Nobre trabalho

Esqueçam 683 quilos de carga, esqueçam um veículo voltado para o trabalho.  A picape Duster Oroch, apresentada oficialmente na segunda-feira, 28, no Rio de Janeiro, tem missão bem mais nobre do que carregar também cinco pessoas em sua cabine dupla. Ao mais novo produto da Renault coube a missão de levar a montadora finalmente a seu objetivo traçado há alguns anos publicamente: deter 8% do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves.

Olivier Murguet, presidente da empresa na América Latina, não deixou dúvidas quanto a isso na apresentação do comercial leve.  “As vendas da Oroch serão adicionais, afinal é um novo segmento para nossa marca. Com isso chegaremos ao que nos propusemos”, disse Murguet, que desde abril responde por todos os mercados do México até a Argentina, mas que seguirá no Brasil, agora alçado a quartel-general da operação que respondeu por mais de 15% do faturamento mundial da Renault em 2014.

Ainda que a Renault não informe objetivos de vendas e produção para o novo modelo, oferecido em três versões de acabamento e motores 1,6 litro e 2 litros apenas com câmbio manual, a meta de participação, de fato, parece não estar tão distante. No acumulado dos oito primeiros meses de 2015 a montadora chegou a 7,1% e cresceu 0,2 pontos porcentuais frente ao mesmo período do ano passado, enquanto o mercado recuou 20% na média de automóveis e comerciais leves.

Até também porque os comerciais leves têm expressiva participação no mercado interno. Somadas as picapes compactas, derivadas de carros de passeio, e as médias, o segmento representa algo como 300 mil unidades anuais – 900 mil em toda a América Latina, segundo Murguet.

E a Oroch correrá em raia solitária, exclusiva, por se tratar de veículo derivado de um SUV e não de um hatch compacto, como as concorrentes mais baratas Fiat Strada e Volkswagen Saveiro, e ser menor do que as convencionais picapes médias, como Chevrolet S10 e Ford Ranger, por exemplo. Solitária pelo menos até o começo de 2016, quando ganhará a concorrência mais direta da Fiat Toro – cujo nome foi anunciado oficialmente nesta terça-feira, 29, e não por mera coincidência.

O novo segmento criado com a Oroch no mercado interno foi bem definido por Murguet: “Apostamos em produto de uma faixa média-alta de preço, destinado sobretudo ao lazer. Não competiremos com as picapes derivadas de hatches, mais baratas e que contam com versões para o trabalho”.

Não por outro motivo a Oroch, que começa a ser vendida mesmo em novembro, dispõe somente de carroceria com cabine dupla e quatro portas – uma cabine simples foi descartada pela direção da empresa – e preços entre R$ 62,9 mil e R$ 72,5 mil, exatamente acima das versões mais completas das picapes compactas.

Mas versões mais caras da Oroch já estão no forno. A Renault admite que lançará, provavelmente em 2016, uma 2.0 com tração 4 x 4 a exemplo do Duster. Câmbio automático também está nos planos da montadora, que já produz a Oroch completa, inclusive com sistema multimídia e de navegação de série para a versão 1.6 Dinamique, a segunda mais barata.

A Duster Oroch foi desenvolvida pela RTA, Renault Tecnologia Américas, e é fabricada somente em São José dos Pinhais, PR. Seguirá para todos os mercados latino-americanos, no que depender da vontade de Murguet. Certo, porém, é que as primeiras unidades serão exportadas ainda este ano e chegarão primeiro ao Uruguai.  “Demais mercados apenas a partir do ano que vem”, afirmou o executivo, que descartou estudos mais avançados para enviar o comercial leve para outros continentes.

Uma nova experiência ao dirigir

Mudar a experiência ao dirigir. Essa é a proposta que a General Motors traz com o sistema de telemática OnStar, que chega ao mercado brasileiro inicialmente a bordo do Chevrolet Cruze, automóvel de maior valor dentre os produzidos em fábricas nacionais. Antenada nos anseios do consumidor, que busca cada vez mais conectividade dentro do seu veículo, a companhia lança um serviço inédito por aqui, mas que há dezenove anos já funciona nos Estados Unidos, berço da GM.

O OnStar é apoiado em três pilares: segurança, conectividade e conveniência. Passa quase despercebido na configuração do veículo, em forma de três botões localizados na parte inferior do espelho retrovisor central. Acrescenta, porém, outros componentes como chicotes, antenas e um chip, que serve para fazer a comunicação com a Claro, operadora escolhida pela GM para a transmissão de dados e voz.

Sim, isso mesmo: voz!

Marcos Munhoz, vice-presidente da GM do Brasil, destacou durante sua apresentação que o OnStar não se relaciona com computadores, mas com seres humanos. Para isso a empresa investiu em uma central de relacionamento, com atendentes que farão toda a interação que o usuário precisar, e quiser, durante o uso: “É a humanização da tecnologia”.

Funciona da seguinte maneira: ao apertar um dos botões abaixo do retrovisor o OnStar se comunica com a central. Um cortês atendente saúda o motorista e se coloca à disposição para ajudar. Aí são inúmeras as possibilidades: desde perguntar como está a temperatura e o trânsito no local de destino até marcar horário no salão de beleza.

Basicamente o OnStar traz ao motorista o que ele obteria na tela de seu smartphone, sem precisar tirar as mãos do volante. Quer saber a rota para o seu destino? Pergunte ao OnStar, que a envia à tela do MyLink, sistema de entretenimento que a GM lançou recentemente no País. Pouco combustível? Avise ao OnStar, que indicará postos mais próximos.

Além de uma espécie de secretário pessoa o sistema auxilia em situações de emergência. Ao apertar o botão vermelho o atendente não será tão cortês, mas direto – afinal, dependendo da ocorrência, qualquer segundo pode ser precioso. Depois de conversar com o motorista que acionou o sistema o atendente pode acionar o SAMU ou Corpo de Bombeiros, de acordo com a gravidade, ou apenas indicar o hospital mais próximo. Se for uma falha mecânica ou pneu furado ativa o Chevrolet Road Service.

A central também funciona de forma ativa. Caso o usuário peça os atendentes do OnStar monitoram o veículo durante o percurso e, em iminente emergência – como uma colisão que acionou o air bag – tentam contato. Para isso serve o terceiro botão: atender às chamadas. Se o motorista não responder, SAMU e Corpo de Bombeiros são acionados.

O OnStar também pode ser ativado por meio de aplicativos no celular e de site na internet. Por enquanto seu uso é um pouco limitado: só consegue trancar e destrancar o automóvel e ativar faróis e buzinas. Mas como é interligado ao computador central do veículo abre a possibilidade para diversas aplicações no futuro.

Privacidade – O sistema virá em 100% dos Cruze 2016 vendidos no mercado nacional, versões LT e LTZ, ambas com transmissão automática e bancos em couro – a diferença é que na última também está disponível o MyLink. Mas o consumidor pode escolher sua ativação ou não: ao assinar o contrato, concorda em abrir mão de sua privacidade.

Mal comparando o OnStar funciona como uma espécie de Grande Irmão, em referência à obra de George Orwell, pois a central tem a seu dispor todas as informações de localização do carro e seu histórico de velocidade, percurso e até uso de peças e componentes. Munhoz jura que nenhum dado sai de lá e apenas o motorista tem acesso a ele, por meio de senha no celular ou computador.

Se por um lado parece perigoso para a liberdade individual por outro é preventivo: em caso de furto do veículo há como localizá-lo e até interceder, reduzindo sua velocidade máxima até a sua parada completa. Em emergências, auxilia o motorista.

“A palavra que uso para definir o sistema é am-pa-ra-do: o motorista está amparado quando o OnStar está ativado.”

Por um ano o serviço será gratuito. Seu preço no futuro ainda não foi definido – Munhoz disse que nos Estados Unidos custa em torno de US$ 200 ao ano.

Lay off Os metalúrgicos da GM de São Caetano do Sul, onde é produzido o Cruze e outros modelos como Cobalt, Montana e Spin, divulgaram comunicado na quarta-feira, 29, afirmando que a companhia ameaça demitir 650 funcionários. Mas segundo Munhoz um lay off está sendo negociado na unidade.

O vice-presidente descartou adotar o PPE na unidade, justificando que seria necessário parar a fábrica inteira – não há como setorizar: “Estamos com excedente de pessoal em São Caetano do Sul e negociamos lay off com o sindicato”.

Buscando preço competitivo, Honeywell lança linha remanufaturada

A Honeywell lança no mercado brasileiro em outubro a linha de turbos Reman Original Garrett, de remanufaturados. Segundo comunicado do diretor-geral da empresa, Christian Streck, o produto oferecerá às frotas mais antigas um preço competitivo combinado com economia de combustível e preservação ambiental.

Com a linha de produtos a empresa deseja evitar que os proprietários de caminhões, ônibus, picapes e vans recorram a componentes recondicionados sem as especificações técnicas do equipamento original e os mesmos padrões de desempenho.

De acordo com Streck o projeto foi idealizado para atender de forma econômica aos donos de veículos usados, fazendo a manutenção correta e evitando o descarte de peças no meio ambiente de forma inadequada.

“Veículos mais antigos têm um menor valor de mercado. Por isso devemos nos preocupar em dar aos seus proprietários a opção de compra e de instalação de peça de reposição remanufaturada com valor correspondente, mas mantendo as características de um produto novo original, especialmente em termos de eficiência, durabilidade, segurança e prevenção ambiental”.

O executivo disse ainda que a linha Reman Original Garrett é uma iniciativa mundial da empresa.  

Para assegurar confiabilidade e a qualidade dos produtos, a Honeywell realiza o processo na própria fábrica de Guarulhos, SP, que ganhou uma linha exclusiva de produção de remanufaturados. Foram instalados equipamentos e bancadas necessários aos processos de limpeza, seleção e análise de peças originais usadas coletadas pelos distribuidores. O processo de montagem final ocorre nas mesmas linhas onde são produzidos os turbos novos.

Por isso os produtos da linha Reman Original Garrett têm as mesmas especificações e garantia de um turbo novo original, que corresponde a um ano, sem limite de quilometragem.

Para tornar o processo de remanufatura viável, o programa envolve o trabalho conjunto com a rede de distribuição e centros de serviço autorizados para a logística de coleta de turbos usados, que passam pelas fases de limpeza, seleção e análise, identificando quais componentes podem ser remanufaturados e os que devem ser substituídos por peças novas.

Após essa fase de avaliação e análise, a Honeywell substitui as peças não aprovadas, remonta, balanceia, calibra e inspeciona todo o conjunto de acordo com os mesmos desenhos e especificações adotados para um turbo novo.

A linha Reman Original Garrett tem o apoio do Centro Técnico de Treinamento e Assistência da empresa e da rede de vendas e de serviços técnicos, atualmente com cerca de 400 pontos no País. A ação também tem o suporte de programas adicionais da Honeywell, voltados ao mercado de reposição, dentre os quais, o de instalação assegurada, que proporciona cobertura a serviços realizados na rede autorizada.

Fiat confirma: picape de Goiana chamará Toro.

A Fiat divulgou na terça-feira, o nome da picape que a partir do ano que vem será produzida na fábrica da Jeep em Goiana, PE, para toda a América Latina: Toro.

No comunicado, acompanhado de uma imagem escurecida da parte frontal do modelo, a Fiat afirmou que a Toro “representa para o mercado a estreia de um novo segmento – o SUP, Sport Utility Pick-up. Traz todas as características de robustez e força de uma picape e ao mesmo tempo conta com todo conforto e dirigibilidade de um SUV”.

O modelo foi apresentado no Salão do Automóvel do ano passado como conceito de picape média, com o nome de FCC4. Neste ano esteve em outro salão, o de Buenos Aires.

A – ou o, como a Fiat usou em seu comunicado – Toro será o segundo modelo a sair da fábrica do Grupo FCA na Região Nordeste. A unidade foi inaugurada em abril com a produção do Jeep Renegade.

Grupo Volkswagen fará reparos em 11 milhões de veículos adulterados

Depois do escândalo deflagrado há onze dias, o Grupo Volkswagen começa a traçar seu plano para correção de rumo. Após a saída de Martin Winterkorn do comando do grupo o novo CEO, Matthias Müller, afirmou que a montadora fará reparos em cerca de 11 milhões de veículos no mundo.

Os veículos precisarão se adequar corretamente às regras ambientais depois que a EPA, a agência de proteção ambiental estadunidense, denunciou que a Volkswagen usou um software para fraudar os testes de emissão de gás. Os modelos da marca, na verdade, emitem de 10 a 40 vezes mais do que o revelado nos testes.

O CEO do grupo sinalizou que haverá um recall dos modelos adulterados. Em comunicado a Volkswagen afirmou que “fornecerá pormenores às autoridades sobre o plano de ação para correção do sistema em outubro. Os clientes afetados serão informados de que seus veículos terão de ser reparados durante as próximas semanas e meses”.

A Volkswagen comprometeu-se a atualizar os portais das marcas de cada país com as informações sobre reparos e evolução nos processos.

A nota da montadora alemã diz ainda que uma avaliação interna concluída na sexta-feira, 25, estabeleceu que o procedimento de serviço será necessário para cerca de cinco milhões de veículos da marca Volkswagen. Além disso, entram na lista 2,1 milhões da Audi, 1,2 milhão na divisão tcheca Skoda e 1,8 milhão veículos comerciais leves. Todos os modelos adulterados são movidos a diesel.

Na esteira do escândalo da Volkswagen, a MAN Latin America divulgou uma nota para se desvencilhar dos problemas. O comunicado reforça que “como fabricante de caminhões e ônibus, as marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN não estão afetadas pela atual discussão sobre a manipulação de determinadas emissões de motores a diesel”.

A nota reforça ainda que “as exigências legais e as normas técnicas para controle de emissões de caminhões e ônibus são muito rigorosas. As marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN cumprem todas as exigências estabelecidas em lei, como confirmado por agentes certificadores credenciados por órgãos governamentais”.

Brasil – Em evento realizado pela revista Quatro Rodas na terça-feira, 29, o diretor de assuntos governamentais da Volkswagen no Brasil, Antonio Megale, afirmou que a investigação interna global também deve ser estendida ao Brasil, embora a companhia comercialize apenas um modelo com motor a diesel no País – a picape diesel Amarok, que é produzida na Argentina com motor importado da Alemanha.

Megale afirmou que a investigação ainda não começou, uma vez que o País proíbe a venda de carros a diesel e não é um dos focos para a apuração da fraude.

Na sexta-feira, 25, o Ibama afirmou que abrirá uma investigação para apurar a conduta da Volkswagen no Brasil e disse que poderia impor multa de até R$ 50 milhões, além de exigir a convocação de um recall dos produtos da marca no País. O executivo afirmou que a Volkswagen ainda não foi notificada oficialmente sobre o assunto.

Volkswagen adere ao PPE na fábrica de motores de São Carlos, SP

Onze dias depois de solicitar a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego, PPE, do governo federal, para a unidade de São Bernardo do Campo, SP, a Volkswagen confirmou na segunda-feira, 28, que vai ampliar o uso do PPE para a fábrica de motores em São Carlos, SP.

Em nota, a montadora disse que “em acordo com o Sindicato e a Representação dos Empregados da unidade de São Carlos, SP, irá solicitar ao Governo a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego para sua fábrica de motores”.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos forneceu os pormenores do acordo que prevê redução da jornada de trabalho e de salários em momentos de dificuldades, e que foi aprovado em uma assembleia realizada durante o final de semana.

De acordo com porta-voz do sindicato, o PPE seguirá o mesmo modelo estabelecido no ABC paulista , que inclui redução de 20% da jornada, com o mesmo porcentual de diminuição dos salários pagos pela montadora. Para os trabalhadores a perda será de 10% nos honorários, uma vez que a outra metade será bancada com recursos do Fundo de Amparado ao Trabalhador FAT, no limite de até R$ 900,84, como prevê a legislação do programa.

O acordo valerá por seis meses, mas o prazo poderá ser dobrado caso a montadora e os trabalhadores achem necessário. A data de início ainda não foi informada, pois depende de trâmites com o governo.

O porta-voz do sindicato afirmou que a Volkswagen comprometeu-se em não realizar demissões sem justa causa em São Carlos durante oito meses – período que pode chegar a 16 meses, caso o plano seja renovado.

Para aceitarem o PPE, os trabalhadores pediram a contrapartida de a montadora preservar o acordo formado em 2012, em que a empresa garante reajuste salarial real de 2,5% a partir deste mês e de 2,3% a partir de setembro de 2016.

Taubaté — Na terça-feira, 29, haverá uma assembleia com os funcionários da Volkswagen na unidade de Taubaté, SP. A probabilidade é que o PPE também seja aderido na fábrica que produz o up!.

Segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, a adesão ao programa já tinha sido proposta pela companhia e aprovada por trabalhadores no acordo que marcou o encerramento da greve na unidade em agosto.

Renault e Dongfeng farão carro elétrico para o mercado chinês

A Dongfeng Renault Automotive Company, DRAC, começará a produção de veículos elétricos na China. A informação foi divulgada durante a visita de Zhu Yangfeng, presidente do Grupo Dongfeng, ao centro de tecnologia da Renault, o Technocentre.

Segundo nota da montadora, a DRAC produzirá um veículo elétrico baseado na plataforma do Fluence ZE, de zero emissão. O modelo será produzido na unidade localizada na cidade de Wuhan, na China, a partir de 2017, por meio da joint venture da Dongfeng com a Renault.

O comunicado da DRAC diz ainda que o modelo será comercializado sob uma marca local da Dongfeng, sendo destinado apenas ao mercado chinês.

Jacques Daniel, CEO da DRAC, afirmou que “este acordo representa o compromisso da Renault em matéria de proteção do meio ambiente e redução das emissões de CO2”. Disse ainda que por meio deste acordo, os grupos Renault e Dongfeng têm o objetivo de oferecer soluções de mobilidade sustentável.

Aliança – Conhecida por ser uma das montadoras que mais investe em tecnologia de veículos elétricos, a Renault também mantém uma aliança com a Nissan e recentemente atingiu a marca de 250 mil veículos elétricos comercializados no mundo desde 2011.

Atualmente, metade dos veículos elétricos em circulação no mundo foi produzida pela aliança.

Eaton: queda inferior à do mercado.

O retorno dos caminhões Ford Série F ao mercado brasileiro garantiu à Eaton, fabricante de sistemas de powertrain, um 2015 menos complicado. A empresa fornece a transmissão FSO 4505, que equipa os modelos F-350 e F-4000 – incluindo a versão 4×4 –, que juntos somaram 2,5 mil emplacamentos de janeiro a agosto.

“O mercado caiu 40% no geral, mas a Eaton registrou uma queda menor graças à Série F”, disse Ricardo Dantas, diretor de marketing da companhia. Segundo o executivo o mercado de veículos comerciais sofre mais com a crise econômica do País, porque não há demanda nem por modelos zero quilômetro, nem para peças de reposição:

“A frota está ociosa, então não há manutenção. É diferente do segmento de carros de passageiros, em que o cliente não compra um novo, mas conserta o usado”.

Outro canal que tem ajudado muitas fabricantes de autopeças, as exportações, também não resolveu o problema da Eaton, ao menos no curto prazo. Dantas explicou que houve melhora em algumas linhas do aftermarket: “Mas em componentes do powertrain, por exemplo, não costuma ser tão rápido. Os contratos que ganhamos agora só vão gerar lucro daqui a dois anos”.

De todo modo, Dantas concorda que o momento é favorável para as fabricantes brasileiras mirarem o mercado externo. O dólar valorizado ajudou a melhorar a competitividade do produto nacional. “Já fomos competitivos com o dólar na casa dos R$ 3, e agora chegou aos R$ 4. É uma hora boa para exportar”.

O executivo avalia, porém, que a fase do dólar no patamar de R$ 4 deverá ser passageira. Ele calcula que a moeda deverá cair e se estabilizar na casa dos R$ 3. “O que lamento é que o Brasil só é competitivo por causa da taxa cambial. Nós não somos eficientes”.

Dantas projeta um 2016 parecido com 2015 em volumes. Se o resultado não é animador, ao menos indica melhor previsibilidade, algo que pode melhorar o planejamento das empresas e a confiança do consumidor e do investidor. “Mas em 2017 as coisas deverão começar a melhorar”.

VW amplia receita com exportação em 44%

No embalo da desvalorização do real e também do início da venda para outros países do seu compacto up!, que agora está também no México, a Volkswagen do Brasil ampliou suas exportações este ano. No acumulado até agosto atingiu 77,5 mil unidades embarcadas para o Exterior, com crescimento de 25% em relação às 62,5 mil dos primeiros oito meses de 2014. Em receita a expansão é ainda maior. De janeiro a julho suas vendas externas atingiram US$ 848 milhões, 44% a mais do que o valor registrado nos primeiros oito meses de 2014.

As informações são do presidente da Volkswagen do Brasil, David Powels, destacando que os bons resultados nessa área compensam apenas em parte as perdas no mercado interno, mas sinalizam retomada nos negócios externos – o que é importante para a empresa, que mantém o título de maior exportadora do setor.

A expectativa da montadora é encerrar o ano com crescimento de 25%, atingindo de 116 mil a 117 mil veículos exportados. Na opinião de Powels, em 2016 haverá espaço para pequeno crescimento, chegando-se a algo próximo de 120 mil unidades.
O principal mercado da empresa é a Argentina, que comprou até agosto 48 mil veículos da Volkswagen do Brasil, 34% a mais do que nos primeiros oito meses de 2014.

O modelo mais exportado para o país vizinho é o Gol, com 36 mil unidades embarcadas nos primeiros oito meses deste ano. O up! também está sendo comercializado na Argentina desde o primeiro semestre do ano passado, tendo atingido em junho a marca de 14 mil unidades comercializadas lá. Em junho o compacto da Volkswagen chegou ao Uruguai e mais recentemente está indo também para o México. “E há boas perspectivas para vendê-lo em outros países sul-americanos, como Chile e Colômbia”.

Com relação ao mercado interno o presidente da Volkswagen admite que 2015 está sendo um ano extremamente difícil para o mercado e a marca, mas diz que o potencial do País se mantém e define o momento como cíclico. Em função de lançamento do Golf neste final de ano e outros que virão em 2016, sobre os quais não quis tecer comentários, Powels acredita que a empresa terá oportunidade de retomar participação no ano que vem:

“Não estamos parados. Investimos em produtos e temos novidades que vão permitir ganhos de market share em 2016. O importante é manter competência para a hora que o mercado melhorar.”

Segundo dados da Fenabrave a Volkswagen vendeu internamente 256,4 mil veículos no acumulado até agosto, com queda de 31,8% em relação às 375,9 il unidades do mesmo período do ano passado. Mantém-se na terceira posição do ranking nacional, com 15,2% de participação, bem próxima da vice-líder General Motors, com 15,5%.

VW deverá ser obrigada a convocar recall da Amarok no Brasil

A Volkswagen deverá ser intimada nos próximos dias pelo Ministério da Justiça a convocar recall para as 17 mil unidades da picape Amarok vendidas no País que utilizam software que frauda os resultados dos testes de emissão.

A informação foi divulgada com exclusividade à Agência AutoData por uma fonte do governo federal próxima ao caso.

Até o momento a montadora reconheceu a existência do caso também no País, mas a ação é voluntária. Em comunicado enviado à imprensa no dia 21, a VW afirmou que iniciaria atualização do software das picapes, ano 2011 e 2012, a partir do primeiro trimestre de 2016, e que avisaria os proprietários dos veículos por carta.

Este procedimento é diferente do adotado nos casos de recall, quando a ação da montadora deve ser imediata, mesmo que ainda não exista resolução efetiva para o caso – como ocorreu, por exemplo, com os airbags de Toyota Corolla e Honda Civic –, além da necessidade de realização de campanhas publicitárias alertando para o fato, também de efeito imediato.

O custo de uma campanha de recall, quando comparada à de uma iniciativa voluntária, também é mais elevado.

Em sua nota a Volkswagen afirmara que “tecnicamente a aplicação desse software não afeta a segurança nem a funcionalidade do veículo”, o que, em tese, eliminaria a necessidade de recall. Mas o entendimento do Ministério da Justiça, segundo a fonte, é o de que as emissões de óxido de nitrogênio em índices além dos permitidos pela legislação ambiental vigente à época podem causar risco à saúde e que, assim, o recall deve ser convocado.

Além disso, a obrigação de um recall daria controle oficial ao órgão quanto ao volume de modelos que receberão a atualização do software, vez que a montadora seria obrigada a informar o andamento do processo. Em caso de iniciativa voluntária, este controle ficaria sob responsabilidade apenas da fabricante.

Na Alemanha a montadora foi obrigada pelo KBA, o órgão local de segurança de trânsito, a convocar recall para 2,4 milhões de veículos – antes a montadora fizera pedido para conduzir ali campanha voluntária. Diante da decisão a montadora se antecipou à provável repetição da iniciativa por outros países do bloco e estendeu o recall para toda Comunidade Europeia, envolvendo 8,5 milhões de unidades.

Em entrevista à Agência AutoData o Gerente Técnico do Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Carlos Thadeu, defendeu a possibilidade do Ministério da Justiça obrigar a montadora a convocar um recall. “Se ficar tecnicamente comprovado que o nível de emissões ultrapassa os níveis permitidos, é sim o caso de recall, pois coloca-se em risco a saúde do consumidor.”

Ele entende que “quando o Ibama estabelece índices máximos de emissões de poluentes está levando em conta a saúde da população, e a adequação à norma é obrigatória. Do contrário, o veículo é ilegal do ponto de vista da homologação”.

O porta-voz do instituto reforça que “a decisão cabe ao Ministério da Justiça” – o Idec é uma associação independente, sem ligações com empresas ou órgãos públicos, que busca defender os interesses dos consumidores em diversos temas.