Morre André Beer, o último Senhor da indústria automotiva

São Paulo – André Beer morreu na madrugada de sábado, 9 de novembro, aos 87 anos. Há exatos vinte deixava a vice-presidência executiva da General Motors rumo à aposentadoria e à atividade de consultor. Sua carreira na GM, de 48 anos, teve pinceladas de tal diversidade de cores e matizes que impressionava: afinal, como vice-presidente, só faltava ser apresentado como o chefe de sucessivos presidentes a quem serviu.

Destaco duas de suas virtudes: somadas tornaram-no o mais importante executivo histórico do setor automotivo brasileiro, distinção que divide com Wolfgang Sauer, da Volkswagen: tolerância e pedagogia.

Ao abusar da tolerância e da prática de uma pedagogia própria, pela qual moldava raciocínios e comportamentos, principalmente em áreas que não dominava, formou novos líderes, criou massa de jovens apoiadores e percorreu a rodovia da muita disputa interna e da alta inveja executiva com razoável naturalidade. E o filho do modesto músico e luthier de origem iugoslava tornou-se, nas palavras de Luiz Adelar Scheuer, da Mercedes-Benz, um de seus sucessores na Anfavea, “o mestre de todos nós”.

Seus mandatos como presidente da Anfavea, o primeiro deles na sucessão de Newton Chiaparini, Ford, foram decisivos, deram-lhe protagonismo nacional. Ele levava a causa da luta contra a alta carga tributária, por exemplo, a lugares insuspeitos, como o banheiro do aeroporto de Brasília na hora de fazer xixi. Mais: suas atitudes deram-lhe o respeito unânime dos seus iguais e o das empresas associadas – nunca mais veremos isto.

André foi grande apoiador da ideia que a AutoData Editora sempre representou. Participou de dezenas de encontros, seminários e congressos, não perdia os encontros da Confraria. Recebeu homenagem especial em 2015 – pela carreira e pelo caráter.

Foto: Divulgação.