O segmento de ônibus, tanto chassis quanto carrocerias, recebeu boa notícia neste início de julho – que poderá levar um pouco de ânimo diante do quadro do semestre, em que as vendas de chassis, por exemplo, caíram quase 28% segundo números da Anfavea. A prefeitura de São Paulo publicou a aguardada minuta do edital para o novo sistema de transporte que utiliza este tipo de veículo, licitação estimada em R$ 70 bilhões – a maior deste tipo da história do País.
A proposta estará em consulta pública pelos próximos 30 dias e prevê grandes mudanças no sistema. A remuneração das operadoras, por exemplo, será medida por um índice de qualidade: 40% do valor será ponderado com fatores como o cumprimento das viagens, 10% de oferta de frota disponível e 50% por passageiros transportados. Outra importante alteração é no perfil da frota: os hoje 4 mil miniônibus, também conhecidos como micrões, passarão a menos de quinhentos, enquanto os ônibus articulados de 23 metros, que hoje são menos de quinhentos, passarão para quase dois mil.
Para Antonio Cammarosano, diretor de vendas da MAN Latina America, o edital paulistano representa uma boa chance de novos negócios para a fabricante. “Mesmo se perderemos participação em alguns segmentos, devido à mudança de perfil da frota prevista, poderemos ganhar em outros. Toda mudança é uma oportunidade.”
O executivo lembra que a fabricante já conta com duas unidades de ônibus urbanos low entry em testes nas viações Gato Preto e Santa Brígida, “com ótimos resultados em desempenho e consumo”, e que o modelo articulado da montadora pode ser adaptado para atender às especificações técnicas exigidas pela prefeitura de São Paulo. “Vamos trabalhar neste sentido.”
O edital deve ainda significar a realização de novos negócios também para empresas que fornecem às encarroçadoras: pela proposta, todos os ônibus terão ar-condicionado e internet wi-fi gratuita. Além disso haverá uma nova geração de catracas eletrônicas, nas quais o usuário poderá inclusive realizar recarga do sistema de bilhete eletrônico da cidade.
O texto apresentado prevê que os contratos terão duração de 20 anos, renováveis por mais 20. Após o período de consulta pública a licitação deverá ser apresentada em três editais neste segundo semestre e, pelos cálculos de Cammarosano, a depender do andamento, poderá representar vendas adicionais ainda no final deste ano.
Quem também está satisfeita com a publicação da minuta do edital é a Mercedes-Benz – atualmente dona de cerca de 85% de participação da frota paulistana de ônibus urbanos, segundo as contas de Walter Barbosa, diretor de vendas da divisão de ônibus da fabricante. “É um bom sinal, sem dúvida.”
O executivo também acredita que os primeiros reflexos positivos deverão ser sentidos ainda no fim deste ano. “Estimamos que os vencedores das licitações serão conhecidos por volta de outubro ou novembro, com as primeiras compras ocorrendo em dezembro. De qualquer forma o maior impacto certamente ocorrerá em 2016 e 2017.”
Pelos cálculos do diretor da Mercedes-Benz a licitação da cidade de São Paulo deverá representar a compra de aproximadamente 2,7 mil ônibus, com a possibilidade de entrega de cerca de seiscentos ainda neste 2015.
A Marcopolo, por sua vez, está menos otimista com a iniciativa paulistana. Paulo Corso, diretor de operações comerciais, argumenta que a participação da empresa no mercado paulista não é representativa – segundo apurou a reportagem, a grande maioria da frota paulistana tem a Caio-Induscar como encarroçadora. De qualquer forma, o executivo acredita que “no ano que vem, com as eleições municipais, a expectativa é a de que as vendas de urbanos cresçam no primeiro semestre”.
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