Atrasos nos pagamentos subiram 1,5 ponto porcentual em doze meses e fizeram juros disparar
São Paulo – Em doze meses a taxa de inadimplência sobre os financiamentos de veículos 0 KM por pessoas físicas superiores a noventa dias cresceu 1,5 ponto porcentual, passando de 3,9% em dezembro de 2021 para 5,4% no último mês do ano passado. Os dados das Estatísticas Monetárias e de Crédito foram divulgados pelo Banco Central do Brasil na sexta-feira, 27.
Ainda que tenha oscilado para baixo em dezembro, 0,1 ponto de recuo comparado com novembro, o atraso nos pagamentos tem provocado efeito direto na taxa média de juros para os veículos, que alcançou 28,7%, simplesmente o maior índice dos últimos anos.
Em apenas um mês, de novembro para dezembro, cresceu 1 ponto porcentual. Em doze meses foi 1,9 pp de valorização.
Os altos juros cobrados pelas instituições financeiras para aquisição de veículos são a principal dor de cabeça para a Anfavea em 2023. O crédito sempre foi o principal motor do mercado brasileiro mas, com a alta da inadimplência e dos juros e com o maior rigor dos bancos na hora de aprovar novos cadastros, as vendas financiadas perderam espaço em 2022 e causaram uma incomum maior participação dos pagamentos à vista nos emplacamentos do ano passado: segundo a Anfavea 75% dos veículos vendidos em 2022 foram pagos sem financiamento.
Boa parte das compras é feita por locadoras, o que vem sustentando o mercado por terem demanda reprimida. Mas a saída do consumidor base do mercado brasileiro já acendeu o sinal amarelo na associação das fabricantes:
“Sem crédito não há mercado. Para romper com vigor o patamar de 2 milhões de unidades é preciso repensar o acesso ao financiamento e retomar as vendas a prazo”, recordou o presidente Márcio de Lima Leite. “Antes da pandemia essa equação era o inverso, pois 70% das compras eram parceladas. Hoje com juros anuais em torno de 30% em três anos o consumidor já terá desembolsado custo de quase 100% sobre o valor base do produto.”