Caracoles!

Uma das mais belas cadeias de montanhas do mundo, a Cordilheira dos Andes é por sua própria natureza um enorme desafio para os que pretendem atravessá-la. Operadores logísticos, transportadoras e caminhoneiros enfrentam diariamente este colosso sul-americano com suas cargas.

Um dos trechos mais fantásticos das rodovias que cruzam a Cordilheira é aquele denominado Los Caracoles, em território chileno, logo após a fronteira com a Argentina. O trecho corresponde a uma elevação de impressionantes 3,2 mil metros, e para tornar possível percorrer a montanha a estrada foi construída de forma bem sinuosa, com inúmeras curvas extremamente fechadas, em U.

Dadas as circunstâncias do traçado o trecho acumula altos índices de acidentes e mortes, especialmente com caminhões – parece mesmo tarefa dificílima domar dezenas de toneladas por curvas tão pronunciadas, em especial na descida. Para Manuel Manrique, entretanto, a principal causa é a imprudência: “Os motoristas confiam em excesso nos seus equipamentos”, opina com a experiência de quem enfrenta os Caracoles desde 1978 – ele trabalha para a RRCia Internacional e participou de uma série de documentários produzida pela Volvo.

Manrique dirige para a RRCia no transporte frutas de e para vários países da América do Sul. A empresa foi fundada em 1981 em Santiago, capital do Chile, e tem nos Caracoles uma de suas principais rotas – faz Santiago a Buenos Aires e também a Mar del Plata, ambas na Argentina.

A empresa possui frota de 100 caminhões Volvo, a maioria do modelo FH equipado com motores com potências de 540 cv, 500 cv e 460 cv. Além de frutas, em especial banana e kiwi, transporta para cima e para baixo – na concepção mais prática possível desta expressão – também produtos de saúde, higiene e limpeza, e gêneros alimentícios.

Raúl Clavero, diretor geral da transportadora, esteve no Brasil nesta semana para participar de um seminário promovido pela fabricante, em que debateu-se a conectividade em veículos de transporte. O dirigente é fã das possibilidades que a tecnologia pode proporcionar para melhoria da produtividade e da segurança: “Nosso objetivo é melhorar os padrões do transporte rodoviário internacional por meio da capacitação constante dos nossos motoristas e da utilização de novas tecnologias”.

A RRCia utiliza em seus caminhões sistema de gerenciamento de frota oferecido pela própria Volvo, denominado Dynafleet, que oferece via internet rastreamento de quase tudo que acontece no veículo, permitindo melhores níveis de consumo de combustível, controle do tempo e desgaste de componentes. Mas Clavero claramente acha isso pouco, bem pouco – e sonha com tempos melhores, mais modernos e seguros para o transporte rodoviário.

“Fazemos cerca de 1,7 mil viagens pelos Caracoles anualmente. Um motorista experiente como o Manuel Manrique conhece cada curva, cada metro daquele trecho. Mas como fica um motorista novato? Mesmo os mais modernos sistemas de rastreamento de pista ainda não têm a sensibilidade do ser humano, do profissional experiente, que sabe exatamente qual ponto é o melhor para começar a frear, a velocidade ideal para subir, para descer, onde abrir a curva… se pudéssemos de alguma forma recolher estes dados e jogá-los em uma nuvem, outros motoristas, mesmo de transportadoras concorrentes ou autônomos, poderiam ter acesso a eles e baixa-los para seus veículos, o que sem dúvida tornaria a circulação ali mais segura para eles e para todos os demais.”

Pode parecer utópico, mas a realidade é que o sonho do dirigente da transportadora não parece de fato tão distante. Alguns dos próprios caminhões da RRCia são equipados com um sistema oferecido pela Volvo, chamado I-See, que coleta dados de topografia da estrada para, em viagens futuras naquele mesmo trecho, gerenciar de forma mais eficiente a aceleração, as trocas de marcha e o uso do freio motor.

Quando o sistema reconhece que o caminhão se aproxima de uma subida, por exemplo, acelera automaticamente o veículo próximo ao limite máximo de velocidade estabelecido pelo motorista para manter o embalo, permitindo uso de marcha mais alta durante mais tempo. E ao aproximar-se do topo de um aclive o I-See evita redução de marcha desnecessária – ele pode até colocar a caixa de marchas na posição Neutro Assistido, permitindo ao veículo rolar livre, aproveitando para ganhar embalo com a topografia. Como o sistema sabe quando começa e quando termina o declive, aciona e libera o freio motor no momento ideal.

Mas esta interessante tecnologia é aplicada hoje apenas para reduzir o consumo de óleo diesel – algo que a montadora estima em até 3%. A hipótese de um aperfeiçoamento em sua lógica de atividade e sua união com outros sistemas do caminhão, que já estão conectados à internet e monitoram pedais, volante e outros, assim, fazem com que a idéia de Clavero não pareça mais um salto tão gigantesco quanto à primeira vista possamos imaginar.

Até lá, de qualquer forma, a melhor forma de enfrentar os Caracoles ainda é utilizar a receita de Manrique: prudência, muita prudência. “Como dizia meu pai, a Cordilheira dos Andes estará sempre no mesmo lugar: se você a desrespeitar ela continuará aqui, mas você não”

Assista ao vídeo de Manrique atravessando os Caracoles, produzido pela Volvo, clicando aqui: http://tinyurl.com/videovolvo.

 

 

Onix é o campeão de vendas em agosto

Agosto será apenas o segundo mês em 2015 em que o Palio não será o líder de vendas por modelo no País. Em março o hatch foi derrubado por um outro Fiat – e seu derivado –, a Strada, mas neste mês a vitória caberá a um concorrente direto: o Onix.

Até a quinta-feira, 27, o modelo da Chevrolet acumula quase 9,9 mil emplacamentos, de acordo com índices da Fenabrave baseados no Renavam. Ainda que restem dois dias úteis para o fechamento definitivo do mês, a sexta-feira, 28, e a segunda-feira, 31, a vantagem atual do Onix é mais do que suficiente para dar-lhe a vitória mensal com tranquilidade: o segundo colocado, justamente o Palio, acumula 8,3 mil licenciamentos no mesmo período.

Fecha o pódio do período a Fiat Strada, com 8,2 mil emplacamentos. Assim o top-3, faltando dois dias úteis para a totalização de agosto, é formado justamente pelos modelos que conseguiram liderar o mercado em pelo menos um mês deste ano.

A posição da Strada, entretanto, é ameaçada pelo Hyundai HB20, mantendo sua constância na parte de cima da lista dos mais vendidos com muita competência: 8 mil emplacamentos, de acordo com os dados do Renavam, na quarta posição.

Os quatro líderes abriram distância para o restante do pelotão. O grupo dos cinco primeiros do período se completa com o Ford Ka, 6,1 mil. Um até surpreendente Renault Sandero, com 5,9 mil, ocupa a sexta posição, seguido pelo Fiat Uno, com 5,6 mil em sétimo.

O primeiro Volkswagen da lista, apenas na oitava colocação, é o Gol, com 5,2 mil. Ao menos é acompanhado de outro modelo da marca em nono, o Fox, também com cerca de 5,2 mil, enquanto o sempre impressionante Corolla fecha os dez primeiros com 5,1 mil – mantendo sua condição de sedã mais vendido do País, superando inclusive os compactos da categoria.

Mais uma vez com excelente desempenho aparece o Honda HR-V, em décimo-segundo, com 4,7 mil emplacamentos no período – entre ele e o Corolla está o Up! em décimo-primeiro com 4,9 mil. Assim mais uma vez o modelo vence uma batalha com o Jeep Renegade, que já vê a meta FCA de liderar o segmento de SUVs compactos em 2015 como missão impossível: é o décimo-sétimo de agosto com 4 mil licenciamentos, ainda assim uma boa marca.

Dentro do segmento a dupla segue à frente dos tradicionais Ford EcoSport e Renault Duster, os dois bem próximos mas muito distantes da nova concorrência, com cerca de 2,6 mil emplacamentos cada.

Destaque ainda para uma repetição de embate apertado por três sedãs compactos: Siena, Prisma e HB20S aparecem bem na sequência, da décima-terceira à décima-quinta posições, com 4,5 mil para o Fiat, 4,3 mil para o Chevrolet e 4 mil o Hyundai.

Nas picapes médias a Toyota Hilux novamente supera a Chevrolet S10 em um período mensal: até agora, 2,4 mil a 1,5 mil.

Paraná: momento é de unir esforços.

Cerca de uma centena de executivos da indústria automotiva, incluindo representantes de montadoras, fornecedores e outros elos da cadeia, se reuniu na quinta-feira, 27, para discutir os desafios e as oportunidades para o setor no Estado do Paraná nos próximos anos.

O 1º. Fórum Automotivo Regional do Paraná, realizado pela AutoData Editora no Centro de eventos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, a FIEP, em Curitiba, PR, os palestrantes foram unânimes em apontar os investimentos no aumento da competitividade, da competência técnica e da capacidade de inovação como principais  ferramentas para que as empresas do setor enfrentem o período de desafios impostos pelo atual cenário econômico brasileiro e se preparem para uma retomada do crescimento – que a grande maioria projeta para o médio prazo.

Primeira palestrante do Fórum, a gerente dos Observatórios do Sesi, Senai e Instituto Evaldo Lodi, IEL, Marília de Souza, ressaltou a importância do setor automotivo para a indústria paranaense, em que fabricantes de veículos e autopeças, juntos, ocupam a segunda posição na geração de PIB industrial no Estado, representando 18% do total. 

Grande responsável pela mudança de perfil do Paraná, tradicionalmente agrícola, o setor automotivo é hoje o terceiro principal gerador de empregos industriais ali. Em 1990 o Estado era responsável por 0,5% da produção de veículos no Brasil, índice que atualmente cresceu para 11%.

Para Souza, “o setor automotivo elevou o Estado para um patamar de desenvolvimento que dificilmente seria alcançado dentro de seu perfil tradicional de produção”.

Embora de 2014 para 2015 o setor automotivo tenha registrado redução de 7,8 mil postos de trabalho no Paraná, caindo de 46 mil vagas ocupadas em 2013 para cerca de 39 mil hoje, a expectativa é de recuperação. Também segundo informações dos Observatórios, o segmento automotivo, incluindo autopeças, responde por quase 10% dos R$ 60 bilhões em intenções de investimento no Paraná, para o período 2011-2023. 

A exportação foi caminho defendido por Antonio Megale, primeiro vice-presidente da Anfavea, também palestrante do evento, como chave para a expansão do setor. Para ele o grande aumento do consumo interno de veículos nos últimos anos fez com que os fabricantes – que já chegaram a exportar 40% de sua produção – esquecessem o mercado externo.

“Mas, para que a  exportação seja viável, o principal desafio de nossa indústria é investir em avanços tecnológicos que nos permitam fabricar um produto mundial”, afirmou em sua apresentação. Para o dirigente, a eficiência energética dos veículos é um dos aspectos mais importantes para garantir essa competitividade. “Felizmente o Brasil registra avanços sólidos nessa área, em grande parte impulsionados pelo programa Inovar-Auto.”

Outros três palestrantes, Volker German, diretor de produção da Volkswagen/Audi, Carlos Morassuti, VP de assuntos corporativos da Volvo do Brasil, e Carlos Henrique Ferreira, diretor de comunicação da Renault do Brasil, concordaram que o momento é de unir esforços. Os representantes das três montadoras citaram programas internos de redução de custos em que os próprios colaboradores propõem ideias para aumentar a eficiência das fábricas.

“Momentos de incerteza econômica como o que vivemos hoje não podem nos paralisar”, reforçou Christian Murayama, sócio diretor da KPMG e também participante do evento. “As empresas precisam continuar investindo em ganhar eficiência e ajudar sua cadeia de fornecimento a ser cada vez mais eficiente.”

 

Mercedes reabre negociações com sindicato

Na quinta-feira, 27, quarto dia de greve na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, SP, a montadora fez um movimento que pode mudar o destino dos 1,5 mil trabalhadores que seriam demitidos a partir de 1º de setembro: convocou o sindicato para uma nova rodada de negociações.

Um dia antes cerca de 10 mil trabalhadores, de acordo com o sindicato, saíram às ruas do ABC para protestar contra as demissões e pedir à M-B uma possível adesão ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego. O plano permite redução de até 30% na produção com diminuição equivalente no salário, mas até metade desse valor poderá ser bancado pelo FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Em comunicado a Mercedes-Benz destaca que é a favor da adoção do PPE, mas medidas adicionais de contenção de custos, como a reposição parcial da inflação nos salários no ano que vem, seriam necessárias. “Só assim a empresa poderá continuar a gerenciar o excesso de pessoas na fábrica gerado pela ociosidade, que hoje é de 50% diante da forte crise econômica no País”.

Uma proposta com parte do que a M-B sugere foi recusada pelos trabalhadores da fábrica no começo de julho. Na semana passada os executivos da companhia apresentaram a mesma proposta ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que sequer levou à assembleia por não ter sido aceita pelos trabalhadores há pouco mais de um mês.

Desta vez, entretanto, a expectativa é que a empresa apresente proposta diferente. No comunicado a M-B destacou que está disposta a “encontrar solução junto com o sindicato para garantir a estabilidade do emprego aos funcionários por um ano na fábrica”, mas que isso só poderá ocorrer “com sacrifício mútuo, de ambas as partes – empresa e colaboradores”.

A primeira reunião, que durou seis horas, terminou sem avanços, de acordo com informações do sindicato. Uma nova rodada de negociações foi agendada para a tarde de sexta-feira, 28.

Indian confirma entrada no mercado brasileiro

A Indian Motorcycle confirmou na quinta-feira, 27, por meio de comunicado, sua entrada no mercado brasileiro. A marca será lançada oficialmente no País durante o Salão das Duas Rodas, no início de outubro, em São Paulo.

A marca é histórica e carrega legado semelhante ao da também estadunidense Harley-Davidson: foi fundada no início do século passado. Viveu certo ostracismo e viu sua produção ser interrompida várias vezes, em especial dos anos 70 ao início deste século. Voltou de verdade às atividades após sua aquisição pelo Grupo Polaris, em 2011.

No Brasil serão comercializados os modelos Indian Scout, Chief Classic, Chief Vintage, Chieftain e Roadmaster.

A rede de concessionárias será iniciada com lojas em quatro capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, RJ, Belo Horizonte, MG, e Florianópolis, SC. De acordo com a empresa serão lojas exclusivas com showroom e oficinas completos. “Novos pontos de venda serão anunciados em 2016 nas demais regiões do País”, afirmou a Indian no comunicado.

A fabricante também já possui site no País: o www.indianmotorcyclebrasil.com.br.

 

Sobrevivendo em situações difíceis

Não há nenhuma dúvida sobre os efeitos dramaticamente negativos da aguda crise de demanda que o setor automotivo enfrenta há mais de um ano. Só para recordar:

  • Nos veículos leves a queda de produção no período de janeiro a julho é de 16,5% comparativamente ao mesmo intervalo de 2014. O que significa 280 mil unidades a menos, ou seja: tivemos 6 meses de produção em um período de 7 meses, levando em conta o desempenho do ano passado – que já apresentara queda de 17% ante 2013. Assim, em dois anos as montadoras deixaram de produzir cerca de 637 mil unidades;
  • nos caminhões e ônibus até julho foram montados perto de 64 mil veículos, baixa de 42% na comparação anual. Em 2014 a redução da produção ante 2013 não chegou a 1%, mas de todo modo em dois anos a queda chegou a 42,5%, ou 47 mil unidades. A maior retração se deu nos caminhões pesados – veículos de maior valor agregado –, cerca de 60% em 2015 ante 2014;
  • em máquinas agrícolas a produção de 35,6 mil unidades representa queda de 27,7%, também a segunda consecutiva em dois anos – em 2014 foi próxima de 15% ante 2013. As colheitadeiras tiveram baixa mais acentuada, de 43% em 2015 e de 19% em 2014, acumulando variação negativa de quase 54% em dois anos, ou 2,8 mil unidades a menos;
  • nas motos a diminuição de 12% na produção significa aproximadamente 109 mil unidades a menos que 2014, enquanto que em dois anos a queda no volume produzido é de 16,2%.

A projeção para os próximos doze meses é a de que um possível aumento da demanda será tímido e lento. Por essa razão toda a cadeia do setor precisa tomar atitudes fortes para mitigar o efeito danoso nos resultados provocados por essa nova realidade no nível de negócios.

Recentemente, como resultado da ação conjunta de várias associações do setor automotivo, o Governo Federal anunciou mais uma medida – a anterior foi o PPE, Programa de Proteção ao Emprego, e abriu o acesso de empresas a empréstimos e financiamentos junto à Caixa e Banco do Brasil. Mas do anúncio da intenção à chegada do recurso à empresa tomadora o caminho é longo, portanto o alívio não será imediato.

A atitude de oferecer os recursos financeiros via Caixa e BB gerou opiniões antagônicas na mídia e por consequência na sociedade, mas é insensato não admitir a grave crise que atinge o setor automotivo. É necessária, sim, ajuda às empresas participantes da cadeia. Não resta dúvida.

Há, por outro lado, grave situação estrutural no segmento de autopeças, principalmente nas empresas de capital nacional Tier 2 e 3, a exigir muito mais atenção na gestão e utilização de melhores práticas.

Acredito que a situação frágil da cadeia de fornecedores do setor irá gerar, no médio prazo, oportunidades de aquisições e fusões, o que resultará em empresas mais sadias e competitivas. Mas não agora: neste momento é preciso formular planos alternativos de negócio e a atenção deve estar no curto prazo.

E é na área financeira onde está a possibilidade de obter dados e informações preciosas, dando mais sustentação ao processo de decisão e evitando uso de ‘achismos’.

Essa é uma lista de pontos de investigação, coleta de dados e formulação de ações:

a)     Atual estrutura de capital do negócio; fontes de financiamento bancário; vencimentos e custos. Dá para renegociar algo? Que propostas seriam encaminhadas aos credores? Quando? Estabeleça um cronograma para ação imediata;

b)    fluxo de caixa: estudar em profundidade a geração de caixa assim como os gastos e investimentos, buscando estabelecer equilíbrio e assim diminuir ou eliminar as necessidades de tomada de recursos no mercado;

c)     condições de pagamento a fornecedores de bens e serviços. Quais são elas, individualmente? Defina um novo parâmetro para negociação e estabeleça um cronograma de consultas e encontros com os parceiros;

d)    preços de venda praticados: discutir com a área comercial oportunidades para elevação de preços onde possível; avalie a rentabilidade por cliente/produto. Faria sentido descontinuar a comercialização de alguma linha de produto não suficientemente rentável? Encaminhar solicitação de reajuste de preços aos clientes nos casos mais críticos de lucratividade, mas fundamentados com a estrutura e evolução dos custos;

e)     prazos de recebimento: Quais são, hoje, por cliente? Em conjunto com a área comercial avaliar mudanças para diminuir o prazo de recebimento definindo cronograma de ação;

f)      custos fixos: estudar com todas as áreas da organização a diminuição dos custos fixos. Isso não inclui somente o quadro de pessoal, mas também as despesas associadas a prestadores de serviços, onde aplicável. Uma vez que as ações são definidas convém estabelecer esquema para monitorar o progresso em cada uma delas comparativamente à meta estabelecida;

g)     investimentos de capital: máquinas, equipamentos. É preciso avaliar com cuidado quais podem ser adiados e da lista final escolher as prioridades levando em conta o retorno esperado. É importante também estudar as fontes de financiamento mais atrativas, caso haja necessidade de tomada de recursos de terceiros;

h)    oportunidades de exportação: dar suporte e ajuda à área comercial para avalia-las, levando em conta o novo nível de taxa de câmbio; e os custos internos de produção, além das despesas com logística e custos dos insumos;

i)       oportunidade para trocar itens comprados no Exterior por nacionais: com a evolução da taxa de câmbio nos últimos dez meses quanto está custando o insumo importado versus os preços oferecidos por fabricantes nacionais? Em quanto tempo seria possível mudar a fonte de suprimento?

Em muitas das empresas do setor automotivo a situação exige atenção absoluta na sobrevivência do negócio, mas não nos esqueçamos de que outras iniciativas terão de ser tomadas mais adiante, principalmente no jeito de fazer a gestão dos negócios, para que as companhias estejam mais bem estruturadas – e ganhando dinheiro.

Abimaq: queda de 7% no faturamento.

O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos caiu 7% no acumulado de janeiro a julho, comparado com os primeiros sete meses de 2014, segundo dados divulgados pela Abimaq na quarta-feira, 26. As empresas associadas faturaram R$ 50,7 bilhões no período.

Em julho, quando a receita alcançou R$ 7 bilhões, a queda foi de 0,2% na comparação com junho e de 7,7% com relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo a Abimaq esse resultado poderia ser pior, uma vez que a elevação do dólar aumentou o valor faturado com as exportações.

À Agência Brasil o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, afirmou que a tendência do mercado interno observada nos últimos meses, aliada às exportações fracas, indicam que o setor terá novamente retração este ano. “Estimamos queda superior à do ano passado. Será a terceira consecutiva: em 2013 o faturamento caiu 5% e em 2014, 12%”.

As exportações acumulam queda de 18,7% no ano, apesar da desvalorização do real que aumenta a atratividade do produto brasileiro no Exterior. Segundo Pastoriza o câmbio começou a desvalorizar em março com relação a outras moedas – o dólar, isoladamente, só melhora a competitividade diante de produtos estadunidenses – e é preciso mais tempo para que se note um estímulo nos resultados.

“A competitividade da indústria brasileira ficou mais relevante de março para cá. É um período curto para que a gente sinta o reflexo. Ele poderá vir no fim deste ano ou no ano que vem, que é o tempo de retomar contratos, se continuar a defasagem na taxa de câmbio”.

O dólar, porém, já mexeu com as importações, em queda de 18,7% no acumulado de janeiro a julho, com relação a igual período de 2014, e também com o déficit na balança comercial brasileira do setor, que fechou o período em US$ 7,4 bilhões, valor 18,6% inferior ao dos primeiros sete meses de 2014.

Continental Pneus e lubrificantes Mobil firmam parceria

A rede de revendedores Continental Pneus poderá oferecer sistema de troca de óleo Mobil em suas instalações. Um acordo da companhia com a fornecedora de lubrificantes permitirá uma série de benefícios aos lojistas credenciados da fabricante de pneus, o que poderá ampliar o fluxo de pessoas nas lojas e, por consequência, seu faturamento.

Pelo acordo as revendedoras da marca poderão adotar o sistema Troca Inteligente Mobil, que armazena o lubrificante em tanques e permite colocar o produto diretamente no cárter do veículo, dispensando embalagens plástica e desperdício do óleo. A expectativa é que, com isso, as revendedoras de pneus consigam atrair mais gente.

“As revendas da marca são muito procuradas por consumidores para outros serviços”, afirma Renato Sarzano, diretor superintendente da Continental Pneus, em comunicado divulgado pela empresa.

A troca de óleo é o principal item lembrado pelos consumidores quando se fala em manutenção de veiculo, de acordo com levantamento da companhia. As visitas às lojas também são frequentes: em média a cada cinco mil quilômetros o consumidor faz a substituição do lubrificante. E o tempo médio de permanência na loja também é curto – trinta minutos em 85% dos casos.

Aliados, todos esses fatores geram mais atendimentos e aumento da carteira de clientes, de acordo com a companhia.

“Optamos por trabalhar em conjunto com a Mobil porque é uma empresa que, assim como nós, se preocupa em ofertar produtos de alto valor agregado que envolve tecnologia de ponta, sempre com respeito ao meio ambiente. Também possui boa adesão e preferência na nossa rede de revendedores”, completou Sarzano.

Metalúrgicos da M-B vão às ruas contra as demissões

Trabalhadores da Mercedes-Benz e de outras empresas representadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC participaram na manhã de quarta-feira, 26, da Marcha Contra as Demissões, em protesto aos 1,5 mil cortes que a montadora fará na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, a partir de 1º de setembro.

A intenção, segundo informou o sindicato em comunicado, é demover a empresa da ideia de demitir esses funcionários e voltar a negociar uma possível adesão ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego. Não à toa o trajeto escolhido teve como destino a Rassini, fabricante de autopeças da região que foi a primeira a aderir ao plano criado pelo governo federal em julho.

“O acordo na Rassini é um exemplo para todas as empresas e trabalhadores do Brasil”, afirmou Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, Central Única dos Trabalhadores, em nota. “A empresa sofreu queda de produção, mas buscou o diálogo e alternativas para proteger o emprego com dignidade. O PPE é uma alternativa na Mercedes-Benz”.

Nas contas do sindicato mais de 10 mil trabalhadores participaram da marcha, que saiu da portaria central da fábrica da M-B. Desde segunda-feira, 24, os trabalhadores estão em greve na unidade, em protesto contra as demissões, que começaram a ser anunciadas na semana passada por meio de telegramas aos metalúrgicos que estavam em casa, ainda em licença remunerada.

O sindicato alega que as demissões na M-B poderão gerar mais desemprego à região. “Será uma tragédia para a cadeia produtiva e para a sociedade. Para cada demitido aqui, quatro trabalhadores também perdem o emprego”, lembrou o vice-presidente da entidade, Aroaldo Oliveira da Silva. “Nós não vamos permitir”.

A Mercedes-Benz alega que tem excedente de dois mil trabalhadores na fábrica de São Bernardo do Campo e a simples adesão ao PPE não seria suficiente para resolver os problemas de competitividade da unidade. Em junho a companhia ofereceu um acordo que misturava PPE, congelamento de salário e PDVs, dentre outras medidas, mas os trabalhadores recusaram em assembleia.

Sem acordo – Em Taubaté, SP, os 5 mil trabalhadores da fábrica da Volkswagen que produz Gol, Voyage e up! mantiveram a greve – que já dura mais de uma semana – após uma reunião conciliatória de representantes da companhia e do sindicato dos metalúrgicos local no TRT, Tribunal Regional do Trabalho, de Campinas, SP, terminar sem acordo na terça-feira, 25. Nova audiência foi agendada para a segunda-feira, 31.

Segundo o sindicato a Volkswagen desrespeitou acordo firmado em 2012, com validade até 2017, de garantia de emprego na fábrica ao demitir cerca de 50 trabalhadores. Eles pediram readmissão do pessoal.

A companhia, ainda segundo a entidade, alegou que acumula retração nas vendas nos primeiros sete meses do ano e as medidas de flexibilidade adotadas, como férias coletivas e banco de horas, foram insuficientes para adequar a produção à demanda e equilibrar financeiramente a fábrica de Taubaté.

A greve que começou na segunda-feira, 17, continuará enquanto o impasse não for resolvido, informou o presidente do sindicato, Hernani Lobato, em comunicado: “Agradecemos aos trabalhadores e ex-trabalhadores que aderiram à greve e contamos com o apoio de todos para sairmos vitoriosos nessa luta”.

Inadimplência em veículos fecha novamente em 3,9%

Pelo oitavo mês consecutivo os atrasos superiores a noventa dias nos pagamentos de financiamentos de veículos por pessoas físicas fecharam em 3,9%, sem alteração para cima ou para baixo. Os dados foram divulgados pelo Banco Central do Brasil na manhã de quarta-feira, 26.

A última vez que o índice apresentou modificação com relação ao mês anterior foi em dezembro do ano passado, quando recuou dos 4,1% registrados em novembro para 3,9%. Desde esse episódio permanece estacionado nos 3,9% – em 2015, de janeiro a julho, não apresentou outra porcentagem.

Comparado com julho do ano passado, quando a inadimplência para aquisição de veículos somava 4,8%, o índice caiu 0,9 ponto porcentual.

A inadimplência não registra alteração positiva desde maio do ano passado, quando os atrasos nos pagamentos subiram de 4,9% para 5%.

Segundo o Banco Central, em julho a inadimplência registrada em todas as modalidades de crédito do sistema financeiro superiores a noventa dias correspondeu a 3% da carteira, uma alteração de 0,1 ponto porcentual para cima com relação a junho.

O nível de atraso nos crédito às famílias subiu 0,2 ponto porcentual no período, para 3,8%. As operações com empresas sofreram variação positiva de 0,1 ponto porcentual, alcançando 2,4% do total da carteira.