Montadora compartilha infraestrutura e know-how ao oferecer serviços a indústrias metalmecânicas e até outras montadoras
São Paulo – No ano em que celebra sete décadas de atividade a ferramentaria da General Motors, em São Caetano do Sul, SP, decidiu abrir os portões da Avenida Goiás para empresas de pequeno, médio e grande porte. O objetivo é elevar o volume de produção ao compartilhar infraestrutura e know-how na oferta de serviços.
Em outras palavras indústrias do segmento metalmecânico e fabricantes de veículos agora podem terceirizar à GM serviços de usinagem 2D e 3D, corte, soldagem e tratamento térmico a laser, montagem e finalização de ferramentas de estampagem e rebordeamento, além da fabricação de dispositivos de montagem e inspeção.
Segundo contou à Agência AutoData o gerente sênior de engenharia de manufatura da General Motors, Carlos Silva, a companhia tem trabalhado como fornecedora estratégica para empresas do setor, inclusive outras montadoras. Os nomes dos clientes, porém, devem permanecer em sigilo por questões contratuais:
“Já realizamos projetos que variam desde dispositivos de inspeção de alta complexidade até ferramentas de estampo para grandes painéis automotivos”.
Segundo ele o foco na automação e virtualização de processos assegura eficiência em custos, prazos e qualidade, resultando em maior competitividade e até mesmo no desenvolvimento de patentes.
A estratégia de abertura da ferramentaria faz parte de visão mais ampla da GM sobre a valorização de ativos industriais e da engenharia nacional, disse o executivo: “Apesar de não divulgarmos metas específicas buscamos ampliar a ocupação da nossa capacidade instalada, equilibrando produção interna com demandas externas, o que também contribui para maior eficiência operacional”.
O gerente de engenharia reforçou que a decisão é movimento estratégico que busca não apenas gerar receita mas, também, posicionar a GM como referência em soluções industriais de alto valor agregado.
“Estamos fomentando a indústria de transformação mecânica nacional uma vez que, ao ampliar nosso volume, elevamos a carga de uma cadeia de fornecimento que vai de modelação, passando por fundição e usinagem.”
Centro de ferramentaria do ABC Paulista é um dos três no mundo
Com capacidade de produção de até 25 peças ou cem ferramentas de grande porte por ano, Silva assegurou que a GM consegue operar, simultaneamente, grandes projetos, além de diversos serviços menores, sem comprometer padrões de qualidade e prazos: “Nossa engenharia integrada permite agilidade em mudanças de escopo e tomadas de decisão rápidas, o que é importante diferencial competitivo”.
A ferramentaria emprega 250 pessoas, distribuídas nos setores administrativos, de engenharia, de projeto e de construção. As atividades são divididas em dois turnos regularmente, com uma parcela de funcionários operando no terceiro turno para complemento da capacidade.
O centro de ferramentaria do ABC Paulista é um dos três da GM no mundo, ao lado de Estados Unidos e Coreia do Sul, todos com porte muito similar em termos de capacidade anual, assinalou Silva, ao complementar que cada um deles está inserido em sua cultura local que possibilita recursos distintos para suas utilizações.
Por aqui o executivo afirmou existir demanda em crescimento para empresas do segmento metalmecânico e que, por isto, a GM aposta também na oferta de soluções personalizadas com o uso de tecnologia de ponta e mão de obra especializada.
A maior procura tem se mostrado em serviços de têmpera e solda a laser, além de corte 2D e 3D laser, e tryout de ferramentas de estampo: “São serviços que hoje têm mais demanda no mercado e menor disponibilidade de contratação. A crescente procura por têmpera e solda a laser, por exemplo, é reflexo da busca das indústrias por processos mais precisos, sustentáveis e com menor retrabalho”.
Serviços de usinagem ou tratamento térmico podem ser feitos em cinco a dez dias. A construção de um set de ferramentas para produção de um painel, por sua vez, leva muito mais tempo, segundo Silva: “Temos projetos que podem durar um ano, desde as primeiras simulações, os testes, a fabricação até a entrega ao cliente”.
Metade do que é feito em São Caetano é exportado
Além de atender ao mercado nacional a ferramentaria da GM exporta parcela significativa de sua produção para países como Estados Unidos, Canadá, México e Argentina: na média 50% do volume é enviado para fora.
Os produtos têm as mesmas características dos fabricados para o mercado brasileiro: ferramentas de estampo e rebordeamento, além de dispositivos de inspeção e montagem.
“Este porcentual de exportação consolida a ferramentaria de São Caetano como um polo exportador dentro da operação GM mundial, contribuindo para projetos estratégicos em outras regiões e aumentando a competitividade da engenharia brasileira no cenário internacional.”