Warren Browne é um executivo raiz do setor automotivo. Cursou economia na Universidade de Detroit nos anos 70 e trabalhou por 39 anos na General Motors, até 2009. Durante a década de 90 foi diretor de planejamento da General Motors do Brasil, na qual participou ativamente de profunda renovação da gama Chevrolet no País, com a chegada de modelos como Corsa, Astra, Vectra, Omega e S10.
Após sua passagem pela unidade brasileira foi nomeado diretor-geral da GM na Polônia. Ocupou o mesmo cargo depois na Rússia, além de ter sido diretor executivo de pós-vendas da GM Europa. Seu último cargo na empresa foi diretor executivo de novos negócios na Europa. De volta a Detroit abriu sua própria consultoria, a WP Browne Consulting, especializada em análise e pesquisa de mercado para empresas do setor automotivo.
Nesta entrevista exclusiva, concedida por videoconferência, ele mostrou um ponto de vista da nossa indústria diferente do habitual, diretamente do cerne da cultura automotiva dos Estados Unidos.
Confira.
Nos anos 90 o senhor conduziu estudo para identificar quando, e se, o mercado brasileiro chegaria a 3 milhões de unidades. Algo daquele estudo poderia ainda ser aproveitado hoje?
Na época esse foi um pedido de André Beer e de José Carlos Pinheiro Neto. Vendia-se no Brasil cerca de 1,5 milhão de unidades ao ano e algumas das propostas para chegar a 3 milhões seriam apresentadas ao governo. Elencamos quatro fatores-chave: 1) baixar os impostos, 2) incentivar o crédito, 3) incentivar a modernização dos veículos e 4) desenvolver mercados de exportação, especialmente América Latina, o que tinha relação com o item anterior.
Chegamos às 3 milhões por volta de 2009, mas depois regredimos. A previsão para 2021 é por volta de 2,4 milhões. O que houve? Poderia estar hoje até na faixa de 5 milhões, dada a capacidade instalada.
Na época duas coisas funcionaram: o governo brasileiro aceitou algumas das sugestões do estudo e, ao mesmo tempo, a economia cresceu cerca de 2,4% ao ano nos anos 90 e 3,4% ao ano de 2000 a 2009. Mas de 2010 a 2019 caiu para 1,4% ao ano, a metade. E nos últimos cinco anos foi só 1%. Minha projeção para o mercado brasileiro em 2025 é de 2,8 milhões de unidades, porque a economia ainda vai crescer pouco até lá. 1% ao ano é muito pouco.
Diante deste cenário as montadoras ainda podem investir no Brasil levando em conta apenas o mercado interno?
Sim, sem dúvida. O Brasil ainda é um dos dez maiores mercados do mundo. Um mercado desta magnitude requer presença local para se obter sucesso, não há outro caminho.
Confira a entrevista completa clicando na imagem abaixo.