AutoData - Agronegócio fatura em dólar, mas também deve em dólar
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22/03/2016

Agronegócio fatura em dólar, mas também deve em dólar

Por André Barros

- 22/03/2016

O alto nível de alavancagem de uma parcela dos produtores dos setores de grãos e cana-de-açúcar ajuda a explicar a baixa demanda por máquinas agrícolas no mercado brasileiro, a despeito dos bons resultados de produção e cotações favoráveis das commodities. Em sua apresentação que abriu o Workshop AutoData Máquinas Agrícolas e Construção a sócia da KPMG, Ana Firmato, explicou que o efeito do câmbio pode até ser positivo, mas é limitado.

“Alguns produtores estão com nível alto de endividamento, devido a aquisições de terras e outros investimentos feitos nos tempos de cenário positivo no País. Como é comum os bancos oferecerem linhas atreladas ao dólar, essas dívidas estão nessa moeda. Ou seja, elas praticamente dobraram em um ano, mesmo sem que este produtor não tenha adquirido novas linhas de crédito”.

A explicação da consultora ajuda a compreender porque o setor de máquinas agrícolas e de construção caiu 53,2% em janeiro, na comparação com igual mês do ano passado, mesmo com o cenário de expectativa de safra recorde, preços elevados das commodities agrícolas e forte exportação, puxadas pelo mesmo dólar que é o vilão nas dívidas.

Segundo Firmato o agronegócio passa por dificuldades de gestão que deverá provocar uma onda de consolidação nos próximos anos.

“Empresas que estão capitalizadas deverão comprar outras e haverá uma forte busca de investidores estrangeiros, até porque o câmbio colabora. Isso pode ser ruim no curto prazo, mas é muito positivo no longo, pois os clientes das máquinas estarão financeiramente mais preparados”.

Em sua apresentação, Firmato abordou também alguns temas macroeconômicos. Segundo ela, o Brasil passa por um ciclo muito complicado, com a junção de recessão, inflação em alta e aumento do desemprego. “É difícil enxergar a luz no fim do túnel”.

Para a consultora 2016 e 2017 serão anos complicados para o País. “Precisamos de um remédio amargo para consertar essa situação”.


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