Mulheres já são grande parte dos compradores de automóveis

As mulheres certamente representam fatia importante nos gêneros que compram automóveis no Brasil. De olho nesta realidade as fabricantes têm buscado, nos últimos anos, entender melhor o perfil das consumidoras. E, por isso, passaram a desenvolver veículos com características para fisgar este público. A maior oferta de SUVs, por exemplo, tem a ver com este cenário e, inclusive, seu sucesso no País está relacionado à preferência do público feminino por este tipo de carro, que tem no visual e na altura seus pontos mais fortes.

Fernando Pfeiffer, gerente de marketing da Ford, diz que as necessidades das mulheres são levadas em conta na hora do desenvolvimento de um veículo: “Diversos equipamentos são incorporados pensando em meios que proporcionem mais facilidades para as consumidoras”.

Os últimos desenvolvimentos da empresa neste sentido são as chaves com sensor de presença para abrir o carro. Outro exemplo é o porta-malas do Ford Edge, que possui um sensor no assoalho que abre a tampa automaticamente: “Isto auxilia pessoas que têm sacolas e bagagens nas mãos”.

Do lado das concessionárias o que se percebe, de acordo com Antônio Jorge Martins, coordenador de MBA de gestão de empresas da cadeia automotiva e concessionárias da FGV, é uma preocupação maior em satisfazer as exigências das mulheres.

“Há um esforço da área comercial para um atendimento mais especializado, principalmente porque sabem que é ela quem define qual modelo a família vai comprar.”

Há 25 anos no ramo de concessionárias o vendedor Eduardo Guedes Mazili, da multimarca Vermarc, de São Paulo, diz que hoje as mulheres já são 50% dos consumidores da loja:

“Quando eu comecei a trabalhar nesta área elas eram apenas 25%. Dificilmente uma mulher chegava sozinha a uma concessionária. Hoje elas têm independência financeira para entrar e escolhem o que desejam”.

De acordo com ele são as mulheres, também, que dão a palavra final na escolha do automóvel da família.

O aumento do consumo feminino fez com que as concessionárias aprendessem mais sobre um perfil de consumidor mais detalhista, com apego ao conforto e ao design. Everaldo Gueterres, vendedor da concessionária Itavema Renault, de São Paulo, lembra que dificilmente uma mulher se importa se automóvel possui motor 1.0 ou 2.0, “mas elas chegam munidas de informações sobre os tipos de acessórios e opcionais que não podem faltar e não demonstram interesse por marcas específicas”.

Ele conta, também, que a cor do automóvel é fator importante e se não tiver a que elas preferem há o risco de perder a venda – “Isto já aconteceu comigo…”.

Recessão econômica, aqui, é a maior desde 1948

Que a recessão econômica no Brasil está mais prolongada do que se esperava já se vê, há meses, na mesa dos brasileiros e nas filas de emprego pelo País. O que não se imaginava é que o PIB,Produto Interno Bruto, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos, fechasse 2016 com queda de 3,6%. É a segunda queda consecutiva da atividade econômica: em 2015 o recuo foi de 3,8%. E, considerando os dados do IBGE, a retração dos últimos dois anos representa a maior recessão que já vivemos desde 1948.

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de contas regionais do IBGE, em alguns anos a retração do PIB foi maior do que a de 2016, mas nunca a economia brasileira havia somado 7,2% de queda em um biênio: “A magnitude da queda, olhando o biênio, é a maior desde 1948”.

A série histórica do IBGE para o PIB começa em 1947, mas apenas em 1948 há dados de variação anual.

A pesquisadora contou que “em outros períodos algumas atividades econômicas davam uma segurada na economia. Nesse biênio a retração foi disseminada em toda economia, o que não é muito comum de acontecer. Serviços foram muito afetados, o que antes não acontecia muito”.

O resultado negativo dos dois anos seguidos fez o PIB do País voltar para patamar registrado no terceiro trimestre de 2010, segundo o IBGE. No último trimestre de 2016 o PIB recuou 0,9% com relação ao trimestre anterior e caiu 2,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O tombo foi generalizado em todas as atividades econômicas, com a agropecuária liderando os recuos em 6,6%, seguida pela indústria, com retração de 3,8%, e serviços chegando a queda de 2,7%.

Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, a situação do Brasil em 2016 foi “dramática, pior do que o setor industrial imaginava. Nossa expectativa é a de que a economia melhore com os projetos de infraestrutura que devem melhorar o cenário. Mas, mesmo assim, haverá um crescimento pequeno, se comparado às quedas seguidas do PIB que tivemos. A estimativa é a de que a economia cresça 0,5% este ano”.

Exportações batem recorde histórico no bimestre

As exportações têm sido, para a indústria automobilística, importante ferramenta para diminuir o impacto negativo das vendas internas. Por isto as fabricantes se empenham para aprimorar o desempenho de vendas para outros países. Este esforço fez com que registrassem o melhor bimestre da história em volumes embarcados, com 104 mil 211 um idades, aumento de 73,1% com relação ao mesmo período do ano passado.

Já em fevereiro as exportações, com 37 mil 943 unidades, segundo a Anfavea, também foi recorde. Já com relação ao mesmo período do ano passado o aumento foi de 82,2%, com 66 mil 268 unidades.

Em valor as vendas externas no bimestre superaram a receita, então recorde, apurada nos dois primeiros meses de 2013, com R$ 1 bilhão 993 milhões 287 mil. No mês passado o valor das exportações cresceu 45,3% diante de fevereiro de 2016, chegando a R$ 1 bilhão 183 milhões 480 mil.

Para o presidente Antônio Megale os esforços de buscar novos acordos no Exterior intensificaram os negócios. O acordo de livre comércio firmado recentemente com o Uruguai é um exemplo: “Somente em fevereiro vendemos 5 mil unidades ao Uruguai, e isto mostra uma evolução com relação às 11 mil registradas no acumulado do ano passado”.

Megale disse que a consolidação do livre comércio com a Colômbia contribuiria mais para aprimorar o desempenho da indústria nas exportações: “Ainda não foi liberado porque o governo colombiano decidiu incluir outros setores neste acordo e isto faz com que haja demora no processo”.

Leves – As exportações de automóveis e comerciais leves no primeiro bimestre somaram 99 mil 971 unidades, com aumento de 75,9%. De acordo apenas com o resultado de fevereiro o aumento foi de 85,8%, com 63 mil 481 unidades e receita de R$ 995,4 milhões.

Já as vendas externas de comerciais leves alcançaram 16 mil 439 unidades, alta de 122,1% no comparativo com o mesmo bimestre do ano passado. De acordo com Antônio Megale o crescimento deste segmento ocorreu principalmente por causa do bom desempenho da Toro, picape média da Fiat. Em valor o volume de veículos leves exportado foi de R$ 1 bilhão 661 milhões 755 mil.

Fabricantes aceleram produção à espera das águas de março

Mesmo com os indicadores econômicos nada animadores, com o aumento do desemprego e de PIB negativo em 3,6% em 2016, as fabricantes de veículos instaladas aqui aceleraram a produção no primeiro bimestre e chegaram a 375,1 mil unidades. Esse volume representou alta de 28,1% com relação à produção no mesmo período do ano passado, que somou 292,8 mil veículos. Os dados foram divulgados na terça-feira, 7, pela Anfavea. Em fevereiro a produção chegou a 200,4 mil veículos, ante 144,2 mil unidades, elevação de 39%.

Para o presidente Antônio Megale a alta na produção é explicada pelo aumento das exportações (veja reportagem na página 10) e pela expectativa de um mercado melhor a partir de março.

“Historicamente o terceiro mês do ano é melhor em vendas e, por essa razão, as empresas já estão se preparando para atender a essa demanda”.

Com esse volume as fabricantes formaram estoque para 42 dias, que equivale a 205 mil unidades. Em janeiro o giro era de 187,7 mil veículos.

“Esse crescimento na produção é bom, mas ainda está aquém de nossa capacidade. Voltamos aos níveis de 2006. Isso não compensa a ociosidade na indústria, que chegou a 53%. Não estamos vendo uma recuperação forte antes do segundo semestre deste ano. A taxa de desemprego ainda é alta e o medo de perder o emprego faz com que o consumidor não vá às concessionárias. Para o mercado voltar a crescer é preciso que os investimentos em infraestrutura saiam do papel. Esses projetos são importantes para a roda começar a girar novamente. A melhora da economia virá com esses recursos e não com o aumento do consumo.”

Os licenciamentos, segundo os dados da Anfavea, chegaram a 282 mil e 880 unidades no primeiro bimestre, volume 6,4% menor do que o apurado em janeiro e fevereiro de 2016, quando foram vendidos 302,09 mil veículos:

“Tivemos fatores importantes que criaram impacto no desempenho de vendas, principalmente, em fevereiro. Primeiro, o carnaval caiu nos dois últimos dias de fevereiro, que são sempre os melhores dentro de um mês. Além disso tivemos os problemas de segurança no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, que também influenciaram o resultado”.

Segundo Megale a queda em fevereiro, de 7,6%, no comparativo com o mesmo período de 2016, foi maior do que o esperado: “Esperávamos o mesmo volume de fevereiro do ano passado. Se tivéssemos mais dois dias de vendas, que perdemos com o carnaval, poderíamos ter chegado a este número. Mas fatores externos foram preponderantes para essa queda”.

As fabricantes instaladas aqui tiveram, em fevereiro, média diária de vendas de 7 mil 537 veículos, ante 7 mil 727 em fevereiro de 2016.

Outro fator que trava o crescimento dos licenciamentos é o baixo volume de veículo financiados pelos bancos – em fevereiro 51,3% das vendas foram financiadas. O normal considerado pela Anfavea é 60%. Esse porcentual, de acordo com dados da Anfavea, não é alcançado desde fevereiro de 2015. Ou seja: os bancos mantêem-se muito seletivos na concessão do crédito:

“Um dado interessante é que 60% das pessoas que querem comprar um carro, e pedem financiamento, não conseguem. A postura das empresas de financiamento só mudará com a melhora da economia. Mesmo com a queda da Selic esse movimento ainda não voltou”, notou Megale. “Mas mantemos nossas projeções de aumento nas vendas de 4%, e de 11,9% na produção”.

Emprego – Com o mercado em queda e a baixa utilização da capacidade instalada, principalmente nas fabricantes de caminhões, o nível de emprego na indústria automobilística se equipara, hoje, ao que havia em 2008, observou Megale. Em fevereiro eram 121 mil 539 as pessoas empregadas pelo setor. Considerando a folha de pagamento de fevereiro de 2016 a redução observada é de 6,8% no mês passado. Na época as fabricantes empregavam 130 mil 339 funcionários.

“Os ajustes se mantiveram de janeiro para cá. Há 10 mil 350 pessoas em lay off ou participando de programas como o PSE, Programa Seguro Emprego. Isso deve se manter nos próximos meses.”

Caminhões: o pior fevereiro em 23 anos.

O desempenho dos licenciamentos de caminhões, em fevereiro, foi o pior desde 1993, com 2 mil 612 unidades. Na comparação bimestral os resultados também retrocederam, ao mesmo ano, com 5 mil 559 unidades. Os dados são da Anfavea. Na comparação com fevereiro de 2016 a queda foi de 32,2% e, na bimestral, a redução foi de 32,8%.

Mesmo assim a entidade mantém a projeção de crescimento no ano, na ordem de 10%. Alguns indicadores fortalecem esta visão, como a diminuição da taxa de juros, inflação próxima ao centro da meta e a safra recorde de grãos, cuja projeção atualizada é de aproximadamente 220 milhões de toneladas. Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, “um crescimento mais robusto para este setor virá se houver mais investimentos em infraestrutura. Isso tornará mais viável as vendas de caminhões”.

Na contramão dos resultados das vendas a produção teve alta de 3,4% no bimestre, com 9 mil 796 unidades e queda mensal de apenas 0,1% na comparação com fevereiro de 2016, com 5 mil 314 caminhões produzidos. Apesar disto a ociosidade na capacidade instalada, de 80%, é considerada “trágica” por Megale.

Com relação ao desempenho do setor por segmento, dados da Anfavea mostram que as vendas de caminhões semileves em fevereiro foram 16,9% menores na comparação com o mesmo mês do ano passado e encolheram 24,1% no bimestre. Nesta mesma ordem, em leves, a redução foi de 38,5% e 39,6%. Em semipesados de 41,4% e 34,1% e, no segmento de pesados, que abocanha a maior parte das vendas, a redução foi de 23,6% e 26,1%.

Ônibus – O setor de ônibus fechou o bimestre com redução, expressiva, de 46,2% nas vendas de chassis, com 932 unidades. Somente em fevereiro a queda foi de 38,9%, com 428 veículos vendidos. Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea, atribui o baixo desempenho à demora na liberação do programa de renovação da frota de transporte público coletivo urbano, o Refrota 17:

“Esta linha possui taxas de juros atrativas e os empresários querem aderir a ele”.

O Refrota 17 foi criado no ano passado com o objetivo de financiar 10 mil ônibus urbanos. Para isto foram destinados R$ 3 bilhões.

Vendas de máquinas agrícolas podem chegar a 4 mil unidades este mês

No primeiro bimestre do ano foram vendidas, no País, 6 mil unidades de máquinas agrícolas, 46,4% a mais do que o registrado no mesmo período de 2016. O desempenho positivo faz o setor acreditar que o desempenho, em março, possa vir a ser maior e chegar a 4 mil unidades. Caso a ideia se transforme em prática o volume vendido, no trimestre, chegará a 10 mil unidades, 20% da projeção do setor para o ano em um período no qual, historicamente, as vendas são menores.

No mês passado o mercado absorveu 3 mil 235 unidades de máquinas agrícolas, o que representou alta de 33,5% com relação ao mesmo período de 2016.

Antônio Megale, presidente da Anfavea, disse que “janeiro e fevereiro são meses em que há, geralmente, quedas nas vendas, com retomada a partir de março. Houve queda em janeiro, mas em fevereiro, mês que possui menos dias úteis, conseguimos números expressivos no setor. Isto mantém as projeções feitas, ainda que devamos esperar os impactos da infraestrutura no escoamento da produção do agronegócio”.

Megale ressaltou que em janeiro e em fevereiro as empresas já venderam cerca de 10% do programado para o ano “e estes são, teoricamente, os meses mais fracos. Mas devemos esperar antes de comemorar, pois é um setor que oscila muito ao longo do ano”.

O setor espera vender, até dezembro, 49,5 mil unidades, volume que supera em 13% o volume realizado em 2016, 43,8 mil unidades. A safra de 220 milhões de toneladas é apontada pela Anfavea como o fator preponderante para o aumento esperado nas vendas este ano.

Para Ana Helena Corrêa de Andrade, vice-presidente da Anfavea e responsável pela área de máquinas agrícolas e rodoviárias, feiras agrícolas e vendas financiadas por linhas de crédito específicas para o setor agrícola manterão o crescimento ao longo de 2017:

“Em dois meses já tivemos duas grandes feiras no setor, e os agricultores estão motivados, estão buscando orçamentos para fazer aquisição de equipamentos. O campo ainda tem muito espaço para mecanização e estamos voltando a um patamar adequado para o País. É relevante observar que este retorno vem acontecendo consistentemente desde julho”.

De julho a dezembro de 2016 as vendas mensais de máquinas alcançaram 4 mil de unidades.

Exportações – Para o mercado externo foram vendidas 740 unidades em fevereiro, movimentando US$ 188 milhões. O volume de exportações no mês passado foi 45,3% maior do que o registrado em fevereiro do ano anterior.

No bimestre as vendas externas somaram 1 mil 217 unidades, alta de 27% no comparativo com o mesmo período de 2016. Em valor o acumulado das exportações de máquinas foi de US$ 331, 53 milhões.

Com as melhoras nas vendas internas e nas exportações no bimestre a produção de máquinas agrícolas chegou a 7 mil 642 unidades, aumento de 62,9% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Já em fevereiro foram fabricadas 4 mil 631 máquinas, crescimento de 52,5% com relação a fevereiro de 2016.

Burocracia e clandestinidade travam crescimento do setor de transporte por fretamento

O transporte rodoviário de passageiros por fretamento enfrenta alguns gargalos para crescer e manter equilíbrio nos negócios das cerca de 8 mil empresas que atuam neste setor. A concorrência com empresas clandestinas e burocracias geradas por regras não padronizadas são as principais queixas dos transportadores, de acordo com a pesquisa inédita realizada pela CNT, Confederação Nacional do Transporte.

O estudo ouviu 363 empresários dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Amazonas. Também foram abordados 86 representantes de empresas que deixaram de atuar no ramo, o que totalizou 449 entrevistados.

Para Bruno Batista, diretor executivo da CNT, “dada a importância deste tipo de transporte, que atende à demanda de um público que precisa se deslocar para regiões que não são abastecidas pela operação regular urbana, a pesquisa foi realizada com o objetivo de apontar os problemas e buscar melhorias”.

Das empresas ouvidas 57,8% disseram que aumentou o número de operadores de transporte clandestino e mais da metade dos entrevistados acredita que isto acontece porque a fiscalização não é eficaz para coibir esta prática. Segundo eles falta policiamento de apoio e os agentes de segurança não estão preparados para conter esta prática.

Outro empecilho para o melhor desenvolvimento da atividade, de acordo com as empresas consultadas, é a falta de padronização de normas e regulamentos. A maioria não está satisfeita com as normas aplicadas. A resolução 4 777/2015 da ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, por exemplo, que estabelece requisitos para obtenção de autorização para fazer fretamento, é desaprovada por 67% dos operadores interestaduais e internacionais.

Na visão de Batista a simplificação das normas e a fiscalização mais acirrada para eliminar o transporte clandestino favoreceria o desempenho destas empresas: “Vale lembrar que o fretamento contribui consideravelmente para a mobilidade urbana”.

A pesquisa mostrou, também, que a falta de profissionais capacitados no mercado de trabalho é uma dificuldade para 47,1% destas empresas. O elevado custo da mão de obra é destacado por 27,9% como um dificultador.

Perfil do setor – Nos últimos oito anos o número de empresas de fretamento passou de 4,8 mil para mais de 8 mil, o que demonstra aumento de 68,8%, de acordo com a Rais, relação anual de informações sociais do Ministério do Trabalho. Mas, apesar do aumento do volume de empresas, a crise econômica dos dois últimos anos levou à queda da demanda de passageiros. A conclusão surgiu depois de a CNT entrevistar 86 empresários que deixaram de atuar no segmento. Destes 51,2% desistiram do negócio principalmente por causa da redução da demanda. 31,4% também apontaram a baixa remuneração como motivo e 24,4% alegaram o excesso de burocracia.

De acordo com as empresas entrevistadas o bom desempenho econômico é fundamental para os empresários. 91,1% afirmaram que a atual crise teve impacto negativo na atividade e, desses, 79,2% disseram que foi elevado.

O de veículos, um dos segmentos mais ociosos em SP

Mesmo apresentando aumento de 17,1% na produção de veículos em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2016, as fabricantes instaladas no Estado de São Paulo operaram abaixo de sua capacidade produtiva. Aqui, região que abriga a maior quantidade das fábricas no País, 28 no total, o de veículos é o segundo setor industrial que menos utilizou sua capacidade instalada no mês, ficando atrás apenas do segmento de bebidas, segundo o Indicador de Nível de Atividade da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

O indicador da Fiesp aponta que a indústria de veículos do Estado obteve, em janeiro, índice 66,15 de capacidade instalada que vai até 100. Vale comparar: em janeiro de 2013, quando foram produzidas quase 293 mil unidades, o índice obtido foi 86,34. O desempenho foi creditado, pela Fiesp à “crise da economia brasileira que se abateu sobre a indústria automobilística”. Na comparação com janeiro 2016, porém, o índice deste ano apresentou alta de 3,7 pontos porcentuais.

O levantamento feito pela Fiesp no período insere o setor no bloco das indústrias paulistas que mais sentiram os efeitos da retração na economia. Além dele os setores de borracha, produtos químicos, máquinas e equipamentos e produção de metal também foram os que usaram menos sua capacidade instalada.

Antônio Jorge Martins, especialista em gestão de empresas da cadeia automotiva da Fundação Getúlio Vargas, FGV-SP, diz que o cenário é reflexo da queda do número de veículos licenciados no País, que gerou cortes de funcionários e ajustes de produção. Segundo dados da Anfavea as fabricantes de veículos de todo o País terminaram 2016 com 104 mil 412 empregados, 9 mil 924 funcionários a menos do que em 2015.

Apesar disso, no entanto, o especialista acredita que a tendência é a de que não haja mais quedas em 2017 e que a utilização da capacidade instalada aumente ao longo do ano.

“Já ocorreram períodos de queda acentuada no setor, mas nada além dos níveis que vemos hoje. As empresas, para 2017, planejam reajustar aos poucos suas produções para atender a uma branda retomada na demanda por veículos, e isso se reflete nos índices mensais da indústria como um todo.”

Vendas caíram 1,6% em 2016

As empresas fabricantes de pneus venderam no ano passado 70,7 milhões de unidades, o que representou queda de 1,6% diante das 71,9 milhões de unidades comercializadas em 2015. Segundo a Anip, associação que reúne as fabricantes no Brasil, a queda na produção de veículos, que chegou a 2 milhões 170 mil unidades em 2016, foi o motivo principal para esse recuo.

Segundo a Anip no ano passado as vendas para as fabricantes de veículos totalizaram 12,8 milhões de pneus, queda de 9,2% no comparativo com o ano anterior, quando as encomendas chegaram a 14,1 milhões de unidades. O que compensou o declínio expressivo das vendas foram as exportações. As vendas externas de pneus cresceram 7,7%, chegando a 13,1 milhões de unidades ante 12,1 milhões de pneus exportados em 2015.

O maior mercado para a Anip é o de reposição. No ano passado as fabricantes destinaram 44,8 milhões de pneus para as revendas e as lojas independentes, queda de 1,8%. Em 2015 as vendas para a reposição chegaram a 45,6 milhões de unidades.

Já a produção de pneus no País, de acordo com dados da Anip, recuou 1,1% no ano passado, chegando a 67,9 milhões de unidades. Em 2015 foram produzidos, aqui, 68,6 milhões de pneus. Segundo comunicado da Anip a queda foi reflexo das vendas menores também para o mercado de reposição e para as fabricantes de veículos.

Por mercado as vendas de pneus para motos foram as que mais caíram no ano passado. Os dados da Anip mostram que em 2016 as fabricantes comercializaram 13 milhões 458 mil unidades, e que no ano anterior o volume foi de cerca de 15 milhões de pneus. A queda neste mercado foi de 10,7%.

As vendas de pneus de carga, no ano passado, alcançaram 7 milhões 223 mil unidades, volume estável no comparativo com 2015. Já as vendas destinados para o segmento de veículos de passeio caíram 1,6%, passando de 38 milhões 930 mil para 38 milhões 314 mil pneus.

Nasce a segunda força da Europa

O Grupo PSA concluiu as negociações com a General Motors para adquirir os controles da Opel e da Vauxhall e da GM Financial Europe. O valor total da operação foi de € 2,2 bilhões. O BNP Paribas será o parceiro e oresponsável pelo braço financeiro. PSA e BNP pagaram € 900 milhões pela financeira em divisão de 50% das cotas para cada. Já o Grupo PSA será o detentor das operações automotivas da empresa estadunidense na Europa. Só a aquisião da Opel/Vauxhall ficou em € 1,3 bilhão.

Com a compra da Opel/Vauxhall, que alcançou faturamento de € 17,7 bilhões em 2016, o Grupo PSA passará a ser a segunda maior fabricante europeia, atrás da Volkswagen. Considerando somente o mercado europeu a PSA terá 17% de market share, com a adição de coisa de 1 milhão de unidades ao seu volume de 2 milhões de veículos na região.

“Estamos orgulhosos de unir forças com a Opel/Vauxhall”, disse Carlos Tavares, presidente do conselho de administração da PSA. “E profundamente empenhados em continuar a desenvolver a empresa e a acelerar seu crescimento.”

A conclusão da aquisição deverá ser aprovada pelos envolvidos nessa operação até o fim do ano. A partir daí a PSA passa a ter o controle de 28 fábricas na Europa – atualmente são dezessete as unidades administradas pelo grupo. Com o controle dessas empresas o Grupo PSA entrará para o clube das dez maiores fabricantes globais – saltará da décima-primeira posição para a nona.

A transação permitirá economias de escala substanciais e sinergias em compras, manufatura e pesquisa e desenvolvimento. Está prevista economia de anual de € 1,7 bilhão até 2026, da qual uma parte significativa deverá ser entregue até 2020, acelerando o crescimento da operação na Europa. Pelo comunicado das fabricantes a estimativa é que a margem operacional de 2% seja alcançada até 2020, e 6% até 2026 pela Opel/Vauxhall, e assim gerar fluxo de caixa operacional positivo até 2020.

Para a GM o negócio é mais um passo importante na estratégia de redirecionar os esforços nas operações mais rentáveis da companhia. Em comunicado Mary T. Barra, presidente e CEO da GM, disse que “estamos reformulando a empresa e oferecendo resultados consistentes e recordes para nossos acionistas por meio da alocação de capital para os investimentos de maior retorno em nosso negócio automotivo central e em novas tecnologias, que nos permitem liderar o futuro da mobilidade”.

Carlos Tavares reafirmou que a PSA respeitará toda a história da Opel/Vauxhall e que a gestão da nova companhia será feita considerando sua cultura: “Tendo já criado produtos em conjunto para o mercado europeu, sabemos que a Opel/Vauxhall é o parceiro certo. Vemos isso como uma extensão natural do nosso relacionamento e estamos ansiosos para levá-lo para o próximo nível”.

GM Europa e PSA já mantêm parceria no desenvolvimento de motores e novas tecnologias.