São Paulo – As fortes chuvas que assolaram a fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz, SP, na tarde de segunda-feira, 21, deixaram rastro de destruição não somente na estrutura física da unidade mas, também, em toda a sua linha de produção: a montadora informou aos trabalhadores que suspenderá a fabricação de veículos até pelo menos o início do ano que vem.
De acordo com Manoel Neres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itu e Região, que abrange Porto Feliz, a previsão é de que a montadora volte a fabricar motores e veículos somente em janeiro ou fevereiro. Até lá, os empregos estarão garantidos após negociação realizada com a empresa na quarta-feira, 24.
Perícia da seguradora na unidade de Porto Feliz indicou que poderia ter havido tragédia sem precedentes caso as paredes não tivessem sido retidas pela ponte rolante que cedeu e caiu sobre os maquinários, danificando-os.
“Poderia ter caído em cima de pessoas. A fábrica estava cheia de trabalhadores no momento do pé-dágua.”
Até 30 de setembro os empregados ficarão em casa com desconto no banco de horas. A partir de 1º de outubro entrarão em férias coletivas de vinte dias, quando iniciarão layoff que poderá se estender de sessenta a 150 dias, ou seja, de dois a cinco meses.
“Posso dizer que o acordo foi ótimo, pois além de manterem seus empregos os trabalhadores que recebem até R$ 4,5 mil ainda terão 100% dos seus salários e, acima disso, haverá tabela com reposição de 80% a 90% do valor”, contou Neres, cujo sindicato representa oitocentos operários em Porto Feliz.
Apenas o décimo-terceiro salário não é pago para quem está em layoff, mas o convênio e os benefícios continuam valendo e a PLR será paga conforme o que foi aprovado em acordo coletivo.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, Leandro Soares, afirmou que, após reunião com a Toyota, o acordo para os 3,8 mil profissionais da fábrica da cidade será o mesmo, e que os empregados serão notificados até a quinta-feira, 25.
“Por causa dos danos estruturais significativos provavelmente ficaremos sem produzir até o início do ano que vem, o que poderá ter impacto na exportação de motores para a América Latina e os Estados Unidos”, externou Soares. “Mas, felizmente, aprovamos acordo que assegura a manutenção dos empregos e com o mínimo possível de perdas econômicas.”
Procurada a Toyota disse que mantém posição contida em nota enviada na terça-feira, 23: “Não há relatos de fatalidades. Um relatório de danos está sendo preparado para entender a extensão dos impactos. A produção da unidade foi interrompida. Não há previsão de retomada das operações neste momento”.
Como a reportagem da Agência AutoData noticiou na terça-feira o lançamento do Yaris Cross, previsto para outubro, foi adiado, ainda sem uma nova data.