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27/12/2015

Bem-vinda, demanda reprimida

Por Marcos Rozen

- 27/12/2015

Há uma excelente notícia sobre 2015 – e não, não é a de que ele chegou ao fim. O lado bom de um ano tão restritivo em vendas como este que vivemos é o de que um enorme estoque de demanda reprimida foi formado, agora acumulado com aquele já gerado em 2014.

A minha visão pessoal e particular da crise, deixando de lado as teorias econômicas, politicas e quetais, é a de que, na prática, no dia a dia, na nossa vivência e convivência diária, na faixa de maior massa de consumo de bens mais caros, ou da classe média para cima, pouca gente ficou efetivamente sem dinheiro. O que ocorre é que, com toda razão, quem tem dinheiro está se resguardando para o caso da situação ficar pior – algo lógico, quase instintivo, que todos nós faríamos. Apertamos o cinto um pouco aqui, um pouco ali, e vamos em frente.

Ninguém deixou de querer comprar um carro novo, uma televisão cheia de recursos tecnológicos, um apartamento, uma viagem dos sonhos. Simplesmente deixamos esses desejos consumistas mais para frente, para quando a coisa estiver mais tranquila, quando não estivermos temerosos de perder o emprego – nós ou alguém de nossa família. Resumindo, para quando a crise passar.

Isso, no meu entender, significa que assim que uma mínima sinalização de um mínimo retorno à normalidade surgir no horizonte, seja ela qual for, uma massa enorme de consumidores voltará ao mercado – e de uma vez, ansiosa para saciar uma gigantesca sede de consumo que já se acumula por período próximo de algo como dois anos. Não tenho a menor dúvida disso.

Ou seja: se 2015 foi muito, muito difícil para todos nós, ele nos deixa esse presente, como uma espécie de compensação, de legado. Que, tomara, possamos aproveitar já em 2016. E que esse legado nos ajude, por exemplo, a retomar ao menos parte significativa dos 15 mil empregos perdidos na indústria automotiva nos últimos doze meses, contingente ao qual dedico este artigo.

Por conta desse legado, também, agradeço a 2015. Não resta dúvida que ele muito nos ensinou: que podemos fazer mais com menos, que podemos, sim, crescer mesmo em um ambiente adverso – como comprovam exemplos diversos em série representativa de fornecedores – desde que não nos acomodemos, desde que não fiquemos apenas sentados em nossas cadeiras praguejando.

Me lembro que há exatamente um ano me percebi chocado com inúmeros amigos e colegas defenestrando 2014, em redes e encontros sociais, a afirmar que graças a deus o ano acabara, que fosse embora logo e não voltasse nunca mais, que amaldiçoado fosse. A verdade é que hoje esses mesmos amigos e colegas sentem saudades de 2014 quando comparado com este 2015. Então, entendo que se quisermos de fato um bom 2016, nos resta, a princípio de tudo, agradecer a este ano. Pois assim, eu o faço: obrigado, 2015. Afinal, bem ou mal, sobrevivemos. Estamos prontos para mais uma batalha. Bem-vindo, 2016. Bem-vinda, demanda reprimida.


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