Volkswagen comemora bom resultado com fornecedores e pede 5%

Rio de Janeiro, RJ – O tamanho da festa que um fabricante de veículos faz aos seus fornecedores sempre denota o contentamento da empresa com os resultados e a eficiência da cadeia de suprimentos. No caso da Volkswagen a festa foi grande, deixando clara a satisfação da empresa com seu desempenho e dos parceiros na edição deste ano do The One, nome do evento de premiação dos melhores fornecedores de componentes e serviços no Brasil e na Argentina.

Com bons resultados e fornecedores felizes pelo aumento dos pedidos – devido ao crescimento das vendas as compras da Volkswagen este ano devem superar os R$ 32 bilhões, em expansão de 15% sobre os R$ 28,1 bilhões de 2024 –, a fabricante entregou doze troféus às empresas da cadeia de suprimentos que tiveram os melhores desempenhos no ano passado, em um grande jantar com shows de música e dança realizado na casa de espetáculos Roxy Dinner Show, na Capital fluminense, na noite da quinta-feira, 14.

Quem pagou a conta da festa foi o departamento dirigido pelo vice-presidente de suprimentos da Volkswagen América do Sul, Luiz Alvarez, que fez um resumo do cenário: “Não foi um ano fácil. Nossa análise de riscos identificou 34 ocorrências que tiveram impacto direto nos nossos negócios. Foram enchentes no Rio Grande do Sul, guerras no Exterior e a chegada de newcomers que não compram um parafuso sequer no País. Mas superamos os problemas e hoje nossas fábricas no Brasil operam em dois turnos em capacidade máxima. Deveremos produzir mais de 600 mil veículos na região este ano. É mais volume de negócios e efeito escala para vocês [fornecedores]”.

E como não há festa de graça Alvarez deixou claro o que pretende dos fornecedores: “A tentação de importar é forte, mas somos o fabricante com o maior índice de localização na região [85% no Brasil e 50% na Argentina], acreditamos que esta é uma de nossas fortalezas. Vamos investir alguns bons bilhões em novos produtos, o que significa mais pedidos, aumento de escala e redução de custos nas peças fornecidas. Portanto eu peço que vocês abram a mão”.

Alvarez e o pedido de desconto de 5% na mão do Cristo Redentor: “Abram a mão”. (Foto: Alzira Rodrigues/Autoindústria.)

Assim o executivo pediu desconto médio aos fornecedores de 5%, com este porcentual estampado na mão esquerda da imagem do Cristo Redentor projetada no enorme telão atrás dele. “Abram a mão”, ele repetiu.

Bons resultados

Com ou sem descontos dos fornecedores o desempenho da Volkswagen na América do Sul vem melhorando ano a ano, deixando a matriz confortável o suficiente para dar autonomia à subsidiária na alocação do atual programa de investimento na região que soma R$ 20 bilhões e dezessete lançamentos de 2024 a 2028.

O Brasil, sozinho ou junto com a Argentina, voltou este ano à posição terceiro maior mercado da Volkswagen no mundo, atrás de China e Alemanha, o que não acontecia desde 2012 e 2013. No primeiro semestre as vendas na América Latina [menos México] cresceram 21% e foram responsáveis por 11% do faturamento global da marca.

No mercado brasileiro os resultados são ainda melhores: de janeiro a julho as vendas da Volkswagen somaram 227 mil veículos, o maior volume desde 2014, que significou avanço de 11% sobre o mesmo período de 2024, quase três vezes mais do que a média geral de 4,4%, conquistando aumento de participação de 1 ponto porcentual, que fechou os sete meses em 16,7%.

“Eu já fico bastante contente com esta participação, pois crescemos e não perdemos terreno para os chineses que estão avançando rápido no mercado”, afirmou Alexander Seitz, chairman executivo da empresa na América Latina, em conversa com um pequeno grupo de jornalistas pouco antes da premiação do The One. “Nosso crescimento é sustentável. Deveremos manter este mesmo ritmo até o fim do ano e crescer de 12% a 15% na região.”

Alexander Seitz fala aos fornecedores do ciclo de investimentos e dos lançamentos da Volkswagen: crescimento das compras. (Foto: Pedro Kutney.)

A expansão das exportações também ajudou a manter a produtividade das fábricas no Brasil: cresceram 45% de janeiro a julho, com o embarque de pouco mais de 90 mil veículos ao Exterior, 60 mil para a Argentina e 30 mil para o México, os dois maiores mercados externos. A previsão é exportar 120 mil unidades em 2025.

Mas Seitz pondera que o ambiente não está livre de intempéries: “Nossa importância é alta para o grupo e estamos felizes na América Latina, mas não ficamos loucos como algumas pessoas quando os resultados são bons, de pensar que não há dificuldades. Vamos continuar focados. Lançamos produtos de sucesso este ano em que a grande estrela é o Tera. No segundo semestre temos mais lançamentos e vamos investir forte em híbridos e picapes”. O executivo adiantou, até, que a nova picape Amarok produzida na Argentina, a ser lançada em 2027, terá versões híbridas com tecnologia compartilhada com o sócia chinesa SAIC.

Falando aos fornecedores Seitz admitiu que o caminho no horizonte à frente “não será fácil”. Ele justificou: “O mercado continua volátil, muda de direção sem dar seta. A economia está pior do que novelas com muitos capítulos e atores ruins. O que temos de fazer diante deste cenário é continuar a reforçar nosso portfólio de produtos. Para fazer isto precisamos da parceria de vocês”.

Segundo Seitz no momento não há gargalos produtivos nos fornecedores, inclusive para novos projetos, com a maior parte dos componentes comprados no Brasil: “Estamos bem em componentes metálicos e plásticos. Mas para eletrônicos ainda estamos muito dependentes de importações”. As compras, ele disse, deverão avançar na mesma proporção dos lançamentos previstos e do crescimento das vendas internas e externas.

Jogando no ataque

Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, admitiu aos fornecedores que existem pressões negativas de fatores como a economia com juros altos, guerra tarifária, custos de eletrificação, logística e competidores agressivos, mas demonstrou confiança na continuação do bom desempenho da Volkswagen no País: “Acreditem porque estamos crescendo acima do mercado a cada ano e em 2026, 2027 e 2028 cresceremos também. Escolhemos jogar no ataque e vamos investir muito em híbridos e picapes. Essas são nossas respostas de produto e engenharia aos desafios que enfrentamos”.

Ciro Possobom fala dos resultados históricos da Volkswagen e promete mais crescimento aos fornecedores: “Preparem suas fábricas porque venderemos mais”. (Foto: Pedro Kutney.)

O executivo destacou os lançamentos da Volkswagen este ano como principal fator de sustentação dos bons resultados: “Temos a força de uma marca que representa 25% dos 100 milhões de veículos já produzidos no País e continuamos a lançar produtos desejados. Lideramos o segmento de SUVs com o T-Cross, as vendas do Polo Track cresceram 101% com o programa Carro Sustentável, recebemos 12 mil pedidos em 50 minutos na abertura de vendas do Tera, que é nossa grande estrela do ano com 80% de peças localizadas por 230 fornecedores. Enfim, preparem suas fábricas porque venderemos mais”.

Fernanda Giacon assume cargo global na ZF

São Paulo – Aos 42 anos Fernanda Giacon, responsável pelo marketing da ZF na América do Sul, prepara-se para para enfrentar um novo desafio em sua carreira: a partir de 1º de setembro assume a posição de chefe global de marketplace em Barcelona, Espanha. Lá está um dos principais centros de digitalização da companhia e caberá a ela estruturar, do zero, escritório dedicado ao desenvolvimento do marketplace B2B na Europa.

Nascida em Limeira, SP, Giacon é graduada em propaganda e publicidade pelo Instituto Superior de Ciências Aplicadas, pós-graduada em gestão empresarial pela FGV e tem cursos de digitalização e comércio digital. Para conquistar a oportunidade participou de processo seletivo por mais de um ano. Eram considerados à vaga, inicialmente, apenas profissionais de comércio digital, prioritariamente europeus: mas ela, única concorrente da América do Sul, obteve o posto após concorrer com outros três finalistas, todos homens.

É resultado de trabalho desenvolvido a partir da integração de TRW e ZF, em 2016. Há 23 anos na empresa Giacon ingressou na TRW como estagiária de marketing. Quando tornou-se responsável pelo marketing da ZF seu primeiro desafio foi comunicar a união das duas grandes empresas:

“As linhas de produtos eram diferentes. Eu tinha mais experiência com a linha leve, mas acabei aprendendo muito com a linha pesada. A integração começou pela América do Sul porque a ZF entendeu que seria uma boa ter região piloto, menor e com menos risco, ao processo. Fomos a cobaia. Era uma página em branco, não tínhamos receita de bolo”.

Naquela época falava-se que o mecânico não tinha acesso a computador na oficina, nem à internet. Mas, em pesquisa encabeçada pelo marketing, descobriram que era o contrário: os profissionais tinham no YouTube fonte de conhecimento.

“Foi quando lançamos nosso trabalho online por meio do Amigo Bom de Peça, em abril de 2017, em que oferecíamos treinamento técnico de todas as marcas das empresas. Deu tão certo que vimos os números de cadastros crescer muito rápido, e a América do Sul tornou-se polo de digitalização da ZF.”

Giacon atribui o movimento ao fato de que no Brasil, diante de maior carência de informações, as pessoas aprendem o ofício com o pai e a “correr atrás”, enquanto que na Europa é tudo tão organizado que, a exemplo da Alemanha, o mecânico não abre oficina sem um curso preparatório: “Aqui a relação de confiança é mais forte. É um mix de necessidade, curiosidade, proximidade e conexão. Temos coragem para fazer as coisas. Entendemos o desafio, erramos e acertamos e seguimos”.

Foi este espírito que fomentou a expansão do programa, hoje rebatizado de ZF Pro Amigo, e com 9 milhões de visualizações, 200 mil certificados emitidos, 40 mil profissionais registrados na plataforma e 150 vídeos – material que Giacon optou que fossem gravados sem ninguém aparecendo, a fim de não relacioná-lo a alguma cultura. Eles são legendados para países como Argentina, Chile e Colômbia. 

O passo seguinte foi ampliar a família: foi então que surgiu o ZF Pro Tech, para auxiliar o dono da oficina na parte de gestão e marketing. Um aplicativo de uso gratuito de agendamento de serviços, que conta com 10,3 mil estabelecimentos, foi criado para isto. A solução foi apresentada na Automechanika, na Alemanha, do ano passado para ter alcance global.

O mais recente lançamento, que data de dois anos, foi o marketplace ZF Pro Parts, em que o mecânico, ao receber a demanda da manutenção e fazer o check list dos reparos, tem acesso ao estoque de distribuidores e varejistas para facilitar sua busca pelas peças. Hoje a plataforma reúne 600 mil ofertas com mais de 400 mil part numbers diferentes. E é feita a ponte entre quatrocentas oficinas e noventa varejistas e distribuidores, sendo que existem cerca de 100 mil oficinas e 30 mil varejistas e distribuidores:

“Ou seja, o potencial é enorme. Trata-se de processo de digitalização que imprime mudança de cultura, requer integração de sistemas com dados de estoque e preços online, sem contar a parte de logística”.

Por enquanto a iniciativa opera somente no País mas o plano é ampliar para outras regiões: “Quando chegar a Barcelona começarei a fazer os planos de negócios. Olhando o perfil do Brasil o mais próximo ao nosso é o México.”

A executiva está de mudança com sua família, seus filhos Mariana, 11, e Gustavo, 18, que faz faculdade de Ciência do Esporte e transferiu o curso para a cidade. Seu marido, que aqui trabalha no ramo imobiliário, continuará gerindo os negócios à distância e, quem sabe, os expandirá para a Catalunha.

Primeira quinzena avança 2% com bom desempenho do Carro Sustentável

São Paulo – Foram licenciados na primeira quinzena de agosto 103,1 mil automóveis e comerciais leves, resultado 2,3% superior ao do mesmo período do ano passado, 100,8 mil, e 9,8% acima do registrado em julho, 93,9 mil. Segundo a Bright Consulting, que forneceu os dados do Renavam, o mercado segue a tendência de recuperação observada desde o fim do mês passado, quando foi publicado o decreto do Carro Sustentável.

A consultoria destacou o crescimento de 31,1% nas vendas de hatches, comparado com a primeira quinzena de julho, com mix majoritariamente formado por modelos com motores aspirados. São os veículos credenciados ao Carro Sustentável, hatches aspirados, em sua maioria.

As vendas diretas responderam por 45% dos emplacamentos de veículos leves na primeira quinzena, somando 46,3 mil unidades, 2,8% acima de agosto de 2024. O showroom avançou 2% na mesma comparação, somando 56,8 mil emplacamentos.

Os eletrificados alcançaram 11% do mercado, com 11,3 mil licenciamentos na quinzena. Sobre julho o crescimento foi de 15,2% e com relação a agosto do ano passado de 73,6%. A maior parte foram veículos BEV, 34,3%, seguidos por PHEV, 25,7%, MHEV, 22,4%, e HEV, 17,7%.

Em ano de 1 milhão de SUVs a Jeep defende seu território

Mendoza e Potrerillos, Argentina – No ano em que, pela primeira vez, mais de 1 milhão de SUVs deverão ser vendidos no mercado brasileiro, com participação nas vendas de veículos leves acima dos 40%, a Jeep, marca que se dedica 100% ao segmento, traça planos para defender um território em boa parte sob seu domínio desde que começou, há dez anos, a produzir seus veículos no Brasil, na fábrica de Goiana, PE, inaugurada em 2015.

A demanda por SUVs no País cresceu tanto quanto o número de concorrentes neste segmento do mercado, o que foi turbinado pela chegada, nos últimos cinco anos, dos modelos elétricos e híbridos chineses.

“Em vinte anos no mercado nunca vi tantos lançamentos de SUVs”, afirmou o vice-presidente responsável pela marca Jeep na América do Sul, Hugo Domingues, em entrevista durante o lançamento do Commander 2026, na Argentina. “Só este ano já conto 23 lançamentos de SUVs, treze deles chineses nas categorias C-SUV [médios] e D-SUV [grandes, o segmento do Commander]. Diante disto é claro que precisamos ajustar as estratégias.”

Além de reestilizar os modelos e ampliar o pacote de tecnologias embarcadas a Jeep também aplica uma política mais agressiva de preços, com manutenções e até mesmo cortes relevantes com relação a versões anteriores – o Compass 2026 foi lançado com reduções de até R$ 20 mil e no caso do Commander 2026, o mais caro e sofisticado da linha de produtos nacionais e, portanto, com mais gordura para queimar, os descontos foram aplicados em todas as suas cinco versões, variando do mínimo de R$ 6 mil ao máximo de R$ 16 mil, este aplicado justamente sobre a opção mais cara da gama.

Mesmo assim a ideia com isto não é ampliar muito o terreno da marca, mas apenas defendê-lo, porque a fábrica de Goiana não tem capacidade para produzir muito mais do que as 160 mil unidades programadas para este ano dos três modelos Jeep nacionais, 130 mil para o mercado brasileiro e o resto para exportação para países da América do Sul.

Manter a fatia, no caso da Jeep, é segurar uma porção em torno de 5% das vendas totais do mercado brasileiro, e parcela de 12% a 15% do segmento de SUVs. Disse Domingues: “Se pudesse até venderia mais, mas estamos no máximo que a capacidade da fábrica pode nos entregar no momento”.

A grande maioria das vendas da Jeep é feita com a rentabilidade do varejo, inclusive aquelas com faturamento direto da fabricante a pequenos empresários são negociadas dentro das 248 concessionárias no País. O porcentual de negócios com locadoras, segundo o vice-presidente, “é muito baixo, algo como 7,5% a 8% do total este ano, não mais que 10 mil unidades”, volume bastante abaixo da média geral do mercado de locadoras, que em 2025 deve consumir de 650 mil veículos, de 20% a 25% do total projetado de vendas para o ano.

Segundo o executivo a Jeep está melhor posicionada dentre os C-SUVs, os médios, representada pelo Compass, que detém 28% das vendas do segmento. Dentre os pequenos B-SUVs – a mais concorrida do mercado com mais de quinze modelos na disputa, mas com pouca concorrência chinesa – o Renegade tem atualmente cerca de 8% das compras.

Já o Commander, na categoria dos D-SUVs grandes, divide quase que por igual as preferências com os outros dois concorrentes de sete assentos, mas no primeiro semestre deste ano ficou poucas centenas de unidades atrás do Caoa Chery Tiggo 8 e registrou 1 mil emplacamentos a menos que o Toyota SW4.

Os modelos nacionais híbridos da Jeep – o primeiro deles chega em 2026 – devem ajudar na disputa mas Domingues avalia que não deverão alterar muito o mix de vendas, pois os SUVs a combustão ainda representam de 75% a 80% das vendas do segmento no País: “Teremos várias tecnologias de híbridos e vários modelos, vamos ajustar de acordo com o mercado”.

Avenger vem aí

Avenger: SUV compacto será produzido em Porto Real, RJ, a partir de 2026. (Foto: Divulgação/Jeep)

A principal aposta da Jeep para, de fato, turbinar suas vendas no País será o início da produção nacional do Avenger, prevista para o ano que vem. O modelo compacto posiciona melhor a marca no segmento que mais cresce no Brasil, o de B-SUVs, e será produzido na fábrica da Stellantis em Porto Real, RJ, o que já o livra do problema da limitação de capacidade vivido em Goiana.

Na Europa o Avenger também tem versões híbridas disponíveis: “Lá o modelo é um sucesso, está faltando carro para entregar”.

Ele espera repetir no Brasil o mesmo sucesso que o SUV compacto está fazendo no primeiro país sul-americano a recebê-lo, o Chile, que não cobra imposto de importação e há dois meses começou a trazer o modelo de fábrica na Polônia: “Com o Avenger quase que dobramos nossa participação no mercado chileno. E lá 60% das vendas são do modelo a combustão com câmbio manual”.

Jeep Commander 2026 muda pouco e fica mais barato para jogar melhor

Mendoza e Potrerillos, Argentina – Em time vencedor não se mexe mas é aconselhável ajustar a tática quando o adversário pressiona. Assim vem agindo a Jeep diante da perda de posse de bola para a crescente concorrência chinesa. O mais recente lance dessa disputa é a reestilização de meia vida do Commander, o mais sofisticado SUV produzido no Brasil, que ao ser apresentado em seu ano-modelo 2026 teve poucas alterações estéticas e muitas nos preços, reduzidos de R$ 6 mil a R$ 16 mil em todas as cinco versões que chegaram às concessionárias em 18 de agosto.

Na apresentação do Commander 2026 à imprensa e concessionários, em Mendoza, Argentina, o SUV de grande porte e sete assentos foi comparado em suas qualidades pela própria fabricante com quatro concorrentes presentes no mercado brasileiro, três deles chineses: os importados híbridos GWM Haval H6 e BYD Song Pro, e o mais próximo Chery Tiggo 8, também com sete assentos, que tem versões a combustão montadas em kits CKD importados pela Caoa em Anápolis, GO, e híbrido plug-in importado completo da China.

Hugo Domingues compara o Jeep Commander com quatro concorrentes, três deles chineses: situação improvável há poucos anos. (Foto: Pedro Kutney)

Esta comparação parecia improvável há apenas quatro anos, quando o Commander foi lançado, em 2021, como primeiro Jeep desenvolvido fora dos Estados Unidos, produzido na fábrica da Stellantis em Goiana, PE. Por isto o vice-presidente responsável pela marca Jeep na América do Sul, Hugo Domingues, justifica a mudança na tática: “Em vinte anos no mercado nunca vi tantos lançamentos de SUVs. Só este ano são 23, treze chineses, todos nas categorias C-SUV [médios] e D-SUV [grandes, o segmento do Commander] que concorrem conosco. Diante disto é claro que precisamos ajustar os planos”.

Na traseira do Commander agora as lanternas de LED são unidas por um filete luminoso (Foto: Divulgação/Jeep)

Híbridos também virão

Domingues afirma que a concorrência com a tecnologia de propulsão híbrida que os SUVs chineses concorrentes têm, e o Commander não, ainda não preocupa e não foi a causa de mudanças no plano de de preços, pois atualmente, no Brasil, ele calcula que de 75% a 80% dos SUVs vendidos nesta faixa de valor mais alto do mercado têm só motor a combustão: “No Commander oferecemos a mais ampla gama de motorização: turboflex, turbodiesel e o Hurricane a gasolina, é o que os clientes querem”.

O executivo revela que a gama nacional da Jeep, produzida em Pernambuco, terá seu primeiro híbrido em 2026: “Temos acesso a todas as tecnologias, híbrido plug-in ou leve, e a intenção é oferecer várias opções em vários modelos, vamos ajustar de acordo com a demanda”, disse o executivo, ainda guardando segredo sobre quais modelos terão versões híbridas e sobre o sistema escolhido.

Sem capacidade para crescer

Domingues avaliou que a Jeep está atualmente apenas defendendo seu terreno para não perder o espaço já conquistado, pois atualmente a fábrica de Goiana opera em três turnos, no topo de sua capacidade, e nem tem como fornecer mais veículos ao mercado: “Venderia mais se pudesse mas estamos limitados pela produção”. Segundo ele a projeção este ano é vender 130 mil Jeep no Brasil e outros 30 mil nos demais países da América do Sul.

“É o máximo que podemos produzir no momento.”

Na dianteira do Commander 2026 os novos faróis de LED e grade mais afilados dão impressão de maior largura (Foto: Divulgação/Jeep)

No caso do Commander o campo a defender é o varejo – vendas do modelo a locadoras praticamente inexistem – do segmento D-SUV, que atualmente representa de 12% a 15% das vendas de SUVs no País. Nos primeiros sete meses deste ano o Jeep ficou um pouco atrás dos outros dois concorrentes de sete assentos: Caoa Chery Tiggo 8 e Toyota SW4.

O Commander registrou 8,5 mil unidades vendidas de janeiro a julho, em tendência de estabilidade sobre o mesmo período de 2024, com ligeira baixa de 2,7% nos emplacamentos.

Além dos reajustes para baixo nos preços a Jeep reduziu de seis para cinco as versões do Commander 2026 – a Overland Hurricane foi tirado de lista. Domingues projeta que as três opções mais baratas, com motor nacional turboflex etanol-gasolina de 176 cvs e câmbio automático de seis marchas, Longitude, Limited e Overland, seguirão representando metade das vendas.

O topo de gama Blackhawk, equipado com o motor importado a gasolina Hurricane 2.0 de 272 cv e câmbio automático de nove marchas, deverá reduzir sua fatia de 30% para 25%, mesmo sendo a opção do portfólio que recebeu o maior desconto no preço, de R$ 16 mil na comparação com o ano-modelo 2025.

Já a versão Overland turbodiesel, que este ano passou a usar o motor Multijet 2.2 de 200 cv com transmissão automática de nove marchas – o powertrain também é todo importado –, deverá aumentar sua participação no mix de 20% para 25%. É a opção que teve a menor redução no preço: R$ 6 mil.

“De 2020 a 2023 o preço do diesel subiu muito e as vendas caíram, por isto retiramos de linha as versões diesel de Renegade e Compass, mas no Commander o cliente segue valorizando esta opção e a autonomia de mais de 800 quilômetros com um tanque, por isto é importante manter a opção no portfólio”, justifica Domingues.

Margem da represa de Potrerillos, perto de Mendoza, Argentina: ambiente escolhido pela Jeep para apresentar o Commander 2026 e suas capacidades off-road. (Foto: Divulgação/Jeep)

O executivo avalia que o Commander diesel continuará com seu espaço garantido no portfólio mesmo após a entrada em vigor, a partir de outubro, da nova tabela de IPI, que dentre diversas classificações prevê acréscimo de 12 pontos porcentuais na alíquota básica de 6,3% para SUVs 4×4 a diesel. Segundo calcula Domingues isto não causará aumento relevante no preço final porque veículos leves de passageiros a diesel já pagam o maior imposto possível e a nova tributação acrescentará somente 1,5 ponto ao IPI aplicado atualmente.

Retoques aprimorados

Para além dos preços a Jeep mexeu pouco no Commander, que desde seu lançamento, em 2021, passou por poucas modificações e soma 70 mil unidades vendidas no Brasil, para público de alta renda – os preços da gama atual partem de R$ 221 mil e chegam a R$ 325 mil – e altamente fiel a uma das qualidades do SUV: amplo espaço interno e sete assentos. “Quando lançamos a opção do Commander com cinco lugares, mesmo com desconto de R$ 8 mil no preço, a procura foi muito pequena, por isto tiramos de linha e passamos a oferecer só o de sete lugares”, conta Domingues.

O enorme espaço interno e sete assentos são as qualidades mais apreciadas pelos clientes do Commander (Foto: Divulgação/Jeep)

Justamente para não desagradar o público que gosta do Commander como ele é a Jeep fez apenas pequenos aprimoramentos estéticos no SUV. Foram adotados nova grade dianteira, para-choque e faróis mais afilados, que garantem aparência mais fina e larga. A mudança tem efeito aerodinâmico, com o perfil de shark nose, ou nariz de tubarão. A traseira recebeu novas lanternas de LED, agora interligadas por um filete luminoso. As rodas de 18 ou 19 polegadas também são novas, com quatro desenhos diferentes, um exclusivo para cada versão.

Novo design dianteiro do Commander garantiu ao SUV o perfil shark nose, nariz de tubarão, que melhora a aerodinâmica do veículo (Foto: Divulgação/Jeep)

No interior da sua espaçosa cabine o Commander recebeu novos e caprichados revestimentos, com cores sóbrias que variam do preto ao bronze, dependendo da versão. As duas opções mais caras, Overland Turbodiesel 2.2 e Blackhawk Hurricane 2.0, no lugar da alavanca do câmbio automático agora figura no console central um botão seletor rotatório prateado, o rotary shift.

Painel tecnológico do Commander abriga quadro de instrumentos digital, tela tátil da central multimídia e, no console, versões de topo agora têm um seletor rotativo para escolha das marchas do câmbio automático (Foto: Divulgação/Jeep)

O pacote de conforto e segurança do Commander segue sendo bastante completo, faz jus ao título de carro mais sofisticado produzido no Brasil. São seis airbags na versão de entrada Longitude e sete nas quatro demais, incluindo também bolsa de ar para os joelhos do motorista.

Todas as versões são equipadas com ADAS nível 2, sistemas avançados de assistência ao motorista, incluindo alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência, detecção de ponto cego e de tráfego cruzado, alerta de mudança de faixa, assistente de centralização em faixa, detector de fadiga do motorista, reconhecimento de placas de velocidade, comutação automática de faróis, piloto automático adaptativo ACC e detecção de mãos fora do volante.

Da versão Overland para cima é agregada câmara 360°, que simula imagens ao redor do carro na tela central de 10,1 polegadas.

As duas versões 4×4 do Commander combinam luxo com grande capacidade off-road (Foto: Pedro Kutney)

O Commander segue sendo um veículo luxuoso com grande capacidade off-road em suas duas versões de topo, Overland turbodiesel e Blackhawk turbogasolina, ambas com powertrain 100% importado, incluindo motores, transmissões 4×4 e sistemas eletrônicos que tornam fácil a passagem pelos mais complicados terrenos fora do asfalto.

Todas as versões também vão muito bem no asfalto. O motor a gasolina Hurricane 2.0 de 272 cv já mostra suas potentes qualidades desde que a opção foi lançada no Brasil, em 2024, a bordo de Compass e Commander, com o qual leva as quase 2 toneladas do SUV de 0 a 100 km/h em 7 segundos, em comparação com 10,3 segundo quando equipado com o T270 turboflex de 176 cv, segundo medições da fabricante.

Já o Multijet 2.2 de 200 cv é novidade aplicada ao Commander este ano, em substituição ao motor diesel 2.0, com resultado bastante bom: o modelo tem baixos níveis de vibração e ruído, condução muito confortável e não falta potência, acelerando de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos.

No asfalto o Commander também vai bem, com conforto e potência (Foto: Divulgação/Jeep)

O Commander segue sendo um SUV de alto nível, comparável aos melhores modelos importados da mesma categoria, extremamente confortável e agradável de dirigir, tanto no asfalto como na terra. Por tudo isto, ainda que mais barato do que antes, cobra seu preço.

Versões e preços do Jeep Commander 2026

> Longitude T270 – R$ 220 mil 990 [redução R$ 10,5 mil]

Principais itens de série: • Motor turboflex 176 cv 270 Nm • Câmbio automático 6 marchas • Jeep Traction Control • Direção elétrica • Ar-condicionado • Acionamento elétrico de vidros, travas e retrovisores externos • Quadro de instrumentos digital 10,25’’ • Central multimídia com tela tátil de 10,1’’ • Sistema de som Jeep com 6 alto-falantes • Espelhamento sem fio do smartphone • Bancos revestidos em couro preto • Acionamento elétrico da tampa do porta-malas • Rodas liga leve 18’’ com design exclusivo • Faróis de LED • Lanternas traseiras de LED • 6 airbags • ADAS nível 2 [frenagem automática de emergência, detecção de ponto cego e de tráfego cruzado, alerta de mudança de faixa, assistente de centralização e manutenção na faixa, detector de fadiga do motorista, reconhecimento de placas de velocidade, comutação automática de faróis, piloto automático adaptativo ACC, detecção de mãos fora do volante]

> Limited T270 – R$ 246 mil 990 [redução R$ 11 mil]

Todos os itens do Longitude mais:• APP smartphone Adventure Intelligence com assistente Alexa integrada • 7 airbags • Monitoramento de Ponto Cego BSM • Carregador de celular sem fio • Bancos e painel revestidos em couro e suede preto e cinza • Banco com ajustes elétricos para o motorista • Sistema de som Harman Kardon com 9 alto-falantes • Rodas liga leve 18’’ com design exclusivo

> Overland T270 – R$ 273 mil 990 [redução R$ 7 mil]

Todas os itens do Limited mais: • Câmera 360° • Roda liga leve 19’’ com design exclusivo • Bancos revestidos em couro e suede marrom • Banco do passageiro com ajustes elétricos • Banco do motorista com memória • Teto solar panorâmico • Molduras inferiores pintadas • Abertura elétrica do porta-malas com sensor de presença

> Overland 2.2 Turbodiesel 4×4 – R$ 308 mil 490 [redução R$ 6 mil]

Todos os itens do Overland Flex mais: Motor turbodiesel 2.2 de 200 cv 450 Nm • Câmbio automático de 9 marchas • Seletor do câmbio com botão giratório Rotary Shift • Tração 4×4 automática Active Drive Low com seletor de terrenos

> Blackhawk Hurricane 4×4 – R$ 324 mil 990 [redução R$ 16 mil]

Todos os itens do Overland Turbodiesel mais: • Motor Hurricane 2.0 de 272 cv 440 Nm • Câmbio automático de 9 marchas • Roda liga leve 19’’ com design exclusivo escurecido • Pinças de freios vermelhas • Acabamentos em preto • Bancos exclusivos

GWM inicia operações na primeira fábrica já pensando na segunda

Iracemápolis, SP – A inauguração da unidade no Interior paulista representa apenas uma fração do objetivo da GWM na América Latina. Abordando as limitações produtivas em Iracemápolis Parker Shi, presidente das operações internacionais, disse a jornalistas que a empresa tem planos firmes de ampliar sua presença no País: “Esta fábrica não atenderá o grande plano que temos, que é produzir de 250 mil a 300 mil unidades no Brasil. Então não se trata da limitação da estamparia. Precisamos de uma fábrica maior”.

Esse plano ousado encontra-se agora em estudos de viabilidade e de convencimento dos principais executivos chineses para que tenha sequência: “Esta é mais uma razão da presença de Mu Feng, nosso CEO global, aqui. Ele veio conhecer o potencial e nossas ambições de internacionalização com foco no Brasil”.

Shi avalia que o ticket médio dos veículos que vende no País, em torno de R$ 200 mil, atende somente 20% do mercado.

“A maior parte dos consumidores brasileiros e da região têm poder de compra abaixo dos R$ 200 mil, R$ 150 mil. E isto é muito importante. Estamos pensando em produtos que atendam a esta faixa de possibilidades.”

Por isto o momento é de estudos e de muita conversa com potenciais candidatos a abrigar uma nova fábrica da GWM no País. A intenção, ao que tudo indica, é que sejam produtos de alto volume, equipados com todo tipo de propulsão.

A GWM está cadastrada no Mover e terá um centro de P&D no Brasil. Shi disse que terá em seu portfólio nacional todo tipo de propulsão: híbrido, híbrido plug in, diesel, elétrico e possivelmente híbrido flex. A GWM também tem uma iniciativa de desenvolvimento da propulsão a hidrogênio, com um caminhão rodando em testes no País.

O que foi chamado de plano maior para o Brasil faz parte de estratégia global da fabricante chinesa de capital 100% privado produzir metade das suas vendas totais fora do seu país.

No ano passado a GWM vendeu 450 mil veículos fora da China, o que representou 35% das suas vendas totais. Destes, 180 mil unidades foram feitas nas unidades da Rússia e da Tailândia. O Brasil é a terceira base produtiva da GWM fora da China.

GWM inaugura fábrica de Iracemápolis com três modelos nas linhas

Iracemápolis, SP – A primeira unidade produtiva da fabricante chinesa GWM no Hemisfério Sul e nas Américas começou a sua história no Interior paulista, em cerimônia com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e com Mu Feng, CEO global, ao lado de dois dos três modelos nacionais: a picape Poer P70 e o SUV de sete lugares Haval H9.

O primeiro a sair das linhas de Iracemápolis, SP, é o já conhecido Haval H6 híbrido. O presidente Lula até finalizou a fabricação, instalando o bedge do primeiro H6 nacional. Em duas semanas terá início a produção da picape Poer e, em um mês, a do Haval H9, ambos equipados com motor turbodiesel.

Esta é a terceira fábrica da GWM fora da China e conta com base quase completa de produção: armação de carroçaria, pintura e montagem final – as outras estão localizadas na Rússia e na Tailândia.

O presidende Lula usou boa parte do seu discurso para reforçar a posição de que são feitas acusações mentirosas e aplicadas imposições tarifárias aos Brasil, as quais ele continuará refutando e negociando, na medida do possivel. Sobre a nova fábrica ele ressaltou a iniciativa chinesa: “Façam do Brasil a sua plataforma de produção para a América Latina. Vocês serão muito bem tratados aqui”.

Em seu primeiro pronunciamento no País Mu Feng, CEO Global, enfatizou: “Nosso conceito é valorizar a produção local. O Brasil possui excelente capacidade de integração regional. É o sexto mercado global. Este dia representa nossa entrada estratégica na América Latina. Isso vai encurtar distâncias e prazos, elevar a cadeia produtiva, a reputação da marca e gerar muitos empregos”.

Com área total de 1,2 milhão de m² e área construída de 94 mil m² a unidade da GWM no Brasil tem capacidade para produzir 50 mil veículos por ano. A estrutura, adquirida em 2021 da Mercedes-Benz, conta com área de soldagem, linha de pintura robotizada e linha de montagem final.

Neste primeiro momento a unidade conta com seiscentos trabalhadores e, segundo a empresa, deve gerar até o fim do ano cerca de 1 mil empregos diretos: “Quando estivermos prontos para iniciar exportações na região teremos no total 2 mil pessoas trabalhando em Iracemápolis”, contou Parker Shi, presidente da GWM Internacional.

Fabricação de verdade

Durante a primeira visita oficial às linhas de Iracemápolis verificamos que os processos produzem vários itens e não simplesmente montam kits quase prontos. Na armação de conjuntos, por exemplo, são oitenta pessoas soldando 181 peças do Haval, 71 itens do assoalho do H9 e outras 152 partes da picape Poer. Os dezoito robôs da Fanuc são encarregados de juntar cabine, assoalho e outros itens maiores, de acordo com a configuração da carroçaria. Todo esse processo leva 145 minutos para concluir toda a armação.

Na pintura quatro estações robotizadas finalizam o processo completo de até 9 veículos/hora. 100% dos veículos produzidos no Brasil serão pintados nesta cabine.

A operação brasileira seguirá o sistema de importação peça por peça, que conta com conteúdo nacional. A GWM trabalha com a integração de peças com 110 empresas brasileiras, mas neste primeiro momento são dezoito cadastradas para fornecer aos três veículos. São elas BASF, Bluar, Bosch, Chemetall, Chemours, Clarios, Continental, Dupont, Eftec, Goodyear, L&L, PPG, Petronas, Saint Gobain, Sika, Toro, Total e Unipac.

O objetivo da GWM é que metade das suas vendas globais sejam produzidas fora da China. No ano passado foram 450 mil vendidas fora da China ou seja, 35% das suas vendas totais.

Petrobras e Yara iniciam produção de Arla 32 no Brasil

São Paulo – A Yara anunciou a produção de arla 32 no Brasil, emparceria com a Petrobras. O relançamento marca a retomada das operações da Ansa, Araucária Nitrogenados, em Araucária, PR: após cinco anos parada, a unidade voltou a produzir em junho.  

A ureia automotiva gerada pela Yara em Brunsbüttel, Alemanha, será processada na Ansa para dar origem ao Air 1, marca do Arla 32 da empresa. De acordo com a Yara esta colaboração não apenas reintegra o Air 1 ao mercado brasileiro como também marca o início da produção local, na fábrica da Petrobras, deste agente indispensável para o tratamento de emissões, reduzindo a dependência de importações e fortalecendo a cadeia de suprimentos nacional.

As primeiras toneladas produzidas serão entregues a clientes no Paraná e em Santa Catarina, e a expectativa é que a produção alcance 3 milhões de litros por mês. Com demanda crescente pelo insumo frota de veículos próxima a 2 milhões de unidade requer cerca de 1 bilhão de litros de Arla 32 por ano.

A Petrobras anunciou o investimento de R$ 870 milhões na reativação da Ansa. Situada ao lado da Repar, Refinaria Getúlio Vargas, a unidade tem capacidade de produção de 720 mil toneladas de ureia por ano, o que corresponde a 8% do mercado. Gera, ainda, 475 mil toneladas de amônia por ano e 450 mil m³ de Arla 32 por ano.

Rogério Santucci é o novo CEO da Compre Sua Peça

São Paulo – A autotech Compre Sua Peça, que desenvolve soluções de vendas online para o setor automotivo, anunciou que tem um novo CEO, Rogério Santucci. O executivo foi nomeado pelo fundador Iago Átila, que até então exercia a função. Com o objetivo de promover o crescimento acelerado dos negócios Santucci terá, como foco principal, a expansão da base de clientes por meio de estratégias de vendas.

Especialista em crescimento e transformação digital Santucci acumula passagens por UOL, McAfee, Intel Security, Citibank e Credicard, além ter sido sócio-líder da prática de vendas e crescimento na Aceleradora 10X.

Formado como analista de negócios pela Unicamp ele tem MBAs em estratégia de marketing e gestão de negócios pela FGV e especializações na NYU, como estratégias de mídia digital, em estratégias para dispositivos móveis e startups no ecossistema digital.

Equalização de normas de emissões é caminho para elevar vendas na região

São Paulo – Desde 2022 as exportações de caminhões e ônibus fabricados no Brasil vêm diminuindo. No ano passado foram contabilizadas 34,2 mil unidades, volume 6,2% menor do que as 36,4 mil de 2023 e 16,3% inferior às 40,8 mil de 2022. Reflexo da expansão da concorrência nos países da América Latina que, com a entrada de novos competidores, reduziu a compra de unidades brasileiras.

Na avaliação de Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a situação pode ser revertida e o pico pré-pandemia, de 47,2 mil unidades, novamente alcançado, se houver, dentre outros fatores, a equalização das normas de emissão de poluentes combinada à redução do custo Brasil.

“A competitividade de caminhões produzidos localmente está cada vez mais restrita. O mercado da América Latina é um outro Brasil”, disse, durante o 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana realizado por AutoData.

No ano passado foram comercializados, aqui, 147 mil veículos pesados e, de acordo com o executivo, a indústria brasileira tem potencial de exportar 50 mil no médio prazo, superando o recorde anterior, desde que haja o nivelamento das legislações de emissões, a padronização técnica dos produtos também na configuração de veículos, a ampliação de acordos comerciais e redução de tarifas para exportação.

“Alguns países ainda estão no Euro 3, outros no Euro 5 e, alguns, assim como o Brasil, no Euro 6. Felizmente temos visto a transição ao Euro 6 em alguns lugares, como no México, desde janeiro. Com maior volume o custo da tecnologia começa a ser rateada.”

O Brasil adota esta regra desde 2023 e a Colômbia desde 2024. No ano que vem será a vez do Chile e, em 2028, do Peru. No entanto ainda não está no radar da Argentina, onde segue o Euro 5 e onde, em março do ano passado, a Volkswagen Caminhões e Ônibus inaugurou fábrica de SKD — mesmo formato que a unidade produtiva do México.

Os países que permanecem no Euro 3 ou Euro 5 têm volumes cada vez menores, o que acaba gerando um custo inversamente proporcional: “Não é incomum termos custo de Euro 3 ou Euro 5 maiores que o de Euro 6. O que torna as exportações para estes locais um pouco mais complexos”.

Muitos países, apontou, gostariam de migrar do Euro 3 para o Euro 5, por exemplo, mas não há combustível compatível à tecnologia. Ou seja: esta defasagem técnica posterga a evolução da legislação das emissões.

Impostos seguem como pedra no sapato da indústria local

Somado a este desafio que acompanha a indústria automotiva é o custo Brasil. Segundo a CNI o país é o menos competitivo, de dezoito analisados, dentre eles México, Chile e Argentina. 

“A questão tributária propicia a falta de competitividade nos preços que cada país está disposto a pagar pelos nossos produtos. Por isto acabamos perdendo espaço com o surgimento de alternativas no mercado da América Latina.”

No ano passado mais de noventa montadoras comercializaram veículos na região.

O caminho, sentenciou Alouche, é desafiador. E a redução do custo Brasil necessidade urgente. Por outro lado, ressaltou, como habitualmente o faz, que o que vende caminhão é PIB, quase um espelho um do outro. E, na América Latina, os principais países têm indicação positiva para este ano. Alguns mais, como Argentina, de 4,6%, outros menos, como o México, que está passando por transição de emissões e problemas econômicos e geopolíticos recentes, com a questão do tarifaço, de 0,2%. Mas, na média, deverá crescer 2%. 

“Este cenário fortalece a renovação da frota. Se reduzirmos ou criarmos vantagem adicional sobre o custo Brasil nosso volume crescerá internamente, fortalecendo nossa indústria, estimulando investimentos e gerando empregos e, consequentemente, avançará na exportação.” 

Alouche acredita em potencial de vendas de 300 mil unidades na região: “A aspiração do cliente na América Latina é estabilidade econômica para o negócio dele, o que requer o mínimo de visão de médio e longo prazo. Além de preço e TCO, o que temos de sobra. Ou seja: o potencial é enorme”.