São José dos Pinhais, PR – Após crescer no Brasil com modelos da base do mercado, como Logan e o Sandero, a Renault faz uma correção de rota: sem abandonar os compactos, com os quais ganhou participação e reconhecimento, passará a apostar também em faixas mais elevadas de preço na busca por margens mais generosas. É uma mudança de rumo global, liderada pelo CEO Luca de Meo, que será replicada no Brasil, ainda que o mercado local tenha suas particularidades.
De Meo chegou a São José dos Pinhais, PR, na quarta-feira, 10, e ficará na região até o fim de semana, quando acompanhará o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em São Paulo. No intervalo viaja à Argentina, para visitar a operação Renault de lá. Aproveita a passagem na região para revisar os números do Renaulution, seu plano estratégico global, por aqui. E está satisfeito:
“Não posso reclamar da velocidade da implementação do plano”, disse o executivo a um grupo de jornalistas na quinta-feira, 11, na fábrica da Renault no Paraná. “Vamos entregar, no nível global, metas traçadas para anos à frente. Poderia ser melhor não tivesse a covid, a questão dos semicondutores e a crise de matéria-prima”.
O CEO da Renault admite que o plano traçado pela companhia, anunciado no início do ano, é “duro” e exige “decisões difíceis”. Mas é necessário para que solucione o que ele considera “problemas dos últimos anos”: “Temos 70% dos nossos volumes concentrados nos segmentos A e B. Isso não é equilibrado”.
Sem entrar em pormenores o CEO garantiu continuidade dos investimentos após o plano de R$ 1,1 bilhão, planejado para até o fim do ano que vem, acabar. Garantiu que trará veículos híbridos para o Brasil e que há “boas possibilidades” de produzi-los localmente, quem sabe com a tecnologia flex. “Teremos o mesmo nível de qualidade, tecnologia e conteúdo em todo o mundo. Não queremos dividir países em primeira, segunda ou terceira divisão”.
Um dos pilares da companhia nos próximos anos será a localização de peças, contando com a ajuda de sua parceira de Aliança, a Nissan. A intenção é fugir da volatilidade do câmbio e das próprias particularidades logísticas.
De Meo evitou, também, falar sobre o plano de compartilhamento de plataformas com a Nissan na região, anunciado antes de sua chegada à Renault. Desconversou: “Você precisa perguntar para o nosso parceiro”.
Certo parece o fim do ciclo de vida do Logan e Sandero. De Meo garantiu sobrevida por mais alguns anos, mas deixou claro que o consumidor, e a própria Renault, miram outras soluções: “O nível de conteúdo está subindo, o brasileiro quer carros mais recheados, mais parecido com o consumidor da Europa. Nossos concorrentes estão seguindo este caminho e nós temos plataformas que permitem esse tipo de tecnologia. O mercado brasileiro de dez anos atrás não será o mesmo dez anos à frente”.
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