Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC, garante que o novo projeto da fábrica da Jac Motors no Brasil cumprirá as determinações do Inovar-Auto. Durante o lançamento do SUV compacto T5, no litoral paulista, ele afirmou à Agência AutoData que procurará um escalonamento produtivo semelhante ao adotado por marcas de luxo como BMW e Jaguar Land Rover para a fábrica que pretende erguer em Camaçari, na Bahia – no mesmo terreno onde seria construída a unidade originalmente prevista para 100 mil unidades/ano de carros e caminhões, investimento de R$ 1 bilhão.
Segundo Habib dos atuais R$ 200 milhões que o novo projeto exige “R$ 80 milhões já foram investidos em engenharia, produto e outras coisas. Assim, faltam só R$ 120 milhões, e os chineses vão me ajudar no financiamento”.
O empresário ainda assegura que o novo projeto “já está no MDIC” e que este contempla os ajustes necessários às obrigações que a Jac Motors tem com o ministério quando de sua habilitação ao regime automotivo como investidora para o projeto original da fábrica, em 2013. Quanto aos modelos que importou com desconto do IPI majorado em 30 pontos ele argumenta que “uma fábrica para 20 mil unidades/ano é o suficiente” para cobrir o benefício fiscal – ele teria então importado volume inferior à cota a que teria direito à época, também de 20 mil unidades.
E Habib também garante que atenderá aos requisitos necessários de evolução na eficiência energética graças ao motor do T5, um 1,5 litro que recebeu nota A na etiquetagem veicular do Inmetro. “Fizemos um trabalho muito forte para atingir esse nível, priorizando a economia em lugar da potência.”
Ele insiste ainda que atenderá as regras do Inovar-Auto mesmo com processo em CKD, tentando repetir a lógica produtiva estabelecida inicialmente pela BMW em Araquari, SC – as fabricantes de luxo têm um ano adicional para começar a cumprir as etapas produtivas básicas, mas para isso precisam investir ao menos R$ 17 mil por unidade produzida, segundo as regras do regime.
Para as fases seguintes da fábrica Habib afirma que pretende contratar fornecedores locais em lugar de fazê-las internamente em Camaçari, buscando empresas que “tenham capacidade de produção sobrando”. Ele citou como exemplo a Flamma, antiga Automotiva Usiminas, atualmente parte do Grupo Aethra, que presta serviços como estamparia, armação de carrocerias e pintura em Pouso Alegre, MG.
Com relação à saída dos sócios chineses, que até então detinham 66% da fábrica, ele diz que esta foi uma decisão sua: “Eles continuam interessados no mercado brasileiro, mas disse a eles que para montar uma fábrica para vender 10 mil unidades por ano era melhor que eu fizesse isso sozinho”. Ele argumenta que “é muito complicado ter como sócio uma estatal chinesa, o que envolve auditorias o tempo todo e restrições constantes de ações. Para um volume baixo como esse não vale a pena”.
De acordo com o presidente do Grupo SHC, entretanto, os chineses continuarão de certa forma ligados diretamente ao negócio, representando papel bem maior do que um simples vendedor de tecnologia ou do projeto de um veículo. “A Jac chinesa vai nos dar condições econômicas de construir e manter a fábrica. Vão vender coisas para nós a preço de custo.”
Mesmo com prazo apertado, Habib garantiu ainda que a fábrica de Camaçari produzirá as primeiras unidades do T5 Made in Brazil no fim deste ano. “Mas serão modelos para homologação, um processo que no Brasil demora uns seis meses. Então vamos ficar parados este período para então iniciar a produção comercial no começo do segundo semestre do ano que vem.”
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