Produção argentina de veículos cresce em agosto

A produção de veículos na Argentina apresentou crescimento na comparação anual pela segunda vez em 2015, de acordo com informações do Tiempo Motor, parceiro editorial da Agência AutoData naquele país, com base nos dados da Adefa, a associação das montadoras locais. Foram produzidas 49 mil 48 unidades em agosto, volume 7,1% superior às 45,8 mil unidades fabricadas no mesmo mês de 2014.

O momento positivo do mercado doméstico argentino contribuiu para o crescimento da produção das fábricas locais, uma vez que o principal parceiro comercial do país vizinho, justamente o Brasil, passa por crise econômica e política. De janeiro a agosto o mercado brasileiro caiu 21,4%, ou 476,2 mil unidades com relação ao mesmo período do ano passado – volume superior ao produzido pela indústria automotiva argentina.

De janeiro a agosto as montadoras instaladas na Argentina entregaram 364,5 mil unidades, um recuo de 9,7% com relação aos primeiros oito meses do ano passado, quando a produção alcançou 403,5 mil unidades.

As exportações recuaram 21,3% no período, para 175,5 mil unidades – nos primeiros oito meses do ano passado foram enviados a mercados no Exterior 222,9 mil veículos. Em agosto a queda foi de 22,2%, para 21,4 mil unidades.

O Brasil é o principal comprador dos veículos argentinos, com 77,3% do total as exportações. México, com 4,7%, e Austrália e Nova Zelândia, com 3,5%, são outros mercados relevantes para as montadoras locais.

Em agosto as vendas de veículos no atacado cresceram 16,6% na comparação anual, para 59,6 mil unidades – foi o quarto mês consecutivo de avanço. No acumulado do ano, porém, registra-se recuo de 1%, para 407,7 mil unidades comercializadas.

No varejo o cenário muda um pouco: em agosto a queda chegou a 6,4%, para 54,7 mil veículos. Comparado com julho, recuo de 9,9% – a média diária de licenciamentos, porém, subiu para 2 mil 733 unidades/dia em agosto, contra uma média de 2 mil 686/dia em todo o ano.

No acumulado do ano os argentinos compraram 432,4 mil veículos, queda de 14% com relação ao mesmo período de 2014.

Mesmo com queda de mercado, líderes ganham participação

A queda de 43,5% nos licenciamentos de caminhões e ônibus não impediu que as duas líderes do mercado, MAN Latin America e Mercedes-Benz, ganhassem participação no acumulado de janeiro a agosto. As duas marcas registraram retração inferior à média do segmento e avançaram 0,5 ponto porcentual cada – comparado com o resultado acumulado até agosto do ano passado –, para 27% e 26,5%, respectivamente.

Apesar desse avanço de market share, os volumes das duas marcas caíram quase pela metade – na MAN a queda nos licenciamentos chegou a 42,4%, um pouco maior na M-B, 42,5%.

O retorno dos modelos da Serie F ao portfólio da Ford Caminhões contribuiu para a marca ganhar uma posição no ranking, passando da quarta colocação do acumulado até agosto do ano passado para a terceira no mesmo período deste ano. A queda nas vendas foi de 20%, a metade da média do mercado, e a participação saltou de 13,4% para 19%.

A Ford superou a Volvo, agora quarta no ranking, com 11,6% de participação – há um ano fechou com 14,7%. A queda nos licenciamentos dos suecos foi de 55,4%.

Pior foi para a Scania, cujas vendas cederam 63,2% e a participação caiu de 10,4% para 6,8%. A marca manteve a quinta posição, mas vê a Iveco se aproximar – a fabricante de Sete Lagoas, MG, fechou com 6,2% de participação.

Hyundai CAOA e DAF apresentam desempenho contrário ao mercado e registraram crescimento de 327,7% e 122,4%, respectivamente, na sétima e oitava posição. Completam o ranking Agrale e International.

Chassis de ônibus – Os licenciamentos de chassis caíram 29,9% nos primeiros oito meses do ano, mas a líder M-B conquistou 6,7 pontos de participação no período, saltando de 44% para 50,7% de market share. Suas vendas cederam 19% no período, abaixo da média do mercado.

A MAN, vice-líder, caiu 43,2% e fechou o período com 21,2% de participação. A Agrale, terceira colocada, teve queda de 46,6% e ficou com 13,7% de market share.

O desempenho oposto à média foi registrado pela Iveco, cujas vendas de chassis de ônibus cresceram 120,4% no acumulado de janeiro a agosto, para 895 unidades – ou 7,2% do total comercializado no mercado brasileiro.

Importados Abeifa: um agosto pior do que julho.

Os resultados das marcas exclusivamente importadoras ligadas à Abeifa em agosto foram piores do que os de julho, aprofundando os índices negativos do segmento em 2015. De acordo com dados divulgados na terça-feira, 8, foram emplacadas 4 mil 463 unidades, queda de 16% ante as 5,3 mil de um mês antes e 39% abaixo do mesmo mês de 2014, de 7,3 mil.

Com isso a queda no acumulado do ano chegou a 30,3%, com 42 mil 647 unidades de janeiro a agosto deste ano ante 61,2 mil há um ano.

Para Marcel Visconde, presidente da Abeifa, o “clima de imobilismo” está prejudicando sobremaneira os negócios. Ainda que não veja grandes sinais de mudança neste cenário nos próximos meses, o dirigente projeta para o término do ano uma retração um pouco mais comedida que a atual, na faixa de 25%.

Ele recorda ainda que “nesse mesmo momento de 2014 registrávamos queda de 17% na venda de importados no comparativo com 2013. A queda de outros 30% neste ano é extremamente preocupante e leva os importadores a rever estruturas e investimentos”.

Quando considerada a produção nacional das marcas afiliadas à Abeifa, como BMW, Chery e Jeep, o total emplacado até agosto alcança 65,5 mil, alta de 4,4% no comparativo anual – mas estas empresas não tinham iniciado fabricação no País um ano atrás.

Por marcas, em agosto a líder em emplacamentos da Abeifa, apenas de importados, foi a Kia, com 1,2 mil unidades, seguida pela Land Rover, com 733, e BMW, 421. No acumulado do ano o ranking aponta a mesma sequência: Kia 11,4 mil, queda de 26,5% ante mesmo intervalo do ano passado, Land Rover 5,5 mil, 11,4% abaixo, e BMW, 3,9 mil e 57,5% a menos – mas neste caso por conta da substituição de produtos trazidos do Exterior por nacionais.

E no ranking por modelos, igualmente considerados apenas os importados, a liderança em agosto foi do Kia Sportage, com 532 emplacamentos, seguido pelo Land Rover Discovery 4, 367, e o Land Rover Range Rover Evoque, 278. No acumulado até o oitavo mês de 2015 aponta o Sportage, 5 mil, Evoque, 3 mil, e Lifan X60, 1,9 mil.

Só a Honda cresceu no mercado brasileiro

Dentre as dez marcas com maior volume de vendas de automóveis e comerciais leves no mercado brasileiro, apenas uma não traz números negativos na comparação de janeiro a agosto deste ano com o mesmo período do ano passado: a Honda, oitava no ranking.

Empurrada pelo sucesso do utilitário esportivo HR-V, lançado em abril, a fabricante de Sumaré, SP, registrou impressionante crescimento de 17,9% nas vendas, enquanto as vendas em geral retraíram 20,4%. Sua participação de mercado subiu dos 3,9% registrados em agosto do ano passado para 5,8%, quase dois pontos porcentuais.

Mesmo assim a Honda não conseguiu subir degraus no ranking de automóveis e comerciais leves, uma vez que suas concorrentes mais próximas também apresentam desempenho acima do mercado, embora com queda nas vendas. Sétima em vendas, a Toyota registrou leve retração de 0,3%, mas ganhou 1,3 ponto de participação, saltando para 7%.

Alterações ocorreram na quinta e sexta posições: a Hyundai superou a Renault, por apresentar queda de 8,8% nas vendas, ante 18,1% de recuo nos licenciamentos dos modelos franceses. Os sul-coreanos fecharam agosto com 8% de participação, ante 7,1% da Renault – ambas ganharam fatia de mercado: 1,1 p.p. e 0,1 p.p., respectivamente.

No pelotão da frente, liderado por Fiat, apesar da queda de 32% nas vendas do período e perda de 3,1 p.p., também teve mudanças com relação ao cenário do fim de agosto de 2014: a General Motors ficou na vice-liderança, com 15,5% de participação e recuo de 28,9% nas vendas e a Volkswagen caiu para terceiro, com 15,2% das vendas e queda de 31,8% nos licenciamentos. Ambas perderam fatia: a GM 1,8 p.p. e a VW 2,5 p.p.

A Ford se manteve na quarta posição e ganhou fatia de mercado, ao cair apenas 5% nas vendas do período. Fechou com 10,7% de participação, ganho de 1,7 p.p.

Fecham o ranking a Nissan, nona colocada com queda de 4,8%, mas ganho de 0,4 p.p., para 2,4% das vendas, e a Mitsubishi, décima mais vendida – apesar da queda de 22,2% nos licenciamentos da marca japonesa no período, superou a Citroën, que ocupava a posição ao fim de agosto de 2014.

Indústria de motocicletas ensaia leve reação

A indústria brasileira de motocicletas viu em agosto números um pouco mais animadores: produção e vendas cresceram no mês passado ante julho, ainda que os comparativos com agosto de 2014 e do acumulado sejam negativos.

De acordo com dados da Abraciclo, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, a produção de motocicletas em agosto registrou 114 mil 162 unidades, volume 11,6% superior ao de julho, 102 mil 330 – este período, entretanto, registrou férias coletivas em diversas fabricantes localizadas no PIM, o Polo Industrial de Manaus. Na comparação com as 129 mil 767 unidades de igual período do ano passado, queda de 12%.

No acumulado do ano a retração chega a 12%: nos primeiros oito meses deste ano foram 914 mil 752 motocicletas produzidas no País, ante 1 milhão 38 mil no mesmo intervalo de 2014.

As vendas no atacado, aquelas realizadas das montadoras para suas redes de concessionárias, registraram desempenho semelhante: foram 101 mil 927 em agosto, alta de 8,8% ante as 93 mil 654 de julho, ainda que queda de 15,7% ante as 120 mil 941 do mesmo mês de 2014. Na soma de janeiro a agosto, aponta a Abraciclo, foram 854 mil 674 unidades, retração de 10% ante as 950 mil 684 no mesmo intervalo do ano passado.

O varejo também conseguiu registrar um índice positivo apesar das 99 mil 854 motos vendidas em agosto representarem baixa de 7,3% ante o volume de julho, 107 mil 741, e de 10,3% ante igual período de 2014, 111 mil 291. Mas a média diária de vendas chegou a 4 mil 755 unidades no oitavo mês do ano, de 21 dias úteis, leve acréscimo de 1,5% ante as 4 mil 684 de julho e seus 23 dias úteis. Mas comparada a agosto de 2014, de 5,3 mil, a média apresenta redução de 10,3%.

As vendas ao mercado externo têm variação parecida. As exportações de motocicletas Made in Brazil em agosto totalizaram 9 mil 347 embarques, alta de 9% ante julho, de 8 mil 574, mas recuo de 1,9% comparados aos de idêntico mês de 2014, 9,5 mil. No total de 2015 as 36 mil 162 motos exportadas representam baixa expressiva de 42%: há um ano, foram 62 mil 446.

Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, acredita em momentos melhores daqui para a frente no setor de duas rodas. Em comunicado, considerou que “tradicionalmente o segundo semestre é melhor que o primeiro. Além do período de férias e décimo-terceiro salário, a realização de eventos estimula o mercado. O Salão Duas Rodas, por exemplo, em outubro, trará novidades e lançamentos que incentivarão os consumidores, devendo impactar positivamente os resultados”.

Carro brasileiro torna-se um dos mais baratos do mundo

É mais do que comum, e há décadas, a percepção pelo consumidor que automóveis custam muito caro no Brasil – e não exatamente sem razão. E até pouco tempo o maior argumento utilizado para defender este ponto de vista era a comparação com outros grandes mercados mundiais: tomando-se por base a cotação de moedas como o dólar e o euro dizia-se que um automóvel popular vendido no Brasil custava o mesmo que um esportivo nos Estados Unidos ou um modelo de luxo na Europa. E os cálculos, de fato, revelavam esta disparidade.

Entretanto, com a recente disparada das cotações destas moedas na correlação com o real, esta relação se inverteu completamente. E assim, respeitando o mesmo raciocínio, o carro brasileiro tornou-se um dos mais baratos do mundo.

A Agência AutoData realizou pesquisa na segunda-feira, 5, tomando por base a cotação das moedas e os preços públicos divulgados pelas montadoras em seus diversos sites internacionais, inclusive os brasileiros, na mesma data. E o resultado foi impressionante.

Um Volkswagen Up!, na sua versão de entrada, a Take Up! duas portas, tem valor sugerido no Brasil de R$ 30 mil 990. Tomando-se por base a cotação da moeda europeia do Banco Central do Brasil no fechamento do mercado, de € 4,30 para R$ 1,00, o valor do modelo é equivalente a € 7 mil 206. O que torna o modelo nacional pelo menos € 1,6 mil mais barato do que em outros países: na Alemanha o mesmo modelo, na mesma versão, custa € 9 mil 975. Na França o valor é de € 10 mil 250 e na Itália € 8,9 mil, por exemplo.

Ainda na gama Volkswagen por aqui um Golf Confortline com motor 1,4 litro TSi e câmbio manual custa aqui R$ 75 mil 790, ou € 17 mil 625. Preço do veículo, em configuração idêntica, na Alemanha: € 22 mil 475.

A comparação é menos favorável com os Estados Unidos, mas ainda assim significativa. Um Ford New Fiesta hatch com motor 1,6 litro Sigma custa no Brasil R$ 55 mil 90, ou US$ 14 mil 125. No país de origem da Ford a mesma versão é vendida a US$ 14 mil 390.

Ainda para o New Fiesta o preço brasileiro equivale, em euro, a € 12 mil 811. Na Alemanha este mesmo modelo custa € 13 mil 355.

Os exemplos se repetem: um Chevrolet Cruze Sedan 1.8 manual custa no País hoje o equivalente a US$ 17 mil 946, enquanto seu preço nos Estados Unidos é de US$ 18 mil 570. No mesmo segmento há comparações em que o preço brasileiro ainda é mais caro, mas minimamente: um Honda Civic 1.8 manual aqui custa atualmente US$ 18 mil 717, ou US$ 227 a mais do que no mercado estadunidense. Para um Toyota Corolla a diferença aumenta para meros US$ 600.

Finalmente, para se comprar um Fiat 500 básico na Itália gasta-se € 13,6 mil: no Brasil o preço do modelo equivale a € 13 mil 232. Nos Estados Unidos a versão de entrada do compacto equivalente à brasileira custa US$ 17 mil 825, enquanto que a conversão, tomando-se a tabela nacional, aponta valor bem menor, US$ 14 mil 589.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, tem repetido constantemente que os preços atuais no Brasil, em dólar, são os mesmos daqueles praticados há vinte anos, na época do advento do carro popular – e sem considerar a inflação registrada neste período, de cerca de 350%: “Voltamos ao patamar defendido pelo ex-presidente Itamar Franco, de oferecer carros zero quilômetro por US$ 7 mil”.

De fato o dirigente está muito próximo de ter razão em seus argumentos: este valor equivale atualmente a R$ 27,3 mil e o preço de tabela do carro nacional mais barato, o Palio Fire 1.0 2P 2016, é de R$ 27 mil 990 – lembrando ainda que desde o início do ano passado todos os veículos vendidos no País oferecem air bag duplo e freios ABS como equipamentos de série, uma utopia em 1994.

Estes valores atuais comprovam que a pura e simples conversão de moedas é referência pobre, mesquinha e insuficiente para definição prática que determine uma relação de caro ou barato para os automóveis 0 KM vendidos no Brasil. Deve-se considerar, dentre outros, o poder de compra da população, o valor do salário mínimo, o impacto dos impostos na composição do preço e muitos outros para uma conclusão minimamente satisfatória. Entretanto a relação cambial, quando desfavorável, é largamente utilizada como único argumento para justificar um aparente sobrepreço dos modelos brasileiros – e, assim, indiretamente apontar a indústria como voraz receptora de lucros astronômicos. A mesma referência, entretanto, é completamente esquecida quando se torna favorável, como no momento atual.

Uma pitada de bom-senso nesta discussão vem de Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC e da Jac Motors do Brasil. Para determinar a relação do custo do veículo no Brasil ele se apoia em outras variáveis além da comparação de preços aqui e em outros mercados: utiliza também os valores cobrados por outros produtos de consumo, desde roupas a revistas, desde que similares comercializadas tanto aqui quanto no Exterior, além do custo do frete em vários países. Assim cria uma correlação e a partir daí, apenas, procura uma conclusão:

“No País carro não é caro quando comparado ao preço cobrado por outros produtos, como eletroeletrônicos ou de vestuário. Portanto, não é o automóvel no Brasil que custa muito: no Brasil tudo custa muito. A mesma lógica da indústria automotiva aqui funciona para a alimentícia, a têxtil, de eletrônicos, logística. Não é que aqui uma montadora ganhe mais ou menos: é como o Brasil funciona”.

 

Para ajustar estoques, produção deverá ser fraca em setembro e outubro

Sem expectativa de melhora no mercado brasileiro de veículos no curto e médio prazo, as montadoras deverão apertar o pé no freio nos próximos meses para reduzir a produção das fábricas. Em entrevista coletiva à imprensa na sexta-feira, 4, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, projetou menor ritmo nas linhas de montagem em setembro e outubro, possivelmente em nível inferior aos 216,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos em agosto.

“As empresas precisam adequar os níveis de estoques. Para isso existem apenas duas alternativas: retorno do mercado ou ajustes na produção. Como a primeira não deverá ocorrer, teremos que usar a segunda.”

Segundo Moan 27,4 mil trabalhadores das montadoras estão em lay off ou férias coletivas, sem contar aqueles que deverão aderir ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego – que estarão nas fábricas, mas em jornada reduzida. “Essa quantidade de pessoas em casa e a adesão de algumas montadoras ao PPE é uma demonstração dos esforços que as empresas vêm fazendo em busca da manutenção dos postos de trabalho.”

O setor fechou agosto com 134,3 mil pessoas contratadas, volume 10% inferior ao do mesmo mês do ano passado e 1% menor do que em julho. Em um ano a indústria demitiu 14,5 mil trabalhadores.

Os 216,5 mil veículos produzidos em agosto representam um recuo de 18,2% com relação ao resultado de igual mês de 2014 e uma queda de 3,5% na comparação com a produção de julho.

No acumulado do ano saíram das linhas de montagem 1,7 milhão de unidades, volume 16,9% inferior à produção do período de janeiro a agosto do ano passado.

Nos últimos doze meses a indústria produziu 2,8 milhões de veículos, 14,2% abaixo do resultado dos doze meses imediatamente anteriores. A Anfavea projeta para 2015 em torno de 2,5 milhões de unidades produzidas, queda de 17% sobre 2014.

Estoques chegam a 52 dias e preocupam

A estabilidade do ritmo diário de vendas ao redor de 10 mil unidades, algo observado já há alguns meses – agosto inclusive –, poderia significar uma relativa boa notícia para a indústria automotiva brasileira: a partir deste padrão, a programação produtiva poderia ser estabelecida com alguma margem de segurança. Mas aparentemente as montadoras se prepararam para um aumento dos negócios no mês passado, algo frustrado e que desembocou no aumento dos estoques, que já haviam fechado julho em nível elevado.

De acordo com números revelados pela Anfavea na sexta-feira, 4, agosto terminou com 358 mil unidades nos pátios: 208 mil nos das revendas e 150 mil nos das fábricas. O volume equivale a 52 dias de vendas pelo ritmo de agosto, dois a mais que julho.

Para Luiz Moan, presidente da associação, o número causa “preocupação” e reflete diretamente o “momento de dificuldade” que atravessa o mercado nacional. Ele confirmou que a associação não vê muita possibilidade de mudança rápida no quadro e assim, portanto, a busca pela redução dos estoques se dará por um enxugamento ainda maior nos volumes produtivos em setembro e outubro.

De qualquer forma ele não deixou de salientar a importância na estabilidade da média diária, mesmo deixando claro que “isso não significa que estejamos satisfeitos [com o volume alcançado]”.

No mês passado os emplacamentos de autoveículos 0 KM chegou a 207 mil 250 unidades, queda de 24% ante as 272,5 mil de agosto de 2014 e de 9% ante julho, de dois dias úteis a mais. O acumulado do ano registra 1 milhão 754 mil unidades, retração de 21,4% ante as 2,2 milhões dos oito primeiros meses de 2014.

O acumulado dos últimos doze meses – setembro 2014 a agosto 2015 – do mercado brasileiro aponta 3 milhões de unidades vendidas, queda de 14,4% ante as 3,5 milhões do intervalo imediatamente anterior.

Anfavea espera dois novos acordos comerciais nas próximas semanas

Se confirmadas as expectativas de Luiz Moan, presidente da Anfavea, divulgadas na coletiva à imprensa de sexta-feira, 4, o Brasil fechará dois novos acordos comerciais bilaterais que deverão gerar aumento de volume de exportações de veículos. Segundo o executivo as negociações do governo com a Colômbia e o Peru estão avançadas e em breve os dois países deverão ampliar suas cotas de importação isentas de imposto, a exemplo do que já ocorreu neste ano com mercados como Argentina, México e Uruguai.

“No máximo em duas semanas deverá ocorrer a última reunião para aprofundar o acordo com a Colômbia e o Peru. O governo começou também a negociar com o Paraguai, que já importa veículos sem impostos, porém tem um grande entrave que é permitir a importação de carros usados.”

Na sexta-feira, 28 de agosto, o MDIC fechou a ampliação do acordo comercial com o Uruguai que, segundo Moan, praticamente dobrou a cota de exportação de veículos isentos de imposto produzidos pelas montadoras brasileiras. Antes o acordo permitia enviar 8,5 mil unidades de 1º de julho de 2015 a 31 de junho de 2016. Agora serão 10 mil unidades até 31 de dezembro deste ano.

O presidente da Anfavea citou ainda a publicação de portaria no Diário Oficial da União de sexta-feira, 4, que facilita a exportação de veículos e máquinas agrícolas para órgãos governamentais no Exterior. A associação negocia também a ampliação do programa Mais Alimentos Internacional, que poderá aumentar as exportações para países da África e Caribe – principalmente de caminhões e máquinas agrícolas.

Esses dois produtos tiveram grande participação no recuo de 15,7% nas exportações de agosto, comparado com o mesmo mês do ano passado, para US$ 847,1 milhões. O valor, porém, representou avanço de 12,3% sobre o resultado de julho. No acumulado do ano as exportações geraram US$ 7,1 bilhões em receita, queda de 10,7% com relação aos primeiros oito meses de 2014.

“A mudança no mix de produtos exportados é responsável pela diferença de valores. Estamos trabalhando para melhorar esse mix.”

Em volumes as exportações cresceram 9,2% no mês passado na comparação anual e 21,9% na mensal, para 34,6 mil veículos. No acumulado do ano a alta nos embarques chegou a 10,5%, somando 260 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus.

Agosto manteve o desânimo nos caminhões

O mês de agosto manteve o desânimo que marca o mercado brasileiro de caminhões em todo 2015. As parcas 5 mil 814 unidades vendidas no mês representaram retração de 46,2% ante as 10,8 mil registradas em agosto de 2014 e de 10,5% na comparação com as 6,5 mil de julho.

Os números foram revelados pela Anfavea na sexta-feira, 4.

No acumulado dos oito primeiros meses do ano foram vendidos no País 49 mil 606 caminhões, retração de 43,5% ante os 87 mil 836 de janeiro a agosto de 2014. Resignado, Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da associação que representa as montadoras, limitou-se a observar que “o índice registrado em agosto foi muito baixo”. Para ele “o momento é bastante difícil e não vemos sinais de mudança nos próximos meses”.

O único segmento que registra volumes positivos no ano é o de semileves, em evolução de 4,5%. Esta, porém, se deve única e exclusivamente ao desempenho da Ford, em evolução de incríveis 16 000%: 1 mil 129 unidades vendidas até agosto ante 7 no mesmo período do ano passado, quando estava fora do segmento. As demais competidoras da faixa, entretanto, amargam retração nos índices.

A maior baixa, entretanto, está na faixa dos pesados, de doídos 60,7%: os 31 mil 463 vendidos até agosto no ano passado se transformaram em somente 12 mil 367 no mesmo intervalo deste 2015.

Um mínimo alento veio das exportações, que na soma dos oito primeiros meses do ano cresceram 9,6%, para 13,5 mil ante 12,3 mil há um ano. Mas em agosto, especificamente, as 1,5 unidades embarcadas representaram queda de 9,8% no comparativo anual e de 16,6% no mensal.

Os números, naturalmente, impactaram a produção de caminhões: até agosto a baixa é de 46,7%, com 53,4 mil ante 100,3 mil há um ano. Agosto não conseguiu melhorar os índices do ano: com 5 mil 80 unidades deixando as fábricas, viu resultado 57,6% menor do que aquele registrado no mesmo mês do ano passado, 12 mil, e 24,2% abaixo daquele de julho, 6,7 mil.