Brasil e Argentina divergem sobre renovação do acordo automotivo

Foi infrutífera a reunião realizada em Brasilia, DF, na segunda-feira, 25, para tratar da renovação do acordo automotivo Brasil-Argentina, que vence em junho. O maior entrave ainda é a questão do livre comércio, defendida pelo Brasil mas sem respaldo pelo parceiro, que prefere a manutenção do atual sistema, regulado pelo flex de US$ 1,5 para US$ 1.

Segundo informações da Agência Brasil o titular do MDIC, Armando Monteiro, declarou ao término do encontro com seu colega argentino que “havemos de encontrar, em um prazo curto, um ponto de equilíbrio que justifique essa extensão do acordo. O Brasil tem a compreensão de que precisamos ter um marco mais amplo, que tem de contemplar, também, a perspectiva de um acordo de livre comércio. Para alcançar esse objetivo precisamos criar condições para que o acordo seja um processo equilibrado e sustentável”.

Porém o próprio ministro considerou que a renovação no curto prazo deverá manter o sistema flex – e expressou otimismo diante de chance de se chegar a “ajuste” e “condições equilibradas” em relação às que estão vigorando atualmente.

Francisco Cabrera, ministro da Produção da Argentina, considerou as proporções do sistema flex “tema aberto para discussão”, mas disse que, por enquanto, a posição dos argentinos é de manutenção do patamar em vigor hoje, uma vez que  “ainda não modificamos esse índice”. Ele manifestou preocupação com a capacidade ociosa da indústria brasileira e com a queda nas vendas do setor automotivo.

Para o MDIC, em nota, “os ministros enfatizaram a importância da parceria estratégica dos dois países, visando à formação de uma plataforma automotiva regional, buscando o incremento da produtividade e da competitividade em nível global”.

Os representantes definiram retomada das reuniões do Comitê Automotivo Bilateral e definição de uma agenda de trabalho comum com “políticas convergentes para o fortalecimento do setor automotivo regional”. Segundo o ministério brasileiro “ambos definiram os objetivos comuns de integração produtiva, geração de empregos, agregação de valor tecnológico e acesso a novos mercados. Concordaram ainda com o objetivo de alcançar o livre comércio bilateral do setor automotivo, de maneira progressiva e em condições de equilíbrio, fortalecendo estruturas e capacidades produtivas de cada parte”.

O conjunto de diretrizes que formam o plano de trabalho do Comitê Automotivo para a negociação do regime automotivo bilateral “será examinado e monitorado em bases permanentes”, segundo o MDIC. 

O último dia de vigência do acordo atual é 30 de junho – são praticamente apenas mais dois meses, portanto.

Master: 30 anos e 11 milhões de freios produzidos.

A Master, empresa do Grupo Randon e atual maior fabricante de freios para veículos comerciais do Brasil, está completando 30 anos de atividades neste final de abril, ostentando o posto de líder absoluta deste tipo especifico de produto com 53% de participação do mercado brasileiro.

Atualmente a Master fornece para todas as montadoras de caminhões e ônibus instaladas no Brasil. Ao longo destas três décadas acumulou a produção de mais de 11 milhões de freios, com seu recorde produtivo obtido em 2011, quando alcançou a marca de 1 milhão de unidades, número este, alias, que corresponde ao total da sua atual capacidade anual instalada.

Como especialista em freios para veículos comerciais a Master também tem sofrido com a queda da produção de caminhões e ônibus verificada no Brasil ao longo dos últimos dois anos. “No ano passado produzimos 500 mil freios e para este ano, como a produção brasileira de veículos comerciais está vivendo nova queda, a expectativa é termos uma redução de cerca de 15% neste volume, alcançando algo de 400 mil a 425 mil unidades”, estima Ricardo Reimer, atual presidente da empresa.

De acordo ele a empresa já está preparada para trabalhar neste atual patamar do mercado brasileiro. “Fizemos nossa lição e preparamos a empresa para esta nova realidade atual do mercado brasileiro. A ordem hoje é não tirar o olho do caixa e não ter prejuízo. Com isto teremos certeza de que trabalharemos com números positivos e teremos fôlego para continuar a investir principalmente em desenvolvimento tecnológico”, ensina.

Criada em 1986, fruto de uma joint venture da gaucha Randon com a multinacional estadunidense Meritor, a Master se valeu da liderança destas duas empresas em seus respectivos segmentos para desenvolver conjuntos de freios com a mais alta tecnologia e desempenho.  “Foi o casamento perfeito, pois juntou a capacidade de desenvolvimento tecnológico da Meritor com o conhecimento do mercado brasileiro da Randon”, analisa Reimer.

A empresa hoje se considera global e exporta seus produtos para vários países da América Latina, Estados Unidos e Canadá. Tem capacidade de engenharia instalada para desenvolver localmente novos produtos e, graças a isto, vem ampliando seu portfólio de produtos de forma acentuada nos últimos anos, principalmente em função do crescimento da oferta de sistemas ABS para veículos comerciais no mercado nacional.

Durante todas estas três décadas a empresa obedeceu à política das Empresas Randon de crescer de forma sustentada. Por esta razão, todos os funcionários recebem constantemente treinamento específico sobre questões ligadas à responsabilidade socioambiental. Uma das práticas é o tratamento de 100% dos efluentes e a reutilização dos efluentes industriais e sanitários que passam por tratamento físico-químico e biológico.

A preocupação com a qualidade também é constante. Por conta desta postura, foi a primeira empresa da Região Sul a obter a certificação QS 9000 e a primeira do Nordeste gaúcho a ganhar o Troféu Ouro de Qualidade do Rio Grande do Sul, dentre outros prêmios.

Chevrolet também remodela a S10

Depois da Toyota Hilux e da Ford Ranger, chegou a vez da General Motors apresentar a atualização de sua principal picape em volume de vendas, a S10. A espera mais demorada é justificada pelo local e ocasião escolhidos para sua aparição: a Agrishow, principal feira voltada ao agronegócio, que abriu as portas ao público nessa segunda-feira, 25.

Ameaçadas pela chegada de duas novas concorrentes – ainda que indiretas devido à capacidade mais reduzida de carga, Renault Duster Oroch e Fiat Toro deverão roubar alguns clientes, em especial aqueles que usam a picape mais para o lazer –, os modelos ganharam um recheio tecnológico mais generoso. No caso da S10, redução no peso e ganho em eficiência também fazem parte da remodelação.

Visualmente a linha 2017 da S10 se difere especialmente na parte dianteira, onde capô, grade e faróis ganharam novos desenhos, assim como o para-choque. Os retrovisores laterais ganharam repetidores de pisca e a tampa da caçamba, na parte traseira, uma câmera de ré embutida na maçaneta – o item, porém, é opcional.

Mas as principais alterações estão na parte interna: segundo a companhia os materiais usados na construção são mais refinados e agradáveis ao toque. Painéis de instrumentos e de portas foram completamente remodelados foram adaptados para acomodar os itens opcionais que a picape ganhou – e não foram poucos: computador de bordo com novas funções, sensor de estacionamento dianteiro, câmera de ré traseira, sensor de chuva, sistema de infotainment compatível com tecnologias Android Auto e Apple CarPlay, dentre outros.

O objetivo da GM não difere da concorrência: permitir que haja cada vez mais interação do carro com o smartphone do motorista, ampliando a segurança ao dispensar o uso das mãos – a S10 2017 traz opção de comando por voz.

A picape chega com treze opções de configurações, dentre os acabamentos LS, LT, LTZ e High Country, as opções de cabine simples, estendida e dupla e as motorizações 2,8 litros TurboDiesel e 2,5 litros SIDI Flex, a possibilidade de escolher transmissão manual ou automática e as trações 4×2 e 4×4 com reduzida. Segundo a companhia houve, em média, redução de 5% no consumo de combustível com relação ao modelo anterior.

As vendas começarão a partir de maio – a Agrishow é tratada pela companhia como avant-première do modelo. Os preços serão divulgados na noite de segunda-feira, 25.

Camex reduz imposto de importação de 60 autopeças

O Diário Oficial de sexta-feira, 22, trouxe a resolução Camex no. 35/2016, que alterou a relação de autopeças consideradas como não produzidas no Brasil e no Mercosul, incluindo a esta mais sessenta itens. Com esta iniciativa estes produtos, que possuíam alíquotas de Imposto de Importação variadas, de 20%, 18%, 16%, 14%, 10% e 8% para entrar no País, poderão agora ser importados com alíquota reduzida para 2% em todos os casos listados.

Segundo o MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em nota, “a medida tem o objetivo de dar mais competitividade ao setor automotivo”. Ainda de acordo com o órgão do governo federal, “a revisão da lista foi promovida a partir de propostas de entidades representativas do setor privado”.

A Camex considera que a redução concedida no Imposto de Importação contempla em particular as autopeças relacionadas à eletrônica embarcada dos veículos, mas também há na relação itens ligados à melhoria da eficiência energética, principal exigência do Inovar-Auto, e ainda peças aplicadas em sistemas de segurança veicular.

A lista completa das autopeças incluídas na política tributária de ex-tarifários pode ser consultada por meio do link http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=22/04/2016&jornal=1&pagina=14&totalArquivos=256.

Megale: a previsibilidade como bandeira.

Antônio Megale, diretor de relações governamentais da Volkswagen do Brasil, 36 anos de carreira no setor automotivo brasileiro, assumiu na segunda-feira, 25, a presidência da Anfavea, para mandato que cumprirá até abril de 2019.

A última vez em que um executivo da Volkswagen esteve à frente da mais importante associação do setor automotivo nacional foi em 2004 – já se vão, portanto, 12 anos. Foi Ricardo Carvalho, que ocupou a presidência de 2001 a 2004, após a morte de Célio Batalha, da Ford, presidente apenas de abril a outubro daquele ano.

Em coletiva à imprensa realizada em São Paulo na tarde da segunda-feira, 25, Megale observou que em sua carreira já lidou com executivos alemães, franceses, estadunidenses e japoneses, e que isso deverá ajuda-lo nas negociações que terá que enfrentar daqui por diante. “É uma experiência que acredito será válida.”

Como bandeira de sua gestão o dirigente elegeu o que chama de previsibilidade – sem dúvida escolha bem menos tangível do que a adotada por seu antecessor, Luiz Moan, que defendeu chegar ao fim de seu mandato com as exportações respondendo por 20% da produção, o que, na época, representaria 1 milhão de unidades.

Moan, inclusive, abriu a coletiva desejando boa sorte ao novo dirigente. Em clima de aposentaria, indumentária sem gravata combinando com, em suas próprias palavras, calça rancheiro, fez breve discurso, acenando que “na história recente da Anfavea nunca uma transição ocorreu de forma tão tranquila”. Ao final, decretou simplesmente: “fui”.

Megale explicou que esta tal previsibilidade é fundamental à indústria: “precisamos de regras firmes e duradouras, de um horizonte claro à frente”. Estas servem para os diversos braços da indústria, argumentou: “Às vezes a montadora desenvolve um projeto e há uma mudança de legislação, por exemplo, de um determinado componente. Aí o projeto tem que retroceder, ser refeito, o que gera um impacto muito grande. O mesmo também vale para uma norma de impostos. Sem previsibilidade a forma de trabalho da indústria automotiva é muito prejudicada”.

Dentro desse ensejo ele já cobrou início de negociações com o governo para o que pode ser o Inovar-Auto 2, vez que o programa atual se encerra em 2017. “Um ano e meio para discutir uma legislação desta magnitude já é muito pouco tempo.”

Megale ainda assegurou que a Anfavea não tomará posição com relação à possibilidade de impeachment, por ser a associação “apolítica”. Mas defendeu uma rápida solução para a crise, em especial a de confiança, que, em sua visão, é a maior razão para a queda brusca nas vendas que o mercado vivencia desde o ano passado, posição que Moan também defendia.

HB20 e Onix duelam pela liderança de vendas em abril

O HB20 e o Onix estão duelando firmemente pela liderança de vendas no mercado brasileiro em abril. E até a terça-feira, 19, quem está à frente é o Hyundai, com 6,5 mil emplacamentos ante 6,3 mil do Chevrolet, de acordo com números da Fenabrave.

Mesmo que não consiga vencer o rival neste abril o desempenho do Hyundai em vendas é tão sólido e constante que alcançar a liderança ao menos durante um mês parece mera questão de tempo. Terceiro colocado no geral das vendas em 2014 e vice-campeão em 2015, o HB20 ganha terreno mês a mês – sempre de forma tímida, mas igualmente firme: ele não varia de posição de um período para o outro, diferente da maioria dos modelos do top-10, à exceção do próprio Onix.

No mês passado, março, o HB20 liderou a primeira quinzena e entregou a ponta ao Onix na segunda metade do mês. Agora, mantém a frente até perto do dia 20. Mesmo que o Chevrolet volte a ultrapassá-lo, o desempenho do modelo produzido em Piracicaba é tão inabalável que não será qualquer surpresa caso em período logo à frente, como maio ou junho, se sagre como campeão mensal.

Mas enquanto isso o Onix vai vencendo suas batalhas e trilha bom caminho para um possível bicampeonato, ainda que a partir de agora tenha que lutar com outras novidades, como o novo Gol e o Fiat Mobi.

Quem também tem muito a comemorar é a Toro, que registra desempenho de vendas invejável em abril no segmento de comerciais leves: é nada menos do que a segunda mais comercializada até o dia 19, com 2,5 mil licenciamentos, atrás apenas da Strada, com 3 mil. Além do impacto de tratar-se de novidade, o modelo se aproveita de uma pequena entressafra de rivais em renovação, como a Chevrolet S10 e a Ford Ranger.

De volta aos automóveis alcança muito bom volume no mês também o recém-renovado Gol, em terceiro, com 4,2 mil, seguido pelo sempre eficiente Toyota Corolla, 3,8 mil.

Na batalha particular dos SUVs compactos o Honda HR-V está já bem à frente do Renegade, com 3,6 mil para 2,5 mil. O Jeep pode argumentar que é vítima do sucesso da Toro, com quem divide a linha de montagem de Goiana, PE, na qual a picape está em processo de crescimento da produção.

O Mobi já registra seus primeiros 500 licenciamentos em abril – suas vendas começaram dia 16.

BMW exportará X1 para os Estados Unidos

A partir de julho o mercado estadunidense voltará a importar veículos produzidos no Brasil, mais especificamente em Araquari, SC, onde foi instalada a primeira fábrica da BMW na América Latina. A companhia fechou seu primeiro contrato de exportação a partir da unidade catarinense justamente com os Estados Unidos, onde há demanda maior do que a oferta pelo X1.

O anúncio oficial foi feito na quarta-feira, 20, um dia após a reunião que formalizou o acordo em Brasília, DF, onde compareceram membros do governo federal e da companhia, dentre eles o presidente Helder Boavida. Segundo a BMW serão enviadas 10 mil unidades do X1, em diferentes configurações, a partir de julho. O contrato demandará também a contratação de 300 trabalhadores temporários em Araquari, dedicados exclusivamente ao projeto, que se somarão aos 700 funcionários da fábrica.

“Iniciamos um novo e significativo capítulo do BMW Group Brasil”, afirmou, em nota, o presidente Boavida. “Além de fortalecer a nossa posição no mercado, a iniciativa demonstra que a fábrica de Araquari atende a todos os requisitos de qualidade e eficiência exigidos pelo Grupo, estando apta a fornecer veículos para outros mercados, dentre eles o estadunidense, reconhecidamente um dos mais exigentes do mundo”.

Segundo a companhia houve um aumento expressivo de demanda pelo BMW X1 naquele país, atualmente atendido pela fábrica de Regensburg, na Alemanha. Como há espaço de sobra na fábrica de Araquari – e o câmbio colabora –, decidiu-se complementar o volume com produtos made in Brazil.

A decisão vai contra a vontade inicial da própria BMW: ao inaugurar a fábrica, há um ano e meio, a companhia afirmou priorizar o mercado doméstico devido à falta de competitividade do mercado brasileiro. Alguns poucos embarques estavam previstos apenas em 2020, de acordo com o cronograma inicial.

Mas desde setembro do ano passado a companhia já estudava programa de exportações, conforme afirmou Arturo Piñeiro, presidente à época, em entrevista à Agência AutoData. Na ocasião o executivo deu pistas de que mercados próximos como os da América Latina estavam, a princípio descartados, e que Estados Unidos, Europa e até mesmo China eram favoritos a receber os veículos brasileiros.

Os consumidores americanos terão a sua disposição três versões do X1 XDrive 28i made in Brazil, todas equipadas com o motor de quatro cilindros 2,8 litros movido a gasolina.

Produção mexicana recua 5% no trimestre

A produção de veículos mexicanos, que bateu recordes no ano passado, encerrou o primeiro trimestre em retração de 5,1% na comparação com igual período de 2015, com 805,7 mil unidades produzidas. A diferença de um ano para o outro foi de 43,4 mil unidades, segundo dados divulgados pela Amia, associação que representa as montadoras de veículos daquele país.

Em comunicado a associação justificou a queda por paradas técnicas em março, promovidas por diversas fábricas locais, e o feriado da semana santa, que em 2015 ocorreu em abril e neste ano caiu no mês passado.

Em março saíram das linhas de montagem 267 mil unidades, queda de 11% na comparação com igual mês de 2015.

O ritmo das linhas refletiu nos embarques, 4,6% inferiores no trimestre. Foram exportados 657,1 mil veículos, 31,4 mil unidades a menos do que nos primeiros três meses do ano passado. Em março os embarques caíram 14,2%, para 224,2 mil unidades. Assim como fez com a produção, a Amia justificou a queda com as paradas programadas e a semana santa adiantada.

Os Estados Unidos seguem como maior cliente dos veículos mexicanos, com 75,7% do total do trimestre, ou 497,2 mil unidades, incremento de 3,1%. O Brasil caiu da quinta para a sexta posição, com queda de 64,7% no volume, para 5,8 mil unidades – foi superado pela Argentina, que no ano passado ocupava a oitava posição e agora está em quarto no ranking.

O mercado doméstico mexicano segue direção contrária: encerrou o primeiro trimestre com crescimento de 13,4%, para 347,3 mil unidades. Desde volume 44% foram modelos produzidos no México e 56% importados.

Em março a alta nas vendas internas chegou a 11,4%, para 116,9 mil veículos.

St. Ângelo aos japoneses da Toyota: fiquem calmos.

O CEO da Toyota América Latina e Caribe da Toyota, Steve St. Ângelo, admitiu durante o lançamento do Etios 2017, na terça-feira, 19, que os problemas brasileiros nas áreas política e econômica preocupam os executivos da matriz japonesa. Mas explica que o fato de a montadora estar ganhando participação no País ajuda a acalmar os ânimos por lá.

“Os dirigentes da companhia no Japão acompanham as notícias do Brasil pelos jornais e é claro que se preocupam com a situação vivida hoje no País. Mas todos os meses eu vou para lá e a primeira coisa que digo quando questionado sobre os problemas atuais é ‘fiquem calmos, fiquem calmos’. O Brasil é um País muito grande e vai se recuperar. A situação política vai se acalmar e não há razão para pânico.”

St. Ângelo destacou que o momento favorável da Toyota no mercado brasileiro ajuda a acalmar os ânimos: “Fechamos o trimestre com 8,5% de participação [em 2015, 6,8%] e especificamente no mês de março atingimos market share de 9,4%, um índice importante considerando o contexto atual do mercado local”.

Outro ponto destacado pelo executivo é que a Toyota está aproveitando o momento atual para aprimorar o relacionamento com funcionários, fornecedores e rede. “Não fizemos lay-off, não demitimos. O que estamos fazendo é aprimorar nossas operações e nossas relações com toda a cadeia para sairmos fortalecidos da crise. Estamos usando esse período economicamente difícil para ficarmos mais fortes.”

O CEO da América Latina e Caribe, no posto desde 2013, época em que a Toyota tinha apenas 3,1% de participação no mercado brasileiro, revelou ainda que em dezembro alguns executivos japoneses vieram para o Brasil e ficaram bem impressionados com a situação da empresa por aqui:

“Veio inclusive o chefe de Relações Humanas e as informações depois repassadas para a matriz foram positivas. O principal executivo de RH do grupo ficou favoravelmente impressionado com as relações estáveis que mantemos com sindicatos de trabalhadores, fornecedores e concessionárias, reforçando na matriz a posição de que estamos bem no Brasil”.

Em seu discurso durante a apresentação do Etios 2017, St. Ângelo mostrou uma série de dados positivos em relação ao futuro do País, destacando, dentre outros itens, que a população brasileira vai crescer 5% até 2020, com crescimento ainda maior da população economicamente ativa, estimada em 10%:

“O ano está sendo difícil e os próximos também serão. Mas tenho muita confiança no Brasil e na região e nosso objetivo é o de alcançarmos crescimento sustentável ao longo dos anos. Se mantivermos nosso foco independentemente da crise política e dos problemas econômicos toda essa situação não afetará nosso futuro”.

O executivo revelou ainda que tem por objetivo ampliar as exportações a partir do Brasil. “Há vários países que querem o Etios e estamos estudando vários cenários. Meu sonho, em particular, é ver o Brasil como a base de exportação do Corolla para todos os países da região. Mas para isso temos de ser mais competitivos e é nesse sentido que estamos trabalhando. Criamos um espaço, que chamamos de sala de custos, que tem por objetivo analisar item por item de nossos produtos para identificar onde podemos cortar gastos e, assim, melhorar nossa produtividade.”

 

Etios agora com motor brasileiro

Equipado com os novos motores 1.3 e 1.5 Flexfuel Dual VVT-i DOHC de 16 válvulas, produzidos na fábrica de Porto Feliz, SP, que tem inauguração oficial prevista para maio, o Toyota Etios 2017 começa a ser vendido no dia 28 de abril com preço a partir de R$ 44 mil na versão X 1.3, cerca de R$ 2 mil a mais do que custava antes. Apesar da pequena elevação a fabricante acredita que as vendas do modelo crescerão este ano perto de 10%.

“Nossa meta é chegar a 68 mil Etios emplacados em 2016 ante os 62 mil de 2015”, comentou o presidente da Toyota do Brasil, Koji Kondo, no lançamento da linha 2017 na terça-feira, 19, em Mogi das Cruzes, SP. O aumento de preço, segundo ele, decorre de inovações incorporadas à linha, incluindo os novos motores, “9% mais econômicos do que os anteriores”, importados do Japão.

Passam a ser itens de série em toda a linha 2017 do Etios novidades como o Toyota Smart Screen, computador de bordo, banco traseiro com encosto rebatível, direção eletroassistida progressiva com nova calibração, ar-condicionado, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível, chave com comando das quatro portas e vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico.

Outra novidade da linha é a oferta de transmissão automática para todas as versões – antes só havia a opção de câmbio manual. A empresa estima que 40% das vendas serão de câmbio automático, que vem do Japão, e o restante da nova transmissão manual de seis marchas que está sendo produzida no Brasil pela Aisin. Até a linha 2016 o câmbio era de cinco marchas.

Disponível com dois tipos de motores, 1.3 e 1.5, o Etios é oferecido em ambos os casos nas versões X, XS e XLS. A mais cara, a XLS 1.5 automática, custa R$ 60,3 mil. Na versão mais barata com transmissão automática, X, o preço é de R$ 47,5 mil. “É o compacto automático mais acessível do mercado brasileiro”, garantiu no lançamento o vice-presidente executivo da Toyota do Brasil, Miguel Fonseca.

Mercado – O presidente da Toyota do Brasil falou das dificuldades pelas quais passa o mercado brasileiro no momento, mas destacou que a empresa, em particular, enfrenta situação mais favorável: cresceu 1% no primeiro trimestre e teve participação ampliada de 6,8% em 2015 para 8,6% este ano.

A empresa quer pelo menos manter o market share conquistado no primeiro trimestre ao longo do ano, com venda de 170 mil unidades, um pouco abaixo das 176 mil do ano passado. A produção também cairá um pouco, de 166 mil para 160 mil, acredita Kondo, que prevê um mercado total de automóveis e comerciais leves de 2 milhões de veículos. Com relação às exportações do Etios o presidente da Toyota do Brasil prevê crescimento de 20%, com volume de 27 mil unidades este ano ante as 22,5 mil de 2015.

O modelo está sendo exportado para a Argentina, Uruguai e Paraguai e há planos de embarcá-lo para outros países da América do Sul. Apesar de todas as dificuldades do momento, a Toyota tem mantido dois turnos de produção, não tem nenhum programa de afastamento de funcionários em vigência e tampouco demitiu. Das 160 mil unidades totais a serem produzidas este ano 55% serão do Etios em Sorocaba e 45% do Corolla em Indaiatuba, também no Interior paulista.

Com relação ao atual momento politico-econômico do País Kondo preferiu não entrar em pormenores, destacando apenas que a empresa continua acreditando no potencial do Brasil, tanto assim que não alterou seus planos de investimento local, dentre os quais ampliação da capacidade produtiva de Sorocaba, de 70 mil para 108 mil unidades/ano. No segundo semestre inaugurará em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um Centro de Desenvolvimento e Pesquisa, com reforço da engenharia brasileira em seus projetos para a região.

“Independentemente do que acontecer no País temos flexibilidade suficiente para alterar nosso processo produtivo e atender a demanda do mercado caso ela cresça.”