“O Brasil precisa de um ajuste ético e político. Enquanto isso não acontecer, a economia e o mercado automotivo não voltarão a crescer.” A avaliação é de Cledorvino Belini, presidente do Grupo FCA na América Latina. O executivo foi um dos palestrantes do Congresso AutoData Perspectivas 2016, realizado em seu primeiro dia na terça-feira, 20, na sede da Fecomércio, em São Paulo.
Segundo Belini a retração das vendas neste ano supera o planejado pela montadora, algo que atribuiu à falta de previsibilidade do cenário político e econômico.
No entanto, o executivo ressaltou que o último bimestre é tradicionalmente melhor para venda de veículos. “Os consumidores recebem o décimo-terceiro salário e isso ajuda a movimentar a indústria. Mesmo assim não será uma recuperação propriamente dita, mas apenas um movimento sazonal.”
Apesar de demonstrar preocupação com o mercado nacional, durante sua apresentação o executivo ressaltou números que comprovam que a situação atual ainda é melhor do que a vivida no País há alguns anos. “Este momento faz parte de mais um ciclo”, avaliou. Como exemplo o executivo usou a dívida bruta do País, que hoje está em 64,5% do PIB: “Se compararmos com a Itália, onde a taxa é de 132%, nota-se que ainda temos argumentos para atrair investidores”.
Belini lembrou ainda que em 1994 o Brasil registrava média de 11 habitantes por veículo, taxa hoje de 5,1. “Para chegar ao índice de motorização dos Estados Unidos ainda precisamos vender 150 milhões de veículos. O Brasil é um País muito grande e logo voltará a crescer.”
Para ele a indústria nacional vive um momento de controle da ociosidade. Com a capacidade instalada para produção de 5 milhões de unidades por ano e a venda média diária em 10 mil unidades, há uma ociosidade próxima de 50%, descontadas as exportações. “Sabemos que é uma situação passageira, por isso a Fiat manteve todos os investimentos intactos.”
Despedida – Em novembro Belini deixará a presidência da Fiat, após 12 anos no comando. Stefan Ketter, vice-presidente mundial de manufatura do Grupo FCA, assumirá a presidência da empresa na América Latina.
Ao final de sua apresentação, portanto a última como presidente da FCA, Belini agradeceu parceiros e executivos que o acompanharam durante sua trajetória, que soma 42 anos no setor automotivo. O executivo foi então aplaudido de pé pelo público.
Apesar de deixar o cargo, Belini seguirá na empresa. O paulistano de 66 anos passa a presidente de desenvolvimento para América Latina, com a responsabilidade de representar a FCA em todas as relações institucionais, além de desenvolver e manter o relacionamento do Grupo com instituições governamentais e financeiras na América Latina. “Continuarei colaborando com as minhas ideias. Serei uma espécie de palpiteiro”, brincou.
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