Empresas do setor automotivo seriam suspeitas em operação da Polícia Federal

Nomes de empresas suspeitas de participar de um esquema de suborno dentro da Receita Federal começaram a ser revelados. Embora sem confirmação oficial, pois as investigações da Polícia Federal na ação chamada de Operação Zelotes correm em sigilo, algumas companhias do setor automotivo, dentre diversos segmentos de atuação, foram citadas em reportagens veiculadas por O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Zero Hora e Rede Globo no último fim de semana.

Em torno de setenta empresas seriam suspeitas de pagar propina para integrantes do Carf, Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, da Receita Federal. O órgão funciona como uma espécie de tribunal superior da autarquia, julgando autuações contestadas por grandes empresas. Tramitam nessa instância mais de 100 mil processos com mais de R$ 500 bilhões em multas contestadas.

A suspeita é de que o esquema pode ter desviado em torno de R$ 19 bilhões de 2005 a 2015, dos quais R$ 5,7 bilhões, segundo a PF, já estão comprovados. Dentre bancos, construtoras e empresas de outros setores, as empresas do setor automotivo citadas pelas reportagens foram Grupo Caoa, Ford, Marcopolo e Mitsubishi.

Procuradas pela reportagem da Agência AutoData, Ford e Mitsubishi afirmaram, ambas por meio de porta-voz, que não comentariam o assunto.

Por sua vez a Caoa afirmou não ter nenhuma relação com a Operação Zelotes. Segundo porta-voz a empresa perdeu os dois únicos processos que teve no Carf, ambos por seis votos a zero.

Já a Marcopolo afirmou, por meio de nota, desconhecer a investigação. A companhia com sede em Caxias do Sul, RS, ressaltou que possui “programa de compliance que assegura rigorosos padrões éticos e legais na condução de todos os seus relacionamentos com entes da administração pública”.

As investigações da Polícia Federal continuam sob sigilo. A suspeita é que os integrantes do Carf recebiam propinas, que poderiam variar de 1% a 10% das multas, para alterar ou aceitar recursos que tinham como finalidade favorecer as empresas envolvidas.

Delphi fecha fábrica em Itabirito e demite oitocentos

Depois de vinte anos de atividades a Delphi anunciou o fechamento da fábrica de chicotes elétricos em Itabirito, MG. A decisão da companhia foi tomada no início do ano e oitocentos funcionários foram demitidos ao longo dos últimos meses.

Desde o fim do ano passado a companhia começou a reduzir a produção no local, que passou a trabalhar em apenas um turno em janeiro. Segundo nota da Delphi alguns funcionários permanecem na fábrica “devido às necessidades do cronograma de consolidação da operação”. Na quarta-feira, 1º. de abril, a unidade deixa de produzir em definitivo.

Os principais clientes da Delphi de Itabirito são a Fiat e a Renault, que continuarão sendo abastecidas por outras unidades da companhia.

Em comunicado a companhia afirmou que “após ter estudado a continuidade sustentável de seu negócio de chicotes elétricos na região da América do Sul, a Delphi decidiu pela consolidação de sua operação, anunciando o encerramento das atividades da fábrica em Itabirito, em Minas Gerais, com o objetivo de manter a competitividade do negócio e poder melhor atender aos seus clientes”.

Apesar de mencionar a consolidação da operação a Delphi não informou qual unidade receberá o maquinário de Itabirito, tampouco se haverá realocação de funcionários.

Segundo o Sindicato da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas de Material Elétrico de Minas Gerais, a Femetalminas, os funcionários demitidos receberão seis meses de cestas básicas, três meses de meio salário nominal e três meses de plano de saúde.

O fechamento da unidade acontece quatro anos depois de a Delphi investir R$ 5 milhões na expansão da fábrica, que já chegou a empregar 1,5 mil funcionários.

Atualmente a Delphi possui onze fábricas na América do Sul – Brasil e Argentina – e emprega 8 mil funcionários na região.

Caminhões devem fechar março em 6,4 mil unidades vendidas

O mercado de caminhões deve fechar março na faixa das 6,4 mil unidades comercializadas. Segundo dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData, a média diária de emplacamentos registrada até a quarta-feira, 25, equivalente a 18 dias úteis, foi de 291 veículos.

No período foram licenciados 5 mil 246 caminhões acima de 3,5 toneladas. Se mantido esse ritmo o resultado de março deverá representar alta de 23,5% em relação a fevereiro, quando foram emplacadas 5 mil 182 unidades.

Ainda assim o comparativo com março do ano passado seria negativo em 30,7%: há um ano foram emplacados 9 mil 239 caminhões.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem a normalização das operações do Finame PSI motivou os empresários do transporte que precisavam ampliar ou renovar a frota a voltar ao mercado aproveitando a atual taxa Selic:

“As taxas mensais do PSI no ano passado eram de 0,49%. Hoje quem deseja financiar 90% do bem tem de arcar com taxa de 0,90%, caso das pequenas e médias empresas, e 1,05% para as grandes. Isso levando em conta as atuais taxas mescladas, que combinam PSI à Selic. Com a inflação em alta e reajustes mensais do plano, atrelado à Selic, o momento é bom para compra”.

Outra fonte ligada ao setor recomendou cautela aos executivos do segmento de caminhões, atuem eles em montadoras ou rede de distribuição, diante dos números de março: “A atividade econômica fraca pode prejudicar a recuperação do setor nos próximos meses”.

De acordo com as fontes as montadoras e a rede de concessionárias do segmento pediram ao governo federal ampliação da parcela financiável via PSI para 80% – hoje o índice é de 50% para grandes empresas e de 70% para pequenas e médias.

“O setor de caminhões tradicionalmente não trabalha com vendas à vista. Ampliar a parcela financiável via PSI seria um grande alento.”

No setor de chassis de ônibus os emplacamentos somaram 1 mil 468 unidades até quarta-feira, 25.

Com a média diária de 81,5 licenciamentos, o mês caminha para fechar em 1 mil 794 unidades, alta de 13,5% em relação às 1 mil 580 vendas em fevereiro e baixa de 27% na comparação anual com os 2 mil 454 chassis de ônibus vendidos em março passado.

Março deverá fechar com 215 mil a 220 mil unidades vendidas

A três dias úteis do fechamento de março, as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram cerca de 190 mil licenciamentos até a quinta-feira, 26, média de 10 mil unidades por dia útil. Pelos dados preliminares do Renavam, obtidos com exclusividade pela Agência AutoData, certamente o volume de emplacamentos será inferior ao de março do ano passado, quando foram comercializados 240,8 mil veículos – volume baixo, prejudicado pelo feriado de carnaval.

Segundo uma fonte do varejo a expectativa dos lojistas é comercializar em torno de 215 mil a 220 mil unidades no mês, mantendo, portanto, o ritmo de 10 mil unidades por dia útil – ainda somar-se-ão os emplacamentos de sexta-feira, 27, segunda-feira, 30, e terça-feira, 31.

A fonte acrescentou que em torno de 30% a 35% deste volume foram faturados por meio de venda direta, modalidade que, segundo ele, talvez possa contribuir para que as vendas superem essa estimativa de 220 mil unidades dos lojistas nos últimos dias de março. E resumiu o desempenho do mês para os varejistas: “Desastre, desastre, desastre”.

O movimento nas lojas diminuiu bastante nos últimos meses, de acordo com a fonte. Para piorar, grande parte dos consumidores realmente interessados em adquirir veículos que aparecem nas concessionárias esbarra em negativas das financeiras, que não aprovam as solicitações de crédito.

Esses fatores contribuem para que o desempenho de março provavelmente seja o segundo pior dos últimos dois anos, superior apenas ao de fevereiro deste ano e suas 185,9 mil unidades – volume mais baixo desde novembro de 2008.

Embora ligeiramente superior à da primeira quinzena, a média diária de licenciamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus deverá ficar abaixo da de março do ano passado, quando 10,5 mil unidades foram licenciadas por dia útil, e no mesmo nível de fevereiro, que chegou a 9,8 mil licenciamentos. Nos dois meses, porém, o carnaval gerou impacto negativo no desempenho do mercado.

Até a quinta-feira, 26, a Fiat Strada liderava o ranking de modelos mais vendidos, com 8,5 mil unidades comercializadas. O Chevrolet Onix ocupava a segunda posição, com 7,9 mil licenciamentos, seguido por outro modelo Fiat, o Palio, líder em janeiro e fevereiro, mas com 7,7 mil emplacamentos em março.

Taxa de juros do Moderfrota será reajustada em 1º. de abril

O Moderfrota terá sua taxa anual de juros reajustada a partir da próxima semana. A decisão do CMN, o Conselho Monetário Nacional, foi publicada na edição de 27 de março do Diário Oficial da União, como a Resolução 4 405 do Banco Central do Brasil.

A decisão pega o mercado de máquinas agrícolas de surpresa, já que o mesmo CMN decidira no fim do ano passado que as taxas do programa em vigência valeriam até 30 de junho.

Além disso na prática os negócios com as taxas mais baixas se encerraram na própria sexta-feira, 27, segundo determinou o decreto do Banco Central. Esta é a data para que os pedidos fossem protocolados – a mesma da publicação no DO –, gerando uma corrida nas revendas do segmento. A formalização destas operações ainda com a taxa antiga deverá ocorrer até dia 10 de abril.

O Moderfrota fora até agora poupado dos reajustes nos programas do BNDES, como ocorreu com o Finame PSI no início deste ano.

Agricultores e empresários rurais com receita até R$ 90 milhões por ano terão a taxa reajustada de 4,5% ao ano para 7,5% ao ano. Para os com receita acima desse valor o índice sobe de 6% para 9% ao ano. As demais condições, como parcela financiável e prazos da linha, foram mantidas.

A única boa notícia foi a inclusão de tratores novos com pulverizadores de mais de 2 mil litros e barras de 18 metros ou mais no programa. Os recursos do Moderfrota envolvem mais de R$ 3 bilhões para a safra 2014-2015, que se encerra em junho. A verba do programa para a safra 2015-2016 ainda não foi revelada.

No primeiro bimestre as vendas internas totais de máquinas agrícolas e rodoviárias no atacado caíram 25%, de acordo com números da Anfavea: de 9 mil 369 em 2014 para 7 mil 40 neste ano.

Mercedes-Benz nomeia novo diretor de produção de caminhões

A Mercedes-Benz anunciou a contratação de Carlos Santiago como novo diretor para a área de Produção de Caminhões da montadora em comunicado divulgado na sexta-feira, 27.

O executivo já assumira o novo cargo no dia 17 de março. Seu antecessor, André Luiz Moreira, encerrará as atividades na empresa no dia 15 de abril, após colaborar com o processo de transição. 

Santiago tem 40 anos e é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo. Segundo a montadora ele possui 17 anos de experiência na indústria automotiva.

No currículo o executivo traz o gerenciamento de unidades industriais, elaboração de estratégias para projetos de grande porte ligados à produção, logística, qualidade e para a instalação de novas linhas de produção.

O executivo responderá por todos os temas relacionados à produção de caminhões na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, e também na unidade de Juiz de Fora, em MG.

A fábrica do ABCD é a maior unidade de veículos comerciais da Mercedes-Benz fora da Alemanha e a única a produzir, em um mesmo complexo, caminhões, chassis de ônibus e agregados – motores, eixos e câmbios. Já a unidade de Juiz de Fora voltou a produzir caminhões em 2012.

Desde que se instalou no Brasil, há quase 60 anos, a montadora já produziu mais de 2 milhões de veículos comerciais por aqui.

Lojista terá que informar valor dos tributos dos veículos vendidos

Os vendedores de veículos serão obrigados a informar o valor dos tributos incidentes ao modelo comercializado em suas lojas, seja novo ou usado. A lei 13 111, de 25 de março, foi publicada na edição de quinta-feira, 26, do Diário Oficial da União, e tem sessenta dias a partir desta data para entrar em vigor.

Além desta informação os contratos de compra e venda assinados por vendedor e comprador deverão trazer dados da situação do modelo junto às autoridades policiais, de trânsito e fazendária, como a regularização de documentos, possíveis débitos de tributos e multas, alienação fiduciária ou qualquer outro que limite ou impeça a circulação do veiculo.

As medidas valem para todo e qualquer veículo comercializado no mercado brasileiro: automóvel, comercial leve, caminhão, ônibus e motocicletas. O descumprimento da lei implica em sanções financeiras aos vendedores, incluindo a quitação de eventuais débitos tributários, de multas ou até o reembolso do valor total do veículo caso ele tenha sido furtado.

A reportagem procurou a Fenabrave para comentar o assunto, mas até o começo da noite da quarta-feira, 26, a associação que representa as concessionárias não retornou.

Extintores – Outra encrenca legal teve sua obrigatoriedade prorrogada por mais noventa dias. O Contran informou que o porte de extintor de incêndio do tipo ABC nos veículos, que seria obrigatório a partir de 1º de abril, agora tem nova data: 1º de junho.

Foi a segunda alteração nessa medida, que entraria originalmente em vigor a partir de 1º de janeiro.

Desde 2005 os veículos já saem de fábrica com esse tipo de equipamento de segurança. A necessidade de substituição, portanto, são para modelos produzidos nos anos anteriores.

Scania inaugura linha de pintura de R$ 100 milhões no ABCD

Nesta semana a Scania iniciou as atividades de sua nova linha de pintura final. Instalada dentro da unidade de São Bernardo do Campo, SP, em espaço de 8,4 mil m², a nova área demandou investimento de R$ 100 milhões para a montadora sueca.

Em comunicado a Scania afirmou que a nova linha tem pintura automatizada e possibilita a combinação de 140 cores, ampliando a possibilidade de escolha dos clientes. A montadora destaca ainda que o transporte de peças no local é feito por meio de plataformas elevatórias e que a nova instalação possui o primeiro túnel de luz LED da América Latina.

A companhia ressalta ainda que o projeto foi inspirado nas fábricas da Scania na Suécia e Holanda.

Segundo comunicado do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, “o investimento faz parte de um ciclo de melhorias que culmina em condições de trabalho mais favoráveis”.

De acordo com o sindicato a nova instalação realiza a pintura dos veículos com solvente bicomponente em um sistema mais rápido, que evita desperdício de tintas.

Ainda segundo o sindicato todos os trabalhadores do setor de pintura da montadora estão em treina­mento desde o ano passado para utilização dos novos equipamentos.

O coordenador do sindicato, Carlos Caramelo, afirmou que “a chegada da tecnologia e a inauguração da linha geram mais otimismo para todos os metalúrgicos na empresa”.

De acordo com Marques a inauguração da nova área contempla um acordo nego­ciado com o sindicato em 2011, que já previa a modernização da empresa com ênfase para as questões de segurança no trabalho.

“Acompanhamos todos os processos de rea­dequação. Tudo está sendo incentivado pelo Inovar-Auto.”

Ainda segundo o presidente do sindicato a área de pintura irá atender a novo perfil de consu­midor de caminhões, que está mais exigente, seguindo a tendência dos compradores de automóveis. “Em um momento que só se fala em crise é importante ter notícias sobre investimentos.”

Nos dois primeiros meses do ano a Scania comercializou 907 caminhões, volume 63% menor do que o apurado em janeiro e fevereiro de 2014 – a montadora tem seus negócios concentrados no segmento de pesados, o que mais sofre com a retração de mercado no começo do ano. No mesmo período as vendas totais de caminhões caíram 39,4% no primeiro bimestre.

MDIC sinaliza alterações nas regras do BNDES Finame PSI

Os quase quarenta representantes do alto escalão da indústria automotiva reunidos com Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior por uma hora e meia em um hotel da Zona Sul de São Paulo na manhã da quinta-feira, 26, deixaram o encontro sem nenhum pedido atendido de forma concreta. Entretanto o titular do MDIC deixou claro que há, ao menos em sua pasta, intenção de atender aos pleitos da indústria – em especial aqueles que possibilitariam reavivar o mercado de forma rápida, reduzindo a pressão sobre as fábricas.

Monteiro afirmou que há possibilidade de alteração nas atuais regras do BNDES Finame PSI, a principal linha de financiamento para caminhões, ônibus, implementos rodoviários e máquinas agrícolas, “especialmente no que se refere à participação da instituição no total do financiamento”. Até o ano passado a linha financiava 100% do valor do bem, mas a partir deste 2015 o índice caiu para 70% para pequenas e médias empresas e 50% para grandes, aliado a aumento da taxa de juros. Há possibilidade do comprador financiar mais 20% a 40% pelo banco estatal, puxando o total a 90%, mas para esta parcela as taxas de juros são ainda mais elevadas.

O segmento de caminhões é o mais afetado pela queda nas vendas neste início de ano, com retração de 39% no primeiro bimestre. De acordo com projeção da Agência AutoData o índice de março não deverá ser muito melhor, com baixa pouco além de 30%.

Na saída do encontro Luiz Moan, presidente da Anfavea, cobrou “regras e condições mantidas a longo prazo: é disso que precisamos”, ao se referir ao programa PSI. Circulares mensais do BNDES têm alterado mês a mês a taxa de juros da parcela adicional de 20% a 40% do financiamento, e os clientes interessados em adquirir caminhões, que já não são muitos, acabam esperando para fechar o negócio à espera de condições mais vantajosas no mês seguinte.

Para o ministro, um afrouxamento das regras “não afeta o ajuste fiscal” que está sendo promovido pela nova equipe econômica do governo federal. Um dos participantes da reunião confidenciou à reportagem, na condição de anonimato, que o MDIC de fato é solícito à reivindicação, mas “depende agora do [Joaquim] Levy [Ministro da Fazenda] assinar”.

EXPORTAÇÕES – O titular do MDIC também afirmou que o governo estuda formas de estimular as exportações do setor automotivo, “um importante canal de escoamento da produção”. Apesar de não oferecer pormenores, disse que as maiores possibilidades neste tema estão ligadas “ao câmbio e a instrumentos de financiamento”. Ele complementou assegurando que “o setor automotivo está ligado a parcela significativa do plano nacional de exportações” e recordou que “a exportação chegou a representar 30% da produção nacional de veículos e hoje este volume embarcado caiu para cerca de um terço do que já foi um dia”.

O próprio ministro, entretanto, reconheceu que não há perspectivas para aumento das exportações em curto prazo: “Isso não acontece de um dia para outro, mas há boas perspectivas para os próximos anos. A exportação de veículos está no nosso radar”.

Outro tema abordado no encontro foi a renovação de frota – algo discutido há anos. “É um tema importante”, limitou-se a dizer, sem assegurar que o plano possa entrar em vigor ainda este ano. Mas acrescentou que, assim como no caso da possível revisão do PSI, em seu entendimento esta iniciativa não afetaria o programa de ajuste fiscal.

Quanto ao atual momento do mercado, Monteiro considerou que “não há crise no setor automotivo. Há, sim, queda nas vendas, mas crise é algo que passa longe deste segmento. Acreditamos que após os ajustes na economia haverá retomada das vendas”.

E diante da possibilidade de demissões na indústria o ministro assegurou que “o cenário é acompanhado de perto pelo governo, não só pelo MDIC mas por outras esferas oficiais. Estamos cientes dos esforços promovidos pelas empresas para manter o nível dos quadros”.

Moan acrescentou somente que o MDIC “se comprometeu conosco a trabalhar em conjunto” nos temas mais urgentes para a indústria.

ARGENTINA – Os dois dirigentes comentaram ainda as negociações com o governo argentino para renovação do acordo automotivo bilateral. O ministro garantiu que “não há nenhuma dificuldade” nas conversas com o país vizinho e acrescentou que o nível de conteúdo regional é um dos principais temas abordados nas reuniões. Sua expectativa é a de que o novo acordo “saia antes do vencimento do atual” – o que ocorrerá no fim de junho.

O presidente da Anfavea acrescentou que “o mais importante é a manutenção do fluxo de comércio”, assim como já o fizera quando das conversas para renovação do acordo automotivo bilateral com o México.

Federal-Mogul move esforços para reposição e exportações

Os mercados de reposição e exportação estão no radar da Federal-Mogul. Com perspectivas nada otimistas para o fornecimento de OEM, a alternativa encontrada pela divisão Motorparts da companhia, que fabrica de pastilhas, lonas, sapatas, fluidos e lubrificantes para sistemas de frenagem, foi direcionar esforços para os segmentos que apresentam oportunidades de negócios.

Nos últimos meses a companhia promoveu lançamentos dedicados à ampliação do portfólio dos produtos dedicados a esses dois segmentos. O objetivo maior, segundo afirmou em nota o diretor-geral José Roberto Alves, é dobrar o volume de exportações com relação ao ano passado e ampliar o mercado de reposição – estimativas iniciais indicam elevação de 18% nas vendas do primeiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado.

Para a área de reposição foram lançadas a linha econômica de pastilhas Stop e ampliadas a gama de produtos Jurid, considerados premium, e Ferodo, top premium, além de lonas, sapatas, lubrificantes e fluidos.

Com relação às exportações, Alves afirmou que a desvalorização do real tornou os produtos produzidos aqui mais competitivos e motivou a Federal-Mogul a participar de concorrências em vários países. “No momento estamos trabalhando em várias cotações para o mercado externo e pretendemos fechar 2015 com pelo menor o dobro das exportações do ano passado”.

Ao mesmo tempo a companhia procura, internamente, diluir o aumento de custos de produção com inovações nas linhas de produção que visam ampliar os níveis de eficiência, qualidade e redução de custos.

“Sempre buscamos nos superar na luta pela produtividade e neste ano não será diferente. Para compensar a redução nas vendas para o mercado OEM e o aumento de custos em energia elétrica, impostos e serviços, dentre outros, intensificamos práticas de Lean Manufacturing e Seis Sigma. Atualmente são doze os projetos em execução.”