamentos de produtos, nos quais alguns se apresentam como candidatos a se destacarem nos anos por vir. Apenas para listar os mais significativos, a FCA introduziu três modelos inteiramente novos, o compacto Mobi, a picape Toro – primeiro produto da marca Toro a ser produzido fora de Betim, MG – e o Jeep Compass. A Ford inovou ao introduzir motor 1.0 turbo no Fiesta. A Honda começou a oferecer a décima geração do Civic. A Nissan fez barulho com o Kicks. A General Motors lançou o novo Cruze e as francesas das PSA incorporaram novos motores de 3 cilindros com remodelação geral na linha dos Peugeot e Citroën.

É no segmento de SUVs, no entanto, que muito se disse em 2016 e ainda continuará a falar. As montadoras investiram na categoria nos últimos tempos. O Salão do Automóvel de São Paulo, ocorrido em novembro, aliás, em nova casa depois de quarenta anos de Anhembi – mudou-se para o São Paulo Expo – não deixou dúvidas. Foi a mostra dos SUVs, das marcas de luxo às mais populares, todas tinham uma ferramenta para tentar beliscar uma fatia do segmento. Casos do Hyundai Creta, do New Tucson, do Renault Captur, do Chery Tiggo, do Peugeot 3008 e dos já citados Jeep Compass e Nissan Kicks. Apenas alguns dos exemplos que estarão em campo.

Para encerrar o ano ainda, apesar das propaladas e até já enfadonhas notícias ruins, a Volkswagen Truck e Bus divulgou, em novembro, investimento de R$ 1,5 bilhão, o maior anúncio do ano e da história da empresa no País. A grana tem como principal destino a sustentação de seus planos de internacionalização, além de melhorias nos processos produtivos de Resende, RJ.

O ano de 2016 foi certamente um ano difícil ou pelo menos em partes, por assim dizer, diante do saldo positivo apresentado por novas fábricas e lançamentos. Para muitos dos representantes da indústria automotiva, que ele não deixe saudades em 2017.

Rafael Chang assume a presidência da Toyota do Brasil

Rafael Chang será o presidente da Toyota do Brasil a partir de 2 de janeiro. O executivo substituirá Koji Kondo, que retornará ao Japão após ter comandado a operação com sucesso nos últimos anos, mesmo em um conturbado período do mercado interno e da economia brasileira. Ainda assim, sob sua gestão, a empresa inaugurou fábrica e a marca Toyota foi das poucas que ganharam participação nos últimos dois anos, de 4,3% para 8,8% no acumulado até novembro.

Chang é formado em engenharia industrial pela Pontifícia Universidade Católica do Peru. Ingressou na Toyota em 1994 e exerceu diversas funções nas áreas de vendas e marketing da operação peruana até 2011, quando seguiu para o Japão. Lá comandou os departamentos de marketing e vendas, dando suporte à América Latina e Caribe. Seu último cargo antes de vir para o Brasil foi o de presidente da Toyota Venezuela, onde permaneceu por dois anos.

A exemplo de Kondo, Chang ser reportará diretamente a Steve St. Angelo, CEO da Toyota para a América Latina e Caribe e chairman da Toyota do Brasil. “Temos o privilégio de ter grandes e respeitáveis talentos em nossa empresa e Rafael Chang é um deles. Tenho certeza que sua experiência no Japão, Peru e Venezuela agregará valor à nossa operação no Brasil para continuarmos crescendo de forma sustentável”, afirma St. Angelo.

“Estou muito entusiasmado por comandar a operação brasileira da Toyota, a maior e mais importante de nossa região. O Brasil é um país com um grande potencial”, afirma Chang, que contará com uma estrutura bastante reforçada com relação àquela aquela herdada por Kondo, em janeiro de 2014. De lá para a cá a empresa, por exemplo, inaugurou sua fábrica de motores em Porto Feliz, SC, unidade que já teve anunciada sua expansão, e revitalizou a planta de São Bernardo do Campo, SP, onde também ergueu seu centro de desenvolvimento e pesquisa de produtos.

Mais mudanças – Além da chegada de Chang, a Toyota anunciou ainda série de alterações de cargos e funções no Brasil e na América Latina. Miguel Fonseca, que vinha respondendo pela vice-presidência de marketing, planejamento de vendas e produto, além de relações públicas e assuntos governamentais da Toyota do Brasil, mantém vice-presidência de marketing, planejamento de vendas e produto, e agrega agora vendas e pós-vendas da operação. Hiroyuki Hirakawa, vice-presidente executivo industrial da Toyota do Brasil, responderá também por controle de produção e planejamento de projetos. Já Hiroyuki Ueda, que vinha respondendo pela vice-presidência de vendas e pós-venda no Brasil, foi deslocado para a Venezuela, onde assume a vaga deixada por Chang.

Produção de aço recua 4,8% no ano

A produção brasileira de aço bruto ficou em 28,1 milhões de toneladas nos primeiro onze meses deste ano. O resultado é 8,9% menor do o registrado em igual período do ano passado, aponta levantamento do IABR, Instituto Aço Brasil. Somente em novembro foram fabricadas 2,4 milhões de toneladas, queda de 4,8% na comparação com o mesmo mês de 2015.

O recuo em 2016 foi ligeiramente menor no segmento de aços laminados. De janeiro a novembro a produção acumulada superou as 19,5 milhões de toneladas, redução de 7,7% sobre o mesmo período do ano passado. O mesmo fenômeno ocorreu em dezembro, quando foi fabricado 1,8 milhão de toneladas, queda de 3,4%, menor, portanto, do que a média do mercado.

O posto de maior produtor nacional de aço bruto e laminados continua nas mãos de Minas Gerais. O Estado produziu 10,1 milhões e 9,3 milhões de toneladas de aço bruto e laminados, respectivamente, no acumulado até novembro.

O mercado interno brasileiro também refletiu a economia debilitada do País. As vendas internas atingiram 1,3 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos em novembro, 1,9% abaixo do total negociado em novembro de 2015. No acumulado de onze meses a redução ficou em 10,4%, com somente 15,3 milhões de toneladas, aponta balanço do IABR.

Se produção e vendas internas caíram em 2016, as importações recuaram de forma ainda mais expressiva. De janeiro a novembro os embarques para o Brasil somaram 1,7 milhão de toneladas, queda de 45,8% sobre o mesmo período do ano passado. Em valores, o recuo foi ainda maior: de 48,4%, para US$ 1,5 bilhão.

Já as exportações de produtos siderúrgicos chegaram a 12,1 milhões de toneladas, com faturamento de US$ 5 bilhões, quedas de 0,2% em volume e de 16,8% em valor, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

PSA e Eysa lançam emov, serviço de compartilhamento na Espanha

Começou a funcionar na segunda-feira, 19, o emov, empresa de serviço de compartilhamento de veículos sediada em Madria, Espanha, criada a partir de uma aliança estratégica entre a Eysa, empresa de serviços de mobilidade urbana, como gestão de estacionamentos, e a Free2Move, nova marca de serviços de mobilidades do Grupo PSA Peugeot Citroën.

O emov é a primeira a oferecer este tipo de serviço na Espanha e faz parte da política pública de mobilidade introduzida pela cidade de Madri. Na primeira fase de sua implementação, o serviço disponibiliza 500 veículos Citroën C-Zero. A oferta de uso ainda é do tipo free floating, ou seja, permite que os usuários utilizem o veículo e o devolvam no local de sua escolha em Madri. O custo de utilização é de € 0,19 por minuto, ou de € 59 por dia.

De acordo com a PSA a ideia é promover uma experiência de utilização simples. Assim, o cadastramento é feito on-line no www.emov.es ou via aplicativo tanto na plataforma iOS quanto Android. O serviço é oferecido durante 24 horas e, pelo aplicativo, o usuário pode reservar de maneira gratuita o veículo 30 minutos antes de sua utilização, como também abrir e fechar o veículo alugado.

Segundo Fernando Izquierdo, diretor geral do emov, “O emov chega a Madri com a intenção de se tornar um dos elementos de definição da cidade. Temos certeza de que nossa frota, composta inicialmente por 500 veículos 100% elétricos, será muito bem recebida pelos moradores da cidade. Em poucos dias, mais de 3 mil pessoas já se cadastraram no serviço, o que permite prever muito sucesso para o emov”.

Diferentemente de outros serviços de compartilhamento, o serviço proposto pela emov abrange além do centro da cidade de Madri, o que inclui área periférica. Outro bom argumento do serviço é o uso de frota 100% elétrica. Segundo a montadora, o Citroën C-Zero é um veículo essencialmente urbano, com capacidade para quatro ocupantes e níveis elevados de conforto e segurança. O modelo atinge velocidade máxima de 130 km/h, acelera de 0 a 100 km/h em 15,9 segundos e faz retomada de 60 a 80 km/h em 3,9 segundos. Promete ainda autonomia de 150 km, o que permite qualquer tipo de deslocamento na cidade.

O usuário do emov também se beneficia de vantagens em Madri. O serviço permite estacionar o carro gratuitamente numa vaga de estacionamento paga no interior do perímetro coberto, como também poderão se locomover sem precisar se preocupar com as medidas de restrição ao tráfego nos dias de pico de poluição.

A prefeita de Madri, Manuela Carmena, declarou: “Madri quer ser a capital europeia da mobilidade elétrica compartilhada, e este projeto vem coroar todas as iniciativas que a escolheram para fazer sua apresentação mundial”.

Google mostra o autônomo Chrysler Pacifica para a marca Waymo

A Fiat Chrysler Automobiles concluiu a produção de cem minivans Chrysler Pacifica para serem equipados com tecnologia de direção autônoma pela Waymo, a empresa criada pela gigante de tecnologia dedicada ao desenvolvimento de mobilidade autonôma.

Os modelos já tecnologia híbrida serão testados em estradas pública dos Estados Unidos já no início do ano que vem. Ao jornal Detroit News, John Krafcik, CEO da Waymo, disse que os veículos já foram construídos e os primeiros protótipos já estão sendo equipados, o que inclui conjunto de sensores específicos e sistemas de telemetria. “As equipes de desenvolvimento e fabricação de produtos da Fiat Chrysler foram parceiros ágeis, permitindo que passássemos do início do programa para a montagem completa do veículo em apenas seis meses.”

De acordo com Krafcik, a empresa já realizou diversos testes com protótipos da minivan, incluindo mais de duzentas horas de avaliações sob clima extremo. As modificações de engenharia para os sistemas elétricos, de trem de força, chassi e partes estruturais da minivan foram implementadas para adaptar o modelo.

“Nossa parceria com a Waymo permite à FCA abordar diretamente as oportunidades e desafios que a indústria automotiva enfrenta à medida que nos aproximamos rapidamente de um futuro no qual os veículos totalmente autônomos farão parte de nosso dia a dia”, disse Sergio Marchionne, CEO da FCA.

A FCA é a primeira e, até agora, a única montadora com a qual o Google se associou para lançar uma frota de veículos autônomos. A parceria foi anunciada em maio passado.

Elsys faz parceria para atender revendas VW e Ford

A Elsys, companhia brasileira que atua no mercado de eletroeletrônicos e telecomunicações, anuncia parceria com a AR70, empresa especialista em mídia automotiva, para fornecimento de centrais multimídias compatíveis com veículos das marcas Ford e Volkswagen.

Com fábrica em Manaus, a Elsys assume agora a montagem das centrais FD16BR, da Ford, e VW16BR, da Volkswagen, que são negociadas nas concessionárias das respectivas marcas diretamente para o consumidor final. A Central Multimídia da AR70 tem entre suas principais funções a reprodução de áudios e vídeos, além da conexão com aparelhos de celular. O produto é compatível com os modelos Ka, da Ford, e Fox, Jetta, Tiguan, Amarok, Passat, Passat Variant e Novo Fusca, da Volkswagen.

Atuando fortemente na produção de eletrônicos, a Elsys tem experiência no mercado de sons automotivos desde a década de 90. Durante esses anos, trabalhou em parceria com diversas grandes companhias. “Estamos unindo nossas expertises para oferecer aos clientes produtos de alta qualidade e tecnologia, com os recursos multimídia mais modernos que temos no mercado”, comenta Damian Zisman, CEO da Elsys, que tem sede em Valinhos, SP.

A empresa, segundo ele, investe constantemente em tecnologias que trazem mais conectividade para as pessoas. “Este acordo é mais um exemplo de como estamos nos empenhando para desenvolver soluções que estarão presentes no dia a dia dos brasileiros.”

Presente no mercado desde 2006, a AR70 é especializada na produção de sons automotivos com alta tecnologia, precisão e eficiência. Com 10 anos de experiência e parceria com grandes marcas, a empresa é hoje uma das principais fornecedoras de centrais multimídia para veículos Ford e Volkswagen.

Também o diretor da AR70, Alexandre Faustino, enfatizou a importância do acordo recém-firmado com a Elsys, destacando que as duas empresas caminham na mesma direção, comprometidas em oferecer produtos inovadores para o setor automotivo.

Geração compartilhada e mais barata

Nissan, Renault e Mitsubishi combinarão suas plataformas de veículos elétricos para reduzir os custos desses veículos e colocá-los no mercado a preços bem mais competitivos. A ideia das montadoras, afirma o jornal japonês Nikkei, é de que, para comprar um carro elétrico, o consumidor não desembolse mais do que necessitaria para adquirir um veículo convencional, movido por um motor a combustão interna.

A publicação assegura que tanto a Renault quanto a Mitsubishi, que recentemente passou a ser controlada pela própria Nissan, utilizarão a mesma plataforma da futura geração do Nissan Leaf a ser apresentada já em 2018.

Renault e Nissan se esforçam há alguns anos para tornar os carros elétricos mais populares, com projetos de várias naturezas tanto na Europa quanto no Japão. O Leaf, hoje, é o principal produto da marca movido a eletricidade. No entanto, com desenvolvimentos separados, os custos de cada projeto ainda não permitiram preços finais mais atraentes.

As três empresas compartilharão componentes importantes como, dentre outros, motores e baterias. Com esse desenvolvimento conjunto, afirma o jornal sem citar fontes, o preço do Leaf poderá cair em cerca de 20%.

No Brasil – A Itaipu Binacional e o PTI, Parque Tecnológico Itaipu, em parceria com o Ceiia, Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel, de Portugal, lançaram na semana passada, em Foz do Iguaçu, PR, o SCI, Sistema de Compartilhamento Inteligente, para compartilhamento de veículos elétricos.

O projeto, em fase experimental, atenderá inicialmente apenas colaboradores de Itaipu e PTI que necessitem fazer deslocamentos dentro da margem brasileira da usina. Toda a operação do sistema será feita a partir de um aplicativo, o Mob-i, que o usuário deverá baixar no smartphone.

No projeto serão utilizados dez veículos elétricos Renault Twizy, e quatro estações para retirada e devolução dos carros. Os pontos estão localizados no Escritório Central, Edifício de Produção, Barreira de Controle e Edifício das Águas, no PTI. Na sequência, o serviço será ampliado, com a incorporação dos elétricos Zoe, também da Renault, que possibilitarão o deslocamento para fora da usina: cidade de Foz do Iguaçu e região.

Para participar, o interessado deverá enviar e-mail de solicitação aos gestores do programa (mobi.compartilhamento@pti.org.br), que consultarão o gerente imediato do empregado e a Divisão de Transportes da margem brasileira, para saber se a autorização para dirigir na usina está válida. Inicialmente, o cadastro será limitado aos cem primeiros inscritos – para depois ser ampliado gradativamente.

Déficit da balança comercial de autopeças persiste

Balança comercial de autopeças registrou déficit de US$ 4,90 bilhões de janeiro a novembro de 2016, o resultado é 10,6% menor do que o anotado no mesmo período do ano passado, de US$ 5,84 bilhões. O dado faz parte do Relatório da Balança Comercial de Autopeças elaborado com dados do MIDC, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, divulgado na semana passada pelo Sindipeças.

Somente em novembro, o setor registrou déficit de US$507,5 milhões, 41,5% maior do que o registrado em novembro de 2015, quando o saldo foi de US$ 358,7 milhões.

No acumulado do ano até novembro tanto as exportações quanto as importações recuaram. Os embarques de autopeças somaram US$ 5,98 bilhões no período, valor 14,8% menor na comparação com o mesmo período do ano passado, pouco acima de US$ 7 bilhões. Já as compras externas alcançaram US$ 10,88 bilhões, volume 13% inferior àquele registrado no período de doze meses anteriores.

Isoladamente em novembro, as remessas contabilizaram US$ 536,1 milhões, 4,7% menor em relação ao valor anotado um ano antes, de US$ 562,4 milhões. As importações, por outro lado, cresceram 13,3%, para US$ 1,04 bilhão contra US$ 921,1 milhões registrados em novembro do ano passado.

A Argentina segue como o principal destino das autopeças brasileiras. De janeiro a novembro as remessas somaram US$ 1,70 bilhão, valor 27,4% menor do que os US$ 2,34 bilhões somados no mesmo período do ano passado. No período, o resultado apurado com as exportações para o país representou 28,5% das remessas de autopeças

No sentido contrário, vem dos Estados Unidos a maior parte de autopeças. No acumulado até novembro, as compras somaram US$ 1,51 bilhão, resultado 4,7% menor na comparação com o apurado um ano antes, de US$ 1,58 bilhão. Até o momento, a soma participou com 13,9% do total resultante das importações.

A fase agora é de transição

Chega ao fim 2016, um ano complexo para o Brasil como um todo, mas especialmente difícil para o setor automotivo. Talvez 2016 tenha sido o ano pior em toda a história da nossa indústria, uma vez que a instabilidade econômica provocou uma brutal queda dos volumes de produção. Devemos chegar somente à casa dos 2 milhões de veículos!

O efeito econômico foi o grande complicador para as empresas, que precisaram adotar medidas bastante fortes para adequar os seus métodos de produção. Se por um lado, houve uma adequação dos quadros de funcionários, o que levou à perda de pessoas com elevado conhecimento, por outro foi nítido que a criatividade surgiu com muita força.

Decisões como essas requerem planejamento porque podem levar a dois caminhos bem diferentes: um evidentemente é encontrar o melhor resultado para a sobrevivência financeira da empresa. Outro é comprometer o resultado da qualidade e gerar prejuízos, afinal processos podem sofrer alterações em função do corte de pessoas e de adequações não eficazes.

Agora, olhando para frente, vale observar alguns pontos. Primeiro é que 2017 é o último ano do Inovar-Auto. Grande parte das ações já foi realizada para redução de consumo, melhoria de eficiência e aumento de segurança. De forma geral, as empresas trabalharam muito nos últimos três anos com a expectativa de que os resultados apareçam agora.

Segundo, também já existem muitas discussões entre o setor e o governo sobre a implantação de um novo programa a partir de 2018, o que certamente ajudará toda a indústria. Em vez de dizer que o Inovar Auto acabou, vale considerar que o programa representa uma fase de transição para outros desafios que virão.

Terceiro, o Salão do Automóvel também permitiu algumas constatações. Se por um lado mais uma vez comprovou o quanto o brasileiro ainda é apaixonado por carro, por outro, mostrou que a resposta do setor foi expor veículos com grandes inovações tecnológicas e propostas do Inovar Auto.

As exigências do Inovar Auto em termos de tecnologia e inovação contribuíram para a melhoria da qualidade. Isto talvez não seja percebido em 2016 porque os produtos estão entrando agora no mercado. Para o ano que vem, haverá melhor percepção da qualidade em relação ao que o Inovar Auto trouxe de benefícios efetivos.

Quarto ponto que vale ser observado: as normas de qualidade que regem o setor, a ISOTS 16949 e a ISO 9001, estão passando por uma atualização bastante forte, o que também deve ajudar as empresas a evoluírem em qualidade nos próximos dois anos. Já estão disponíveis a IATF 16949:2016 (antiga ISOTS) e a ISO 9001:2015, que terão fase de transição em setembro de 2018.

E mais: muito se fala sobre a Indústria 4.0. É esperado, já a partir de 2020, outro patamar de tecnologia, qualidade e volume. Então, 2017 talvez seja uma etapa para que o Brasil se torne altamente competitivo em 2020, com o avanço da Indústria 4.0. Para tanto, investir em produtos, processos, serviços e pessoas será imprescindível.

Em virtude de tantas instabilidades – econômica, financeira e produtiva –, 2016 foi um ano de ajustes e certa estagnação nas perspectivas de qualidade. Para 2017, previsões já sugerem pequeno crescimento. O que precisamos agora é injetar ânimo. O grau de pessimismo já tem diminuído e este é o primeiro passo nesta transição.

Ingo Pelikan é presidente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva

Começar de novo

Na segunda-feira, 19, terminará o lay-off dos cerca de 500 funcionários da fábrica da Chery em Jacareí, SP. Mas a produção, praticamente paralisada nos últimos seis meses, voltará mesmo no dia 2 de janeiro, quando para Luís Curi, vice-presidente da empresa no Brasil, a montadora chinesa inicia uma segunda fase no Brasil.

“É quase um começar de novo”, afirma o executivo, para sintetizar não só a retomada da produção, mas os muitos lançamentos e novas estratégias que nortearão a empresa em 2017.

Curi antecipa que a fábrica localizada à beira da rodovia Dutra, no Vale do Paraíba, deve produzir algo entre 6 mil e 7 mil veículos no ano que vem. Se assim for, será seu melhor resultado desde a inauguração oficial, em agosto de 2014, após investimento de US$ 400 milhões.

A capacidade anual instalada, porém, é da ordem 50 mil veículos, algo ainda muito distante da realidade da montadora, mesmo com os novos produtos previstos para os próximos dois anos. “Ocupar essa capacidade é algo para depois de 2020”, diz Curi, que projeta o mercado brasileiro de 2017 apenas ligeiramente superior ao de 2016.

O período de lay-off foi utilizado pela empresa para fazer ajustes na linha de montagem. As readequações visam a produção de pelo menos dois novos modelos já no ano que vem e um terceiro, o Tiggo 9, a partir de 2018.

O primeiro será o Tiggo 2, que entra em produção em fevereiro e estará na rede de concessionárias dois meses depois. Apresentado no Salão do Automóvel, o modelo será um dos SUVs compactos mais baratos do País, assegura Cury.

Depois, já no segundo semestre, começa a ser fabricado o Tiggo 7, um SUV maior e, simultaneamente, importados duas versões do sedã Arizzo, 5 e 7, em agosto e setembro, ambos com estudos de viabilidade de produção local.

Os novos modelos, diz o vice-presidente da Chery, continuarão a compartilhar as linhas de montagens de montagem com QQ e Celer, embora a montadora tenha optado por redirecionar muito mais esforços para os SUVs, mesmo na China. E não à toa: o mercado chinês deve fechar este ano com 27 milhões de veículos vendidos, 42% somente de utilitários esportivo.

O executivo participou de encontro com revendedores da marca na América do Sul na semana passada e entende que os futuros produtos brasileiros têm espaço em diversos mercados no continente. Alguns deles já estão em processo de homologação. Curi imagina que em futuro próximo de 10% a 15% da produção nacional da Chery sejam dedicados a países vizinhos.

Os novos veículos fabricados em Jacareí já contemplam a visão da montadora de reduzir o número de plataformas globais com as quais deseja trabalhar em mais uns três anos em todo o mundo. Não será surpresa, portanto, se QQ ou Celer saírem de linha em prazo não tão distante. Até porque, como admite o próprio vice-presidente da Chery, os clientes de produtos de entrada, como QQ, praticamente sumiram do mercado sem o crédito abundante de três anos atrás.

O encolhimento do mercado brasileiro e a dificuldade de se vender uma marca novata em um momento em que o cliente procura segurança para seu investimento – o que o leva a optar por produtos já consagrados – fez pelo menos outra vítima além da produção em Jacareí nos últimos dois anos: a rede de concessionárias.

A Chery já chegou a contar com quase oitenta pontos e hoje vê a distribuição de seus veículos feita por apenas 37 casas. Curi, porém, diz que pretende reforçar esse time, inclusive com a adoção de novas padronizações dos pontos.

Grupo CAOA – Todos esses planos, porém, podem ser revistos, caso as muitas informações de bastidores sejam confirmadas e a montadora estabeleça algum tipo de parceria com o Grupo CAOA. Embora as duas empresas neguem oficialmente ainda, há meses elas mantêm negociações sobre forma de colaboração no campo comercial, com a CAOA passando a responder pelas vendas dos produtos da marca. Mais recentemente, passou-se a falar de acordo envolvendo até mesmo a produção dos Chery no Brasil.