Pirelli é campeã do Ranking Autodata de Qualidade e Parceria 2016

O Ranking AutoData de Qualidade e Parceria chegou à sua terceira edição. Neste ano a Pirelli foi a campeã deste importante reconhecimento empresarial que foi iniciado em 2014. Outros destaques principais foram a NGK, Bosch, Schaeffler, Magneti Marelli, Mahle, Grupo Continental, Maxion Wheels, Rassini e SKF que completaram, pela ordem, a lista dos dez principais fornecedores deste ano.

O ranking é feito por meio de estudo da presença e frequência dos fornecedores dos diversos grupos e segmentos nos prêmios do setor automotivo brasileiro ofertados pelas montadoras de veículos, pelas principais entidades representativas do setor, como o Sindirepa, Sindicato da Indústria da Reparação, e também pela AutoData Editora no triênio 2014/2016.

O objetivo principal deste ranking é divulgar e tornar público todos os anos quais foram, pela ordem de importância, as cinquenta principais empresas fornecedoras do setor automotivo brasileiro em termos de qualidade e parceria na opinião das montadoras e entidades de classe do setor. O objetivo do ranking é o de servir como um termômetro da evolução de cada fornecedor e sua imagem no País.

O Ranking AutoData de Qualidade e Parceria, desta vez em sua versão 2016, e sua relação de cinquenta empresas, representa o que de mais importante e competente aconteceu no setor automotivo no triênio 2014/2016 em termos de relacionamento fornecedores/montadoras e foi retirado de uma lista total de quase trezentas empresas mencionadas nos diversos prêmios recebidos ao longo deste período.

Para se chegar ao resultado atribuiu-se notas diferenciadas em relação aos diversos patamares de prêmios concedidos no setor. As notas obedeceram a uma ordem lógica de importância. Assim, primeiro foram levados em conta os títulos de caráter global, depois os reconhecimentos como empresa do ano – os chamados melhores dos melhores – os prêmios específicos de categoria e, por fim, os certificados ou menções.

Os prêmios do Sindirepa, por serem os únicos que refletem o mercado de reposição, tiveram notas diferenciadas, assim como o Prêmio AutoData, que também é considerado como especial. Nos casos em que a soma levou ao empate de pontos, o critério de desempate foi a posição do ranking anterior.

Toyota mira nos híbridos como objeto de desejo

A Toyota apresentou a ideia e mostrou o seu meio. A ideia: popularizar o conceito do carro híbrido, ”expandir o conhecimento dos consumidores brasileiros”. O meio: o Prius 2016. O local escolhido para a convenção de imprensa foi Brasília, DF, na segunda e terça-feira, 6 e 7, onde a Embaixada do Japão abriu suas portas para palestras sobre a tecnologia híbrida. O carro, avaliado em R$ 172 mil, será vendido por R$ 119 mil 950.

A projeção para as vendas, feita pelo vice-presidente executivo Miguel Fonseca, é de seiscentas unidades este ano e 1,1 mil no seu primeiro ano cheio, 2017.

No Brasil os números referentes a veículos híbridos são extremamente modestos, nada além de 0,14% do total – menos de oitocentas unidades do Prius desde 2011 – e, nem de longe, refletem os esforços de empresas, como a própria Toyota e a Ford, com o Fusion, por exemplo, de investirem globalmente nessa tecnologia, que reúne, no caso do Prius, motor a combustão interna movido a gasolina de 98 cv e motor elétrico de 72 cv.

O embaixador Kunio Umeda cumpriu uma de suas tarefas, que é expor o valor acumulado do conhecimento gerado no Japão, e de certa forma resumiu uma das dificuldades dos híbridos desde o início: garantir o valor de revenda em função do custo. Ele garantiu o apoio de seu governo ”à tecnologia consolidada que reduz a emissão de gás carbônico e de outras fontes de poluição e que representa, hoje, 20% do total de compras no Japão”.

No caso da Toyota tecnologia híbrida faz parte de sua política estratégica depois de quase 9 milhões de unidades produzidas desde 1997. Stephen St.Angelo, CEO para a América Latina e Caribe e chairman para o Brasil, disse, alto e forte, que ”o futuro é híbrido” e que a frota de 9 milhões de unidades Toyota híbridas foram as responsáveis pelo não lançamento na atmosfera de 67 milhões de toneladas de CO2 e pelo não consumo de 25 bilhões de litros de gasolina nesse período.
”Temos um compromisso corporativo: até 2050 não produziremos mais veículos dotados de motor de combustão interna. Nós, aqui, no Brasil, estamos muito atrasados nesse processo, uns vinte anos atrasados.” É um compromisso e tanto, que envolve híbridos, plug ins e células de combustível – inclusive para a linha de veículos comerciais.

St.Angelo exemplificou com a cidade de São Paulo e o seu para-e-anda as virtudes de economia, conforto e respeito ao meio ambiente dos veículos dotados da tecnologia híbrida – ”Sem contar, é claro, com o seu baixo custo de manutenção”.

Presidente da Toyota no Brasil Koji Kondo também bateu na tecla do compromisso estratégico da companhia, que qualificou como ”desafio ambiental global Toyota”. Isso implica não só veículos com emissões zero mas unidades produtivas idem e idem nos centros de reciclagem: ”Trabalhamos para que a sociedade viva em harmonia com a natureza”.

Kondo destacou, dirigindo-se ao embaixador Umeda, a forte cooperação do governo japonês diante de projetos que envolvem tecnologia híbrida. Por meio da concessão de atrativos e de incentivos para os consumidores, como redução específica de impostos. Lembrou a colaboração do governo brasileiro com a causa híbrida: redução do imposto de importação, devolução de parte do IPVA cobrado pelos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e dispensa do rodízio em São Paulo.

Um dos pleitos atuais é a redução do IPI, imposto sobre produtos industrializados, contra a possibilidade de se produzir aqui veículos dotados de tecnologia híbrida. Para demonstrar a boa ideia o que empresas já fazem são empréstimos de carros híbridos para integrar a frota de empresas públicas.

O vice-presidente Miguel Fonseca lançou o olhar para vantagens e desvantagens das várias tecnologias alternativas à combustão interna disponíveis, levando em conta produto, preço, frota, rede de concessionárias, vendas, pós-vendas, comunicação. Para ele os híbridos representam o coração de todas as alternativas pelas suas características unidas de baixo consumo com baixa emissão.

”No Brasil pavimentaremos nosso caminho demonstrando o desempenho e a eficiência da tecnologia híbrida.”

O carro – O Prius 2016, de quarta geração, tem uma nova plataforma, a TNGA, de Toyota New Global Architecture, que lhe permite design diferenciado, quase arrojado. Com centro de gravidade mais baixo o seu Cx, coeficiente de penetração aerodinâmica baixou de 0,25 para 0,24 – o menor de todos os sedãs hatch do mercado internacional.

A potência combinada dos dois motores é estimada em 123 cv, com eficiência energética de pelo menos 40%. O motor a gasolina é o 1.8 VVT-i de ciclo Atkinson com 14,2 kgfm de torque a 3,6 mil rpm, de novos desenho e peso e de tamanho menor. O motor elétrico tem 16,6 kgfm de torque.

Em regime de teste o Prius cumpriu a aceleração de 0 a 100 km/h em 11 segundos. De acordo com o Inmetro seu consumo é o mais eficiente do País, com 18,9 km/l em trânsito urbano e de 17 km/l em estrada.

Com relação ao modelo atual o Prius traz, como coisa nova ar-condicionado dual zone dotado de comando S-Flow, que permite concentrar o fluxo de ar nas áreas ocupadas por pessoas, carregador de celular sem fio, sistema de navegação integrado, display projetado no para-brisas colorido. Estará na rede de concessionárias Toyota a partir da quarta-feira, 8.

Cresce a fatia do consórcio nas vendas de automóveis

A participação do consórcio na venda de carros novos está em alta. Dados da Abac, Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio, divulgados na terça-feira, 7, indicam que o segmento teve participação de 34,4% no total comercializado no primeiro quadrimestre do ano, índice que era de 23,7% no mesmo período do ano passado. Um acréscimo de 10,7 pontos porcentuais.

O número de contemplados no primeiro quadrimestre chegou a 182 mil, de um total de 530 mil automóveis comercializados. No mesmo comparativo de 2015, foram 169 mil de 712,3 mil. Com isso o volume de crédito liberado pelo sistema para esse segmento subiu, no mesmo comparativo, de R$ 7,38 bilhões para R$ 6,86 bilhões.

Na avaliação do presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, “o aumento reflete a mudança gradual e consolidada do comportamento de consumidores interessados em adquirir esses bens por meio de consórcio”.

Também cresceu no acumulado dos primeiros quatro meses o número de participantes ativos no consórcio de automóveis e comerciais leves, que passou de 3 milhões e 50 mil em 2015 para 3 milhões 250 mil este ano, alta de 6,6%.

Já o número de comercialização de novas cotas de automóveis e comerciais leves caiu este ano 6,5%, atingindo 297,3 mil no primeiro quadrimestre ante 318 mil de janeiro a abril de 2015. O total de crédito comercializado baixou de R$ 11,7 bilhões para R$ 13,7 bilhões no mesmo comparativo, conseqüência, em parte da queda do tíquete médio – o valor médio da cota do mês –, que era de R$ 43,3 mil e agora está em R$ 39 mil.

Recuperação – O presidente da Abac ressalta, no entanto, que apesar da queda no comparativo anual do volume de venda de novas cotas, ao longo deste ano tem sido crescente o número de interessados no consórcio de veículos. De acordo com Paulo Rossi, de janeiro a abril houve de alta de 5,4% no segmento de leves e de 34,6% no de pesados: “As vendas saltaram de 74 mil cotas de automóveis e comerciais leves em janeiro para 78 mil em abril. As de veículos pesados foram, respectivamente, de 2,6 mil para 3,5 mil”.

No caso dos veículos pesados também verifica-se crescimentoeste ano no número de participantes. O acréscimo foi de 7,4%, com um total de 284,3 mil participantes nos primeiros quatro meses deste ano ante os 264,6 mil do mesmo período de 2015.

Nos pesados o número de contemplados e o volume de crédito liberado mantiveram-se praticamente estáveis. As contemplações até abril chegaram a 10,9 mil este ano, ante 10,8 mil no primeiro quadrimestre de 2015, e o volume de crédito foi de, respectivamente, R$ 1,52 bilhão e R$ 1,51 bilhão.

Já a venda de novas cotas na área de pesados teve queda de 17,5%. No primeiro quadrimestre do ano passado foram comercializadas 14,3 mil e neste ano, também no acumulado de janeiro a abril, 11,8 mil. Também caiu o tíquete médio mensal – de R$ 190,3 mil para R$ 148,8 mil.

 

Mercedes-Benz preserva liderança de vendas

A Mercedes-Benz segue como líder no ranking de vendas de caminhões no mercado nacional ao fim de cinco meses. As 6 mil 436 unidades negociadas no período representou 31% do mercado e ampliou ainda mais a diferença para vice-líder MAN, agora em 571 unidades a mais vendidas.

A fabricante de São Bernardo do Campo, SP, também é a montadora que até o momento registra menos queda: 17,5% diante de um mercado que caiu até maio 31,2%.

No período a MAN vendeu 5 mil 765 caminhões, experimentando uma queda de 33,3% sobre os mesmos primeiros cinco meses do ano passado.

A Ford, apesar da queda de 45,5% nos cinco primeiros meses do ano frente ao mesmo período do ano passado, conseguiu preservar a terceira posição do ranking com 3 mil 230 unidades negociadas. O resultado fabricante é suficiente para afastar qualquer ameaça da Volvo, na quarta posição com 2 mil 490 caminhões vendidas. A montadora de Curitiba, SP, porém, perdeu em menos mercado do que a concorrente de São Bernardo de um ano para cá: 29,8%.

O resultado da Volvo também garante boa distância da rival sueca Scania, na quinta posição, com vendas no acumulado até maio de 1 mil 648 unidades e queda de 21,4% na comparação ao seu desempenho do ano passado. Fecham a lista a Iveco, em lugar, a DAF na sétima, a RAM na oitava, Agrale, na nona e International da lanterna.

Da lista dos dez fabricantes que mais vendem caminhões no País, a DAF foi a única que registrou crescimento no período: alta de 62,6%.

Chassis –  No segmento de ônibus a liderança das vendas é da Mercedes-Benz e muito à frente das concorrentes. A fabricante encerrou os cinco primeiros meses do ano com 52,62% do mercado ao negociar 2 mil 474 chassis, o que representou uma queda de 39% ante o mesmo período do ano passado.

Em segundo lugar no ranking aparece a MAN, com 823 chassis vendidos no período, o que representou 17.5% de participação. A montadora de Resende, RJ, no entanto, experimenta uma queda acima do mercado em geral, de 55,8% e forte ameaça da Agrale, a terceira colocada com 17,4% do mercado e 818 unidades vendidas no período. Melhor consolo tem a fabricante de Sul que registra menor baixa, de 27,20% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Completam a lista a Volvo, na quarta posição, seguida pela Iveco, Scania e International. Vale o destaque do crescimento no acumulado de vendas da Scania, de 18,6% em relação aos mesmos cinco primeiros meses do ano passado. A soma de 102 chassis negociados no período garantiu 2,16% do mercado até maio.

Hyundai o quarto lugar em vendas

As vendas internas de maio não alteraram o ranking das montadoras fabricantes de automóveis e comerciais leves que vem se repetindo nos últimos meses. Ao contrário, ao que tudo indica, reforçaram que o Brasil pode mesmo ter um novo quarteto na liderança, com a Hyundai – ou mesmo a Toyota – ocupando o histórico lugar da Ford.

A marca coreana, novamente, deteve no período a quarta maior fatia, com exatos 10,1 %, ou 79,2 mil veículos negociados, 9 mil a mais do que a quinta colocada, a Toyota, que tem 8,9% de participação no acumulado de 2016. A Ford segue na sexta posição, com 8,5% e 66,7 mil veículos licenciados no período.

A diferença entre a quarta e a sexta colocadas, sobretudo, pode ser explicada pela enorme variação que obtiveram na comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto as vendas da Hyndai recuaram 3,9% em cinco meses, as da Ford  despencaram 41,4%, a maior queda  entre as dez maiores fabricantes do País em 2016.  

Se a disputa entre Hyundai e Toyota pelo quarto posto ainda passa longe de uma definição, o trio que lidera o mercado mantém uma distância folgada para elas.  A Volkswagen, a terceira do ranking, negociou  105,8 mil automóveis e comerciais leves até maio, 36,5% menos do que em igual período do ano passado. Ainda assim a diferença para a Hyundai é muito significativa: maios de 26 mil automóveis e comerciais leves de vantagem.

General Motors, com 16,5% de participação, e Fiat, com 13,5%, seguem respectivamente como primeira e segunda colocadas no ano. A montadora italiana, porém, tem bem mais com o que se preocupar. O fraco desempenho inicial do subcompacto Mobi, que em dois meses de mercado registrou pouco mais de 3,5 unidades negociadas, não tem compensado a saída do Uno Vivace de produção.

Depois da Ford, a Fiat é a marca que registra a maior queda no ano dentre aquelas que ocupam os dez primeiro lugares: as 118,2 mil unidades vendidas de janeiro a maio foram 40,9% inferiores às do mesmo período do ano passado.

Mas a FCA, detentora da Fiat, tem o que comemorar: sua outra grande marca aqui, a Jeep,  somou 22,2 mil veículos vendidos no acumulado de cinco meses, 382,9% a mais do que no mesmo período de 2015, deteve a nona posição no período e 2,8% de participação.      

Anfavea quer negociar nova política industrial

Após mostrar as novas projeções da Anfavea para este ano, indicando queda de 5,5% na produção e de 19% nas vendas internas, o presidente da entidade, Antônio Megale, defendeu em sua palestra no Seminário Revisão das Perspectivas 2016, na manhã da segunda-feira, 13, a definição de uma nova política industrial para o setor. Ele disse já haver conversas com o governo nesse sentido, mas ressaltou que é preciso acelerar o processo de debate: “Já estamos atrasados nesta discussão. O Inovar-Auto tem metas estabelecidas para 2017 e precisamos definir novos rumos. É hora de nos prepararmos para o futuro”. Megale ressaltou os pontos positivos do programa, dentre os quais a melhoria de eficiciência energética dos automóveis nacionais e maiores investimentos em P&D, mas admitiu pontos falhos principalmente no que diz respeito à base fornecedora de componentes.

Na sua avaliação, a indústria de autopeças não foi devidamente contemplada no Inovar-Auto: “Temos de definir medidas para fortalecer a base fornecedora, para garantir que toda a cadeia automotiva seja mais competitiva. É nessa linha, principalmente, que vamos discutir com o governo. Temos de dar continuidade aos pontos positivos e atacar os negativos”.

O presidente da Anfavea defendeu ainda uma política industrial com regras e propostas menos complexas do que as contidas no Inovar-Auto. “Há regulamentações desse programa não implantadas até hoje devido à sua complexidade”. De qualquer forma, o Inovar-Auto trouxe de positivo investimentos de R$ 85 bilhões no período 2012/2018, dos quais R$ 15 bilhões direcionados à P&D.

Balanço – Em 2012 havia 57 unidades industriais no País, hoje são 67, incluindo a da Jaguar Land Rover que inaugura nesta terça-feira, 14, fábrica no Rio de Janeiro. Em contrapartida, o mercado retraiu 33% de 2013 até agora, gerando 52% de capacidade ociosa no setor como um todo. A previsão da Anfavea para este ano é a de um mercado interno de 2 milhões 80 mil veículos, volume 19% inferior ao obtido em 2015. A produção deverá alcançar 2 milhões 290 mil unidades, queda de 5,5% em relação ao ano passado.

Megale reconheceu que a situação é bastante difícil, mas disse que começam a aparecer os primeiros sinais de que as coisas vão melhorar. De positivo falou das exportações em alta, com perspectiva de crescerem 21,5% este ano, total de 507 mil unidades embarcadas até dezembro.
Com relação ao futuro de curto prazo, Megale disse esperar estabilização do cenário político-econômico, retomada da confiança da população e dos investidores, previsibilidade das regras e busca de novos parcerias bilaterais com vigência efetiva dos acordos negociados: “O Brasil fechou acordo com a Colômbia e o Peru, mas nos dois casos a parceria ainda não foi colocada em prática.”

O presidente da Anfavea defendeu ainda a necessidade de haver uma adequação da carga tributária, destacando ser necessário criar condições para que o setor no futuro venha a crescer de forma sólida e consistente.

Diesel em veículos de passeio divide opiniões de fabricantes de motores

Os representantes das produtoras de motores a diesel têm opiniões diferentes quando o assunto é o uso do combustível em veículos de passeio. Diante da possibilidade da aprovação de uma lei que libera a comercialização de carros a diesel no Brasil, pela Câmara dos Deputados, executivos da Cummins, FPT Industrial, MWM e Power Systems Research falaram sobre o assunto durante o Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2016, realizado no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo, na segunda-feira, 13.

Marco Aurélio Rangel, presidente da FPT Industrial, afirmou que o uso de motores a diesel em veículos de passeio representa o “futuro da mobilidade”. Segundo ele, um dos principais pilares da indústria automotiva é a busca pela eficiência energética. “Estamos falando do motor que traz melhor eficiência energética por grama de combustível utilizado”, defendeu.

José Eduardo Luzzi, presidente da MWM, também é apoiador da causa. “Estamos no único país do mundo que proíbe o uso do diesel em veículos de passeio. Isso por si só já é motivo para a gente apoiar a causa. O importante é o consumidor ter opções”, disse.
A restrição ao consumo do diesel para veículos leves existe desde os anos 1970 para reduzir a dependência ao petróleo importado. Apenas veículos utilitários – caminhões, ônibus, picapes com capacidade de carga superior a 1 tonelada, além de veículos com tração 4×4 – podem usar o combustível. 

Segundo Luzzi, os motivos da proibição possuem 40 anos de atraso. “Não há mais base para mantermos essa proibição”, disse. Segundo ele, a aprovação pode abrir novos nichos de mercado e aumentar o nível de atividade local. “O projeto de lei trata de uma liberação gradativa, para segmentos como o de táxis e veículos de trabalho. Seria uma introdução planejada”, afirmou.

Maurício Rossi, diretor de vendas da Cummins, contrariou os concorrentes e disse que o assunto precisa ser tratado com cautela. “Temos de lembrar a importância do etanol e pensar no futuro dessa tecnologia. Acredito que essa discussão é complexa e demanda muita discussão.”

Ainda no time dos cautelosos está Carlos Briganti, diretor para América Latina da consultoria Power Systems Research. Para ele a aprovação do diesel pode ser premeditada e não necessariamente as empresas estariam aptas para produzir motores com essa tecnologia. “Levaria um tempo para ter escala. Não seria atrativo em um primeiro momento”, resumiu.

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, também participou do evento e expressou preo­cupação com o tema. A instituição é contrária a aprovação do uso do diesel nos veículos de passeio. “Investimos muito para atender às demandas de eficiência energética do Inovar-Auto e esse passo iria ao desencontro de tudo o que fizemos até aqui”, afirmou. Ele defendeu que sob a perspectiva ambiental, mais carros a diesel na rua ampliariam os efeitos da mudança climática, já que substituiriam uma parcela do etanol, que possui claros benefícios comprovados.

Capacidade Ociosa – Apesar da discussão sobre o diesel em automóveis estar em evidência, as fabricantes de motores também expressaram preocupações com os resultados do segmento. Todas relataram capacidade ociosa de cerca de 50%. Em comum, os executivos relataram que as exportações tem sido um alento para amenizar o cenário interno.

A MWM, que recentemente encerrou sua operação de motores em Canoas, RS, tem investido fortemente na remessa de seus produtos para o exterior. “Realocamos nossos recursos de engenharia, assistência técnica e pós-venda para os mercados externos. Refizemos nossa estratégia olhando os mercados potenciais fora do Brasil”, disse Luzzi.

A Cummins também precisou arrumar a casa para enfrentar o período delicado. “Mudamos de tamanho. Reestruturamos áreas da empresa, como a de componentes, e eliminamos níveis hierárquicos. A ideia é ter uma empresa mais simples”, disse. A companhia espera produzir de 28 mil a 30 mil motores em 2016, metade de sua capacidade.

Segundo Rangel, da FPT, a expectativa da companhia está alinhada com as projeções da Anfavea, que falam em queda de 19% na venda de veículos neste ano. Menos veículos, menos motores. “Nem mesmo as obras de infraestrutura relacionadas aos Jogos Olímpicos conseguiram animar o mercado”, avaliou.

Sinais do início da recuperação nos pesados

O presidente da MAN, Roberto Cortes, acredita que o segmento de caminhões chegou ao fundo do poço e, portanto, os próximos meses deverão sinalizar o início da recuperação.

“Apesar de ainda ser um ano de queda, os volumes de vendas já são diferentes do começo do ano. Se o mercado absorveu de 3,5 mil a 4 mil unidades mensais, agora o patamar está de 4 mil a 5 mil”, observou o executivo durante sua apresentação no Seminário AutoData – Revisão das Perpectivas, realizado no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo. “A partir deste mês deve crescer a média de venda e não será surpresa se o segundo semestre for pelo menos 15% maior do que o primeiro.”

De acordo com o dirigente da MAN, de abril para cá o cenário econômico é outro, com melhoria nos indicadores dos relatórios das instituições financeiras, como câmbio, juros, inflação e PIB. “Somente um ambiente mais favorável para se ter retorno do crédito, da confiança do empresário e da população em geral.”

Cortes voltou a destacar a dimensão da crise e que jamais viveu outra tão acentuada quanto a atual, especialmente no setor de caminhões. Para o executivo há uma conjunção de fatores única que torna o ambiente dramático para a indústria. “Em vez de o País crescer 3% ao ano, como se esperava a partir de 2013, temos uma baixa de 3,8%. Ou seja, a variação negativa acumulada é muito maior.”

Pressão – Depois, como lembrou o presidente da montadora de Resende, RJ, nos últimos quatro anos ocorreu maior pressão nos custos, com elevação, em média, de 50%. “Aumento nos custos sem repasse integral nos preços aliado a uma queda de vendas da ordem de 70% no período sem repasse dos custos no preço é mortal. Isso tudo nos leva a um volume de vendas do século passado, do fim da década de 1990.”

Para superar o momento difícil, o presidente da MAN disse que teve de tomar medidas de sobrevivência, como redução da jornada de trabalho na fábrica de Resende, hoje com um turno em quatro dias na semana produzindo oitenta caminhões e ônibus por dia, ajustes com PPE, suspensão temporária de trabalho, férias coletivas e PDV. “Redimensionamos nossa fábrica, reduzimos a empresa pela metade e apertamos o cinto para reduzir em 30%, no mínimo, nossas despesas, além de aumentar os preços de nossos produtos a fim de minimizar perdas.”

Quando indagado a respeito do ano que vem para os segmentos de caminhões e ônibus, Cortes preferiu destacar mais uma vez que o mercado de pesados chegou ao fundo do poço e que, a partir daí, começa a se recuperar. “Acredito que só no fim de 2018 veremos o mercado recuperado. Até lá temos de ver o que acontecerá e ter otimismo moderado, do tipo o pior já passou.”

Cortes também lembrou que o período exige uma nova maneira de trabalhar e enxergar o mundo. Assim introduziu processo na companhia que procura proporcionar uma ambiente com menos burocracia e hierarquia. “O Vire a chave – É hora de dar partida a uma nova era foi a maneira que encontramos de enfrentar o momento e pensar no futuro, com executivos mais jovens, novos produtos e busca de mercados.”

Recorde de recuperações judiciais nas autopeças

O número de recuperações judiciais na indústria de autopeças brasileira atingiu recorde de 26 pedidos no acumulado deste ano – durante 2015 inteiro houve um total de 28. A informação foi divulgada pelo presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, durante o Seminário Revisão das Perspectivas 2016 realizado em São Paulo, na segunda-feira, 13, oportunidade em que fez um balanço deste ano e também adiantou as projeções da entidade para 2017.

“Apesar das recuperações judiciais ainda temos um setor de autopeças vigoroso, que se prepara para o futuro. Há alguns fechando, mas tem gente comprando, como também outros abrindo linhas de novos produtos. Os investimentos este ano atingirão R$ 1 bilhão 510 milhões. Não é muito, considerando os anos anteriores, mas mostra que o setor não está parado”.

Ioschpe não quis arriscar números quanto à questão da recuperações judiciais, se tendem a crescer ou se o setor já concluiu processo de depuração: “Não dá para falar. Tem caso de empresa que ninguém esperava e, de repente, entra em processo de recuperações judicial”. Admitiu, no entanto, que uma possível estabilidade no segundo semestre pode trazer mais alento ao setor.

O presidente do Sindipeças esteve na semana passada com o ministro do MDIC, Marcos Pereira, para conversar sobre os problemas da cadeia fornecedora: “Não há negociação, houve uma conversa. O que precisamos é de uma política setorial que propicie maior competitividade à indústria. É fundamental termos previsibilidade”.

Projeções – O Sindipeças projeta faturamento da indústria de autopeças em torno de R$ 63 milhões este ano, 4,5% de queda em relação aos R$ 65,9 bilhões obtidos no ano passado. Para 2017 espera-se o início de uma retomada, com receita projetada em R$ 64,7 bilhões. O nível de mão de obra baixará de 171,5 mil funcionários em 2015 para 164 mil este ano, mas para o próximo espera-se chegar a 164,4 mil.

As exportações já mostram sinais positivos este ano. A expectativa é chegar a US$ 7 bilhões 950 milhões, ante os R$ 7 bilhões 560 milhões do ano passado, e para 2017 a projeção indica novo salto, para US$ 8 bilhões 420 milhões. Como as importações, na contrapartida, estão caindo, o déficit comercial do setor é menor a cada ano. Reduzirá de US$ 5,5 bilhões em 2015 para US$ 4 bilhões agora em 2016 e a expectativa é de que baixe ainda mais em 2017, para US$ 3,2 bilhões.

Conforme dados divulgados por Ioschpe, o Sindipeças está prevendo retomada gradual do setor automotivo a partir de 2017. A entidade projeta queda de 13% este ano na produção de automóveis, para 1 milhão 765 mil unidades, e alta de 4% no ano que vem, com 1 milhão 830 mil unidades a serem fabricados no País.

No caso dos comerciais leves o recuo deste ano deve ficar na faixa de 8%, para 290 mil unidades, e o crescimento no próximo é estimado em 2%, 295 mil comerciais leves. Também o segmento de caminhões tende a reagir em 2017 com alta de 2%, enquanto as vendas de ônibus deverão ficar estáveis em 19 mil unidades.

“Com relação a este ano estamos mais pessimistas do que a Anfavea, pois prevemos queda de 13% na produção de automóveis e eles projetam 5,5%”, comentou Iochpe. “Mas acreditamos que na virada do ano estaremos próximos de começar alguma recuperação. Achamos que em 2017 os dados macroeconômicos serão mais positivos, com o fim da alta do desemprego, inflação mais baixa e consequentemente juros menores. Se não houver grandes erros poderemos ter melhoras na virada do ano.”

MAR-I não deve gerar antecipação de vendas de máquinas e equipamentos

A obrigatoriedade de comercialização de motores Tier 3 não deve gerar antecipação de compra de máquinas e equipamentos. A avaliação é do presidente da CNH Industrial, Vilmar Fistarol, que palestrou no Seminário Revisão das Perspectivas 2016, promovido na segunda-feira, 13, pela AutoData.

Segundo ele, a nova tecnologia que passa a ser obrigatória a partir de janeiro de 2017 para veículos fora de estrada não deve aquecer o mercado. A partir desta data todos os motores destinados às máquinas agrícolas novas, em produção ou importadas, com potência igual ou maior de 75 kW, deverão atender aos limites da fase MAR-I do Proconve. “Esse movimento foi amplamente visto no segmento de caminhões, quando migramos para a tecnologia Euro 5, mas não deve se repetir no campo.”

Para Fistarol, mesmo com os consumidores sabendo que os modelos podem ficar com valores mais elevados devido às novas motorizações, a ausência de crédito e as incertezas da economia devem atrapalhar o movimento de antecipação de compra.

“Estamos perdendo muitas oportunidades por conta da situação econômica. Também não vimos as vendas aumentarem para as obras das Olimpíadas. É uma pena para o País”, afirmou.

O executivo mostrou-se cauteloso em relação ao futuro do mercado de máquinas e equipamentos do Brasil. “O cenário de 2016 não pode continuar. Não sabemos quanto tempo vamos levar para retomar os patamares do início da década, mas é fato que já chegamos ao fundo do poço”, disse. “Devemos começar a ver melhoras tímidas em 2017”.

Segundo ele, a chegada do novo governo sinaliza mudanças importantes para a indústria. “Precisamos de um ambiente político que faça ecoar as necessidades do mercado. É tempo de executar, não de criar nada”, ressaltou.

Agronegócio – Fistarol apresentou projeções que levam a crer que há ainda muito espaço para crescimento nas vendas de máquinas. A maioria dos índices relacionada ao agronegócio, como o necessário aumento da produção mundial de alimentos nas próximas décadas, sendo o Brasil responsável natural por suprir boa parte dessa demanda. “É o único setor que ainda cresce no Brasil. E estamos sempre buscando inovações.”

Recentemente a companhia investiu US$ 40 milhões para o lançamento de uma nova linha de colheitadeiras de grãos que promete maior produtividade com menor consumo de combustível. “Não deixamos de investir porque apostamos que o mercado brasileiro de máquinas passará por um novo processo de consolidação. Queremos estar prontos para quando isso acontecer.”