A Bosch prevê queda de 5% nos negócios com a indústria automotiva no País este ano. A previsão é de Besaliel Botelho, presidente para América Latina. “O Brasil está passando por um período de ajuste fiscal, que culmina em aumento de custos, alta do desemprego e uma consequente suspensão das compras.”
A retração só não deve ser maior por conta do aumento das vendas na área de reposição: “Como estão adiando a aquisição de veículos novos, os consumidores tendem a realizar mais reparos. Esperamos que essa área cresça 5% neste ano”. As vendas para OEM, de acordo com o executivo, devem recuar cerca de 5% em 2015.
Botelho revelou que a Bosch investirá R$ 100 milhões na região neste ano, a maior parte no Brasil. “Vamos modernizar as linhas de produção em busca de mais produtividade, além de investir em pesquisa e desenvolvimento que é a base do nosso negócio”.
A indústria automotiva, entretanto, será exceção nos resultados da empresa em 2015. No faturamento geral para a América Latina – onde o País representa 85% dos negócios –, a Bosch prevê alta de 2% a 4% no faturamento neste ano. “É difícil fazer um voo com baixa visibilidade, mas estamos operando por instrumentos.”
Os outros segmentos da Bosch na região incluem bens de consumo, energia, industrial, mineração, óleo e gás, construção sustentável e farmacêutica.
Diante dos resultados negativos em 2014 e da previsão de mais um ano repleto de desafios em 2015, o presidente prefere pensar no longo prazo e faz planos para a região: “Pretendemos dobrar o faturamento da região até 2020”.
No ano passado os países que compõem a região faturaram R$ 4,9 bilhões, volume 4% inferior ao apurado em 2013. Segundo Botelho, o Brasil teve “um desempenho decepcionante” – o executivo acrescenta que “a Bosch perdeu dinheiro na região, cenário que deve se repetir neste ano”.
Para alcançar objetivo de faturar R$ 10 bilhões na América Latina em 2020 a tendência é de redução da dependência do setor automotivo – no ano passado as vendas para o mercado de veículos representaram 68% da receita na região.
“Queremos trabalhar com equilíbrio e equalizar em 50% do faturamento proveniente do mercado automotivo e 50% de outros segmentos.”
Botelho, no entanto, afirmou que isso não significa que a área automotiva perderá relevância na empresa. “A ideia é que as outras áreas cresçam em um ritmo mais acelerado, mas jamais deixaremos de apostar no segmento automotivo, que tem dezenas de oportunidades.”
Ele acrescenta: “A América Latina tem uma população de 450 milhões de pessoas e tem mercados pouco explorados, como Peru, Equador e até mesmo Cuba. Vamos expandir as atividades que já temos no Brasil para essas localidades”.
Botelho argumenta que a Bosch não quer ser “apenas fornecedora de partes: queremos desenvolver conjuntos de soluções que beneficiem as indústrias onde atuamos”. Um exemplo: no setor farmacêutico, onde atualmente a empresa fornece embalagens, a ideia é ampliar a atuação para projetos completos de instalações industriais, desenvolvendo as máquinas de envase, gerenciando a energia da planta e tornando a operação simples para o cliente.
“Temos todas as possibilidades em nosso portfólio e precisamos apenas integrar as partes. Já montamos uma equipe no Brasil para atuar nessa área.”
Enquanto 2020 não chega e os novos projetos seguem em estudo – são cerca de duzentos em andamento apenas na região, segundo Botelho – a Bosch anunciou os resultados de 2014 e as projeções para este ano durante evento realizado em São Paulo na quarta-feira, 6.
Globalmente a companhia faturou € 49 bilhões em 2014, montante 6,3% maior do que o apurado em 2013. A Ásia, puxada pela China, foi a principal origem da alta.
Para este ano a companhia espera um crescimento global de 3% a 5%, impulsionado por aquisições, como a totalidade da joint venture que a empresa mantinha meio a meio com a ZF na ZF Lenksysteme, ZFLS, que produz sistemas de direção para veículos leves e comerciais em todo o mundo.