CNH Industrial projeta crescimento de 15% nas vendas

A CNH Industrial, grupo que controla marcas como a Case e a New Holland, acredita em uma tendência de alta no mercado de tratores e colheitadeiras por conta das demandas crescentes do agronegócio. A expectativa é de um incremento que vai variar entre 10% e 15% das vendas este ano. Em 2016, a empresa comercializou 11 mil 287 unidades, entre tratores, colheitadeiras de grãos e colhedoras de cana, no mercado doméstico. O volume é praticamente o mesmo do vendido em 2015, quando a CNH vendeu no Brasil 11 mil 282 unidades.

A estimativa positiva de mercado fez a companhia renovar o contato dos 250 funcionários temporários para a fábrica de colheitadeiras da New Holland, em Curitiba, PR. Os acordos, que venciam em dezembro do ano passado, foram estendidos para setembro de 2017. Na América Latina a empresa emprega 8,5 mil pessoas em onze fábricas, sendo sete unidades no Brasil.

“Acredito que haverá um período de alta prolongada que vai durar até o meio do ano que vem. Viemos de dois períodos de vendas internas sem crescimento”, disse Christian Gonzalez, diretor de portfólio e produto da CNH Industrial no Brasil, recém-chegado ao posto após ter passado por vários cargos na Case e na New Holland.

Para ele, é no agronegócio que estão as melhores oportunidades para as máquinas produzidas pela CNH aqui no Brasil. “As obras públicas não deverão surtir o efeito desejado. Os anúncios do governo dependem de leilões de concessões e depois de licitações. Resultados só deverão aparecer a partir de 2018″.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, projetou crescimento de 13% em 2017 nas vendas de máquinas e colheitadeiras. No ano passado foram comercializadas 42,8 mil unidades, o que representou queda de 4,8%.

A recuperação também está diretamente ligada ao aumento da confiança dos produtores rurais em relação ao setor por causa dos recursos do Moderfrota, linha de crédito do governo com juros subsidiados que sustenta a maior parte das vendas de máquinas agrícolas no mercado interno. Inicialmente, o Plano Safra 2016/17, que terminará em 30 de junho deste ano, reservou R$ 5 bilhões para a linha de incentivo.

Exportações – Outra linha de frente da empresa é o mercado externo, segundo o executivo. No ano passado, o crescimento das vendas externas foi de 27%, chegando de 1 mil 980 unidades. O aumento nos embarques aconteceu principalmente por novos contratos firmados com a China e com os Estados Unidos.

Foi o bom desempenho nas exportações que ajudaram a empresa a manter a rentabilidade da operação no Brasil, aponta Gonzalez. No ano passado, as exportações da empresa representaram 20,6% de todas as máquinas e equipamentos agrícolas que o País exportou, 9 mil 598 unidades. Em 2015, a fatia foi de 15%. “Hoje temos uma produção 90% voltada para o mercado interno, e esta fatia já foi menor nos últimos anos”.

Grupo PSA compra participação na Autobiz, empresa de cotação de preços de seminovos

O Grupo PSA Peugeot Citroën negociou a compra de sua participação na Autobiz, empresa de cotação preços de veículos seminovos. A aquisição permitirá compras conjuntas de participações em empresas internacionais, principalmente na Ásia e na América do Sul. Com sede em Suresnes, França, a empresa emprega cerca de cinquenta funcionários, divididos por França, Alemanha, Espanha e Itália. As companhias não informaram o valor do negócio.

Segundo comunicado o objetivo é transformar o grupo em protagonista mundial no mercado de veículos seminovos multimarcas. A aliança sucede à aquisição de participação na Aramisauto, na França.

A tabela de cotações da Autobiz está disponível em cerca de trinta países. Ela é uma referência confiável para fabricantes, distribuidores e locadoras, para os quais o gerenciamento dos preços é uma prioridade. A empresa desenvolve atividades de consultoria junto a profissionais do setor e oferece sua tecnologia a clientes localizados em toda a Europa.

Marc Lechantre, diretor da unidade de negócios de veículos seminovos do Grupo PSA, disse que o fortalecimento da parceria com a Autobiz faz parte da sua estratégia de desenvolvimento no mercado de veículos seminovos: “Essa nova frente de negócios contará com a capacitação adquirida pela empresa em matéria de big data.”

Veículos comerciais aquecerão produção em 2017

Os indicadores macroeconômicos que apontam para uma tímida melhoria no PIB, e o fechamento de novos contratos, fazem com que MWM e Cummins, duas das maiores fabricantes de motores independentes do País, estimem vendas internas melhores por aqui. Pelos cálculos de Thomas Püschel, diretor de vendas e marketing e peças da MWM, do Grupo Navistar, a produção de motores de caminhões para o mercado interno deve chegar a 12 mil unidades, aumento de 5% no comparativo com 2016.

Püschel disse que não espera uma retomada significativa para este setor, “mas a indicação de melhoria em indicadores macroeconômicos possibilita projeções mais positivas”.

Outra aposta da MWM, de acordo com Püschel, é o segmento de reposição: “Com o adiamento da renovação da frota de caminhões e ônibus aumentou a procura por peças de reposição e isso fez com que esta área de negócios crescesse em 2016”.

Sem revelar o faturamento Püschel informou que os negócios realizados no mercado de reposição no ano passado representaram 10% do faturamento e que este percentual deve aumentar para 20% este ano. De acordo com o executivo a revisão e a ampliação do portfólio da empresa puxarão mais o crescimento:

“Este mercado tem papel importante dentro do segmento de veículos porque ajuda a mitigar a queda de vendas dos motores de veículos pesados”.

Apesar de representar uma pequena parte da produção de motores as exportações também ajudaram a atenuar a queda do mercado interno no segmento de veículos. No ano passado a MWM embarcou para outros países 15% da produção de 40 mil motores e para 2017 a previsão é a de que haja aumento de 5% neste volume. O acréscimo acontecerá principalmente por causa de contratos adicionais de empresas do México.

A companhia também exporta para o Egito, Europa, África do Sul e Argentina e a maioria dos motores exportados é de ônibus. Além dos motores veiculares a MWM também produz para os segmentos de construção, agrícola, geração de energia e marítimo. Da produção de 40 mil em 2016 34 mil unidades foram destinadas para o mercado interno – 12 mil para veículos e o restante pulverizado para os demais segmentos –, e 6 mil para a exportação.

A Cummins, que produz motores veiculares e para construção civil, espera aumentar sua participação no segmento de veículos, que hoje é de 28%, para 31% este ano. Como contou Maurício Rossi, diretor de vendas para Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai, projetos em desenvolvimento com Agrale, Ford, Foton e MAN deverão ser responsáveis por este aumento.

Nos segmentos em que atua a Cummins projeta produzir exatas, e marcantes, 18 mil 784 unidades de motores de caminhões ante as 16 mil 678 fabricados no ano passado. Em 2016 o cenário foi outro: a empresa fabricou 6 mil 258 unidades a menos do que em 2015. Para ônibus a companhia estima aumento de quase duzentos motores sobre 2016. A alta também será impulsionada por novos contratos com fabricantes de chassis. Já o segmento de construção não demonstra sinais de recuperação: a previsão é produzir outros exatos 1 mil 938 motores, 571 a menos do que no ano passado.

Na visão de Rossi “obras de infraestrutura previstas pelo governo ainda demorarão para ser iniciadas, e isto reflete esta expectativa de um mercado menor para este ano.”

CCR investirá R$ 3,5 bilhões na Dutra

A CCR, Companhia de Concessões Rodoviárias, investirá R$ 3,5 bilhões na melhoria da Nova Dutra no trecho da serra das Araras, no Estado do Rio de Janeiro. Ao todo a empresa captou, com a venda de novas ações na Bovespa, R$ 4 bilhões em janeiro. Como contrapartida ao investimento a concessionária pleiteia, junto ao governo federal, aumento de dezessete anos no prazo da concessão da rodovia, que termina em 2021.

A Nova Dutra liga São Paulo ao Rio de Janeiro, tem 402 quilômetros e corta 34 cidades. Possui uma média de tráfego diário de 59 mil veículos.

Roberto Borges, secretário de obras e urbanismo de Piraí, RJ, afirmou à Agência AutoData que as conversas do município com a concessionária se intensificaram nos últimos meses. Segundo ele o plano da CCR consiste em duplicar o trecho de subida da serra. Isso destravará um gargalo que impede o crescimento econômico regional. Segundo ele o traçado desta parte da rodovia é antigo, da década de 1940:

“Há muitos acidentes, o que causa prejuízos às empresas que dependem da estrada para escoarem a produção, e não apenas as de Piraí mas as da região do Vale do Aço, por exemplo”.

Borges não forneceu pormenores sobre o projeto de duplicação da pista, como datas de início e de término das obras, mas informou que o trecho, atual, de subida da serra será utilizado para descida quando a obra estiver concluída. E que o trecho novo será usado para a descida.

Para Paulo Cezar Ribeiro, professor de engenharia de transportes da Coppe/UFRJ, as melhorias na região permitirão que veículos mais pesados passem a trafegar com mais frequência pela rodovia concedida à CCR. Segundo ele “os caminhões bitrem, hoje, enfrentam dificuldade enorme em passar pela região, que é muito estreita para eles e oferece pouca segurança. O novo projeto deve levar em consideração um número maior de modelos de veículos pesados e isso exercerá impacto num volume maior de cargas passando pelos dois estados”.

Ameaça: negociação da GM com funcionários pode barrar investimento.

A General Motors passa por novo processo de negociação com seus funcionários da fábrica de São Caetano do Sul, SP. Após prorrogar o lay-off, a suspensão temporária do contrato de trabalho, por mais setenta dias, e conceder férias coletivas ali por um mês, a partir da segunda-feira, 27, a companhia agora busca revisões em acordos trabalhistas costurados em 2016 como único caminho para realizar investimentos em melhorias na unidade.

Nesta semana estão sendo discutidos com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano catorze pontos considerados chave para o futuro na produção na fábrica para os próximos anos. O mais importante deles, segundo o sindicato, é a demissão de funcionários que estão afastados por motivo de doença, que podem chegar a setecentos. Atualmente trabalham na unidade de São Caetano 9 mil pessoas, 5,5 mil dos quais na linha de montagem.

Caso o acordo não seja firmado a empresa informou aos representantes do sindicato que poderá deslocar os investimentos para a unidade de São José dos Campos, SP, ou até mesmo construir uma nova fábrica no Brasil. Em caso de sinalização positiva das partes a GM utilizaria os recursos de orçamento de US$ 800 milhões para atualizar a linha.

Segundo o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, empresa e representantes dos trabalhadores se reunirão na quarta-feira, 22, para nova rodada de negociações. Além da demissão dos funcionários afastados discute-se, também, a redução de piso salarial para novas contratações e a substituição de repasse de reajustes da inflação por abonos salariais.

“Todos os pontos que estão sendo discutidos são considerados importantes, mas a questão dos funcionários afastados é a mais crítica para os trabalhadores”, contou o presidente. “Por enquanto não há nada resolvido.”

A GM informou que não se pronunciará sobre o assunto, por enquanto.

Revisão dos investimentos – A notícia sobre a possibilidade de investimentos em melhorias na fábrica de São Caetano do Sul, ou uma eventual construção de nova fábrica, surge em contraste à repercussão feita, esta semana, pela Automotive News, de Detroit, MI, de uma possível revisão dos investimentos da fabricante na Índia e também América do Sul.

Por aqui a empresa investe R$ 13 bilhões desde 2014 – um ciclo de investimento que chegará a 2020. Na Europa a companhia negocia com o Grupo PSA a venda da Opel/Vauxhall por US$ 2 bilhões.

Mercedes-Benz lança leasing operacional para caminhões

A decisão de remodelar atributos técnicos no caminhão extrapesado Actros em 2016, e oferecer o leasing operacional como forma atraente de pagamento a prazo, está abrindo as portas do agronegócio para a Mercedes-Benz. A empresa, que até o ano passado não possuía em seu portfólio um veículo que atendesse totalmente às necessidades de quem transporta carga neste segmento, fechou a venda de cinco modelos Actros 2651 com o Grupo Cereal, de Rio Verde, GO, especializado na industrialização, comércio e exportação de grãos.

A venda ocorreu depois de a companhia, localizada no Centro-Oeste, uma das maiores da região, já ter comprado quinze caminhões deste modelo em março do ano passado. Como disse Adriano Barauna, vice-presidente do Grupo Ceral, “o que determinou a compra foi justamente a combinação do potencial de durabilidade do produto com as vantagens que o leasing operacional traz para nossos custos”.

Com esta experiência a empresa, que possui 65 caminhões próprios para transportar soja in natura e processada de e para suas unidades produtivas no Sul de Goiás e também para os portos de Santos, SP e de Paranaguá, PR, pretende substituir o Finame pelo leasing a partir de agora.

“Estamos na contramão do mercado, mas esta opção permite abater no imposto de renda e não aparece no endividamento da empresa.”

Sem revelar o valor da negociação a área de finanças do Grupo Cereal informou que pagou pelos vinte caminhões 20% mais barato do que a oferta feita pela concorrência com esta mesma modalidade de pagamento.

Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz do Brasil, contou que, apesar de esta não ter sido uma venda expressiva em volumes, é mais um indicativo de que o agronegócio será o carro-chefe para o crescimento previsto de 10% no mercado de caminhões em 2017:

“Não teremos grandes encomendas de 150 caminhões para uma única empresa, como acontecia no passado. O que haverá serão vendas pulverizadas em pequenas quantidades, mas significativas para o nosso negócio”.

De acordo com Leoncini já estão fechados novos contratos de vendas para este caminhão em Rondonópolis, MT: “São dois clientes e cada um comprou dez”.

Lançado em 2016 o Actros 2651 foi destaque em vendas da Mercedes-Benz, com 260 unidades emplacadas no acumulado do ano: “Isto contribuiu para aumentar a nossa participação no segmento de extrapesados, chegando a 22,9%, contra 21,5% em 2015”.

Em janeiro a empresa já avançou mais 2 pontos porcentuais, totalizando 24,2%, crescimento que provavelmente foi puxado pelas vendas em Goiás e Mato Grosso.

Copom reduz Selic para 12,25%

O Copom, Comitê de Política Monetária, do Banco Central, reduziu a taxa básica de juros, Selic, em 0,75 ponto porcentual. Os juros referenciais da economia estão em 12,25% ao ano. Em nota o BC informou que há sinais macroeconômicos compatíveis com a estabilização da economia ao longo de 2017. No âmbito externo, de acordo com o Copom, o cenário ainda é incerto.

Entretanto, em nota, o Copom informa que, “até o momento, a atividade econômica global mais forte e o consequente impacto positivo nos preços de commodities têm mitigado os efeitos sobre a economia brasileira de revisões de política econômica em algumas economias centrais”.

Antônio Jorge Martins, coordenador de economia da FGV, disse que somente a queda na taxa ainda não é suficiente para melhorar a confiança na economia e gerar uma onda de consumidores nas concessionárias do País. A expectativa da Anfavea, associação que reúne as fabricantes de veículos instaladas aqui, é de uma alta nos licenciamentos de 4% em 2017, chegando a 2 milhões 130 mil unidades vendidas.

Segundo ele ainda não há sinais sólidos de que a recessão está no fim e as pessoas ainda estão receosas na hora de fazer uma dívida. Em janeiro 54,5% dos veículos licenciados no País foram financiados, segundo a Anfavea. Historicamente, de 60% a 65% das vendas são financiadas.

“Tenho uma postura mais conservadora. O desemprego ainda não cedeu a ponto de ser percebido pelo consumidor. O medo de perder o emprego ainda assusta o cliente das concessionárias de veículos.”

A taxa de desemprego, segundo dados do IBGE, fechou o último trimestre de 2016 em 12%. O País registrou nível recorde de desempregados no fim do ano, um total de 12 milhões 342 mil pessoas em busca de uma vaga.

Otto Nogami, professor de economia do Insper, também acredita que somente a redução da Selic não será suficiente para levar os clientes às concessionárias. Segundo ele as taxas de juros praticadas pelas financeiras levam em conta, além da Selic, os impostos que incidem sobre a operação financeira e os risco embutido na concessão do crédito:

“Como a inadimplência ainda é grande, os juros para a compra de veículos continuam altos. E há a estimativa de que a inadimplência deve crescer até agosto e, aí sim, depois começar um ritmo de queda”.

Para Nogami, outro fator que pode prejudicar o mercado é a volta da inflação. Segundo ele o governo quer “a qualquer custo” resgatar o consumo e isso pode gerar inflação, pois os empresários ainda não estão preparados para atender essa alta: “Todo cuidado é pouco e o Banco Central não tem todos os preços sob controle. A confiança ainda não retornou para estimular os investimentos em produção”.

Agronegócio deve fazer melhorar desempenho

A indústria de máquinas e equipamentos prevê alta de 5% nas vendas este ano. Em 2016 o faturamento das empresas do setor chegou a R$ 66,2 bilhões. O que sustentará o crescimento estimado desta vez, segundo a Abimaq, entidade que reúne os fabricantes, é o agronegócio. Somente para o campo a projeção é de receita 15% superior à registrada no ano passado.

Para José Velloso Dias Cardoso, presidente da Abimaq, a expectativa de safra recorde para este ano fez os clientes tirarem da gaveta planos de investimentos em modernização de máquinas e equipamentos adiados por causa da crise, e isso fará com que o segmento tenha um crescimento maior do que o do setor como um todo este ano, além de refletir no desempenho nas empresas da cadeia automotiva que produzem insumos e componentes para máquinas agrícolas.

Ele conta, ainda, que “o agronegócio é o único setor dentro da Abimaq que vai bem. Nosso número está bem parecido com o da Anfavea, apesar de a projeção da entidade levar em consideração também a produção de automóveis”. A Anfavea estima crescimento de 10,7% na fabricação de máquinas agrícolas, chegando a 59,6 mil unidades.

Exportação – Os números da balança comercial de janeiro já mostram alta nos negócios envolvendo máquinas agrícolas. De acordo com dados da Abimaq as exportações aumentaram 48,7%, com vendas direcionadas principalmente para países da América Latina. Nas importações a alta foi de 36,7%. Os principais mercados foram, pela ordem, Estados Unidos, China e Alemanha.

Se os negócios na vertical agrícola seguem bem o setor como um todo amarga crise cíclica que já dura três anos, segundo Dias Cardoso. Apesar da projeção de 5% de crescimento com relação ao ano passado, o desempenho operacional registrado em janeiro denota que o ano será de desafios, mesmo para se alcançar uma taxa de crescimento considerada modesta pela entidade.

No mês passado a receita líquida do setor foi de R$ 4,2 bilhões, volume 19% menor do que o registrado na comparação anual. É o quarto ano de queda de receitas no período. Nas exportações o desempenho foi ainda mais impactante – queda de 38,7% no volume de vendas ao Exterior, atingindo receita de R$ 445 milhões com a queda de pedidos nos principais clientes do País, Estados Unidos e China. Puxou para baixo os indicadores das exportações o setor de máquinas para bens de consumo, que registrou queda de 73,6%. A queda em máquinas para petróleo e energia foi de 29,3% e em componentes para a indústria de bens de capital de 16%.

Para se recuperar a indústria aponta para a criação de políticas públicas de desoneração e condições de financiamento a longo prazo mais atrativas para o setor. Mário Bernardini, diretor de competitividade da Abimaq, observou que mudanças na indexação da taxa de juros de longo prazo, a TJLP, poderiam diminuir os juros para valores menores que os 14% praticados atualmente para aquisição de máquinas, o que estimularia a contratação de crédito e o consumo. Além disso ele acredita que o estímulo ao comércio de máquinas por parte do governo federal, poderia no médio prazo melhorar a empregabilidade no setor e tornar adimplente as empresas que não suportaram os efeitos da crise.

Bernardini disse que “a indústria não tem interlocutor no governo, não há agenda que inclua o setor na lista de prioridades do País. Houve muitas demissões e só não foi pior porque as empresas não tinham dinheiro para demitir mais pessoas. Posso afirmar que, hoje, metade do setor de máquinas está inadimplente com fornecedores e com a União, contra 25% que estão com as contas em dia. Se apenas esta parte menor está saudável, pode-se imaginar o que está acontecendo com dinheiro para pesquisa e desenvolvimento. Normalmente dinheiro para investir em inovação a empresa retira do lucro. Empresa que não dá lucro, não investe em inovação”.

Negócios externos crescem na receita da Marcopolo

Com alta de 21% nos negócios externos, que alcançaram R$ 1 bilhão 785 milhões, resultado das exportações feitas a partir do Brasil e das vendas das unidades localizadas em outros países, a Marcopolo amenizou a forte queda de 37,6% no mercado doméstico. A fabricante de carrocerias de ônibus, sediada em Caxias do Sul, RS, apurou receita líquida consolidada de R$ 2 bilhões 574 milhões, recuo de 6%, resultado da venda de 9 mil 212 carrocerias, em queda de 17,5%.

O faturamento externo representou 69% do total da receita, avanço de 15 pontos porcentuais na comparação com 2015. As exportações somaram R$ 950 milhões, expansão de 27,3%, e as receitas vindas das unidades localizadas em outros países, R$ 835,8 milhões, crescimento de 14,6%.

A Marcopolo exportou 2 mil 929 unidades, crescimento de 53% sobre 2015. Fator determinante para o resultado, segundo a companhia, foi o projeto Conquest, que buscou o fortalecimento da atuação nos mercados tradicionais da América Latina, a cobertura de novos mercados e ampliação do portfólio de clientes no exterior. Segundo o balanço financeiro da companhia, foram visitados, ao longo do ano, mais de 65 países.

As operações instaladas na África do Sul, Austrália e México (que entram na totalização dos números por serem controladas) registraram a venda de 2 mil 034 unidades, recuo de 10,1%. No Brasil, a companhia colocou 4 mil 425 ônibus, em queda de 38%.

Como forma de enfrentar as condições adversas, especialmente as do mercado interno, companhia adotou uma série de medidas ao longo de 2016. Em Caxias do Sul, flexibilizou a jornada de trabalho e, em Duque de Caxias, RJ, suspendeu temporariamente os contratos de trabalho. Também atuou na redução de despesas e de custos indiretos, no aumento da eficiência operacional e na melhoria do capital de giro pela redução de estoques e recebíveis.

A Marcopolo apurou lucro bruto de R$ 325,8 milhões, em queda de 31,6%. Já o Ebitda teve elevação de 67%, para R$ 353,6 milhões. O lucro líquido do exercício atingiu R$ 222,5 milhões, crescimento de 149%, e margem de 8,6%. Dentre as razões, a companhia aponta a venda parcial de ações da New Flyer Industries, sócia no Canadá, no terceiro trimestre do ano, que gerou resultado de R$ 268,1 milhões, e o resultado financeiro positivo de R$ 66,3 milhões (no balanço anterior fora negativo de R$ 38,4 milhões).

No ano passado, a Marcopolo reduziu seus investimentos em 53%, para pouco mais de R$ 73 milhões. O principal aporte ocorreu na Volare do Espírito Santo, que absorveu R$ 51 milhões. O quadro de colaborares teve redução de 3%, fechando em 15.749 em todas as unidades no Brasil e no exterior. Nas operações locais estão empregadas 8 mil 260 pessoas, alta de 8,5%, decorrência de admissões nas controladas – 766 no ano.

Diretoria projeta retomada no segundo semestre

A queda na inflação e nas taxas de juros sinaliza, no entendimento da diretoria da Marcopolo, para uma retomada gradual da demanda de ônibus, em especial no segundo semestre. A visão é que as vendas internas sejam impulsionadas pela regulação de acessibilidade, que exigirá, a partir de julho próximo, que novos veículos sejam equipados com elevadores, e pela obrigatoriedade de redução da idade média da frota das linhas interestaduais e internacionais, conforme determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestres.

A diretoria também vislumbra maior volume de vendas de ônibus urbanos em razão do programa Refrota, que autoriza bancos a acessarem o Fundo de Garantia para o Programa de Infraestrutura de Transportes e Mobilidade Urbana (Pró-Transporte) para novos investimentos. Ainda devem ter influência aumentos pontuais de tarifas em algumas capitais, e a renovação e modernização da frota em municípios menores.

Em relação ao mercado externo, a perspectiva continua sendo positiva, com manutenção de clientes atuais e prospecção de novos. Como mecanismo de fortalecimento dos negócios, a empresa reestruturou, no início deste mês, a área comercial de mercado externo, integrando-a com a de negócios internacionais. Também é positiva a visão em relação às unidades localizadas no exterior. Além das controladas, a Marcopolo tem operações coligadas no Egito, Canadá, na Argentina, Colômbia e Índia.

Pelo terceiro ano consecutivo, Grupo PSA fica no azul.

O Grupo PSA fortalece sua posição no jogo global depois do terceiro ano consecutivo de resultados positivos. A fabricante multimarcas anunciou vendas de 3 milhões 150 mil unidades em 2016, alta de 5,8% sobre ano anterior, além de margem operacional da divisão automotiva de 6%, melhor resultado da história e dois pontos porcentuais acima do objetivo traçado no início do ano passado. Melhora das margens nas vendas, reestruturação dos custos fixos e foco em todas as áreas da operação automotiva, além do sucesso dos novos produtos, sobretudo veículos comerciais, foram os diferenciais que trouxeram os números positivos, segundo o presidente para o Brasil e América Latina, Carlos Gomes: “Vendemos mais, vendemos melhor e baixamos os custos com gente comprometida, calibrada para fazer negócios em todos os nichos do setor automotivo”.

O faturamento global do Grupo foi de 54 bilhões 30 milhões de Euros, queda de 1,2% com relação ao ano anterior. Já o lucro consolidado foi de 2 bilhões 149 milhões de Euros. Em 2015, os resultados da PSA foram de 1 bilhão 202 milhões de Euros. O fluxo de caixa fechou em 8 bilhões 100 milhões de Euros em 2016. É com esse dinheiro que a PSA vai comprar marcas concorrentes na Europa e na Ásia. “Temos uma posição interessante com o caixa total líquido de 8 bilhões e 100 milhões de Euros, o que nos proporciona pensar uma expansão, como os entendimentos que já anunciamos com relação a marca Opel na Europa e a Proton na Malásia. Mas esses assuntos vamos abordar com mais propriedade no momento oportuno”.

América Latina – O desempenho do Grupo PSA na região foi um dos destaques do balanço global apresentado nesta quinta-feira. Foram negociadas 183 mil 900 unidades no ano passado, um avanço de 17,1% com relação a 2015, o segundo maior crescimento das marcas do Grupo no mundo. Assim, o market share cresceu de 3,3% para 3,6% na região. O Chile respondeu pelo melhor resultado, passando de 5,4% para 6,9% de participação em 2016, assim como na Argentina onde as marcas elevaram o market share de 11,7% em 2015 para 12,8% no ano passado. “Vendemos mais e vendemos melhor, recuperando as margens nesses países, além de termos crescido nossa participação no Brasil para 2,5% enquanto o mercado interno caía 20%”, explica Gomes.

A recuperação das margens, que segundo Gomes também ocorreu no Brasil, é resultado de uma estratégia cujo ponto central passou pela criação de um comitê de preços para discutir, semanalmente, os indicadores dos mercados, as políticas de preços e serviços e as estratégias das marcas do Grupo. “Ainda não estamos no azul na operação brasileira, mas junto com a nossa rede, fizemos um trabalho importante de não entrar na guerra de preços e de acreditar, todos nós, que temos os melhores produtos do mundo. Isso vem fazendo a diferença. Além disso, reduzimos nosso custo fixo em 21% no ano passado. Estamos no caminho para triplicar nossos resultados até 2021”.

Ainda sem projetar grandes resultados para o próximo período, apesar do otimismo oriundo do bom desempenho nos últimos três anos, a PSA prepara uma nova estratégia para a operação de veículos utilitários. A ideia é reproduzir no Brasil o sucesso na Europa e recuperar a participação média dos líderes, entre 24% e 25%. “Vamos anunciar ainda em março um novo modelo de negócios para os veículos utilitários e picapes. Será uma estratégia PSA eventualmente com parceiros no negócio”.