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10/09/2015

Metalúrgicos cruzam os braços na GM São José

Por André Barros

- 10/09/2015

Os cerca de 5,2 mil trabalhadores da fábrica da General Motors de São José dos Campos, SP, cruzaram os braços na segunda-feira, 10, em protesto contra a demissão de alguns funcionários no fim de semana. O sindicato local calcula que 250 trabalhadores foram surpreendidos no sábado, 8, com um telegrama informando o desligamento da empresa – a GM não informa o número de demitidos.

Os grevistas exigem a abertura de negociação sobre as demissões, mas a GM, em comunicado, afirmou ter esgotado todas as alternativas possíveis – férias coletivas, lay offs, banco de horas e PDVs – para evitar o corte de postos de trabalho no complexo joseense.

“Essas medidas não foram suficientes diante da expressiva redução da demanda do mercado brasileiro, que registra queda em torno de 30% desde janeiro do ano passado. Os desligamentos realizados têm como objetivo adequar o quadro da empresa à atual realidade do mercado”.

Na segunda-feira, 10, em torno de 750 trabalhadores retornariam ao trabalho após cinco meses de lay off, mas todos aderiram à greve. Nenhum deles deverá ser cortado, uma vez que o acordo da GM com o sindicato garante estabilidade a estes funcionários.

Em nota Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, afirmou que os trabalhadores vão à luta. “Não vamos pagar pela crise criada pelo governo. A saída pela classe trabalhadora é a luta e essa greve mostra que os metalúrgicos estão dispostos a lutar”.

GM e sindicato descartaram, em seus respectivos comunicados, a possibilidade de adoção do PPE na fábrica. A entidade que representa os trabalhadores é contra qualquer redução de salários – reivindica, inclusive, a redução da jornada semanal para 36 horas sem qualquer alteração nos vencimentos.

“A GM lamenta a decisão do sindicato de convocar greve e reafirma sua disposição para o diálogo construtivo no sentido de encontrar alternativas para manter a unidade competitiva em um contexto de grande transformação no mercado brasileiro”.

Há duas semanas a GM anunciou ampliação de seu pacote de investimento de R$ 6,5 bilhões para R$ 13 bilhões nas operações brasileiras até 2018 e descartou qualquer aporte na unidade de São José dos Campos. Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, alegou falta de competitividade e flexibilidade para acordos trabalhistas na fábrica.

Cortes em setembro – Em São Bernardo do Campo, SP, as demissões ainda não ocorreram, mas a Mercedes-Benz deu um ultimato ao sindicato: as medidas de flexibilização se esgotaram e, salvo alguma reviravolta, novos cortes serão promovidos em 1º de setembro – em junho a fabricante de caminhões demitiu 500 trabalhadores.

Em comunicado a montadora afirmou que possui mais de 40% de ociosidade na fábrica e já adotou lay off, semanas curtas, folgas, férias coletivas, licenças remuneradas e abriu diversos PDVs, dentre outras medidas. Desde a semana passada todos os trabalhadores da área de produção estão em casa em licença remunerada e a fábrica está parada.

Porta-voz da M-B afirmou que 250 trabalhadores em lay off retornam à fábrica no fim de setembro. Mesmo assim existem 1 mil 750 funcionários excedentes na fábrica – o que não significa, necessariamente, que serão 2 mil os demitidos. Há ainda um PDV aberto até a sexta-feira, 14, para horistas e mensalistas da companhia.

A companhia não descarta aderir ao PPE, embora informe que apenas essa ação não seria suficiente para evitar as demissões: “A Mercedes-Benz está disposta a adotar o PPE desde que seja combinado com a aplicação reduzida da inflação na data base de 2016 e outras ações de contenção de custo”.

Antes mesmo da criação do PPE, no começo de julho, a companhia e o sindicato costuraram um acordo de redução de salários e jornada de trabalho, aliados a outras medidas, que foi recusada por 74% dos trabalhadores da companhia em assembleia.

Por meio de seu site na internet o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC convocou os trabalhadores da M-B para uma assembleia no sábado, 15, às 10h, na sede da entidade, para discutir os próximos passos a serem tomados pela categoria.


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