Rio de Janeiro, RJ – O tamanho da festa que um fabricante de veículos faz aos seus fornecedores sempre denota o contentamento da empresa com os resultados e a eficiência da cadeia de suprimentos. No caso da Volkswagen a festa foi grande, deixando clara a satisfação da empresa com seu desempenho e dos parceiros na edição deste ano do The One, nome do evento de premiação dos melhores fornecedores de componentes e serviços no Brasil e na Argentina.
Com bons resultados e fornecedores felizes pelo aumento dos pedidos – devido ao crescimento das vendas as compras da Volkswagen este ano devem superar os R$ 32 bilhões, em expansão de 15% sobre os R$ 28,1 bilhões de 2024 –, a fabricante entregou doze troféus às empresas da cadeia de suprimentos que tiveram os melhores desempenhos no ano passado, em um grande jantar com shows de música e dança realizado na casa de espetáculos Roxy Dinner Show, na Capital fluminense, na noite da quinta-feira, 14.
Quem pagou a conta da festa foi o departamento dirigido pelo vice-presidente de suprimentos da Volkswagen América do Sul, Luiz Alvarez, que fez um resumo do cenário: “Não foi um ano fácil. Nossa análise de riscos identificou 34 ocorrências que tiveram impacto direto nos nossos negócios. Foram enchentes no Rio Grande do Sul, guerras no Exterior e a chegada de newcomers que não compram um parafuso sequer no País. Mas superamos os problemas e hoje nossas fábricas no Brasil operam em dois turnos em capacidade máxima. Deveremos produzir mais de 600 mil veículos na região este ano. É mais volume de negócios e efeito escala para vocês [fornecedores]”.
E como não há festa de graça Alvarez deixou claro o que pretende dos fornecedores: “A tentação de importar é forte, mas somos o fabricante com o maior índice de localização na região [85% no Brasil e 50% na Argentina], acreditamos que esta é uma de nossas fortalezas. Vamos investir alguns bons bilhões em novos produtos, o que significa mais pedidos, aumento de escala e redução de custos nas peças fornecidas. Portanto eu peço que vocês abram a mão”.

Assim o executivo pediu desconto médio aos fornecedores de 5%, com este porcentual estampado na mão esquerda da imagem do Cristo Redentor projetada no enorme telão atrás dele. “Abram a mão”, ele repetiu.
Bons resultados
Com ou sem descontos dos fornecedores o desempenho da Volkswagen na América do Sul vem melhorando ano a ano, deixando a matriz confortável o suficiente para dar autonomia à subsidiária na alocação do atual programa de investimento na região que soma R$ 20 bilhões e dezessete lançamentos de 2024 a 2028.
O Brasil, sozinho ou junto com a Argentina, voltou este ano à posição terceiro maior mercado da Volkswagen no mundo, atrás de China e Alemanha, o que não acontecia desde 2012 e 2013. No primeiro semestre as vendas na América Latina [menos México] cresceram 21% e foram responsáveis por 11% do faturamento global da marca.
No mercado brasileiro os resultados são ainda melhores: de janeiro a julho as vendas da Volkswagen somaram 227 mil veículos, o maior volume desde 2014, que significou avanço de 11% sobre o mesmo período de 2024, quase três vezes mais do que a média geral de 4,4%, conquistando aumento de participação de 1 ponto porcentual, que fechou os sete meses em 16,7%.
“Eu já fico bastante contente com esta participação, pois crescemos e não perdemos terreno para os chineses que estão avançando rápido no mercado”, afirmou Alexander Seitz, chairman executivo da empresa na América Latina, em conversa com um pequeno grupo de jornalistas pouco antes da premiação do The One. “Nosso crescimento é sustentável. Deveremos manter este mesmo ritmo até o fim do ano e crescer de 12% a 15% na região.”

A expansão das exportações também ajudou a manter a produtividade das fábricas no Brasil: cresceram 45% de janeiro a julho, com o embarque de pouco mais de 90 mil veículos ao Exterior, 60 mil para a Argentina e 30 mil para o México, os dois maiores mercados externos. A previsão é exportar 120 mil unidades em 2025.
Mas Seitz pondera que o ambiente não está livre de intempéries: “Nossa importância é alta para o grupo e estamos felizes na América Latina, mas não ficamos loucos como algumas pessoas quando os resultados são bons, de pensar que não há dificuldades. Vamos continuar focados. Lançamos produtos de sucesso este ano em que a grande estrela é o Tera. No segundo semestre temos mais lançamentos e vamos investir forte em híbridos e picapes”. O executivo adiantou, até, que a nova picape Amarok produzida na Argentina, a ser lançada em 2027, terá versões híbridas com tecnologia compartilhada com o sócia chinesa SAIC.
Falando aos fornecedores Seitz admitiu que o caminho no horizonte à frente “não será fácil”. Ele justificou: “O mercado continua volátil, muda de direção sem dar seta. A economia está pior do que novelas com muitos capítulos e atores ruins. O que temos de fazer diante deste cenário é continuar a reforçar nosso portfólio de produtos. Para fazer isto precisamos da parceria de vocês”.
Segundo Seitz no momento não há gargalos produtivos nos fornecedores, inclusive para novos projetos, com a maior parte dos componentes comprados no Brasil: “Estamos bem em componentes metálicos e plásticos. Mas para eletrônicos ainda estamos muito dependentes de importações”. As compras, ele disse, deverão avançar na mesma proporção dos lançamentos previstos e do crescimento das vendas internas e externas.
Jogando no ataque
Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, admitiu aos fornecedores que existem pressões negativas de fatores como a economia com juros altos, guerra tarifária, custos de eletrificação, logística e competidores agressivos, mas demonstrou confiança na continuação do bom desempenho da Volkswagen no País: “Acreditem porque estamos crescendo acima do mercado a cada ano e em 2026, 2027 e 2028 cresceremos também. Escolhemos jogar no ataque e vamos investir muito em híbridos e picapes. Essas são nossas respostas de produto e engenharia aos desafios que enfrentamos”.

O executivo destacou os lançamentos da Volkswagen este ano como principal fator de sustentação dos bons resultados: “Temos a força de uma marca que representa 25% dos 100 milhões de veículos já produzidos no País e continuamos a lançar produtos desejados. Lideramos o segmento de SUVs com o T-Cross, as vendas do Polo Track cresceram 101% com o programa Carro Sustentável, recebemos 12 mil pedidos em 50 minutos na abertura de vendas do Tera, que é nossa grande estrela do ano com 80% de peças localizadas por 230 fornecedores. Enfim, preparem suas fábricas porque venderemos mais”.















