Um cenário positivo foi apresentado por Jörg Hofmann, presidente da Audi, em sua palestra no Congresso AutoData Perspectivas 2016, na terça-feira, 20, na sede da Fecomércio, em São Paulo. Mas o executivo apresentou também um negativo – segundo ele, o mais provável de ocorrer, dada a condição política do País:
“Nós precisamos de um plano para o Brasil. Precisamos de um governo forte, que tenha condições de direcionar o País de volta ao crescimento. É um País forte, com futuro promissor, mas sem mudanças no comando, não vejo como mudar a situação da economia”.
Hofmann não se referia, porém, à possibilidade de impeachment – o alemão afirmou não ser da alçada dele opinar sobre o assunto. A mudança que o presidente da Audi deseja é de postura, seja do atual governo, ou de outro. “O Brasil precisa de um plano, como uma empresa. Não temos um plano”.
De plano o executivo entende. À frente da Audi do Brasil há dois anos, Hofmann liderou a chamada Estratégia 360, que reformulou toda a estrutura da companhia no País. Reforçou a área de vendas, pós-vendas, desenvolvimento de rede, marketing, produto, financeiro e coordenou o investimento de R$ 500 milhões na produção local, iniciada este mês.
Dobrou a força de trabalho no escritório em São Paulo, a quantidade de concessionárias na rede e, com isso, a marca vende duas vezes mais veículos – em 2015 deverá alcançar 16 mil unidades, ante 6,5 mil veículos vendidos em 2013.
“Quando eu cheguei as condições econômicas eram favoráveis. Fizemos isso tudo durante a crise. Costumo dizer que em toda a crise existe um vencedor. Nessa, posso dizer que foi a Audi”.
Mas existe preocupação com o futuro – na verdade, já com o presente. Hofmann disse que a Audi não está ganhando dinheiro no Brasil, muito por causa da taxa de câmbio, que beira os R$ 4. Segundo o executivo alemão, a realidade é um dólar na casa dos R$ 3. “Essa taxa atual é irreal”.
Sem mudança no cenário, ou na sua expectativa negativa, o Brasil registraria em 2016 PIB negativo em 2,5%, inflação de 10% e dólar na casa dos R$ 4. Nesse caso, Hofmann admitiu que precisaria fazer uma revisão nos preços praticados pela marca, que ainda usa muita importação em seu negócio, tanto para veículos quanto para peças usadas em São José dos Pinhais, PR.
Ampliar a velocidade de nacionalização de peças está complicado, segundo o executivo: “Os fornecedores brasileiros são bons, têm qualidade, mas ainda não chegam ao nível exigido pela Audi”.
Agora, caso haja a mudança de liderança e planificação do governo, a confiança do consumidor e do investidor retornará, Hofmann acredita em crescimento do PIB já no ano que vem, dólar a R$ 3,20 e inflação de 4%.
Mas, independentemente de qual cenário a economia apresentar, o segmento premium não será afetado. Com a inauguração de fábricas – BMW e Audi já operando, Jaguar Land Rover e Mercedes-Benz em vias de começar a produzir –, não há como não aumentar as vendas, segundo o executivo.
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