São Paulo – O MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, homologou na segunda-feira, 19, o pedido de habilitação da GWM para o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação. Foi a primeira nova fabricante automotiva a receber a aprovação do programa de política industrial brasileira voltada para a sustentabilidade e inovação na indústria.
A fábrica em Iracemápolis, SP, onde antes funcionava a Mercedes-Benz e serão produzidos os modelos da companhia, passa por modernização e expansão. O processo de produção da linha de SUVs Haval híbridos contará com monobloco, soldagem, tratamento superficial, pintura, montagem final e testes, montagem de chassis, freios, eixos e sistemas elétricos. O objetivo é alcançar uma taxa de nacionalização superior a 60%, o que permitirá à GWM iniciar a exportação de veículos para a América do Sul, segundo Ricardo Bastos, seu diretor de relações institucionais e governamentais,
O executivo afirmou que a habilitação tem relação com os processos produtivos, solda, pintura, montagem e inspeção de qualidade. “Ganhamos mais benefícios se começarmos a localizar novas tecnologias, então tem dois capítulos que ainda não estão lá dentro, mas em estudo, que é a fabricação de baterias e hidrogênio [para caminhões].”
Bastos disse que a GWM encontra dificuldade de localizar componentes tecnológicos, como para-brisa que possa projetar o head-up display e sensores de segurança. “O Márcio [Alfonso, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da GWM] foi a um fornecedor e pediu dez itens tecnológicos, e recebeu a resposta de que só poderiam produzir dois, sendo um deles o limpador de para-brisa. No caso de sensores, a empresa de autopeça disse que não valeria fabricar para o volume de veículos previstos pela GWM.”
O diretor, que esteve presente em um fórum sobre descarbonização promovido pela Revista Quatro Rodas, contou que a China aprovou a localização de duzentos itens, mas o processo não será feito de uma só vez:
“A produção em Iracemápolis começará com CKD, localizando em menos de um ano peças como bancos, vidros, tapeçaria, rodas e pneus. Num segundo momento, ganho pontos no Mover se trouxer a montagem de baterias para o Brasil. A célula, que é caríssima, viria da China, e alguns componentes a gente conseguiria localizar.”
Bancos, pneus e pára-brisa, itens mais pesados e volumosos, serão os primeiros com produção nacional. Da China vêm os componentes menores e mais tecnológicos. “A China faz 10 milhões de sensores, então não adianta produzir 200 mil aqui no Brasil.”
A habilitação é retroativa a abril, ou seja, desde esse mês tudo o que a GWM investiu pode ser calculado no programa Mover, incluindo o trabalho da engenharia. “Tínhamos máquinas na China esperando para embarcar.”
A produção está confirmada para o primeiro semestre de 2025, da linha de SUVs Haval, incluindo híbridos convencionais e plug-in, e as carrocerias H6 e GT. O inédito híbrido flex plug-in ainda está em desenvolvimento.
O volume de produção foi dimensionado em 20 mil unidades por ano, mas o licenciamento foi calculado em 50 mil unidades. Menos que isso, Bastos diz que tem dificuldades de chegar na equação de custo, quando atingem o break-even. O limite é 100 mil, mas para isso é preciso investir em construção civil. Contudo, para chegar às 50 mil unidades, o diretor da GWM diz que precisa de mais produtos.
A picape Poer é uma das cotadas, mas por ser outra plataforma aumentaria os custos. Há estudos também do SUV médio H4, menor que o H6.
“Agora que saiu nossa habilitação podemos fazer simulações mais concretas, porque o governo aceitou tudo o que colocamos. Estamos calibrando os benefícios e vendo qual seria a picape ideal. Vamos ter volume para uma picape plug-in? Ou pode vir uma a diesel ou a gasolina. Se trouxermos algo novo ganhamos mais benefícios.”
Já um carro elétrico está fora de cogitação nesse começo de produção, segundo o diretor da GWM.