AutoData - Batendo na mesma tecla
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27/12/2015

Batendo na mesma tecla

Por Alzira Rodrigues

- 27/12/2015

Nada mais batido este ano do que a frase “a crise traz oportunidades”. Mas é exatamente em cima deste tema que gostaria de me ater neste momento, pois em meio a tantas adversidades e sérios problemas é indiscutível que muitos se saíram bem, mesmo aqueles que quase quebraram e, sem outra saída, usaram capital próprio, da pessoa física, para seguir em frente.

Já se antecipando a um janeiro curto começamos agora em dezembro a adiantar entrevistas para a edição de fevereiro da revista AutoData. No meu caso comecei a ouvir fornecedores, tanto os tier 1 como os tier 2 para ver o tamanho do buraco no setor.

Já na primeira entrevista, com o diretor de gestão de materiais da ZF do Brasil, Tarcisio Costa, o reconhecimento de que na base teve gente que fez parceria e também gente que fechou. Mas com a seguinte ressalva: “são empresas que já vinham com problemas antes da crise e com ela não sobreviveram”.

A frase gerou alguma polêmica quando na reunião de pauta coloquei à mesa tal comentário. A saída, lógico, era ouvir mais gente. Conversando, então, com o diretor-geral da divisão Motorparts da Federal-Mogul, José Roberto Alves, ele admitiu ter alguns fornecedores com dificuldades financeiras e, mais, reconheceu que em um caso específico – fornecedor de estampado – as entregas chegaram a ser afetadas. Isso foi em setembro e outubro.

A saída foi buscar outro fornecedor sem, no entanto, abandonar o parceiro de antes. Alves revela que, pelo que soube, o empresário em questão optou por injetar capital próprio na empresa, reduziu quadro e despesas e perdeu alguns clientes. O problema dele, avalia Alves, foi que ele demorou muito para reagir diante da retração do mercado. Mas agora está mais enxuto e não quebrou.

Continua, assim, sendo fornecedor prioritário da Federal Mogul, que optou por priorizar um parceiro de anos e não o abandonou. O outro, agora, é alternativo. De tudo isso certamente uma lição: as parcerias em todo o elo, sejam do nível um para o dois e ou dois para o três e assim sucessivamente, são fundamentais para garantir a sobrevivência do setor como um todo em períodos de crise.

E tem mais. Com diz o novo presidente da FCA Fiat Chrysler Automobiles para a América Latina, Stefan Ketter, no From the Top da edição de janeiro, que entrará em circulação no início de 2016, é preciso “focar aquilo que tem sustentação, é inútil focar naquilo que vai quebrar de qualquer forma”. Ou seja: certamente tem empresa que quebrou e outras que ainda poderão quebrar ou, quem sabe, se juntar. E aí vale citar outro comentário de Ketter: “Por que o setor precisa de trinta ferramenteiros, um contra o outro? É preciso uma massa de trabalho que faz sentido e muitas vezes as empresas são muito pequenas”.

A conclusão, assim me parece, é justamente o tema deste artigo: a crise, efetivamente, traz oportunidades. Basta haver parceria e saber aproveitá-las.

 


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