Versões Audace e Impetus serão as primeiras com inédita tecnologia nacional que auxilia o motor a combustão. Mais econômicos, ajudarão reduzir um pouco as emissões de CO2.
Campinas, SP – Os primeiros dos 40 modelos que a Stellantis pretende apresentar no mercado brasileiro até 2030, resultado do investimento inédito na indústria nacional de R$ 32 bilhões, estarão nas concessionárias a partir da semana que vem. Trata-se do SUV compacto Pulse e do Fastback dotados de tecnologia híbrida, que utiliza pequena bateria e motor elétrico para contribuir, em baixas rotações, com o desempenho do motor térmico.
“Vamos renovar o lineup da Stellantis de 2025 a 2030. Serão 40 novidades produzidas na região e oito powertrains, incluindo opções híbridas e 100% elétricas. Este é o primeiro passo para democratizar as novas tecnologias Bio-Hybrid, oferecendo ao consumidor veículos mais eficientes do ponto de vista de emissões e economia de combustível”, comemorou Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis da América do Sul.
Os automóveis que utilizarão esta nova tecnologia Bio-Hybrid, que passa a ser chamada de plataforma Fiat Hybrid, são as versões intermediárias Audace e Impetus de Pulse e Fastback. Além da motorização T200 1.0 litro de 130 cv com auxílio do pequenino motor elétrico de 3 kW e uma bateria de íon de lítio de apenas 12 V, essas versões também recebem uma central multimídia aprimorada com funções que utilizam inteligência artificial e uma tela de 10,1 polegadas. E, ainda, uma cor exclusiva, aplicada somente nas versões híbridas, o azul amalfi.
Os preços estão apenas R$ 2 mil mais altos do que as mesmas versões que ainda não tinham a tecnologia Fiat Hybrid, segundo a fabricante. Aliás, o Pulse e o Fastback nas versões Audace e Impetus apenas com motor térmico T200 continuam sendo ofertados na rede de concessionários. A Fiat diz que esses modelos estarão no catálogo até o fim de 2024, pois ainda há estoque. Mas a produção já está no final e em janeiro de 2025 não serão mais fabricados.
Confira os preços das novas versões de Pulse e Fastback com tecnologia Fiat Hybrid:
Pulse Audace T200 Hybrid AT – R$ 125 mil 990 Pulse Impetus T200 Hybrid AT – R$ 140 mil 990 Fastback Audace T200 Hybrid AT – R$ 151 mil 990 Fastback Impetus T200 Hybrid AT – R$ 161 mil 990
De acordo com Alexandre Aquino, vice-presidente da marca Fiat para a América do Sul, “as duas versões representarão de 40% a 50% das vendas de cada um dos modelos”. Em realidade, ele afirmou que Audace e Impetus já têm uma performance semelhante no mix de vendas tanto de Pulse quanto de Fastback. No entanto, com as novidades tecnológicas voltadas ao entretenimento a bordo, além do Fiat Hybrid que dará, dentre outras vantagens a economia de combustível e menor emissões de CO2 “isenção do rodízio na cidade de São Paulo”, Aquino está confiante em um desempenho um pouco melhor nas vendas.
Outro argumento que conta para atrair o consumidor e colabora para a teoria de democratização dos híbridos no País, como espera a Stellantis, é o interesse de muitas pessoas em utilizar veículos mais modernos, dotados de tecnologias que tragam benefícios. “Vamos contar essa história e valorizar a possibilidade de muitos clientes utilizarem pela primeira vez um veículo híbrido nacional em nossas campanhas”.
A relação de consumo apresentado por Márcio Tonani, vice-presidente do Tech Center da Stellantis para a América do Sul demonstra um dos argumentos que certamente serão explorados junto ao consumidor. No ciclo urbano utilizando etanol o Fastback apresentou consumo de 8,9 km/l [12,6 km/l com gasolina] e o Pulse, 9,3 km/l [13,4 km/l com gasolina], resultado melhor do que o de todos seus concorrentes no mercado nacional. “Não é só redução de emissão, mas um melhor desempenho do veículo, além do conforto acústico, outro atributo que encontramos ao utilizar a tecnologia híbrida”. Na estrada ainda utilizando apenas o etanol o consumo foi de 10,2 km/l [ 14,4 km/l com gasolina] no Pulse e de 9,8 km/l [13,9 km/l com gasolina] no Fastback – ainda melhor do que a concorrência.
Como funciona o Fiat Hybrid
O sistema híbrido possui um motor elétrico multifuncional que substitui o alternador e o motor de partida. Chamado de dual-battery ele é capaz de gerar torque adicional para o motor térmico e, também, energia elétrica para carregar as baterias de chumbo-ácido de 68Ah e de íon de lítio de 11Ah, ambas de 12V, que retribuem devolvendo energia ao motor elétrico. Esse sistema é responsável por gerar a potência de até 3 kW, promovendo uma performance combinada dos dois motores e a redução de consumo de combustível.
É preciso esclarecer que esse sistema híbrido não utiliza em nenhum momento apenas energia elétrica aplicada nas rodas para mover o veículo. Trata-se de tecnologia de auxílio e que está atuando entre 1 mil e 3 mil rotações por minuto do motor. Ou seja, quando o motor térmico gira mais rápido a atuação elétrica deixa de contribuir para a economia de combustível.
Todo esse sistema foi desenvolvido pela engenharia da Stellantis no Brasil. Apenas a bateria de íon de lítio de 12V, que está posicionada abaixo do banco do motorista, é importada da Coreia do Sul.
O sistema dual-battery, ou módulo de comutação de duas baterias, usado para conectar, separar ou controlar as baterias de acordo com a estratégia da central eletrônica, foi desenvolvido pela engenharia e utiliza componentes feitos no País, assim como o motor elétrico de 12V e 3 kW conectado ao propulsor térmico.
O sistema tem alguns modos de operação, controlado por softwares avançados igualmente desenvolvidos no Brasil. O primeiro estágio tem a atuação do e-Start&Stop: quando o veículo para completamente, ele desliga o motor a combustão, economizando combustível. E nas desacelerações, o motor a combustão permanece em funcionamento sem injetar combustível, priorizando a regeneração de energia da bateria de íon de lítio. Isso pode ser acompanhado pelo motorista no cluster central dos veículos.
Outra operação interessante e que acontece a maior parte do tempo em baixas rotações é o trabalho do e-Assist, que faz a assistência do motor elétrico ao motor de combustão. Durante acelerações e retomadas, as baterias de lítio e chumbo fornecem energia para o motor elétrico, que gera torque adicional para o motor de combustão, por isto há um menor consumo de combustível.
Há ainda o trabalho do alternador inteligente. Ele atua em algumas situações: quando as baterias de chumbo-ácido e/ou íon de lítio estão com baixos estados de carga, o alternador inteligente aciona a função carregamento. No modo neutro, as baterias de chumbo-ácido e/ou íon de lítio estão carregadas, e o alternador inteligente permite que as baterias mantenham as cargas elétricas do sistema.
Tem também um sistema de regeneração de energia que atua durante as desacelerações. A função de regeneração converte energia mecânica em energia elétrica, que é armazenada nas baterias. Esse sistema é capaz de regenerar até 25% da energia que seria desperdiçada em um propulsor convencional.
O primeiro passo da Stellantis, neste que será o caminho a percorrer para descarbonizar a mobilidade, terá muitos outros capítulos. Cappellano acredita que nos próximos seis anos, até o fim deste ciclo de investimentos das plataformas Bio-Hybrid, as vendas no Brasil desses produtos eletrificados com algumas das várias tecnologias disponíveis passem dos atuais 7,5% de participação para 60%.