São Paulo – A chegada dos elétricos Kwid e Master E-Tech, nos próximos dias, marca o fim do investimento de R$ 1,1 bilhão anunciado pelo presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, no ano passado. À época o executivo explicou que houve um fatiamento do novo ciclo: esta primeira etapa renovaria o portfólio atual. A segunda fase foi anunciada no mês passado, ainda sem valores, mas com alguns projetos, como a instalação da nova plataforma CMF-B em São José dos Pinhais, PR, a produção de um novo SUV na fábrica e um novo motor, 1.0 turbo.
Não deve parar por aí, segundo Gondo: “A plataforma CMF-B é capaz de dar origem a diversos outros veículos. Estamos negociando para termos mais produtos e, futuramente, anunciar o valor do novo ciclo de investimento”.
A Renault não introduz uma plataforma nova no Complexo Ayrton Senna desde 2007, quando esta, ainda originária da Dacia, foi implementada para produzir os modelos da linha atual, sobretudo o Logan e o Sandero, que garantiram bons volumes para a fabricante nos últimos 15 anos. Os objetivos agora, porém, são outros: seguindo o plano Renaulution, da matriz, a meta é produzir modelos visando aos andares de cima dos segmentos do mercado, com margens mais generosas.
É uma nova fase da Renault no Brasil, com foco maior em rentabilidade e menos em participação de mercado. Descolar-se da Dacia é mais um passo nesta direção: Gondo não falou sobre possíveis novos modelos, mas garantiu que serão todos baseados na linha Renault. Admitiu que o motor 1.3 turbo, que equipa Captur, Duster e Oroch, hoje importado, pode ser produzido na fábrica de motores do Complexo Ayrton Senna.
Na semana passada a fábrica de carros de passeio em São José dos Pinhais, de onde saem Captur, Duster, Kwid, Logan e Sandero, ficou parada por falta de semicondutores, com a produção retornando na segunda-feira, 11. A Oroch, recente lançamento, seguiu em produção no período – suas linhas foram transferidas, ainda antes da pandemia, para a unidade de veículos comerciais.
“Ainda trabalhamos com um cenário de dificuldades no fornecimento de semicondutores no primeiro semestre”, disse Gondo. “O segundo deverá ser melhor do que o primeiro. O que não significa que a crise vai acabar, mas esperamos que tenha mais disponibilidade do que atualmente”.