São Paulo – Seja por medo de dirigir ou de cometer gafes no trânsito, por falta de recursos financeiros ou mesmo de estímulo na família, apenas 35% das CNHs brasileiras pertencem a motoristas do sexo feminino. E a Chevrolet objetiva ampliar esse porcentual e elevá-lo a pelo menos metade das carteiras de habilitação do País.
Em campanha que começa a ser veiculada na mídia na quinta-feira, 27 de julho, a empresa encabeça o movimento Elas na Direção, de estímulo à conquista da CNH a partir de parceria com a ONG Plano de Menina, sediada em São Paulo.
A partir da doação de R$ 1 milhão 80 mil a Chevrolet convida outros atores, sejam eles pessoa física ou jurídica, a contribuírem também por meio de financiamento coletivo e, assim promover um trânsito mais igualitário por meio de ações práticas.
Estrela da campanha a filósofa e escritora Djamila Ribeiro foi quem deu a ideia de que ela mesma passasse pela experiência de tirar a carteira de habilitação, sonho adiado tanto pela condição social que dava o tom de sua origem humilde na Baixada Santista como pelo fato de ter priorizado sua família.
“Aos 18 anos eu não almejava ter uma habilitação porque tinha que começar a trabalhar para ajudar a pagar contas. Minha mãe também não tinha a habilitação e acabei perdendo meus pais muito jovem. A minha história é a de muitas mulheres do Brasil.”
Ribeiro, hoje com 42 anos, avaliou que em sua vida fez tudo um pouco mais tarde. Ela se formou na faculdade aos 32 anos e publicou seu primeiro livro aos 37: “Recentemente minha filha, que tem 18 anos, me indagou: mãe, vou me habilitar motorista antes de você? Ao ouvir isto pensei que a hora é agora”.
A filósofa estreará websérie mostrando sua saga para tirar a habilitação, passando por aulas teóricas e práticas: “Eu já tenho minha independência financeira, já dirijo minha vida. Agora quero estimular outras mulheres acima de 40 anos a realizar o sonho de dirigir um carro, assim como eu”.
Segundo Chris Rego, diretora executiva de marketing da GM América do Sul, o objetivo é que as mulheres tenham autonomia e liberdade: “Muitas delas precisam do veículo para levar familiares ao médico, fazer supermercado, transportar os filhos. E mesmo para se deslocar com mais conforto e, inclusive, ter a opção de gerar renda com a habilitação”.
Rego citou que 57 milhões de mulheres ainda não possuem CNH. E que em São Paulo, de acordo com dados do Infosiga, apenas 6% dos acidentes são causados por mulheres, o que indica maior cuidado ao dirigir. Mas 80% das pessoas que têm medo de guiar um carro, de errar no trânsito ou de sofrer agressão verbal são do sexo feminino.
“Muitas delas moram em regiões distantes, estudam e trabalham e, além da questão financeira, uma vez que a habilitação pode custar de R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, dependendo do local, também não têm muito estímulo da família. É algo cultural.”
Melina Oliveira, gerente de negócios da ONG Plano de Menina, disse que a meta é conseguir pelo menos R$ 1,5 milhão pela vaquinha virtual, em um primeiro momento, ao longo do período de um mês em que a campanha ficará no ar, e poder financiar a habilitação de trezentas mulheres.
“Com o valor que já temos, por ora, da GM e da Mind, agência de influenciadores, de R$ 10 mil, com outros valores menores, que somam R$ 1,1 milhão, conseguimos ajudar em torno de duzentas pessoas.”
Oliveira orientou que interessadas em obter o benefício podem se inscrever no site da ONG www.planodemenina.com.br. O critério para tornar-se elegível será por condição financeira e social e também pela história da mulher.
Quem, por outro lado, quiser contribuir, pode acessar: https://voaa.me/elas-direcao.
Chris Rego assinalou que com a ideia de engajar mulheres a se empoderar por meio da direção a campanha deixa de ser de marca e torna-se de mercado. Tanto que a meta é juntar mais marcas: “Meu sonho é que Volkswagen e Stellantis, por exemplo, façam parte deste movimento”.
Rego garantiu que um segundo passo, que já está sendo estudado, embora não tenha nada desenhado ainda, envolve o estímulo à compra do carro 0 KM.
Quanto à Djamila Ribeiro, que disse já se ver dirigindo, ela guiará um SUV Tracker, mesmo modelo utilizado em campanha iniciada em 2021 e protagonizada pela chef de cozinha Paola Carosella, em que ela afirma que lugar da mulher é onde ela quiser.