Brasil é o segundo destino dos investimentos externos automotivos da China

São Paulo – O Brasil é o segundo destino dos investimentos externos da China na indústria automotiva global. Com três fábricas instaladas, as mais recentes da GWM em Iracemápolis, SP, e da BYD em Camaçari, BA, e a terceira a da Chery em Jacareí, SP, que não está em operação, o País fica atrás apenas da Tailândia, que tem quatro unidades e capacidade produtiva de 350 mil veículos/ano.

A capacidade local será de 250 mil/ano, considerando as projeções da BYD e da GWM. Os dados foram apresentados por Cláudia Trevisan, diretora executiva do Conselho Empresarial Brasil-China, durante o primeiro dia do 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana. De acordo com ela desde 2016 a China investe mais no Exterior do que recebe investimentos, e a América Latina é uma região muito atraente, indo além do setor automotivo:

“Hoje a China é o terceiro maior investidor estrangeiro do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Japão. Na América Latina o Brasil é o principal destino dos aportes chineses, sendo o quarto principal destino global e, atualmente, das 27 unidades federativas, 23 têm pelo menos uma operação industrial chinesa, considerando outros segmentos além do automotivo”.

Trevisan disse que esses investimentos externos mostram que a China não quer ser apenas uma exportadora de veículos para o mundo: ela pretende se posicionar em regiões estratégicas para atender parte da demanda com suas fábricas no Exterior.

É o caso de BYD e GWM, que já divulgaram a intenção de usar suas operações no País para abastecer outros mercados da região, além de outras marcas que têm interesse em investir no País, como a GAC.

Enquanto isso a China segue avançando com suas exportações: assumiu a primeira posição do ranking global de exportação de veículos em 2024, sendo que em 2016 o país ocupava a sexta posição. No ano passado exportou 5,7 milhões de veículos:

“Em 2024 o Brasil foi o quarto principal destino dos veículos produzidos na China, recebendo quase 200 mil unidades, a maior parte de modelos eletrificados. A Rússia recebeu 700 mil unidades, a maioria de veículos a combustão, e ficou na primeira posição, em segundo lugar ficou o México com mais de 300 mil unidades e os Emirados Árabes Unidos receberam pouco mais de 200 mil unidades e ficaram na terceira posição”.

Cláudia Trevisan também apresentou o gráfico de exportação apenas de veículos eletrificados produzidos na China, mas com o recorte de janeiro a agosto do ano passado, e o Brasil foi o segundo principal destino, com quase 140 mil unidades. Em primeiro lugar ficou a Bélgica, que recebeu cerca de 170 mil, e  o Reino Unido aparece na terceira posição com pouco mais de 80 mil.

Brasil, Argentina e México debatem maneiras de ampliar relações automotivas

São Paulo – A largada do 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, realizado por AutoData, de 12 a 14 de agosto, deu a tônica do evento: o debate em torno de formas de ampliar as relações comerciais nos países da região.   

O primeiro painel reuniu Martín Zuppi, presidente da Adefa, que representa as montadoras da Argentina, Andrea Serra, diretora tributária e de comércio exterior da Anfavea, e Adriana Ramírez, gerente de estudos econômicos da Amia, que congrega as fabricantes do México.

Pontos de vista partilhados foram a necessidade de fortalecimento das relações pelos três países e de haver regras claras para equalizar a competitividade com outros países, a exemplo dos asiáticos, principalmente os chineses.

“Temos de trabalhar em conjunto”, assinalou Zuppi. “É preciso equiparar-nos a outros mercados, porque se não ficamos em condições inferiores. Com uma carga tributária que nos permita estar à altura de outros países da região, como Brasil e México e, desta forma, igualar condições e fortalecer o intercâmbio comercial.”

O presidente da Adefa ressaltou ainda que qualquer problema que o Brasil, como grande cliente e provedor da Argentina, enfrente, a exemplo do tarifaço de Donald Trump, eles são diretamente afetados. Por isto a preocupação de que ambos cresçam juntos e incluam o México nesta equação. 

A diferença primordial dos três é que, enquanto os países vizinhos têm 50% da capacidade instalada utilizada, com projeções de mercado de 2,7 milhões, no caso do Brasil, e de 600 mil veículos, da Argentina, no México este porcentual vai a 92%, uma vez que a maioria dos veículos produzidos localmente são exportados – de 5 milhões apenas 833 mil foram comercializados internamente de janeiro a julho, sendo 532 mil importados. 

Ramírez apontou que os principais parceiros comerciais do México hoje são Estados Unidos, Canadá e Alemanha, seguidos por Brasil e Colômbia. Apesar de países da região não ocuparem o pódio, que domina 92% das exportações, ela afirmou esperar que seja possível “incrementar a cifra de países vizinhos para ampliar a integração na América Latina”.

Serra exaltou a urgência de serem identificadas formas de reduzir custos para a exportação e tornar a indústria automotiva mais competitiva, até para ampliar esses negócios: “Precisamos ter, além de regras claras, previsibilidade, para que sejam adotadas medidas e políticas a longo prazo e então possamos navegar comercialmente dentro das incertezas geopolíticas e das adversidades macroeconômicas de cada país.”

A diretora da Anfavea sugeriu soluções para elevar a competitividade por meio da busca de mercados alternativos de forma conjunta: “Eventualmente revendo pontos dos próprios acordos econômicos que possam nos fortalecer como países que já têm uma troca importante, buscando equalização regulatória”.

Regras iguais para chineses

Pedra no sapato comum a todos é a crescente presença de veículos chineses na América Latina, para a qual os executivos concordam na urgência de se estabelecerem regras isonômicas de competição, com cargas tributárias semelhantes às do mercado asiático a fim de permitir competir de igual para igual, ressaltou Zuppi.

Ramírez reconheceu que, diante do fato de a eletromobilidade ser uma tendência mundial e, inclusive, no México, serem produzidos quatro modelos elétricos e um híbrido, é importante, além da homologação de regulação para este comércio, o avanço da adoção de políticas públicas que auxiliem nesta transição. 

Serra disse acreditar que o Brasil tem possibilidades de competir em igualdade de condições, e de desenvolver cada vez mais tecnologias que envolvam a eletromobilidade: “Temos de achar nosso nicho e nos fortalecermos enquanto hub de exportação, mas, para isto, é fundamental a redução de custos”.

BYD montará baterias Blade em Manaus

São Paulo – A fábrica de baterias da BYD em Manaus, AM, começará a produzir packs de baterias Blade a partir de 2026, anunciou a empresa em comunicado. A princípio apenas para equipar ônibus.

Seus ônibus elétricos produzidos em Campinas, SP, já passaram a ser equipados com a nova bateria, considerada dotada de tecnologia de ponta pela companhia chinesa e que já está presente nos veículos de passeio.

A Blade foi lançada em 2020 e tem como diferencial seu formato alongado e estrutura interna que organiza as células LFP, lítio-ferro-fosfato, em formato horizontal, o que otimiza o uso do espaço. Ela oferece maior durabilidade e vida útil.

Nos ônibus elétricos elas variam de 425 a 499 kWh e 542 e 642 kWh, dependendo do modelo, permitindo recargas completas de uma hora e meia a duas horas com tecnologias de carregamento rápido. Significa veículos com autonomia de 270 a 350 quilômetros.

Os ônibus com baterias Blade já são montados em Campinas. A BYD calcula ter, até o fim do ano, mais de quinhentos ônibus elétricos circulando por ruas do Brasil.

Sobre meteoros, dinossauros, chantagens e blefes

Causou indignada e justa reação na indústria automotiva instalada no País o tom jocosamente beligerante e birrento adotado pela BYD contra empresas fabricantes afiliadas à Anfavea que pressionaram o governo federal – e conseguiram – para barrar o pleito de reduzir o imposto de importação sobre veículos elétricos e híbridos desmontados, para serem finalizados pela montadora chinesa em sua fábrica ainda não inaugurada de Camaçari, BA, tudo sem nenhum desenvolvimento local nem a compra de componentes nacionais.

Em comunicado distribuído à imprensa e publicado em redes sociais, sem modéstia, a BYD autodenominou-se “meteoro” que veio incomodar “dinossauros” – no caso, é como a montadora chinesa identifica os fabricantes de veículos instalados no País que, segundo ela, “durante décadas” se apropriaram do mercado brasileiro com produtos caros, com “tecnologia velha e design preguiçoso”.

Seria, portanto, algo muito parecido com o que havia na China há menos de dez anos, quando as empresas chinesas ainda aprendiam com os fabricantes ocidentais a fazer veículos por meio de associações, joint ventures, ou contratação de profissionais do Ocidente, para promover o avanço de uma indústria que também podia ser considerada bastante jurássica, mas em vez de destrutivos meteoros adotou uma política industrial assertiva para se desenvolver, com muita ajuda e subsídios do governo chinês.

Na visão da BYD, diante da ameaça de concorrência mais competitiva, os fabricantes no Brasil estariam pressionando o governo contra a chegada de um concorrente mais competitivo por meio de “uma espécie de chantagem emocional com verniz corporativo, repetida há décadas pelos barões da indústria para proteger um modelo de negócio que deixou o consumidor brasileiro como último da fila da modernidade”.

No entendimento da BYD, portanto, a modernidade chega por meio de importações que podem substituir a produção nacional sem implicações – algo que o governo chinês jamais permitiu que acontecesse em seu próprio território.

Pressão contrária

A figuração jurássica, usada pela BYD para denotar o suposto atraso dos fabricantes instalados no País diante da imodesta modernidade dela própria, foi uma reação às pressões da Anfavea e de seus associados junto ao governo para barrar as pretensões da montadora chinesa para importar kits de carros semidesmontados com redução de tarifas.

Quatro dos maiores fabricantes do País, pela ordem Stellantis, Volkswagen, General Motors e Toyota, que juntos dominam 65% das vendas de veículos no mercado brasileiro, um dia antes do comunicado-meteoro da BYD divulgaram carta aberta, assinada pelos presidentes das empresas, enviada ao presidente da República, na qual faziam ameaças tácitas de rever investimentos anunciados no País caso o pleito da redução do imposto de importação fosse atendido.

Sindipeças, que reúne os fornecedores de componentes, e a AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, também divulgaram comunicados em defesa da indústria nacional que seria seriamente prejudicada pelas importações.

Note-se que tal defesa da indústria nacional é feita por empresas multinacionais estrangeiras que, exatamente como a BYD, remetem lucros nunca divulgados às matrizes no Exterior e sempre tiveram no governo federal um aliado histórico que concede incentivos e fecha o mercado às importações de veículos.

Todos querem incentivos

Ingenuidades à parte, todos querem a mesma coisa: benefícios e proteção contra a concorrência que venha de fora do clube das montadoras instaladas no País, para lucrar mais com o menor gasto possível. Quando e se a BYD entrar neste mesmo clube deverá adotar as mesmas práticas jurássicas protecionistas em troca dos investimentos que diz fazer no Brasil.

A história mostra que sempre foi assim desde os primórdios desta indústria em território nacional e nada indica que houve alguma mudança nisto: sem incentivos a indústria estrangeira não vem nem investe e sem regras de nacionalização e proteção do mercado ninguém quer fabricar nada aqui, pois o País não é competitivo no cenário internacional e precisa compensar esta falta de competitividade com benefícios ao setor.

Ao mesmo tempo, é bom que se diga, tais incentivos são fundamentais para atrair e manter esta indústria no País, porque trata-se de um setor que, quando se instala de fato com suas fábricas, promove desenvolvimento econômico e social. A questão é saber dosar benefícios na proporção exata dos retornos recebidos.

Ironias, chantagens e blefes

Interessante notar que as empresas que rogam ao governo para barrar incentivos à BYD, porque segundo elas isto causaria uma concorrência desleal, são as mesmas que já receberam e ainda recebem generosos incentivos para produzir aqui.

Mais interessante ainda – e irônico – notar que uma das quatro empresas que assina a carta ao presidente Lula, a Stellantis, há menos de dois anos estava contra as outras três, pois com justiça defendia os incentivos fiscais do Regime Nordeste que recebe em sua fábrica de Pernambuco – que aliás são os mesmos que a BYD receberá para produzir na Bahia.

Na época, no segundo semestre de 2023, quando se discutia a extensão dos estímulos fiscais do Regime Nordeste até 2032, beneficiando justamente Stellantis e BYD, as outras três signatárias da recente carta a Lula, GM, Volkswagen e Toyota, fizeram oposição aberta à renovação, causando um racha na Anfavea.

As três até pagaram por um vistoso anúncio nos principais jornais do País afirmando que caso o benefício fosse estendido colocaria investimentos em risco – chantagem que acabou se configurando em mais um blefe, dado que o incentivo do Regime Nordeste até 2032 foi encampado na reforma tributária aprovada no início de 2024, e mesmo assim investimentos bilionários foram anunciados.

O passar do tempo acomodou interesses antes conflitantes e hoje a Stellantis está na mesma trincheira com as outras três concorrentes. Mas, é preciso reconhecer, o modelo de produção adotado na fábrica de Pernambuco é bastante diferente do proposto pela BYD na Bahia, pois desde o primeiro dia de operação, há dez anos, a fábrica pernambucana adota processos produtivos completos e instalou uma dúzia de fornecedores em seu parque fabril, além de outros que continuam a chegar.

Ameaça aos investimentos

Chantagens e blefes são iguais, tanto daqueles que já estão no clube dos fabricantes nacionais da Anfavea quanto daqueles que ainda não estão nele: ainda que com palavras medidas e diplomáticas, caso o interesse não seja atendido a ameaça é sempre a de demissões e revisões de investimentos que, diga-se, nunca são auditados.

Nem é necessária a chegada de um concorrente dito desleal para que investimentos sejam adiados ou cancelados: basta qualquer retração do mercado e os planos são engavetados sem necessidade de esclarecimentos, e raramente esse tipo de ação é divulgada.

As empresas anunciam aportes bilionários mas nunca se sabe se eles foram, de fato, aplicados nas cifras anunciadas e no período programado, inexiste qualquer divulgação sobre isto e nem há qualquer controle do governo nesse sentido, pois não há transparência financeira, as empresas estrangeiras sequer são obrigadas a publicar balanços no País – lucros ou prejuízos sempre ficam escondidos atrás de balanços globais e no discurso de executivos.

As quatro grandes fabricantes signatárias da carta ao presidente Lula afirmam que a indústria automotiva tem investimentos planejados de R$ 180 bilhões, sendo R$ 130 bilhões das montadoras e outros R$ 50 bilhões dos fornecedores de componentes. Seriam esses justamente os aportes sob ameaça caso fosse atendido o pleito da BYD de importar carros desmontados com redução tarifária.

Embora sejam números não auditados é possível dizer que estão inflados: basta fazer as contas de todos os aportes anunciados para concluir que, no mínimo, R$ 20 bilhões são de programas anteriores de investimentos e já teriam sido gastos, portanto não podem mais ser revistos.

Outra ironia aqui: a BYD participa com R$ 5,5 bilhões dos investimentos informados pela Anfavea, e também veicula que seu investimento está em risco se o seu pleito não for atendido.

Justamente no dia que a carta das quatro foi divulgada, em 29 de julho, em entrevista à Folha de S. Paulo, o vice-presidente da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, afirmou que a empresa já investiu R$ 2 bilhões no País e sem a redução do imposto de importação “não teremos como fabricar”. Como se sabe a BYD não foi atendida e até o momento não houve nenhum pronunciamento sobre se a ameaça de suspender os planos para o Brasil será cumprida ou não.

Forçando a amizade

O pleito da BYD, segundo carta enviada ao MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, à qual AutoData teve acesso e publicou seu conteúdo em abril passado, era de reduzir, por três anos, dos atuais 28% e 25% para 10% a tarifa de importação de kits SKD, carros semimontados, respectivamente de modelos híbridos plug-in e elétricos, e de 14% e 10% para apenas 5% a alíquota de kits CKD, veículos totalmente desmontados.

A BYD alega que, por contrato com o governo da Bahia que concedeu à empresa os mesmo benefícios que eram dados à Ford – o principal seria a redução de 95% do ICMS –, já está prevista a migração do processo de montagem simples para o início da industrialização, com componentes nacionais, a partir de julho de 2026, mas nada se sabe sobre quais itens seriam comprados no Brasil nem os prazos desta nacionalização, visto que, de início, até os pneus seriam importados, mesmo com três fábricas de grandes fornecedores na Bahia, dois deles bem ao lado em Camaçari.

O fato é que quando foi firmado o acordo com os governos federal e estadual, para receber todos os incentivos fiscais, a BYD sabia dos impostos cobrados sobre kits importados SKD e CKD e nada disse sobre a necessidade de redução destas tarifas para tornar sua operação viável. O pedido de redução excepcional do imposto de importação só foi enviado ao MDIC no fim de 2024, ou dois anos depois de a BYD anunciar que se instalaria na Bahia para produzir modelos híbridos e elétricos com índices crescentes de nacionalização.

O fato é que a BYD esticou demais a corda, forçou a amizade, e o governo não teria como atender o pedido, mesmo porque a montadora não cumpriu boa parte das promessas que fez até agora como, por exemplo, a de iniciar a produção em Camaçari no fim de 2024, que foi adiada para março de 2025 e, mais recentemente, para julho, o que também não se cumpriu, ou de contratar 10 mil pessoas até este mês de agosto, ou de construir 28 novos prédios no terreno da fábrica.

Até o momento a chinesa gastou mais de R$ 11 bilhões – mais que o dobro do investimento anunciado em produção nacional – somente para importar veículos e formar estoques de dezenas de milhares de carros no País, desovados com altos descontos que distorcem o mercado.

Assim, em vez de reduzir as tarifas, a Camex manteve a retomada da alíquota de 35% para veículos semimontados importados, kits SKD, fixada para julho de 2026 – mesma data em que o imposto de 35% será retomado para todos os carros híbridos e elétricos importados. Ao mesmo tempo, para kits desmontados CKD a tarifa de 35% foi antecipada de julho de 2028 para janeiro de 2027, até lá com a concessão de cotas isentas no total de US$ 453 milhões a serem divididos pelos importadores.

Certamente os “dinossauros” ficaram felizes em não ter de rever os investimentos que dizem fazer, enquanto o “meteoro” ainda precisa mostrar, de fato, a que veio – e talvez até venha a fazer amizade com os animais que se propunha a extinguir.

Ram terá nova picape no mercado brasileiro

São Paulo – A Ram divulgou teaser de anúncio que fará na quarta-feira, 13. Segundo a reportagem apurou trata-se de uma nova picape média, derivada da Fiat Titano, produzida em Córdoba, Argentina. Deverá chegar ao mercado brasileiro nos próximos meses.

No vídeo vê-se alguns pormenores do veículo, que terá motor turbodiesel e uma versão Nightfall. O nome, especulado por veículos de imprensa especializados em produto, deverá ser Dakota, nome da picape Dodge que, no passado, chegou a ser produzida em Campo Largo, PR.

Veja o teaser

Ford cria novo sistema de montagem para nova plataforma de elétricos

São Paulo – A Ford anunciou sua nova plataforma universal para veículos elétricos e seu sistema universal de produção de veículos elétricos, um ecossistema desenvolvido para produzir uma família de elétricos acessíveis e definidos por software. Ele estreará com uma picape média montada em Louisville, Kentucky, para o mercado local e para exportação, com lançamento previsto para 2027, resultado de investimento de US$ 2 bilhões.

Segundo a Ford a plataforma tem 20% menos peças, 25% menos fixadores, 40% menos estações de trabalho e tempo de montagem 15% mais rápido comparado a um veículo típico. O chicote elétrico, por exemplo, será 1,3 quilômetro mais curto e 10 quilos mais leve do que o usado em um SUV elétrico.

A linha de montagem será transformada em uma “árvore de montagem”: em vez de uma esteira longa três subconjuntos correm em linhas próprias, simultaneamente, e depois se juntam. Grandes peças de alumínio fundido únicas substituem dezenas de peças menores, que permitem montar separadamente a frente e a traseira, que são combinadas com o terceiro conjunto e a bateria estrutural, que será montada separadamente com os bancos, consoles e carpetes.

As peças são transportadas pela árvore até os operadores em um kit que já vem com todos os fixadores, scanners e ferramentas elétricas para o trabalho. Segundo a Ford a integração do sistema com a nova plataforma tornará a montagem da picape elétrica até 40% mais rápida do que os veículos atuais de Louisville. 

Caminhão a hidrogênio da GWM chega ao Brasil para testes

São Paulo – Desembarcou no porto de Santos, SP, o GWM Hydrogen powered by FTXT, caminhão a hidrogênio que passará por testes no Brasil. Ele será apresentado ao público pela primeira vez na sexta-feira, 15, durante a inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis, SP.

Ele está nas mãos da equipe de engenharia da empresa, que, em parceria com especialistas que vieram da China, fará inspeções e validações antes do início dos testes de rodagem. Os primeiros testes estão marcados para setembro, em parceria com universidades como a USP, que tem infraestrutura para abastecer o caminhão com hidrogênio produzido a partir do etanol.

O caminhão conta com uma bateria de 105 kWh e um conjunto de cilindros com capacidade para 40 quilos de hidrogênio, que alimentam as células a combustível para gerar eletricidade. Mais de 30 mil veículos semelhantes circulam na China.

Volvo vende articulados elétricos para Goiânia

São Paulo – A Volvo acertou a venda de 21 ônibus BZRT para a GreenMob Capital, que as colocará para operar no BRT de Goiânia, GO. São dezesseis articulados e cinco biarticulados, 100% elétricos: a Capital de Goiás será a primeira cidade do mundo a operar uma frota do tipo.

São produzidos na fábrica da Volvo em Curitiba, PR, base global da produção de chassis articulados e biarticulados elétricos. O biarticulado transporta até 250 passageiros e o articulado 180, com emissão zero de CO2.

O negócio foi fechado pela Suécia Veículos, que representa a Volvo em parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Volkswagen lança Amarok inspirada na Festa do Peão de Barretos

São Paulo – A Volkswagen criou uma versão especial limitada da Amarok inspirada nos 70 anos da Festa do Peão de Barretos, festival de música do qual é uma das patrocinadoras oficiais. Limitada a duzentas unidades será o carro oficial da festa, que ocorre de 21 a 31 de agosto em Barretos, SP.

Baseada na versão Extreme traz tem itens diferentes como capota marítima, amortecedor na tampa da caçamba, adesivo alusivo a Barretos e badges laterais e traseiro com o logo da Festa do Peão. No interior tem tapetes de borracha e placa com a numeração das unidades e o logo comemorativo.

A Amarok 70 anos mantém o motor V6 3.0 turbodiesel de 258 cv e câmbio automático de oito marchas. A picape ainda não está disponível na rede: os interessados precisam preencher um formulário no hotsite.

Ápice, queda e lenta recuperação

O período pós-2011 foi marcado pelo recuo do ápice produtivo da indústria automotiva brasileira, que na década anterior empinara a produção para a casa dos 4 milhões de veículos/ano, mas nos anos seguintes entrou em espiral de baixa, em 2015 desceu abaixo do patamar de 3 milhões/ano para nunca mais voltar a ele, mas sempre acima de 2 milhões/ano. Apesar das curvas de retração e lentas recuperações no período o Brasil nunca deixou a lista dos dez maiores produtores de veículos do mundo.

O período dos últimos treze anos foi marcado por um intenso volume de investimentos, chegada de novos fabricantes, instalação de fábricas e ampliação de já existentes, o que fez a capacidade saltar até estacionar em cerca de 4,5 milhões de veículos/ano. Este movimento foi regulado pela adoção de novas políticas industriais dedicadas ao setor, na sequência de Inovar-Auto, Rota 2030 e o atual Programa Mover, que induziram a evolução tecnológica dos produtos e a nacionalização da produção em troca de incentivos e uma nova onda de protecionismo contra as importações.

O impulso veio da expectativa, depois revertida, de crescimento do mercado doméstico, que sozinho não foi capaz de sustentar toda a expansão dos fabricantes. Ao mesmo tempo as exportações, embora tenham alcançado recorde histórico em 2017, também não chegaram a volumes que pudessem sustentar a produtividade das fábricas. Crises políticas e econômicas provocaram queda expressiva das vendas, seguida por período de lenta recuperação, quebrado pela pandemia de covid, até chegar ao momento atual, de curva lenta do crescimento da produção, que sempre ficou acima de 2 milhões de unidades/ano, mas nunca mais ultrapassou os 3 milhões/ano.

A EXPANSÃO

Esta reportagem foi publicada na edição 423 da revista AutoData, de Julho de 2025. Para ler ela completa clique aqui.

Foto: Divulgação/VW