São Paulo – O período de transição da eletrificação no Brasil deverá trazer resultados positivos, marcado por boas oportunidades para a indústria, afirmou Roberto Fantoni, sócio sênior da McKinsey, durante o Conexão Sindipeças, evento realizado em ambiente online na quarta-feira, 22. Para atender ao aumento do ritmo de adoção do consumidor brasileiro por veículos eletrificados o mercado de autopeças deverá dobrar até 2040, calcula a consultoria.
O tamanho do mercado de pós-vendas de peças automotivas do Brasil, que em 2022 foi de US$ 13,2 bilhões, deverá alcançar US$ 24,9 bilhões em 2040. Deste valor US$ 8,4 bilhões devem ser originados pelo maior conteúdo por veículo, impulsionado pela categoria de pneus com aumento das dimensões e especificações para veículos eletrificados. Outros US$ 5,8 bilhões virão do crescimento do volume de veículos. Dados da McKinsey apontam para 11 milhões de veículos a bateria até 2040, o que representará em torno de 20% da frota circulantes.
Segundo pesquisas da consultoria um quarto dos consumidores está disposto a adquirir veículos com novas tecnologias. Ainda que seja por meio de assinatura, opção para 70%.
“A infraestrutura continua sendo um desafio importante. O Brasil conta hoje com um centro de carregamento para cada vinte veículos mas o ideal seria alguma coisa como um a cada dez. Além disso existem algumas deficiências na própria rede elétrica que, naturalmente, precisam ser tratadas com investimentos que podem ser importantes.”
A transição para a eletrificação deverá vir acompanhada, de acordo com o consultor, de mudanças importantes na dinâmica competitiva, dado que uma parcela relevante, aproximadamente dois terços destes veículos, hoje estão sendo vendidos por fabricantes que não estavam no Brasil dez ou vinte anos atrás, como BYD, GWM e Caoa Chery.
A inovação tecnológica também deverá ser acelerada com a introdução de novas tecnologias de conectividade, como para entretenimento e assistência à direção em veículos no patamar de preço mais baixos: “A cadeia dos suprimentos também deve passar por mudanças importantes. Por um lado deve começar a produzir os componentes necessários para veículos elétricos, e por outro deve se adequar para suprir os novos entrantes, desenvolvendo capacidade local”.
Ainda sobre o reflexo disto tudo sobre o setor de autopeças o principal deles é a redução no valor dos componentes sendo vendidos por unidade da frota. Os gastos no pós-vendas, por proprietário, em componentes modelados por veículo, considerando modelos de quatro a sete anos de uso, além de gastos com acessórios, colisões e baterias, deverão ser 40% menores para o elétrico, estimado em US$ 565, do que para carro a combustão, US$ 940. Para híbridos são estimados US$ 720 e para híbridos plug-in US$ 640. A consultoria tomou como base a realidade nos Estados Unidos, na China e na Europa.
“Esta queda no valor dos componentes usados por carro na frota deve ser acompanhado por um aumento no valor dos serviços pois os serviços necessários para veículos elétricos são relativamente mais sofisticados e complexos.”
Esta mudança do lado de serviços deve, inclusive, facilitar a consolidação do segmento no Brasil, “hoje bastante fragmentado e até certo ponto não capacitado para atender ao tipo de serviço que será necessário nestes veículos”.