AutoData - Produção da indústria retorna aos níveis de dez anos atrás
news
08/07/2015

Produção da indústria retorna aos níveis de dez anos atrás

Por André Barros

- 08/07/2015

A indústria automotiva brasileira produziu 1,1 milhão automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a maio, queda de 19,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 8, se assemelham ao volume produzido nos primeiros cinco meses de 2005, segundo o presidente Luiz Moan.

Em maio as fábricas recuaram 3,4% o ritmo de produção na comparação com abril, para 210,1 mil unidades. Com relação a maio do ano passado, quando saíram das linhas de montagem 281,4 mil veículos, o tombo chegou a 25,3%.

“Voltamos aos níveis de produção de dez anos atrás”, disse o executivo na entrevista coletiva à imprensa em São Paulo. “[Com a indústria automotiva] empregando mais gente”.

Segundo balanço da associação atualmente as montadoras mantêm 25 mil trabalhadores afastados de suas funções, seja por férias coletivas, licenças remuneradas ou suspensões temporários do contrato de trabalho. Ao fim de maio a indústria empregava 138,2 mil pessoas, 1% a menos do que em abril e 9,2% menos do que no encerramento de maio de 2014.

“As empresas estão usando todos os mecanismos possíveis para não demitir, buscando preservar ao máximo o nível de emprego. Mas a situação está complicada, porque voltamos dez anos na produção e existe claramente um excedente de trabalhadores”.

Em maio de 2005, quando a produção estava em ritmo semelhante ao atual, as montadoras empregavam 104,5 mil trabalhadores. Existe, portanto, em torno de 30 mil trabalhadores a mais do que há dez anos produzindo a mesma quantidade de veículos.

Moan defendeu a adoção do Plano de Produção ao Emprego por parte do governo, para que aumentem as opções de flexibilização nos contratos de trabalho. O modelo defendido pela Anfavea prevê a possibilidade de redução de jornada proporcional à redução dos salários. O executivo exemplificou: se a montadora precisar cortar em 20% a produção de determinada área, o salário do trabalhador será reduzido também em 20%, com o governo arcando uma parte desses vencimentos.

O executivo explicou que existem diferenças com relação ao lay-off: no PPE o trabalhador não precisaria ficar 100% afastado de suas funções e há também a alternativa de adotar o procedimento por áreas.

“Chamo isso de seguro-emprego, em alusão ao seguro-desemprego. Mas nesse caso o trabalhador continua empregado e recolhe os tributos, sem influenciar na arrecadação do governo. É inclusive uma alternativa pró-ajuste fiscal”.

O PPE está em discussão no governo e conta com alguma resistência por parte dos sindicatos. Não há previsão de quando, e se, o plano será colocado em prática. No fim do mês passado o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou que seu lançamento está nos planos do governo.


Whatsapp Logo