Implementos terminam trimestre em baixa de 32,5% nas vendas

O segmento de implementos rodoviários apresentou seu balanço do primeiro trimestre na segunda-feira, 11. Segundo a Anfir de janeiro a março foram comercializadas 15 mil 640 unidades, retração de 32,5% ante o mesmo período do ano passado, de 23 mil 640.

Na faixa de pesados, os reboques e semirreboques, a baixa foi bem menos pronunciada, de 11,5%, com 6 mil 150 unidades comercializadas ante 6 mil 950. Mas na de leves, de carroceria sobre chassis, a retração foi bem acentuada, 41,4%, com 9 mil 490 neste trimestre ante 16 mil 206 há um ano.

Em comunicado Mario Rinaldi, diretor Executivo da Anfir, considerou que “a situação está bastante complicada para as empresas, que já passaram por um ano de retração forte em 2015”.

A Anfir projeta para o total de 2016 vendas de 56,6 mil unidades, o que seria o menor volume da série histórica da associação. Neste cenário, calcula a associação, o índice de uso da capacidade instalada seria de apenas 30%.

“A indústria está em uma situação crítica de queda acentuada em seu desempenho e ociosidade crescente”, afirmou, também no comunicado, Alcides Braga, presidente da Anfir.

Algum alento parece vir das exportações, que estão claramente aquecidas, com aumento de 48,3% no primeiro bimestre ante o mesmo período de 2015. O problema é que os volumes ainda são baixos na comparação com o mercado interno: foram embarcados nos dois primeiros meses do ano, último dado disponível, 393 implementos ante 265 há um ano.

 

Remodelada, Ranger quer brigar pela liderança com a Hilux

Em meio à crise o segmento de picapes é um dos que mais recebe novidades no mercado brasileiro. Nos últimos meses chegaram às concessionárias a Renault Duster Oroch, a Fiat Toro e a nova geração da Toyota Hilux – que foi bem aceita pelos consumidores e assumiu a vice-liderança do segmento em março, atrás apenas da compacta Fiat Strada.

Na sexta-feira, 11, foi a vez da Ford apresentar à imprensa a Ranger remodelada, com pequenas alterações na motorização e no catálogo, adicionando novos itens de série. Apesar da chegada de dois novos modelos ao segmento e de a Chevrolet S10 também passar por uma reformulação, a ser apresentada nas próximas semanas, a montadora enxerga apenas um concorrente: a Hilux.

Foi a picape da Toyota a escolhida para os comparativos com a Nova Ranger durante o evento de lançamento, em Puerto Iguazú, próximo à fronteira do Brasil com a Argentina, os dois principais mercados da picape – que também chegará ao México, Chile e outros países sul-americanos a partir da fábrica de Pacheco, na Argentina. A favor da Ranger, dentre outros pormenores, prevalecem os 5 anos de garantia total de fábrica, prazo inédito para a categoria.

“Nessa etapa de reformulação de picapes, Ford e Toyota saíram na frente ao apresentar primeiro seus novos modelos”, afirmou Osvaldo Ramos, gerente geral de marketing da Ford. “Nosso objetivo é aumentar as vendas e buscaremos os consumidores com alto poder aquisitivo. Eles existem e procuram novidades com segurança e tecnologia, o que a Ranger oferece”.

O alvo dos executivos da Ford é, principalmente, o agronegócio, único setor da economia brasileira que ainda apresenta resultados positivos. Para isso, oferece desde versões mais básicas, com transmissão manual, até modelos mais requintados, cheios de itens de conforto comumente encontrados em sedãs.

A versão de entrada, XLS, oferece motor flex e transmissão manual, por R$ 99,5 mil. A mais completa, Limited, traz motor diesel 3,2 litros, transmissão automática e tração 4×4, por R$ 176,9 mil. Não há opção de cabine simples: todas as Ranger agora têm cabine dupla.

Para atender às exigências mais rígidas do Inovar-Auto, a Ranger ganhou itens que reduziram em 15%, em média, o consumo: direção elétrica em todas as versões, nova calibração da transmissão manual e pneus de baixa resistência a rolagem da Bridgestone. Os motores 2,2 litros e 3,2 litros Duratorq a diesel e o 2,5 litros flex trazem também novos bicos, turbocompressores e calibração – o bicombustível abandonou o tanquinho de gasolina auxiliar e agora faz partida a frio.

Só Toyota e Chrysler têm o que comemorar no trimestre

Apenas duas marcas dentro do top-10 do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves apresentaram dados positivos nesse primeiro trimestre. Uma delas, a Chrysler, pela óbvia inclusão das vendas do Jeep Renegade, que ainda não estava no portfólio no começo do ano passado. A outra, Toyota, superou até a Ford com seu desempenho no período.

Com 41,4 mil automóveis e comerciais leves comercializados de janeiro a março, a Toyota conquistou a quinta posição do ranking brasileiro, superando Renault e Ford, e apresentou um crescimento de 0,9% com relação ao primeiro trimestre do ano passado. Pode parecer tímido, mas o mercado no geral caiu 28,4% no período.

O desempenho garantiu 2,5 pontos de participação a mais para a marca japonesa, que fechou o trimestre, com 8,9%. Como a Ford, antes quarta colocada, e Renault, sexta no ranking, caíram 40,2% e 27%, respectivamente, a Toyota subiu dois degraus.

E só não subiu mais porque a Hyundai, que ocupava a quinta posição no ano passado, apresentou queda de apenas 5% nas vendas do período, e ganhou a quarta posição da Ford. A marca sul-coreana acrescentou 2,2 pontos de participação à sua fatia do mercado e ficou próxima dos 10%, marca estabelecida pelos executivos na cerimônia de assentamento da pedra fundamental da fábrica de Piracicaba, SP, em 2011.

O trimestre fechou com a liderança da General Motors. A companhia assumiu o posto em janeiro e não mais largou, mesmo com a queda de 32,3% nas suas vendas, para 75,8 mil unidades. A agora vice-líder Fiat caiu 44,4% no mesmo período, para 70,1 mil veículos, motivo que a fez perder o primeiro lugar.

A Volkswagen se manteve na terceira posição, com 63,2 mil unidades vendidas, recuo de 40%. Outra que permaneceu em seu posto foi a Honda, oitava colocada, com queda de 4,7% nos licenciamentos.

A Chrysler, que nem aparecia no ranking, ocupa agora a nona posição, à frente da Nissan, que ficou em décimo. O crescimento de 676% da marca estadunidense é facilmente explicado pelo desempenho do Jeep Renegade, que só chegou ao mercado brasileiro no segundo trimestre do ano passado.

VW SJP exporta componentes pela primeira vez

Pela primeira vez em sua história, ou desde 1999, a fábrica da VW em São José dos Pinhais, no Paraná, iniciou programa de exportação de componentes. Como parte do pacote cerca de 25 mil eixos eixos traseiros da SpaceFox serão embarcados à unidade da montadora em Pacheco, na Argentina, responsável pela produção do modelo – ali chamado Suran –, em uma operação intercompany.

Em comunicado David Powels, presidente da fabricante no País, considerou que “além da exportação de veículos temos trabalhado para diversificar nosso portfólio de produtos e de mercados também para componentes. Assim como os eixos produzidos no Paraná, temos exportado blocos de motores produzidos em São Carlos, que são enviados para a Alemanha, para equipar os modelos Polo e up! na Europa. Esses novos negócios são resultados da evolução constante em termos de qualidade e tecnologia em nossos processos produtivos, que se equiparam às instalações mais modernas do Grupo Volkswagen no mundo”.

Já de acordo com o gerente da fábrica, Luis Pinedo, também na nota, “a exportação das peças para a Argentina representa uma nova oportunidade de negócio para a fábrica de São José dos Pinhais, que busca constantemente ampliar sua atuação nos mais diversos mercados. Além disso atesta a qualidade dos produtos fabricados nacionalmente, e proporciona maior controle sobre a qualidade do processo de fabricação dos nossos veículos, o que é fundamental”.

Segundo a fabricante, por ser considerada peça de segurança os eixos passam por rigoroso processo de inspeção: 100% dos módulos contam com garantia eletrônica de torque – que valida as fixações aparafusadas e assegura a máxima qualidade no processo –, além de verificação dos cordões de solda em todas as unidades fabricadas.

Desde a inauguração a fábrica VW de SJP produziu mais de 2,4 milhões de veículos para os mercados interno e externo. A unidade paranaense produz atualmente os modelos Volkswagen Fox, CrossFox, SpaceFox e Golf, além do Audi A3 Sedan.

 

Missão para poucos. Para o novo Audi A4.

Coisa pouca não é, por meio de intenso trabalho técnico, de seus engenheiros e os dos fornecedores, reduzir coisa de 110, 120 quilos num carrão como o novo Audi A4, agora em nona geração. E ainda fazê-lo crescer um poquitito. Mas o desafio foi vencido e a empresa oferece à sua rede de concessionários, já a partir deste mês, um veículo dotado de estrutura de maiores resistência e rigidez – com menor peso. O carro é bonitão, sim, mas daquela belezura reservada aos sedãs clássicos, donos de ousadia, digamos, com ademanes conservadores. Ou, então, dono de sóbria esportividade.

O primeiro a chegar faz parte de uma série limitada, a Launch Edition, de quinhentas unidades, a bordo de pacote de agrados de “excelente relação de custo diante do benefício”, como afirmou o presidente e CEO da Audi no Brasil, Jörg Hofmann. Custará R$ 172 mil 990. No mês que vem estará nas revendas a versão de entrada do novo A4, Attraction, com preços a partir de R$ 159 mil e 900, e a top line, Ambiente, R$ 182 mil 990. Todos com motor 2.0 TFSI de 190 cv e transmissão S tronic de sete marchas.

A versão Ambition, dona de motor 2.0 de 252 cv e de sistema de tração integral quatro, e o A4 Avant chegam depois de junho.

O menor peso obviamente favorece o consumo de combustível. Aferido pelo Inmetro, de quem recebeu classificação A, o novo A4 faz 11 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada. O coeficiente de arrasto do novo carro, o Cx, de 0,23, também ajuda a reduzir o consumo, No caso das emissões de CO2 chegaram a 109 g por quilômetro rodado – o que a Audi considera muito bom.

“Esta nova geração do A4 espelha, muito, as mudanças que a equipe vem operando na subsidiária brasileira”, disse Hofmann. “Crescemos, demos uma forte guinada nas nossas estratégias. Não aliviaremos o pé. E estamos à espera do Q3 nacional.”

Nos três últimos anos, dois e meio deles sob Hofmann, a Audi saiu de 6 mil 692 unidades vendidas ao mercado interno, em 2013, para 17 mil 541 no ano passado, crescimento de 162%. Isso fez da empresa a líder no mercado nacional de veículos Premium.

Hofmann e Tiago Lemes, diretor de vendas e de desenvolvimento da rede, crêem muito na hipótese de que o padrão de vendas será mantido este ano – e contam com os novos A4 para apoiar decisivamente esse objetivo. De acordo com eles a versão de entrada, Attraction, deverá ser a responsável por 40% a 50% do mix de comercialização.

“Nossas projeções não indicam crescimento”, contou Lemes. “Mas indicam que temos todas as condições de manter o patamar de 2015.”

Ele também observou o crescimento da frota circulante Audi no País: 32 mil 384 unidades em 2014, 43 mil 394 em 2015 e a projeção de 59 mil 509 para o fim deste ano.

A Launch Edition, aquela inicial, limitada a quinhentas unidades, realmente despertou curiosidade em função de seus equipamentos de série. Dispõe de Audi Drive Select e de Audi Virtual Cockpit, rodas de liga leve de 17 polegadas, sistema MMI com navegação, bluetooth e smartphone integrados, bancos de couro. Para mais gracinhas há o pacote Plus – e também os Assistance e o Tech, com Audi Pre Sense Rear, Audi Side Assist e câmara de ré no primeiro e o Head up Display, keyless go e o fantástico som de Bang & Olufsen no segundo, com dezenove altofalantes.

O Audi Virtual Cockpit merece lembrança, na forma de uma tela de instrumentos TFT, de Transistor Film Technology, digital, de 12,3 polegadas, com informações apresentadas por meio de gráficos brilhantes, de alta resolução e cheio de pormenores. O motorista escolhe a forma pela qual quer receber as informações: a clássica, com mostradores circulares, ou de maneira infotainment.
O que reforça o Audi Virtual Cockpit é, sem dúvida, o Head up Display, que projeta informações no para-brisa, bem na altura do olhar do motorista, uma solução muito conveniente.

Com sensores de radares e de ultrassom, conectados a uma câmara frontal para conduzir o carro, o sistema ACC, de Adaptive Cruise Control, combinado com o Traffic Jam Assist, pode assumir a direção do carro em situações de congestionamento até 65 km/h: ajusta a direção e controla a velocidade de acordo com o fluxo do tráfego.

Os novos Audi A4 também são novos a partir de sua nova plataforma, a MLBEVO, que ficou prenhe de alumínios – uma das razões da redução de seu peso, na suspensão, por exemplo, de 6 quilos – e de aços especiais. Suas dimensões também cresceram, 4 m 73 de comprimento e 2 m 82 de entre-eixos, o que reflete no espaço interno: com relação à oitava geração, por exemplo, pernas e joelhos dos passageiros traseiros ganharam 23 mm a  mais de e3spaço e conforto.

Abraciclo tenta incluir motocicletas nas negociações bilaterais

A Abraciclo, associação que representa a indústria brasileira de motocicletas, está conduzindo esforços para acrescentar o segmento nos acordos bilaterais automotivos que o Brasil negocia atualmente com diversos países. A informação foi revelada por Marcos Fermanian, seu presidente, na quinta-feira, 7, em São Paulo.

 De acordo com o executivo esta seria forma de reduzir um pouco a dependência dos embarques dos humores do mercado argentino, que responde por aproximadamente 75% das compras de todas as motocicletas brasileiras destinadas ao mercado externo.

Apesar de um excelente desempenho dos embarques no primeiro trimestre deste ano – foram enviadas ao Exterior 13,7 mil unidades de janeiro a março, crescimento de 116,5% ante mesmo período de 2015 – a associação reviu sua projeção para o total do ano, que agora estima em 70 mil unidades, crescimento modesto de 1,3% ante as 69,1 mil de 2015. Antes, o cálculo apontava para alta de 8,5%, com 75 mil.

Segundo Fermanian o desempenho das vendas ao mercado externo foi bom no segundo semestre do ano passado, o que provocará redução dos índices a partir da segunda metade deste ano.

Em março, isoladamente, foram vendidas a outros países 4,7 mil motocicletas Made in Brazil, crescimento de 180% na comparação com as 1,7 mil do mesmo mês do ano passado.

Mercado – Diante dos números do mercado interno no primeiro trimestre a Abraciclo decidiu ainda revisar outros índices esperados para 2016, agora em queda. As vendas no atacado devem fechar em 1 milhão 70 mil, redução de 10,1% ante as 1 milhão 190 mil de 2015, enquanto para o varejo estima-se 1 milhão 75 mil, baixa de 12,2%. Até então a associação imaginara elevações de 2,5% e 0,5%, respectivamente, para este ano.

E com isso a expectativa para a produção nacional também sofreu revés. Agora a estimativa aponta para 1 milhão 140 mil motocicletas, baixa de 9,7% ante as 1 milhão 262 mil de 2015 – antes, esperava-se crescimento de 2,5%.

Para Fermanian as revisões ainda indicam que o Brasil permanecerá como o sexto maior mercado de motocicletas do mundo, e “um volume de um milhão de unidades ao ano não pode ser desprezado”.

No primeiro trimestre, aponta a Abraciclo, foram produzidas 227,4 mil motos, quase 37% a menos do que as 360 mil do mesmo intervalo de 2015. O atacado fechou o período em baixa de 37,4%, com 215,4 mil ante 343,8 mil há um ano. E o varejo em retração de 26,6%, ao somar 240 mil unidades ante as 327 mil de janeiro a março de 2015.

Em março, isoladamente, a produção alcançou 80,4 mil unidades, 36,8% menos do que no mesmo mês do ano passado mas 13,2% melhor que fevereiro. As vendas no atacado registraram 83,5 mil motos, queda de 36,2% no comparativo anual e alta de 14,3% no mensal.

 

Abeifa: trimestre fecha em retração de 44%.

As vinte marcas que compõem o quadro de associados da Abeifa, entidade que representa as importadoras de veículos, fecharam o primeiro trimestre do ano com recuo de 44,2% nos licenciamentos de modelos importados, comparado com o mesmo período de 2015. Segundo dados divulgados pela associação na quinta-feira, 7, foram emplacados 9 mil 860 veículos, contra 17 mil 670 há um ano.

Em março foram comercializadas 3 mil 317 unidades importadas, queda de 43,1% na comparação com as 5 mil 834 unidades do mesmo mês do ano passado. Os dados só ficam positivos na comparação com fevereiro: 15,5% de crescimento, sobre um mês com menos dias úteis.

A Abeifa ainda contou com 710 licenciamentos de modelos produzidos no Brasil em março – BMW, Chery, Mini e Suzuki possuem montagem local. De janeiro a março, foram 1,9 mil unidades made in Brazil comercializadas pelas quatro marcas, queda de 25% com relação aos primeiros três meses de 2015.

Somados importados e nacionais, a participação das filiadas à Abeifa no mercado doméstico de automóveis e comerciais leves chegou a 2,5% no primeiro trimestre. Há um ano a fatia registrada foi de 3,1%.

Segundo José Luiz Gandini, presidente da associação – o empresário, representante local da Kia Motors e da Geely, tomou posse em cerimônia na noite de terça-feira, 5, e substitui Marcel Visconde no comando da Abeifa – a crise de confiança predominante no país deixa o crédito mais seletivo, fator determinante nos negócios das associadas da marca.

“De qualquer maneira a pequena recuperação em março ante fevereiro foi um alento para o setor”.

Produção tem o pior primeiro trimestre desde 2003

As fábricas de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus produziram 482,3 mil veículos de janeiro a março, de acordo com dados divulgados pela Anfavea na quarta-feira, 6. O volume é 27,8% inferior ao do mesmo período do ano passado e o mais baixo desde 2003, quando a indústria montou 400,8 mil veículos nos primeiros três meses do ano.

Esta queda no ritmo das fábricas apenas acompanha o desempenho do mercado doméstico. Para ajustar estoques, as montadoras reduzem a velocidade das linhas e ampliam os dias de descanso dos trabalhadores. Segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea, atualmente 8,2 mil metalúrgicos estão afastados em lay off e 30,5 mil trabalham com jornada reduzida, pelo PPE, Programa de Proteção ao Emprego do governo federal.

Ou seja: quase um terço dos 128,5 mil trabalhadores da indústria – em março foram demitidos 1,4 mil operários – estão com alguma restrição de jornada.

Em março foram produzidos 195,3 mil veículos, o maior volume para o ano, superando em 42,6% o resultado de fevereiro, mês com menos dias úteis por causa do feriado do carnaval. Mas com relação a março do ano passado o ritmo das linhas recuou 23,7% – foi o pior resultado para o terceiro mês do ano desde 2004.

A Anfavea manteve, ao menos por mais um mês, a sua otimista projeção de crescimento de 0,5% na produção, para 2 milhões 440 mil veículos. Nos últimos doze meses, porém, a indústria entregou 2 milhões 240 mil unidades.

Vendas à vista são praticamente metade dos negócios

Praticamente metade das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil em março foi fechada à vista, ou 48,6%. Os negócios envolvendo algum tipo de financiamento – exceto consórcios – representaram somente 51,4%, segundo revelou Luiz Moan, presidente da Anfavea, durante apresentação dos resultados da indústria automotiva brasileira do mês e do primeiro trimestre.

Esse índice, de acordo com o dirigente, é o menor da série histórica, iniciada em 2005, e reflete a rigidez dos bancos em fornecer financiamentos. “Só estão sendo liberados para os clientes mais antigos, conhecidos e com bom histórico.”

Os licenciamentos fecharam março com 179,2 mil unidades, baixa de 23,6% ante mesmo mês de 2015 porém alta de 22,1% ante fevereiro. No primeiro trimestre o resultado chegou a 481,3 mil, retração de 28,6% ante as 674,4 do mesmo período do 2015, estimulado por estoques ainda sem aumento do IPI.

O período anualizado, ou de abril de 2015 a março de 2016, indica 2,38 milhões de unidades emplacadas, retração de 29,3% ante intervalo imediatamente anterior, de 3,36 milhões.

Apesar do resultado negativo Moan lembrou que o mercado está em aparente curva de recuperação: em janeiro o resultado comparado com o mesmo período do ano passado foi 39% abaixo, que passou a 31% no bimestre e agora a 28,6% no trimestre.

Os estoques, porém, subiram levemente na comparação com fevereiro ao fechar março em 259 mil unidades, 184,6 mil nas redes e 74,4 mil nas fábricas – há um mês, 246,3 mil ao todo.

Em dias de venda este volume representa na soma geral 43 dias, 31 nas concessionárias e 12 nas montadoras, ante 41, sendo 30 e 11, ao término de fevereiro. “É um nível muito difícil para o segmento”, considerou Moan.

Exportações avançam 24% no trimestre

A indústria automobilística brasileira fechou o primeiro trimestre com 98,9 mil automóveis, caminhões e veículos exportados. Embora nem de longe compense o recuo das vendas internas, é resultado que garante algum alento para o setor: 24% a mais do que as 79,8 mil unidades negociadas para outros países em igual período do ano passado. É o melhor resultado trimestral desde 2013, quando as fabricantes brasileiras exportaram 111,1 mil de janeiro a março.

Em março, em particular, o setor registrou o embarque de 38,6 mil veículos, a maior quantidade mensal até agora no ano e 19,8% a mais do que no mesmo mês de 2015. O único destaque negativo foi a indústria de caminhões, que com 1,6 mil unidades exportados, recuou 11,5% com relação a março de 2015. Também destoou nos três primeiros meses ao somar somente 4,1 mil caminhões, 6,5% menos na comparação anual.

Em dólares, contudo, as contas continuam no vermelho com relação ao apurado em 2015. A comparação trimestral indica variação negativa da ordem de 7,6%: pouco mais de US$ 2,4 bilhões faturados nos três primeiros meses de 2015 ante US$ 2,2 bilhões em 2016.   

Luiz Moan, presidente da Anfavea, voltou a lembrar que  a indústria brasileira poderá ganhar um empurrão extra do mercado externo.  Uma missão comercial iraniana deverá chegar ao Brasil em duas semanas para discutir a compra de cerca de 227 mil veículos, sendo 145 mil automóveis, 65 mil caminhões e 17 mil ônibus. As negociações ainda são embrionárias e o Irã também negocia com outros países. “Mas já temos doze montadoras associadas interessadas em participar das tratativas e capazes de atender integralmente aos pedidos”, disse o presidente da Anfavea.