A FCA apresentou na quinta-feira, 12, a linha 2017 do Fiat Uno. O compacto passou por ligeira alteração estética na dianteira, em especial na grade e para-choque. A grande alteração do hatch, no entanto, que depois de três décadas cedeu a condição de carro de entrada da marca para o Mobi, está sob o capô: uma geração rigorosamente inédita de motores.
O Uno 2017 será vendido em seis versões: duas com motor 1.0 de três cilindros e outras quatro com 1.3 de quatro cilindros. Os dois motores bicombustíveis pertencem à família chamada Firefly, contam com bloco de alumínio e fazem suas estreias mundiais no Brasil. Posteriormente, terão lugar em linhas de montagem do conglomerado da Europa.
Por enquanto, contudo, são produzidos somente na fábrica da Fiat em Betim, MG, complexo que acaba de completar 40 anos. Para isso, ganhou uma linha de produção de motores totalmente nova. A exemplo da planta pernambucana, o nível de automação na nova linha de produção em Betim, capaz de fabricar 400 mil motores anualmente, é elevado: foram instalados 186 robôs em 22 mil m².
A fábrica mineira, no total, conta agora com mais de quinhentos robôs e já tem outros 160 em processo de instalação. E muito em breve terá motivo para mais uma festa: já está praticamente pronta a nova área de pintura, alocada em gigantesco prédio de 500 metros de comprimento por 50 metros de largura.
O novo carro e a nova linha de produção de motores consumiram R$ 1 bilhão de investimento, assegura Stefan Ketter, presidente da FCA América Latina. “Posso afirmar que é a mais moderna e sofisticada fábrica de motores do grupo, com produção de qualidade mundial”, diz o executivo, que no fim do mês participará do lançamento do Compass, segundo modelo da Jeep fabricado na planta de Goiana, PE.
Os novos motores objetivam, sobretudo, a maior eficiência energética dos modelos nacionais da marca, fundamental para que a FCA atinja os níveis propostos pelo Inovar-Auto e recolha menos impostos. Não por outro motivo eles chegam agora ao mercado, exatamente quando começam as avaliações que seguirão por um ano e determinarão os índices IPI até 2020.
A FCA assegura que o Uno 2017 1.0 é 14,4% mais econômico do que seu equivalente 2016. No caso da versão 1.3 a economia seria ainda maior: de 16,7% em relação a versão atual, equipada com um motor 1.4. Ambos os motores conseguiram duas notas A no Programa Brasileiro de Etiquetagem.
A montadora garante que, mesmo com duas válvulas por cilindro, o desempenho dos novos motores é equiparável ao da maioria dos motores quatro válvulas. O 1.0 de três cilindros desenvolve 77 cv enquanto o 1.3 de quatro cilindros, 109 cv – “o maior valor já alcançado em um motor 1.3 fabricado no Brasil”, enfatiza a empresa.
Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da FCA, entende que as alterações estéticas, somadas aos novos motores, aos dispositivos de conforto e segurança que passam a integrar o modelo, casos da direção elétrica ou do controle de estabilidade, agora como itens de série na configuração 1.3 com câmbio automatizado e opcionais para outras versões, são argumentos fortes o suficiente para ao menos manter as vendas atuais do modelo na ordem de 3 mil unidades mensais.
Números da Fenabrave mostram que de janeiro a agosto foram emplacadas 24,1 mil unidades do Uno. O modelo é apenas o quatro carro mais vendido da marca, atrás de Palio e das picapes Strada e Toro, e o sexto no ranking de compactos, com 10,3% de participação nas vendas.
A nova linha, definitivamente, agora tira do Uno a condição de carro de entrada da marca. Os pacotes mais completos do 1.3 têm até assistente de partida em rampas e start-stop, além de sistemas eletrônicos antiderrapgem e anticapotamento.
A versão mais barata, a Attractive 1.0, custa a partir de R$ 41.840 e tem como principais itens de série, além da direção elétrica, ar-condicionado, vidros e travas elétricos, computador de bordo, sistema de partida a frio – é o fim do tanquinho de gasolina – e os obrigatórios airbag duplo e freios ABS. Além dela estão disponíveis a Way 1.0, Way 1.3, Way 1.3 Dualogic, Sporting 1.3 e a mais cara, a Sporting 1.3 Dualogic, que sai por R$ 53.690.
Com o hatch posicionado nessa faixa de preços a montadora espera estabelecer uma maior distinção com relação ao compacto Mobi. O modelo lançado no fim do primeiro trimestre ainda tem desempenho sofrível de mercado. Vendeu pouco mais de 13,8 mil unidades, muito pouco perto da projeção inicial da empresa de negociar perto de 50 mil unidades até o fim do ano.