O workshop Exportação – A Nova Fronteira da Expansão, realizado pela AutoData Editora na sede da consultoria KPMG, em São Paulo, na quarta-feira, 3, reuniu importantes nomes do segmento para a indústria automotiva. Os participantes destacaram que, apesar das dificuldades econômicas enfrentadas pelo País, o momento atual pode e deve ser encarado como uma oportunidade para ampliar as remessas ao Exterior.
O dólar na faixa de R$ 3,9 a R$ 4,1 aponta boas chances para se retomar ou mesmo buscar novos mercados para amenizar as dificuldades internas, e no evento Oriente Médio e África foram os destinos mais citados pelos participantes como possíveis fontes de novos negócios.
Thomas Püschel, diretor de vendas e marketing, motores e peças da MWM, aproveitou o evento para revelar em primeira mão contrato para embarque de 2,5 mil motores diesel para a Coreia do Sul, depois de cerca de um ano de negociações intensas – os propulsores começarão a ser fabricados em junho deste ano. “A insistência na negociação e o corpo a corpo foram fundamentais para esse negócio.” A companhia prevê alta de 10% a 15% nas exportações em 2016.
O presidente da Anfavea, Luiz Moan, apresentou dados sobre as exportações em 2015 e falou também sobre os desafios do setor: no último ano foram exportados 417,3 mil veículos, alta de 25% ante 2014, representando 17,2% da produção total do País. “As exportações certamente amenizaram a situação interna difícil e cada companhia definiu sua estratégia para ganhar mais desse mercado neste ano.”
Segundo Moan o índice ideal de exportações seria cerca de 30% da produção total. “Há alguns anos buscamos instrumentos para facilitar esse processo e, das 56 medidas sugeridas por nós ao governo, cerca de 70% já foram atendidas.” Apesar disso ele destacou que há lacunas como o chamado Custo-Brasil, a logística e a infraestrutura, que ainda requerem muita atenção. “Mas não podemos esperar o cenário ideal para trabalhar. Agora é a hora de ir em busca de novos mercados e retomar relações adormecidas.”
Para Ricardo Reimer, CEO da Fras-le, não bastam estratégias de negócios e planejamento: estar fisicamente presente nos mercados onde se pretende atuar é relevante. “Temos fábricas na China e Estados Unidos, além de centros de distribuição em vários países. O cliente precisa sentir a presença da empresa.” Por isso a fabricante de componentes para freios envia constantemente executivos aos países onde possui negócios, além da participação contínua em feiras e eventos no Exterior. A companhia espera alta de 8% nas exportações em 2016.
Integração – Na Scania a integração de mercados é prática comum e acaba ajudando a companhia em momentos de baixa em algum país. Foi o que aconteceu com o Brasil: em 2013 15% da produção da montadora em São Bernardo do Campo era enviada para oito mercados, índices que saltaram a 60% e vinte destinos, como Oriente Médio, Rússia e África do Sul, em 2015.
Fábio Castello, vice-presidente de Logística, destacou que a Scania respondeu por 0,4% da receita de importação do País no ano passado, equivalente a US$ 756 milhões. “Nosso objetivo é chegar a exportações de US$ 1 bilhão em 2016.”
Em outras grandes empresas também é consenso o fato de que as exportações crescerão a patamar importante neste ano, com na Man Latin America, na Volkswagen e na Marcopolo: todas projetam alta de ao menos 20% no volume de remessas. Novos mercados como Oriente Médio e África do sul estão na lista de prioridades.
Na Marcopolo foi montada uma força-tarefa para mapear possíveis clientes: “Fizemos uma série de ações em 40 países em 2015. São tentativas de retomada de negócios ou de primeiro contato”, revelou Ricardo Portolan, gerente de exportações.
Para finalizar o evento, três especialistas da consultoria KPMG nas áreas de impostos, logística e estratégia falaram sobre questões amplas da economia e da constante revisão dos custos para superar o momento de redução dos investimentos. “Não se faz nada de um dia para o outro: não dá para ser exportador amanhã. Leva tempo para formatar essa estratégia, que requer um processo gradual. Identificada a oportunidade, planejar é fundamental”, disse Augusto Sales, sócio da KPMG na área de estratégia.
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