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13/07/2015

Marcopolo estima alta de 20% nas exportações em 2015

Por Marcos Rozen

- 13/07/2015

Paulo Corso, atualmente diretor de operações comerciais da Marcopolo, está na empresa desde 1979 – são portanto 36 anos vivenciando diariamente os meandros do mercado de carrocerias para ônibus. Em entrevista exclusiva concedida à Agência AutoData o executivo abordou as alternativas que a empresa está encontrando para enfrentar o atual momento do mercado interno, como por exemplo o canal das exportações, que cresceram 20% no primeiro trimestre.

Ele ainda aborda dificuldades com programas federais, como o Caminho da Escola, e o desenvolvimento dos corredores BRT, que ficaram até agora abaixo do esperado. Confira.

A Marcopolo registrou aumento de mais de 20% nas exportações no primeiro trimestre deste ano. Este quadro se deve apenas ao dólar ou há outros pontos a considerar?

A Marcopolo sempre procurou manter os mercados externos conquistados, apesar da falta de competitividade do produto brasileiro em razão da valorização cambial. Como referência deste cenário, em 2008 a empresa chegou a exportar seis mil unidades e, no ano passado, foram somente pouco mais de duas mil. E isso porque houve um leve crescimento nos últimos três anos. O principal motivo dessa recuperação é, sim, a desvalorização do real, mas não é o único, pois somente o menor preço não traria resultados tão rápidos. Durante o período de baixa competitividade a Marcopolo trabalhou no fortalecimento de suas equipes de vendas, no Brasil e os representantes externos, para entender melhor o negócio e as necessidades dos clientes e poder melhor atendê-los. Assim, desenvolveu produtos específicos para cada mercado, como no caso de Chile, Peru, Uruguai e Paraguai, mercados que apresentaram grande crescimento, sobretudo em ônibus rodoviário, para as rotas de média e longa distâncias, e urbanos para os sistemas de transporte urbano das principais capitais, como Santiago, Assunção, Montevidéu etc.

 

Quanto deverá fechar o volume exportado a partir do Brasil neste ano, e qual seria a correlação do resultado com aquele do ano passado?

A expectativa é de que o aumento seja de cerca de 20% no ano, pois, como mencionado, ônibus não é um produto que se compre durante o ano inteiro. Há uma sazonalidade e, principalmente no caso dos rodoviários, o forte de demanda é no segundo semestre. Em unidades esperamos ampliar os volumes para aproximadamente 2,5 mil unidades ante as 2,1 mil de 2014.

 

Como a empresa tem enfrentado a demora na publicação das novas normas de concessão de linhas para ônibus rodoviários no Diário Oficial? Este atraso está afetando muito os negócios?

Temos enfrentado este quadro com muita luta, paciência e expectativa. Com a demora da publicação, os operadores estão segurando a renovação de suas frotas e não estão comprando, a não ser se for muito necessário ou uma grande oportunidade. A queda na produção de rodoviários é grande.

 

A Marcopolo trabalha com algum tipo de previsão de quando esta publicação deverá finalmente ocorrer?

Nossa expectativa é que nos próximos dias seja definida a data para publicação. Mesmo assim, até entrar em vigor, entendemos que haverá um período de três meses. Ou seja: a renovação de frota, na melhor das hipóteses, se dará a partir do último trimestre do ano, o que comprometerá significativamente as vendas de rodoviários em 2015.

 

Os modelos BRT, ao menos em tese, tiveram demanda elevada para os corredores de transporte no País, em especial por conta das revitalizações urbanas para a Copa do Mundo, no ano passado. E neste ano, quais as projeções para este segmento específico no Brasil?

Realmente houve uma demanda por ônibus para os sistemas BRT, mas infelizmente esta foi abaixo do que estava programado. Falou-se em duas ou até três mil unidades até a Copa do Mundo, e não chegamos nem à metade disso. A Marcopolo forneceu cerca de quatrocentas unidades, cerca de 30% do volume total. Estamos trabalhando para ampliar a nossa presença nos vários sistemas e temos obtido sucesso. No Rio de Janeiro, RJ, foram 153 ônibus, em Recife, PE, 48, em Belo Horizonte, MG, 65, em Porto Alegre, RS, três, e em Brasília, DF, 37, além de outras vendas menores para cidades como Caxias do Sul, Florianópolis, Goiânia e Fortaleza.

 

Como estão as encomendas para o programa federal Caminho da Escola neste 2015? Este foi afetado pelo ajuste fiscal? Quantas unidades esse programa representou para a Marcopolo nos anos de 2013 e 2014?

Não há nada acontecendo com relação ao programa Caminho da Escola atualmente. A última licitação foi em janeiro de 2014 e, das 4,1 mil unidades previstas, somente 40% foi fornecido. O corte no orçamento afetou diretamente o programa. Em 2013 e 2014 foram cerca de quatro mil unidades fornecidas para o Caminho da Escola.

 

A Marcopolo possui um Centro de Documentação e Memória próprio, desde 2011. Qual a importância desta iniciativa para a empresa? Há como mensurar resultados práticos para este tipo de investimento?

A Marcopolo dá muita importância às pessoas, seus colaboradores e comunidade, e também à memória. O CDM [Centro de Documentação e Memória] tem importante papel no relacionamento com os clientes e com os apaixonados por ônibus. As pessoas que visitam a Marcopolo sempre nos solicitam para conhecer o CDM. Existem ainda pedidos dos chamados ‘busólogos’ para conhecer o local, inclusive de pessoas do Exterior. Confirmando e reforçando a importância que a Marcopolo dá a esta iniciativa, o CDM será transferido para outro espaço, maior, para incluir em seu acervo veículos históricos que a própria empresa restaurou. Eles ficarão expostos junto com todos os outros materiais.

 

Quantos visitantes o centro recebeu desde a inauguração?

Já passaram pelo CDM mais de cinco mil visitantes.


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