Porcentual elevado, de 10% a 15%, gerava retrabalho em sua linha de produção de bicos injetores em Curitiba, PR, mas após implantar tecnologia de visão inteligente índice caiu a 5%
São Paulo – O processo de expansão da Zebra Technologies, há 54 anos no mercado de automação industrial e comercial, e que há um ano e meio ingressou no segmento de machine video ao adquirir empresas como a canadense Matrox – operação que consumiu US$ 875 milhões – rendeu frutos à operação brasileira, em parceria com a Bosch: solução da Matrox, agora rebatizada como Aurora Design Assistant, foi apresentada à sistemista por meio da Sensor, integradora que importa e configura os sistemas, e aplicada na unidade de Curitiba, PR, onde são fabricados bicos injetores para motores a diesel.
Havia um problema na linha de produção na etapa de inspeção destas peças, momento em que um robô as coloca em uma máquina para checar se existem falhas e verificar o código nelas gravado. Com alto índice de rejeição a companhia buscava diminuí-lo, e para tanto lançou mão de solução de inteligência artificial, o que não funcionou.
Na realidade, contou o engenheiro de vendas da Zebra Technologies, Luís Cunha, o porcentual ainda era elevado, na casa de 10% a 15%, porque a máquina estava se enganando, o que gerava uma falsa taxa de rejeição: “Imagine que a cada cem peças quinze eram rejeitadas, mas sem apresentar problemas de fato. Isso gerava um enorme retrabalho”, afirmou. São produzidos nesta unidade, diariamente, cerca de 7 mil bicos injetores.
A aplicação do software de inspeção e identificação de caracteres a partir das câmaras coloridas que já estavam instaladas na Bosch fez com que a falsa taxa de rejeição caísse a 5% – e sem a necessidade de aplicar inteligência artificial, embora a Zebra também disponha de ferramentas com esta tecnologia.
“Houve redução adicional de homem/hora para fazer este retrabalho. Outro benefício é a fácil implementação. A solução aplicada permite criar um console para que o operador compreenda, de forma intuitiva, o que está ocasionando o problema. Não é necessário um programador para lidar com ele.”
A Bosch está aplicando o sistema de visão inteligente em tempo real também no código de barras das embalagens pois, após a inspeção, as peças vão para uma caixa que conta com esta identificação. O plano, segundo o engenheiro, é expandir o uso para outras linhas.
“Este é um mercado muito grande e pouco explorado. E, para a indústria, quanto mais automatizar menor o retrabalho”, assinalou Cunha. De acordo com ele normalmente, na média, tem-se ganhos operacionais de 20% a 30% ao adotar esta solução. O retorno do investimento costuma acontecer em período de seis meses a um ano.
O executivo afirmou que a Zebra busca expandir sua atuação no setor automotivo, até porque muitas montadoras, segundo ele, utilizam o sistema Matrox ao redor do mundo. A solução pode ser aplicada, ainda, na área de logística, em substituição a operadores que utilizam scanner para fazer a leitura de imagens.
O engenheiro contou que a aquisição da companhia permitiu a melhora do serviço oferecido, uma vez que a Matrox, focada em visão computacional, não era muito boa em ler código de barras, pontuou, ao passo que esta é especialidade da Zebra, o que resultou em softwares de leitura de código de barras de alto desempenho, leitura simultânea de códigos e reconhecimento de caracteres.
A estadunidense Zebra, que até 2014 se dedicava à impressão de código de barras, quando adquiriu a Motorola Solutions, que fabricava leitores e códigos de barras, dobrou de tamanho. E começou a investir em tablets e softwares de inteligência artificial e soluções dirigidas ao varejo. Em 2021 começou a operar no mercado de visão computacional.
No Brasil há três décadas conta com cerca de setenta funcionários, a maioria alocada no escritório de São Paulo, para dar apoio aos parceiros e integradores locais que trazem de fora as soluções e as adaptam aos clientes com produção nacional.