Preço de pré-venda até julho, quando veículo chegará ao País, será de R$ 142,9 mil
São Paulo – A Renault lançou na quinta-feira, 14, a versão elétrica do Kwid, seu compacto de entrada. Ela aposta que o Kwid e-tech se tornará o primeiro carro elétrico que muitos brasileiros terão acesso e, para isso, iniciou pré-venda do modelo a preço promocional até julho, quando ele chegará ao mercado local, por R$ 142 mil 990.
A esse custo, o Kwid e-tech assume o posto do elétrico mais barato do Brasil – posição até então ocupada pelo JAC E-JS1, vendido por R$ 164 mil 900. Para ganhar terreno, os três primeiros anos terão revisão grátis caso o financiamento seja realizado com o banco da montadora. As entregas serão realizadas a partir de agosto e toda a rede concessionária fará a venda e a manutenção do produto.
O elétrico também será oferecido por assinatura por meio do Renault On Demand, a partir de R$ 2 mil 999 mil mensais, inclusos desembolsos com IPVA, seguro e manutenção, em planos de doze a 48 meses e com franquia de até 3 mil quilômetros por mês.
Para Charles-Emmanuel Courtois, chefe de marketing de produto e desempenho da Renault do Brasil, a classe média até então não teve acesso aos veículos elétricos pelo custo, uma vez que metade dos modelos ofertados pelo segmento, citou, praticam preços acima de R$ 400 mil. “Assim como o Kwid conquistou o posto de primeiro carro 0 KM do brasileiro, o Kwid e-tech será o primeiro elétrico que muitos vão dirigir na vida.”
O executivo acredita que o público alvo do lançamento será composto pelos chamados early-adopters, ou primeiros adeptos, na tradução para do inglês, que são os clientes que gostam de experimentar novidades, por famílias que tenham ao menos dois veículos, sendo um deles à combustão e com mais espaço, como um SUV, e por clientes corporativos, incluídos microempresários e autônomos, atraídos pelo custo de manutenção do modelo.
Tomando por base valor médio do litro da gasolina de R$ 7,30 nas regiões Sul e Sudeste e considerando valor de R$ 0,66 por KW/h, incluídos impostos, o custo para rodar um quilômetro com o Kwid e-tech será de R$ 0,06, enquanto que no seu similar movido à combustão 1.0 flex, R$ 0,48. “Trata-se de um desembolso oito vezes maior.”
Quanto à manutenção das três primeiras revisões, o custo equivale à metade do cobrado no seu correlato térmico. Os dois veículos, que possuem mesmo espaço interno, também compartilham peças, o que tende a baixar os preços, segundo Gustavo Rotta, gerente de produto da Renault do Brasil. O período de garantia também é a mesmo, de três anos e, para a bateria, de oito anos ou 120 mil quilômetros. “Outra vantagem é a isenção de rodízio e, em Estados com Paraná, onde temos a fábrica da Renault, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, não é cobrado IPVA para os elétricos.”
Comparado a modelo equivalente à combustão, o Kwid manual 1.0, que custa R$ 78 mil 990, e tomando cenário de três anos de uso, com média de 20 mil quilômetros por ano, o quilômetro rodado terá mesmo custo total, de R$ 1,30, citou Courtois. “Com Kwid e-tech a conta fecha.”
Desempenho — O chefe de marketing afirmou que diferentemente da maioria dos elétricos, ele é leve, com peso de 977 quilos. Sua capacidade de torque na partida, com 65 cavalos, vai de zero a 50km/h em 4,1 segundos e a velocidade máxima é de 130 km/h.
Compatível ao menor preço de venda do mercado, com a bateria de 27 KW/h a autonomia do Kwid e-tech atinge 265 quilômetros em ciclo combinado e chega até 298 quilômetros no ciclo urbano. “Considerando que 70% dos brasileiros dirigem menos de cinquenta quilômetros por dia, a grande maioria dos clientes não precisará fazer a recarga diária. E no fim de semana poderá ir de São Paulo a Santos, por exemplo, com uma carga só.”
Courtois destacou que diferencial é a facilidade para recarregar o veículo, o que pode ser feito em uma tomada doméstica comum, de três pinos de vinte ampères e 220 W:
“Traduzindo, na mesma tomada em que é plugada uma cafeteira, é possível ganhar autonomia de 190 quilômetros após nove horas. Ou seja, uma noite, como fazemos com o celular. Se precisar do carregamento rápido, é possível obter essa mesma autonomia em apenas quarenta minutos”.
Charles-Emmanuel Courtois
Com DNA brasileiro – Embora seja fabricado na China, o Kwid e-tech que circulará nas ruas do País possui DNA brasileiro. A equipe de desenvolveu localmente adaptações para que o veículo apresente melhor desempenho por aqui. Uma das delas é a tecnologia de condução com o botão Eco, que gera economia de até 9% no consumo da bateria e possui a frenagem regenerativa, capaz de recuperar e armazenar na própria bateria a energia cinética produzida pela desaceleração ou frenagem do veículo. Ou seja, no para e anda do trânsito urbano a autonomia é recuperada.
O lançamento é fruto do ciclo de investimento de R$ 1,1 bilhão, iniciado há pouco mais de um ano, que inclui também a nova Oroch. Presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo afirmou que isso é prova de que o mercado local é muito importante para a companhia. Ele citou os demais elétricos disponíveis no País, como o Zoe e-tech, Kangoo e-tech e Master e-tech, que chegará no segundo semestre. Até o fim do ano disse que poderá haver novidades a respeito do Megane e-tech.
O plano é trazer ao Brasil, embora não tenha sido estimado prazo, processo de reciclagem de bateria e aplicação de segunda vida ao produto para armazenar energia solar, como tem sido feito em ecoposto público em Fernando de Noronha, PE. Sobre a possibilidade de fabricação local de elétricos, isso dependerá do volume de vendas no Brasil.