Depois de registrar resultados crescentes de 2009 a 2013, o mercado brasileiro de máquinas agrícolas terminou 2015 em queda na faixa de 35% ante 2014. Para 2016 o prognóstico é um pouco mais acalentador, com expectativa de repetir os números de venda do ano passado. A projeção foi compartilhada pelos participantes de painel que abordou o segmento no Workshop Máquinas Agrícolas e de Construção, realizado pela AutoData Editora no Milenium Centro de Convenções, na zona sul de São Paulo, na segunda-feira, 22: Rafael Miotto, diretor de portfólio de produto da CNH Industrial América Latina, e João Pontes, Diretor de planejamento estratégico América Latina da John Deere.
Para Pontes este cenário poderá se concretizar devido à boa situação dos clientes, em sua maioria saudáveis do ponto de vista financeiro, sem grandes dívidas. Miotto lembrou que mesmo com a expectativa de uma nova safra recorde adiante as vendas não tendem a evoluir no mesmo ritmo pois há diversos casos em que os produtores adquiriram muito maquinário em 2012 e 2013 e sendo assim têm suas necessidades deste momento atendidas.
Mas, de qualquer forma, adicionou que “estes são alguns casos específicos, e no geral a idade da frota é avançada, oferecendo ainda muito espaço” para trabalhar.
Pontes revelou que em alguns segmentos os negócios estão começando a apresentar índices mais animadores, como o florestal e a cana: “o começo do ano apresentou um volume razoável para estas faixas, melhor que o da mesma época em 2015”. Ele reconheceu que algumas usinas que processam cana estão em situação difícil, com diversos casos de pedidos de recuperação judicial, mas entende que esta é reflexo de problemas anteriores, que nos últimos anos acabaram mascarados por juros subsidiados e alto preço de commodities.
Miotto considerou que a confirmação de um ano estável para as vendas de máquinas agrícolas dependerá de elementos externos à agricultura, como o cenário macroeconômico e a oferta de linhas de crédito, no que seu colega de painel concordou.
Outro fator externo poderá, entretanto, ajudar os volumes deste ano: o início efetivo do cronograma de nova lei de emissões para o segmento, o MAR-1, a partir de janeiro do ano que vem. Como os equipamentos deverão ter acréscimo nos preços, pela evolução tecnológica que apresentarão, poderá haver antecipação de compra, concordaram. Mas este cenário, se poderá ajudar este ano, se de fato ocorrer pode prejudicar o desempenho de 2017.
De qualquer forma este já é um desafio certo para o período à frente: Miotto recorda que será uma evolução tecnológica representantiva: “em algumas faixas a motorização passará de mecânica para eletrônica, algo que o cliente não está acostumado”. Haverá casos em que os equipamentos, assim como os caminhões, passarão a usar Arla 32.
As exportações também estão no radar, mas os representantes de CNH e John Deere não acreditam em resultados a curto prazo no mercado externo: o Brasil perdeu muitos clientes e agora está havendo um processo de retomada dos contatos, o que leva algum tempo – em especial na América do Sul. E outros mercados, como África e Ásia, dependem de infraestrutura de rede de concessionárias e outros.
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